Sentei com minha amiga num barzinho
Cercado da mais bela Natureza
Não bebes, perguntou ela, tens certeza?
Pois eu já tenho minha taça com bom vinho
Não posso, respondi, vou dirigir
E preciso ter cuidado na estrada
Não sabe ela quanto é por mim amada
E nessa taça não consegue conferir
Não ver que a taça que parece tão vazia
Que nada tem dentro dela, transparente
Que nada sente, dentro dela, a sua mente
Mas a minha mente percebe tal magia
A minha taça, transbordante de amor
Tal sentimento, assim, ninguém nunca enxergou
O próprio Jesus nos advertiu que pensar no erro, no caso da mulher casada, já estaríamos cometendo adultério. Não precisava a realização do ato. Mas será que toda relação sexual com uma mulher casada leva infalivelmente ao pecado? Jesus não foi determinista nesse ponto. Ninguém o provocou nesse sentido. Talvez seja necessário um aprofundamento nesta forma de pensar para que o erro deixe de existir, e, portanto, o relacionamento sexual com uma mulher casada, e vice-versa, com um homem casado também seja permitido.
Como eu poderia justificar isso? Na minha atuação como terapeuta tenho oportunidade de fazer essa análise. Primeiro, o casamento é um acordo entre duas partes para convivência mútua, geralmente com a cláusula da fidelidade sexual. Mas existem casamentos onde essa cláusula não é incluída, tanto o homem quanto a mulher podem ter outros relacionamentos sexuais fora da convivência. Um exemplo clássico é o de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Porém, isso é difícil de ser observado em nossa cultura, onde todo casamento possui a cláusula de fidelidade. No entanto, na maioria dos casamentos, um dos dois ou os dois se envolvem em relações extraconjugais, geralmente o homem tem essa iniciativa e a mulher é mais contida e quando descoberta, é muito mais punida que o homem.
É nesse ponto que o Cristo advertia no pecado, quando um dos dois cônjuges trai a confiança do outro que não imagina que sua companheira ou companheiro, tem outra(o) parceiro(a) sexual.
Temos que considerar a Lei do Amor incondicional que deve reger todo tipo de relacionamento, com a verdade e a justiça que devem estar atreladas a ele. No meu caso, como não quero ficar limitado a relacionamento íntimo com uma só pessoa, devo obrigatoriamente dizer a qualquer mulher que se aproxima de mim, essa minha forma de pensar, sentir e agir. Aceitando conviver comigo dessa forma, não existe a culpa de traição quando eu estiver envolvido sexualmente ou não, com outra pessoa. Isso diz respeito a minha pessoa, o pecado não vem à minha consciência.
Mas isso não é tão simples assim. Devo ter cuidado com a pessoa que me atrai e que é possível o relacionamento mais íntimo. Será que tal comportamento vai prejudicar essa pessoa? Se eu tenho essa convicção que a prática dos meus desejos irá prejudicar essa pessoa de alguma forma, devo evitar até de pensar nisso. Aqui é onde o Cristo quer chegar. Na proteção de pessoas inocentes que estejam sendo cobiçadas por alguém.
Lembro de um dos antepassados do Cristo, o rei Davi, que cometeu tamanho pecado. Cobiçou Batseba, a mulher de seu soldado, Urias, e fez com que esse fosse colocado na frente da batalha e mais fácil ser morto. Assim aconteceu. Davi casou com Batseba e gerou o filho Salomão que também se tornaria rei.
Com certeza, essa atitude de Davi foi totalmente negativa para Urias. Também acredito que tenha sido negativa para Batseba, que se sentiu constrangida a conviver com o assassino do seu marido, mesmo que essa verdade tenha sido oculta para ela. Antes do fato da morte de Urias acontecer, tudo isso foi tramado no cérebro de Davi, que engendrou tais pensamentos. Antes de agir, ele já estava pecando no pensar em causar o mal e sentir os prazeres carnais com Batseba.
Nesse sentido, é que devemos ter a vontade férrea para não deixar tais pensamentos prosperarem em nossa mente, deixa-los crescer, pegar energia até que venham causar mal ao próximo, mesmo que seja com a tintura do amor carnal, que é muito diferente do amor incondicional.
Tanta coisa já sei! Tanta coisa a fazer, sobre a vontade do Pai... e não faço! Mas faço a vontade do corpo, com jogo, comida, sexo... e a minha vontade quanto espírito? De fazer a vontade do Pai e não a do meu corpo? Entendo perfeitamente a autocrítica de Paulo, de querer fazer uma coisa e fazer aquilo que não quer.
Sei onde está o fiasco do meu livre arbítrio, de fazer aquilo que não quero e procrastinar com orações mínimas que se tornam ridículas tentando atenuar a culpa. Sei que as intuições que chegam para que eu faça este texto, tem o “dedo do Pai”, pois desta forma Ele puxa minhas orelhas.
Sim, identifico o problema. Mas como resolver? Que Paulo fazia? Saia pelo mundo a trabalhar na vontade de Deus, e mesmo assim ainda fazia sua autocrítica. Eu tenho algum trabalho dirigido à vontade do Pai? Sim, tenho alguns trabalhos..., mas não chegam a ter àquela dimensão dos trabalhos do Paulo.
Estou agora parado ante minhas deficiências. Sei que tenho potencial, mas até agora não consegui coloca-lo a serviço do Pai, como é a minha intenção, o que determina o meu livre arbítrio. Mas essa deliberação íntima a que cheguei não se concretiza com atos, não caio em campo com objetividade, perco tempo com coisas fúteis. Ação da Preguiça? Acredito que sim, ela é uma das minhas mais fortes adversárias.
Que devo fazer agora, sabendo de tudo isso? Pedir perdão ao Pai por minhas deficiências, reafirmar minha decisão de fazer a Sua vontade e não a minha, e procurar ver se venço essa inércia, de realmente fazer a vontade do Pai.
Este é o problema: vencer essa inércia! Vencer a preguiça! Tanto tempo já que estou tentando... e isso não acontece! Procuro ajuda na oração, peço ao Pai constantemente, inteligência rápida, coragem e sabedoria. Sei que estes são atributos importantes para a realização da minha tarefa, para eu não sair deste mundo material com esta falência moral em minha consciência.
Hoje é um dia que inicia, que nova chance surge para fazer isso, resolver os problemas espirituais que identifico aqui. Sei que tenho muitas tarefas ligadas ao mundo material, de suprir a sobrevivência e a dignidade, minha e a de meus dependentes, que são muitos, parentes, sanguíneos, amigos... também eles, apesar de serem externos e comporem o mundo material, faze parte dos meus compromissos espirituais, já que não tenho a pretensão de levar comigo ao mundo espiritual, nada do que estou construindo ao redor deles.
Apesar de tanta autocrítica que faço aqui, sinto que falta apenas um pequeno detalhe para que eu engrene minhas ações naquilo que minha consciência cobra. Talvez o elemento importante para este avanço seja a sabedoria, encontrar esse pequeno detalha no meio de tantas alternativas que o Pai coloca ao meu alcance. Tenho um pequeno vislumbre que a igreja EITA que está maturando na minha consciência, seja este detalhe. Talvez eu precise ter um pouco mais de paciência para compensar e minha deficiência em sabedoria. Afinal, tudo tem o seu tempo na dinâmica da vida, e quanto o trabalhador está pronto a tarefa aparece.
O livro “A Marca da Besta”, de autoria de Ângelo Inácio através do médium Robson Pinheiro, nos traz importantes informações sobre as providências que estão sendo realizadas no mundo espiritual com respeito ao que se passa conosco, aqui no plano físico. É preciso que tenhamos esse conhecimento para que possamos refletir com mais eficiência.
- Com frequência os guardiões se expõem pessoalmente em combates atrozes contra as organizações da oposição. Muitos encarnados julgam que nunca seremos atingidos, devido ao fato de que somos espíritos vivendo na realidade extrafísica. Sabemos que não é assim, mas muita gente talvez gostasse de ouvir mais sobre nossa resistência espiritual, nossa pretendida superioridade e suposta invencibilidade. Poderia comentar a respeito?
Sem pensar muito, o guardião da noite apressou-se em apresentar seu argumento com simplicidade, de maneira convincente.
- Muita gente acredita que ser espírito é sinônimo de invulnerabilidade. Não conhecem as leis que regem nossas vidas, tampouco as relações dos espíritos com os elementos considerados sutis, segundo a ótica dos encarnados. Em qualquer dimensão na qual estagiamos, somos permeáveis aos elementos dessa mesma dimensão. Isto é, nosso períspirito é formado pelos fluidos da dimensão astral onde nos movemos. Isso significa que o conceito de fluidez é bastante relativo. Nossa realidade material é sutil se comparada ao mundo físico propriamente dito, mas não em relação ao nosso plano, por um observador situado entre nós.
“Encontramos obstáculos, sentimos a resistência dos objetos que nos circundam, exatamente do modo como sucede com os encarnados em relação aos elementos que os rodeiam no mundo das formas. Não deixamos de ser humanos nem adquirimos títulos de santidade; graças a Deus estamos num estágio ainda muito acanhado de evolução. A realidade na qual estamos inseridos depois da morte do corpo é dotada de um sistema de vida e de uma política especiais em virtude apenas da visão mais dilatada daqueles que nos orientam. Em tudo, porém, o plano considerado espiritual é similar ao mundo físico. Assim sendo, um projétil feito de material de nossa dimensão poderá nos afetar, embora não cause a morte, devido ao fato de que vibramos na mesma frequência do referido projétil. Os feixes de energia lançados por nossas armas de defesa ocasionam impacto real nos espíritos atingidos, em razão do mesmo fato de que eles existem na faixa hertziana dessa energia (ver o livro “Legião” que trata das relações estreitas com o espectro eletromagnético estudado pela física).
“Na eventualidade de ser necessário baixar a frequência em que vibra nosso períspirito para atual em dimensões mais densas que a habitual, ficamos igualmente sujeitos aos efeitos da matéria daquele plano ou campo energético., pois ainda que temporariamente, vibramos em idêntica sintonia à da matéria astral naquela esfera. Enfim, são conceitos básicos da física, com os quais muitos amigos da realidade corpórea não tem familiaridade por mera escassez de estudos e cultura.”
Este tema da vulnerabilidade espiritual é um tanto complexo, que provoca nossa racionalidade e coerência. Sabemos que o espírito é imortal, que não morre, apenas muda para mundos diferentes, vibracionalmente. Qual a razão de se usar espadas e outros instrumentos bélicos se isso não tem capacidade de matar? A explicação de que esses instrumentos são feitos da mesma natureza vibracional desse mundo astral onde estamos, e por isso são capazes de nos afetar, tem boa lógica. Isso deverá causar sofrimento, sem provocar a morte. Nisso é o que consiste a batalha nos mundos espirituais, parece que é assim.
Encontrei este texto no site Consciencial que reproduzo aqui para fazermos uma reflexão sobre a realidade do mundo espiritual.
O FREDO, morava na vila do Suspiro, lá pelos anos 50, não sabe como, nem lembra, só sabe que sentiu uma comichão nas paletas, começou a coçar, era uma bolha cheia d’água, no outro dia amanheceu TRINTA, à tardinha eram mais de trezentas, coçava, coçava e sua mãe Ernestina perguntou:
- Homem de Deus isso é cobreiro e é de sapo, de aranha ou de cobra. Onde tu andou guri?
- Não me lembro, pode ter sido na pescaria, na mangueira, no cercado.
- Homem eu já te disse não deixa a roupa no chão, tem bicho que tem veneno e tu pega cobreiro.
No outro dia um vergão dos grandes se alastrava pelas costas, e a vó Josefa disse:
- Menino de Deus isso é cobreiro dos brabos tem duas pontas se alastrando se tu deixar uma ponta tocar na outra tu vai morrer meu neto, procura a Dona Deolinda, ela cura isso.
A coceira virou ardência, que virou dor, até a camisa se encostasse causava dores incômodas, nada podia tocar, ele deitava de bruços, estava ficando insuportável.
- Vó aonde mora a Dona Deolinda? – Perguntou Fredo.
- Olha filho, faz uns vinte anos que eu não vejo ela, mas fica no passo das Mercedes a mais de vinte quilômetros daqui, lá todo mundo conhece ela, é só chegar no bolicho da Dona Mercedes que ela logo te informa.
Fredo encilhou o cavalo e se mandou para o Oeste onde ficava as Mercedes e andou horas até que viu um arvoredo com laranjeiras, bergamoteiras, limoeiros, galinhas no quintal e um cusco latindo, uma casa de torrão com santa Fé e viu a fumaça saindo pela chaminé e foi logo gritando:
- Ohhhh de casa! Ohhh de casa!
Nisso saiu uma velha com cacunda, devia ter mais de cem anos, pensou Fredo, cabelos enredados, brancos que nem neve, olhar torto e dentes falhados, foi logo dizendo:
- Que te a sucedi menino?
- Procuro a mando da minha vó Josefa a Dona Deolinda!
- Sou eu. Aquela velha tá viva?
- Tá vivinha da silva, dona Deolinda, mas que idade a senhora tem?
- Se não errei as contas cento de dez, mas tira uns quinze.eheheh. Já vi que o moço tá com problema, porque quando um moço procura uma velha só pode ser cobreiro ou doença ruim.
- Ah, a senhora é engraçada, mas meu caso é coisa séria, to com cobreiro nas costas.
-Desce guri, vamos vê essa coisa.
Fredo entrou na casa tosca, um fogão com uma chapa de ferro o resto feito de saibro amarelo, ervas e pedaços de ossos pendurados e uma caveira pendurada encima da porta. Sentou num cepo de corticeira.
- Tira a camisa e senta de costa para o lado da cabeça da terra (norte).
Deolinda pegou uma faca, entre as orações recitava passando o fio da faca sobre as costas sem tocar nas feridas:
- Ave Maria mãe do menino Deus, olhe esse menino com o mal do cobreiro e me dê a graça de tua força para curar esse andarilho. Recebo a força dos astros do mundo, que vem da cabeça da terra e se faz aqui no aço da faca que vai cortar – Então pegou a faca, fez o sinal da cruz com ela e falou:
- O que eu corto? Cabeça, meio e rabo. – Continuava
- O que eu benzo?
- Cobreiro brabo, corto no rabo, em nome de Deus e da Virgem Maria. – Repetia três vezes.
- Cobreiro brabo, corto na cabeça, em nome de Deus e da Virgem Maria. – Repetia três vezes.
- Depois pegava um galho verde de arruda e repetia em forma de cruz repetia três vezes:
- O que eu corto?
- Cobra, cobrão, aranha, aranhão, sapo, sapão. Corto a cabeça e corto o rabo... - e logo passa o galho em toda a ferida e joga fora.
- Quanto custa Dona Deolinda? – Perguntou o Fredo.
- Custa nada moço, quem cura é Deus eu só sou instrumento. – Respondeu a benzedeira.
Pois as bolhas foram secando, o vergão diminuindo, o tal cobreiro minguando e tão logo acabando.
Dentro de três dias estava curado, e a mãe do Fredo disse:
- Vou fazer uns bolinhos de sonho, tu pega teu cavalo e leva prá Dona Deolinda, pois ela te curou menino. Também leva essa barrigueira de charque e esse pote de sal, leva arroz, feijão e batata doce como paga pela cura.
Prontamente, Fredo pegou todo os presentes colocou numa mala de garupa feito de pano grosso e montou no seu cavalo e a trotezito foi indo para a casa de Dona Deolinda, atravessou o banhado, subiu duas coxilhas, desceu pelo costado de um capão e de longe viu a casa de torrão, foi se achegando, se achegando e para sua surpresa quanto mais perto chegava, mais impressionado ficava.
Não tinha nenhum arvoredo, a não ser árvores mortas, nem cusco e nem galinhas. Tudo se resumia a uma triste tapera de torrão sem porta, sem janela e só paredes que nada lembravam o que viu.
Desceu do cavalo e foi entrando só terra, só lembrança do que ali viveu, nada tinha, apenas o mistério de tudo que passou, mas reconheceu o fogão de chapa enferrujado, ainda via a caveira e logo adiante pedaços de ossos que estavam pendurados.
Subiu no cavalo e seguiu adiante, queria mais explicações, foi se achegando num bolicho a beira da estrada, perto de um passo de um rio, logo soube se tratava do bolicho da Mercedes, apeou do cavalo e entrou:
- Buenas, como vai, minha senhora.
- Vai se indo, moço, na vida a gente diz que vai tudo bem, porque se reclamar Deus castiga.
- Me diga uma coisa dona Mercedes, a Dona Deolinda a benzedeira, onde encontro?
- No cemitério a uns trezentos metros daqui, mas porque pergunta se a velha já morreu a quinze anos.
- Nada não, porque se eu lhe contar não vai mesmo acreditar.
- Ah, pois é, tem gente que vê ela por aí, sei que a tapera dela é assombrada.
Fredo então pegou o cavalo e voltou para as casas, mas pensou. Vou deixar esses presentes lá no cemitério, afinal era prá ela.
Chegando no cemitério foi se achegando e viu uma idosa com uma moça e um menino rezando no túmulo sem marca com uma cruz.
Perguntou logo:
- Minha senhora, onde é o túmulo da Dona Deolinda?
- Esse aqui que estou rezando!
- É parente dela senhora?
- Sim, sou filha, essa é neta e aquele ali o bisneto e vim pedir ajuda, pois tenho passado fome, meu marido faz dois meses que não aparece, foi trabalhar na charqueada e não voltou mais.
Fredo então percebeu o enlace do destino.
- Pois sua mãe me mandou te entregar isso. – Fredo foi até o cavalo e deu a ela os mantimentos que trouxera para a Deolinda.
- Mas moço, que Deus te abençoe, mas minha mãe é falecida, como poderia mandar me entregar?
- Pois nem eu sei, minha senhora, e é melhor a gente nem tentar entender.
Autor: Beraldo Figueiredo
São histórias desse tipo que nos fazem refletir sobre a engenharia do mundo espiritual, de seu intercâmbio conosco, encarnados. Façamos sintonia com o Poder Superior e que sejamos usados como ferramenta para realizar a vontade do Pai.