Acredito que o Pai tenha percebido todo o meu arrazoado no texto de ontem, quanto a minha forma de relacionamento com Ele e as críticas que recebo ou posso receber das pessoas em função disso, e assim deixou programado com a Sua onisciência para que eu tenha tido oportunidade de ter acesso dentro de minhas leituras habituais esse texto escrito nas “Fontes Franciscanas e Clareanas” e que reproduzo um trecho logo abaixo, relacionado com a experiência de Francisco de Assis:
“E Francisco, com relação a si próprio, ignorava até então o projeto de Deus, porque, distraído pela vontade do pai para as coisas exteriores, bem como submerso nas coisas inferiores pela corrupção de origem natural, ainda não havia aprendido a contemplar as realidades celestes nem se acostumara a degustar as divinas. E, porque o sofrimento infligido dá compreensão ao que ouve espiritualmente, pousou sobre ele a mão do Senhor e a mudança da mão do Altíssimo, afligindo o corpo dele com longas enfermidades, para adaptar-lhe a alma à unção do Espírito Santo. E, tendo recuperado as forças do corpo, como houvesse comprado - como de costume – vestes elegantes, encontrou um cavaleiro certamente generoso, mas pobre e mal vestido; comiserando-se com piedosa afeição da pobreza dele, tendo-se despido, imediatamente o vestiu, de modo que em um único serviço realizou um duplo dever da piedade, pelo qual cobriu a vergonha de um cavaleiro nobre e aliviou a penúria de um homem pobre.”
Vejo com muita clareza essa espécie de diálogo que o Pai realiza comigo, um diálogo que nunca tive com o meu pai biológico. Parece uma incoerência, o pai biológico que deveria está bem próximo de mim, de eu ser capaz de ouvi-lo, vê-lo, tocá-lo... e mesmo assim isso não aconteceu comigo. O que lembro dele é uma imagem muito vaga, eu tinha cerca de quatro anos... balançava numa rede e ele chegava com uma revista debaixo do braço. É uma imagem tão vaga que parece ser uma espécie de fantasia que desenvolvi na minha mente.
No entanto, com o meu Pai espiritual não tenho essa sensação de distância ou até de inexistência. O meu Pai eu consigo senti-lo, como senti ontem ao ir para a hidroginástica, nos quatro pontos cardinais, por todos os meus canais sensoriais. Também percebo quando ele fala comigo com uma lógica e encadeamento de ideias inatacáveis. Pois vejamos só, tão logo Ele percebeu as minhas reflexões e preocupações quanto o que podiam falar de mim, porque eu digo que falo com Ele, que Ele me envia o texto sobre Francisco que fala justamente disso, no trecho que deixei sublinhado, que fala contemplação e degustação das coisas divinas.
Dessa forma estou plenamente compensado pela falta do meu Pai biológico, não tenho nenhuma culpa a jogar sobre ele. Certamente ele tinha um papel a desempenhar comigo, como se fosse um teste que eu teria de passar, para ver como seria minha reação à sua ausência. Serviu tanto para testar a minha reação a esse tipo de abandono que sofri, quanto também não desenvolver culpa por ter me afastado dos meus filhos e por motivos mais nobres; e não foi um abandono como eu sofri, foi apenas um afastamento que promovi em seus devidos tempos a cada um deles, mas todos sabem que podem contar comigo em qualquer momento, como na realidade contam até hoje. E talvez, na engenharia do Pai, eles tenham que passar por esse tipo de experiência, para sentir na pele como é a vida de filho de um precursor da família universal que um dia será instalada na Terra.
Passei a imaginar que todos aqueles que estão procurando sintonia com Deus, estão sempre encontrando sinais ou mensagens pertinentes com o seu grau de sintonia ou desenvolvimento. Foi assim que Jesus encontrou em Isaías, como já relatei no mês anterior, a profecia que atendia a sintonia que Jesus fazia com nosso Pai. Agora eu, encontro no mesmo Isaías (55 1-6) uma convocação que sinto se aplicar para mim:
Lembro que no mês passado, por duas ocasiões tive a convocação de uma aliança com o Pai referendada em ambas as ocasiões pelo arco-íris no Céu, da mesma forma que aconteceu no tempos de Noé onde Ele fez aliança parecida com a humanidade. Essa leitura agora de Isaías vem justamente lembrar disso.
Vejo assim que a sintonia que tenho com o Pai vai se fortalecendo cada vez que percebo as mensagens e procuro introjetá-las dentro de meus paradigmas. Não é o caso que eu seja imperfeito, que muitas vezes não perceba Suas mensagens, e em outras vezes, mesmo percebendo não consiga cumpri-las, que eu vá ignorar o que está acontecendo. Sei também que posso receber críticas, que tudo isso acontece porque eu direcionei o meu pensamento para essa sintonia divina e que se qualquer que fizesse isso assim aconteceria. Mas não tenho como refutar essa crítica, é assim mesmo que acontece. Eu só percebo essas mensagens e as procuro cumprir, pois entendo que sou filho do Pai, que Ele se comunica comigo, que deseja que eu cumpra a Sua vontade como forma da minha sistemática aproximação dEle. Assim, a minha vontade eu deixo, por meu livre arbítrio, sintonizada com essa vontade que imagino e sei ser do Pai.
Existe outra crítica subsequente de que tudo isso não passa de pródromos de uma loucura que se instala, pois segundo os padrões materialistas eu passo a viver num mundo que não existe, um sintoma esquizofrênico, onde sou observado e monitorado por forças místicas, que me comporto dentro da compreensão que faço desse universo imaginário. Posso me colocar na posição dos colegas que me criticam e ver a lógica desse pensamento materialista e concordar com o diagnóstico. Mas se eu colocar dentro dessa avaliação racional o universo espiritual, da qual a grande maioria das pessoas acreditam e rezam seus credos por ele, vejo que estou apenas seguindo e tentando ser o mais fidedigno possível a esses princípios espirituais. A forma de crer no mundo espiritual me deixa dentro da normalidade; talvez a procura intensa e honesta dos princípios que gerem esse mundo é que talvez me afaste da normalidade, pois a maioria professa a fé e, no entanto, agem com critérios exclusivamente materialistas. Isso é o que acontece com a maioria dos meus críticos, que aceitam com naturalidade toda a expressão de fé que o povo apresenta,m talvez eles mesmos, mas não conseguem admitir que isso possa acontecer de forma tão intensa e que tanto possa repercutir no mundo materialista.
Por tudo isso, continuo dentro dos princípios que minha consciência afirma como corretos e nada pode impedir a minha comunicação com o Pai, de atender às suas convocações por qualquer meio que Ele disponibilize e que firme alianças com Ele, mesmo desenhada nos céus, vista mas não percebidas pela maioria, talvez por todos com exceção de mim, afinal a aliança foi feita comigo. Também não posso excluir que ao meu lado exista uma pessoa que esteja no mesmo momento fazendo uma aliança com o nosso Pai, segundo os seus interesses e intenções. A minha eu já sei bem qual é, e espero ter a força e coragem suficiente para implementá-la.
Encontrei ontem fora do apartamento um lugar que considerei sagrado. Não foi nada de especial, um lugar paradisíaco, cheio de belezas inéditas... não, era um lugar simples e que já algumas vezes havia parado nele e feito minhas orações de frente para o sol. Mas neste dia foi especial.
Sai do apartamento para a hidroginástica e caia uma chuva fina. Imaginei que talvez não fosse haver o exercício, pois quando o tempo está dessa forma geralmente a turma não vai. Porém como gosto de sentir a chuva no meu corpo, mesmo assim fui em direção ao local da hidroginástica. Sai num tempo suficiente para chegar mesmo caminhado pela praia. No horário previsto cheguei e não encontrei ninguém. Imaginei que eu estava correto nas minhas suposições e segui adiante até onde o mar faz uma curva a esquerda em direção ao Forte dos Reis Magos. Nesse local, devido a maré está baixa, passava apenas uma corrente de água frente as pedras. A chuva havia parado e sol começava a surgir. Então fiquei parado em frente ao sol e comecei as minhas orações no silêncio da mente.
Num primeiro momento, ali de frente para o sol, agradecia ao Pai o dom da existência, como se aquela luz brilhante, mas delicada, que me aquecia e acariciava o corpo, mas que eu não conseguia abrir os olhos para fitar diretamente, fosse o olhar do Criador sobre mim, sua investigação na minha alma, a sondagem nos meus pensamentos, e ao mesmo tempo atento ao que eu pedia.
Virei o corpo lentamente no movimento dos ponteiros do relógio e fiquei voltado para o sul, voltado para a cidade. Via a minha frente o amontoado de casas e edifícios, a ponta do iceberg da cidade. Ali existem milhares de almas encarnadas em corpos com os mais diferentes propósitos e circunstâncias. É nesse fervilhar de vidas humanas que ainda prevalecem com força toda a força dos instintos, dos valores materialistas e egoístas. Pedi ao Pai para me ajudar a ser útil em levar a Sua mensagem e corrigir os erros ao meu alcance, a dar oportunidade daqueles mais sensibilizados mudar a rota de suas vidas em direção aos Seus braços.
Girei um pouco mais o corpo e fiquei voltado para o oeste, com o sol às minhas costas. Estava agora de frente para a Ponte Nova e observava o feito do engenho humano na construção de uma obra de importância. Imaginei que da forma que o homem pode construir tamanha obra de envergadura materialista, também poderia construir uma obra significativa de envergadura espiritualista. Bastaria que todos os grupos e pessoas sintonizadas com Deus se reunissem com esse propósito, sem considerar suas diferenças, sem deixar que os dogmas ou preconceitos atrapalhasse o trabalho fraterno de interesse do Pai. Imaginei que eu poderia ser o agente indutor desse trabalho, já que tenho uma ligação com a academia e desenvolvo um trabalho de conscientização junto a uma disciplina de Espiritualidade.
Voltei então o corpo para o último ponto cardeal, o norte. Fiquei então de frente para o Forte dos Reis Magos, para as águas paradas, para o mangue ao redor, fechado, pantanoso e sombrio. Imaginei que ali estava representado o lado lúgubre da vida. Ali onde tem um engenho que no passado foi erigido como campo de batalha, onde o sangue humano deveria correr em defesa dos interesses mesquinhos dos objetivos materialistas do poder, da ganância. Os seres que prevaleciam naquele charco eram os caranguejos e similares, animais que se embrenhavam nas raízes dos mangues e nas tocas dos lamaçais. Vi que devia respeitar esse espaço, pois faz parte da Natureza e deve servir também aos propósitos do Pai, mas procurando manter sempre um movimento em direção à luz, a organização bem... deveria fazer esse movimento em direção contrária ao que o meu corpo fez, até encontrar e se identificar com a luz do sol, com a luz do Criador.
Terminei minha prece neste local e passei a considerar um lugar estratégico para estar junto do Pai e da Natureza como Ele criou e como nós transformamos. Espero que minha mente e as circunstâncias fiquem sempre sintonizadas com esse pensamento e que sempre eu tenha oportunidade de voltar a esse lugar sagrado e ter uma conversa mais próxima com o Pai.
Ontem fui derrotado mais uma vez pela gula. Ela aproveitou uma chance em que eu entrei num restaurante e logo os pensamentos de comprar alimentos chegaram com força e a intenção que eu tinha de manter um controle de peso se perde. A consciência observa esse movimento dos pensamentos e diagnostica que tudo acontece na mente como se lá fosse um campo de batalha, entre os interesses do corpo físico em oposição aos interesses espirituais.
Ao acordar pela manhã eu formo a convicção, que a meu ver é firme, para fazer o controle alimentar e manter um padrão de queda de peso. Nem bem chega a noite e já faço uma alimentação no apartamento antes de sair. Além disso ainda passo no açaí e faço compra no Mangai.
Vejo que os pensamentos de comprar comida chegam de forma intempestiva e assumem o controle da mente. Não vejo surgir nem um pensamento contrário, sintonizado com o que eu havia prometido logo cedo. Tenho que ficar atento com esse padrão, não posso deixar minha mente só com o controle dos pensamentos do corpo.
Hoje acordei pela manhã para fazer a hidro ginástica e notei que o peso do corpo estava a dificultar meus movimentos. Eu já sei que tenho duas alternativas para seguir em minha evolução: ou aprendo pelo amor, procurando colocar em prática aquilo que é conveniente; ou irei aprender pela dor, adquirindo doenças que fazem eu me comportar como deveria ser. Fiquei a refletir então, porque é difícil colocar em prática o que racionalmente consideramos necessário. Cheguei dessa forma a imaginar que tudo se passa dentro de uma espécie de campo de batalha que é a mente. Portanto, devo ficar atento nesse espaço privilegiado e estratégico que é a mente. Não posso deixar que os pensamentos do corpo prevaleçam sobre os pensamentos do espírito. Mesmo que esses pensamentos do corpo cheguem até a mente, pois isso faz parte da sua fisiologia, não posso deixar que eles prevaleçam, devo manter o foco nos pensamentos do espírito e favorecer para que eles sejam os mais fortes.
Assim estou atravessando o dia. Quando chegam os pensamentos de compra de alimentação, estou a postos para apresentar os pensamentos do espírito. Talvez devido a essa vigilância os pensamentos da gula ficaram bastante escassos.
Porém a prova de fogo foi à noite, após a reunião da AMA-PM, ocasião que sempre é servido um lanche. Por questão de educação e integração, não posso ignorar. Devo pelo menos tomar um copo de suco e pedaço de bolo, foi isso que pensei, mas vejo agora que não foi com muita convicção. Tenho que aprender mais essa lição, os pensamentos devem ser colocados no campo de combate, mas com convicção. Dessa forma, essa foi a chance da gula se impor. Após ter tomado o copo de suco e o pedaço de bolo, achei que não seria demais repetir. Não observei nenhuma resistência nos meus pensamentos. É como se o corpo tivesse feito um bloqueio e os pensamentos do espírito não pudessem mais vir à tona. Repeti a segunda e terceira vez, sem notar nenhuma resistência em contrário. Apenas uma leve sensação de culpa que não era suficiente para barrar o processo.
Quando voltei para o meu apartamento, percebi o quanto é perigoso comer quando estou em regime. É semelhante ao que acontece com o pessoal do AA, pois todos sabem que devem evitar o primeiro gole, senão não podem manter um controle sobre os pensamentos que devem entrar ou não no campo de batalha.
Deus sempre está em contato conosco das mais diversas formas, basta termos ouvidos para ouvir e olhos para ver. O próprio Jesus, o espírito mais perfeito que esteve entre nós, mostrou a intimidade que tinha com o Pai, e certamente absorveu nos seus estudos tudo que iria aplicar em sua vida para assim fazer a vontade de Deus. Dessa forma, Deus espera que cada um desperte da letargia que a vida material nos leva, e que é importante para manter a sobrevivência da carne, mas precisamos viver enquanto adultos principalmente em outra dimensão, com interesses diferentes da matéria e com o objetivo de fazer o Céu descer para a Terra. Somente quando acontecer esse despertar e a pessoa estiver disposta a seguir a Lei de Deus, é que verdadeiramente a vida começa.
Estou sempre preocupado com esse despertar, acredito que já não esteja em sono profundo e que devo aplicar na prática o que já aprendi na teoria. Apesar de já ter começado muitas coisas, ainda imagino que estou esperando dar o primeiro passo na vida. Ao ler a “Fontes Franciscanas e Clareanas” uma pequena frase me chama a atenção, pois se encaixa nessas reflexões: “Termina o prólogo. Começa a vida do bem-aventurado Francisco”.
Será que tudo que fiz até aqui nada mais é do que o prólogo daquilo que deverei realizar? Sei que devo submeter toda a ética divina a um controle experimental dentro do meu próprio comportamento, onde o juiz é a minha consciência, usando o mesmo método positivo da experimentação que a ciência usa para controlar a verdade das outras leis que irei descobrindo, e todas juntas, ao lado da ética divina, constituir a grande Lei de Deus que tudo rege.
O objetivo deste diário é oferecer essas condições de experimentação, onde o meu comportamento é dirigido para o aperfeiçoamento de acordo com a Lei de Deus e os ensinamentos do Cristo. Ofereço aos meus leitores as reflexões que justificam o meu comportamento para que eles possam me ajudar a corrigir os erros que minha pobre sabedoria não conseguir distinguir. Devo tirar as conclusões dos segredos da vida, dos relacionamentos, da formação de sociedades com base nos agrupamentos familiares, a partir daquilo que submeto à minha própria vida; que eu estude na minha vida e na vida alheia que comigo se relacione as tendências inatas que justificam o prevalecimento de tanto egoísmo que até hoje inferniza a vida humana.
Afinal, essas lições das leis divinas não são coisas novas, mas já foram ditas tanto no Evangelho quanto pelas religiões mais adiantadas que o mundo possui. De tudo isto devemos dar demonstração lógica e prova experimental. Explicar a necessidade de tomar a sério e viver o que o mundo está repetindo com palavras há milênios.
A ética divina não somente me orienta no imenso mundo dos fenômenos em que vivo, como pode dirigir a minha conduta. Explica o que está acontecendo, a razão dos fatos que me cerca e os justifica no caso de sofrimentos. Esta ética responde as minhas perguntas e oferece uma solução razoável aos problemas da vida, ilumina o caminho a percorrer, de modo que possamos vê-lo e nele avançar não de olhos fechados, mas com as vantagens oferecidas pelo conhecimento da Lei e a certeza da sua justiça e bondade.
Esta ética responde a uma necessidade do momento histórico atual. O Céu, contemplado, admirado e venerado na Terra, sempre de longe, como sonho praticamente irrealizável, não pode ser apenas teoria vivida por poucas exceções. Deve descer e realizar-se entre nós. Seria absurdo que os grandes ideais existissem para nada, como o homem preguiçoso e egoísta prefere. Apesar da indiferença, antipatia ou mesmo agressividade de muitos, ninguém pode paralisar as forças da evolução na realização do seu objetivo principal que é o progresso assentado numa sociedade justa e fraterna. Com o abrir-se da inteligência e o aumento do conhecimento por todos, vai aparecer também no terreno da ciência positiva, a verdadeira concepção de Deus e da Sua Lei. Ela sairá, então, das formas das religiões particulares em lutas entre si, da clausura das igrejas, do exclusivismo dos seus representantes. Então o homem, dessa forma mais consciente, perceberá a grande realidade que é Deus e, finalmente, para o bem de todos, se colocará, obediente, na ordem da Lei.
Assim, começa a vida... por enquanto para alguns, mas com certeza, logo mais, para todos! Devo sair do prólogo e começar a minha.