Fui solicitado a contribuir com uma reflexão de fim de curso e foi uma oportunidade para que eu fizesse uma reflexão sobre o término do meu curso e a condução da minha vida no atual estágio. Então vou aproveitar muitas das palavras que utilizei e adequar à minha situação.
Vivemos num mundo cheio de pessoas amedrontadas, feridas e confusas... nós mesmos que pertencemos a esse mundo também sofremos dessas máculas. Cada pessoa deve ajudar ao próximo, e vice-versa: uma ajuda mútua, pois todos somos necessitados uns dos outros. Deus oferece oportunidades de crescer, adquirir conhecimentos e cada um ficar mais capacitado para servir, de acordo com suas tendências. Deus me mostrou caminhos e apresentou pessoas para que eu ficasse capacitado para melhor servir dentro do meu potencial e de acordo com a Sua vontade.
Confesso que no início da minha profissão eu não estava tão ligado com a vontade de Deus, mas tinha muito clara a importância do servir. Tanto que desviei em muitos momentos o trabalho dentro da profissão e cai em campo nas comunidades, dentro de um trabalho político. Acreditava que podia servir com mais amplidão ao próximo estando num cargo político. Percebi depois de várias tentativas que eu não conseguiria me eleger usando o discurso de “Dignidade Humana” a qual eu procurava seguir com fidelidade. Nunca troquei voto de eleitor nenhum por minhas habilidades profissionais ou o que de material eu poderia oferecer. Também não deixava de assistir, de ajudar quando necessário, mesmo que o voto daquela pessoa fosse para outro candidato. Isso não me preocupava, pois eu não tinha intenção de me locupletar no cargo que eu disputava. Entendia que eu iria exercer o cargo para beneficiar os eleitores, a população em geral e não a mim, o meu partido ou aos meus correligionários. Portanto, do ponto de vista individual, esse era até um favor que os eleitores faziam para mim quando não votavam em mim, pois fazia eu voltar a minha profissão onde o espaço que eu tinha para meu crescimento pessoal era bem maior.
Dessa forma compreendi que jamais seria eleito e eu não queria mudar o meu discurso somente para alcançar um cargo e não poder fazer o que minha consciência mandava. Então voltei a me dedicar com exclusividade à profissão e foi quando Deus, com o GPS divino que colocou na minha consciência, apontou caminhos bem interessantes. Em primeiro lugar, Ele me mostrou uma nova forma de política que se adaptava melhor aos meus princípios: a política divina ditada pela lei do Amor Incondicional e cujo Mestre maior, Jesus Cristo, é o governador do planeta. A partir daí passei a aprofundar cada vez mais meus estudos dentro dessa política. Hoje estou bem fortalecido dentro dessa conjuntura com conhecimentos; infelizmente a minha prática ainda é insuficiente. Mas tenho a convicção de que a vontade que Deus colocou na minha consciência e que eu procuro cumprir, tem um longo alcance na promoção de qualidade de vida da humanidade, pois procura construir o Seu Reino entre nós. Por enquanto sou apenas um militante da causa espiritual, do Mestre Jesus, mas espero que ainda nesta encarnação eu tenha condições de galgar postos mais elevados pelo trabalho desempenhado.
Esse foi o título do filme que assisti ontem, no canal Netflix. Trata de uma questão que considero um dos meus maiores erros, corrijo, o meu maior erro. Ter orientado o aborto de uma criança que não era meu filho, mas poderia ser considerado como tal. Nessa época eu pensava que a mulher tinha direito a decidir sobre o seu corpo, inclusive de tirar a vida que ela contribuiu para formar.
O filme traz a tona todos os argumentos que eu usava antes para defender o aborto e o direito da mulher que assim decidia. Termina por defender aborto colocando uma série de argumentos sociais, entre eles a multidão de crianças geradas, nascidas e que se desenvolvem sem carinho, proteção e muitas vezes à margem da lei, contribuindo para o enorme índice de criminalidade, miséria e injustiça social.
Eu não caio mais nessa armadilha. Desde que tomei consciência de que a vida se forma na concepção, que o ser gerado dessa forma, a partir de uma única célula, o ovo, já deve ter reconhecido o seu direito de vida e que ninguém pode eliminar sua vida sem ser considerado um criminoso, por qualquer argumento que apresente.
Sei que fui cúmplice de um assassinato no passado, um que estava bem próximo de mim e que me cabia a missão de protegê-lo e não matá-lo. Também fiz a mesma orientação a outras mulheres que me procuravam como médico e a outras também dei essa orientação. Tornei-me assim cúmplice de outros assassinatos. Mas, tenho como atenuante a esse passado criminoso, a minha posição de ser um mero conselheiro na questão. Pois se a mulher decidia ter o seu filho, apesar de todo conflito que gerasse ao redor, inclusive se me atingisse diretamente, mesmo assim eu acataria sua opinião, e se fosse o caso me responsabilizaria no que me cabia por aquela vida que estava em formação. O meu foco principal não era a defesa do aborto, era a defesa do direito da mulher decidir sobre seu corpo, o que poderia implicar até o assassinato de um ser humano. Este era o meu erro.
Hoje eu reconheço esse horrível pecado que a minha imaturidade cognitiva e espiritual me conduziu. A justiça dos homens não me alcançou, mas a justiça de Deus me considera como um detento vivendo numa espécie de condicional, cumprindo trabalhos comunitários para pagar a pena. Assim, reconheço a minha culpa e procuro agir com o máximo de Amor, talvez por isso eu tenha me associado de forma tão profunda ao Amor Incondicional, pois sei que este Amor cobre uma multidão de pecados. Foi isso que o Pai colocou na minha consciência, e como Ele viu que eu fazia tudo sem murmuração, adicionou uma tarefa extra, de usar esse Amor Incondicional para deixar uma espécie de demonstração para a coletividade humana como poderá ser construído o Seu Reino.
Hoje eu reconheço o valor da vida humana desde a concepção e uso todo meu poder de argumentação para defender essa vida que está sendo gerada, inclusive com meu próprio sacrifício material se isso for necessário e conveniente. E dentro dos meus relacionamentos mais íntimos procuro construir esse Reino de Deus, assim como o Pai sempre me está orientando.
Novamente um texto de Poh Fang Chia, publicado no “Pão Diário, 2013” no dia 30-10-13 chamou a minha atenção. Dizia o seguinte:
“Preguiçoso? Não eu. Sou atarefado. Acordo cedo e durmo tarde. Minha agenda é cheia do começo ao fim. Adoro o que faço e gosto de produzir. Devoro as listas de tarefas com a mesma intensidade com que jogo basquete.”
Identifico-me com essas palavras de um blogueiro cristão. É ótimo estar ocupado e produzindo, certo?
No entanto, se compreendermos o significado do verdadeiro discernimento demonstrado no livro de Provérbios, poderemos descobrir que somos apenas preguiçosos agitados. Eis a razão. Provérbios 10:5 descreve a pessoa ajuizada como ocupada e sábia. Em outras palavras, uma pessoa ajuizada usa a sua força e o cérebro. Analisa a situação e toma decisões sábias sobre seu trabalho. Sabe como agir e falar em situações diferentes. Não foge de desafios, mas os analisa com a ajuda de Deus. Sabe que sabedoria não é sinônimo de quociente de inteligência alto, mas de saudável temor ao Senhor. (9:10).
Uma pessoa de bom senso também se prepara em expectativa pela colheita. Tem uma meta clara a cumprir e toma as atitudes apropriadas no tempo certo para colher na melhor época.
Essa pessoa reconhece que a agitação não nos torna imunes à preguiça. As pessoas podem se ocupar e ainda assim não realizar algo de valor. Podem se ocupar, fazendo as coisas erradas na hora errada. E aquilo que realmente deveriam fazer, não o fazem.
O bom senso procede da análise, expectativa, ação apropriada e realização – proveniente da ação do Espírito Santo em nosso interior. Ao considerarmos nossos afazeres concentremo-nos nas prioridades e projetos que se originaram nos sábios planos de Deus. Ter zelo por Deus não significa apenas ocupar-se.
Esse texto traz a oportunidade de avaliar o que considero o meu principal adversário interno: a preguiça. Apesar de tantos que me conhecem não aceitarem esse meu diagnóstico, agora com este texto de Poh Fang Chia eu tenho condições de avaliar com mais precisão o que me preocupa. Não é o fato de ter diversas atividades ao longo do dia que eu estou livre da preguiça, posso estar simplesmente agitado. Tenho que ficar ocupado, mas com sabedoria. Devo seguir o conselho de usar o bom senso nas minhas ações, fazer a análise do que posso realizar, imaginar uma perspectiva para a ação, realizar a ação necessária a esses objetivos e sentir e obedecer a vontade de Deus manifestada na consciência.
Um aspecto do texto que não sintonizei, foi quanto o “temor ao Senhor”. Eu procuro ver Deus como o Pai amantíssimo que a tudo perdoa, compreende, conforta e ajuda, até mesmo com um simples clips que desaparece misteriosamente durante a leitura na cama, sugerindo levantar para procurar e em seguida fazer o que é necessário. Vejo nessas ações tão simples e tão misteriosas a mão de Deus a ajudar sem causar qualquer dano à minha vida, ao meu corpo ou ao meu espírito. Pelo contrário, só vejo ações positivas que procuram elevar o meu grau de consciência e purificar dos meus defeitos, usando sempre os recursos que Ele já me proporcionou.
Eu substituiria no texto, com tranqüilidade, temor por amor.
Fazendo a leitura atrasada dos meus livros de leitura diária devido a viagem à Curitiba-PR, encontrei no Pão Diário, dia 20-10-13, meu aniversário, esse texto escrito por Poh Fang Chia:
“Que há num simples nome? O que chamamos rosa, com outro nome não teria igual perfume?”, divagou Julieta para Romeu, na famosa peça de Shakespeare. Evidentemente ela não era hebréia. Pois o povo da antiga Israel achava que o significado por trás do nome de alguém tinha importância vital. Os pais escolhiam um nome cuidadosamente, baseando-se na personalidade, características ou caráter que eles viam em seu filho, ou o que eles desejavam para o futuro dele.
Isso me faz lembrar as condições em que se deu a escolha do meu nome. Sou o primogênito de minha mãe e de meu pai. Durante o nascimento, por vivermos numa cidade do interior, uma ilha salineira no Rio Grande do Norte, não existiam muitos recursos para o acompanhamento e parto das gestantes. A mortalidade infantil era altíssima. Pela minha condição de primogênito eu era uma das crianças de alto risco ao nascer. E foi isso que aconteceu. Minha mãe dentro de sua casa tinha a assistência apenas de uma parteira comunitária, uma curiosa. A minha cabeça grande que deveria passar pela primeira vez por um canal vaginal, já constituía um desafio. Mas a aventura tinha que ser iniciada. Logo foi observado que a incompatibilidade entre cabeça e canal do parto não iria promover a expulsão natural. Eu estava ameaçado de morte, e minha mãe também. Não existiam condições de fazer a cirurgia, a cesariana; não havia ferros para tentar puxar a cabeça avantajada. O tempo não sabia esperar... Só havia um jeito, tentar com as próprias mãos puxar tamanha cabeça e rezar pelo sucesso da ação. Tal atitude deveria ter um auxílio espiritual. Como estávamos no mês de outubro, o mês de São Francisco, minha mãe e demais parentes não tiveram dúvidas. Sentaram na mesa de negociação com ele e prometeram que se eu sobrevivesse, eu seria dedicado a ele, que o meu nome seria o dele. Feito o contrato, a parteira agora encorajada pelo apoio do santo, mergulhou suas mãos no canal vaginal e segurou com firmeza a minha frágil cabeça. Seus dedos mergulharam na fragilidade dos ossos do crânio que ainda não estavam calcificados e puxaram com vigor através do pescoço o resto do corpo. Foi um sucesso. Consegui sair vivo, minha mãe também escapou, mas deixou suas seqüelas físicas em minha cabeça, a marca dos dedos da parteira que ainda hoje posso sentir, e o meu pescoço que não encontra o centro da gravidade e quando eu vou fazer retratos o fotógrafo sempre orienta para corrigir a verticalidade do pescoço. Mas isso não importa tanto, ninguém que se disponha a observar com rigor irá perceber as marcas na minha cabeça ou o desvio do pescoço. O que importa mais é a herança do nome: Francisco. Não entendo bem porque não colocaram Francisco de Assis, já que seria o mais esperado, pois o santo é reconhecido mundialmente como tal. Preferiram privilegiar o aspecto “das Chagas” que também é uma característica do santo. Talvez prenunciando as chagas que eu iria ter não no corpo, mas sim na alma, por querer cumprir o desiderato de Deus em minha vida.
Confesso que a partir do momento que eu ia crescendo e conhecendo o mundo, nunca dei a devida importância ao meu nome. Mesmo porque poucos me chamavam por ele, sempre era com apelidos, carinhosos pela família ou irônicos pelos colegas: Chiquinho, Francisquinho, Titico, Dr. Satã, Já Morreu... são os que lembro agora. O meu nome mesmo eu só ouviria com mais freqüência na chamada da escola.
Mas foi durante o serviço militar que houve uma reviravolta com relação ao meu nome. Eu passei a ser chamado pelo sobrenome: era o marinheiro Rodrigues. Gostei. Era um nome mais austero. Continuei os meus estudos e consegui me graduar em medicina. Passei a ser conhecido de forma definitiva como o Dr. Rodrigues.
Acontece que um aspecto da minha vida passou a ter cada vez mais importância dentro de minhas prioridades: a vida espiritual. Então verifiquei todo esse passado e que eu tinha um compromisso firmado por minha família e agora estava sendo firmado também por mim. Passei a associar na minha marca o nome Francisco. Marcava meus livros não só com o Rodrigues de antes. Agora eu marcava como Francisco Rodrigues e dava muito mais valor ao Francisco, o nome de origem espiritual comparado ao Rodrigues de origem material, biológico, familiar.
Consegui perceber a vontade de Deus na minha vida, os caminhos que ele me ofereceu no passado, no presente e me oferecerá no futuro. Parece que Deus também referendou esse acordo feito no meu nascimento, pois me oferece oportunidades de conhecer o meu protetor em profundidade, inclusive colocando ao meu lado uma companheira vinda de um convento onde aprendeu a essência de São Francisco; permitiu a eleição de um papa que assumiu no primeiro momento o nome de Francisco e implementou no Vaticano a prática franciscana.
No passado São Francisco de Assis mostrou que poderíamos ser um exemplo do Cristo, assumindo a humildade, a pobreza, a castidade, o amor por toda a natureza. Deus colocou em minha consciência que eu deveria agora dar um passo além e procurar cumprir a promessa da construção do Seu Reino aqui na Terra, como nos céus. Assim, Ele me deu oportunidade de aprender aspectos científicos importantes da vida, tanto no campo material quanto no espiritual, de reconhecer toda a natureza como Sua criação e todos os seres vivos como irmãos, que podem conviver como uma só família, a família universal, sem exclusivismos, ciúmes ou intolerância com a ignorância dos mais fracos. Também colocou e continua a colocar ao meu lado tantas companheiras que de uma forma ou de outra contribuíram e ainda contribuem para a realização dessa tarefa, que só pode ser realizada com a inclusividade do Amor Incondicional. Da mesma forma que Ele confiou em Francisco de Assis, acredito que Ele confie em mim, mesmo porque tenho essa dívida do nascimento, na marca do meu nome. Só espero ter toda a determinação e coragem que meu protetor teve em Assis e que serviu de modelo para o resto do mundo.
Fazendo a leitura da Bíblia no cap. 15 do livro Sabedoria, vers. 3 vejo o seguinte: “Porque conhecer-Vos é a perfeita justiça, e conhecer Vosso poder é a raiz da imortalidade.” Logo em seguida vem a explicação no rodapé: “Conhecer-Vos: a fé é o começo da justiça. Vosso poder: o temor é o começo da sabedoria.
Essa leitura considero como uma advertência de Deus, pois logo mais estarei reunido com meus três primeiros filhos e minha primeira esposa. O assunto é sobre os cuidados que necessita o seu irmão inválido, retardado e idoso, tio dos meus filhos, e que os irmãos dela não querem colaborar e que meus filhos sentem injustiça em assumir um encargo dessa natureza. Então o texto fala da justiça e da sabedoria, dois principais atributos de Deus, colados na essência do Seu amor.
Tenho certa ascendência entre todos pela posição que Deus me colocou no contexto familiar, pelos conhecimentos que Ele me proporcionou e pela decisão que tomei de procurar fazer a Sua vontade. Então mais do que todos, eu deverei ser o porta voz desses princípios: justiça e sabedoria.
Já fiquei matutando sobre a questão e a consciência aponta uma solução que parece ser a mais sábia dentro da justiça. Nenhum dos irmãos quer ter o encargo de ficar com a responsabilidade de cuidar do “irmão necessitado”, como até agora faz minha ex-esposa, sem condições físicas ou financeiras de arcar com o problema. Não posso sugerir aos meus filhos, seus sobrinhos, que assumam essa responsabilidade, apesar do parentesco estar mais distante, todos estão empenhados em construir suas vidas, e assim isso não seria justo.
Não existe em nenhum de nós, irmãos, sobrinhos, ou mesmo eu, a intenção de deixar o “necessitado” abandonado à própria sorte, sem carinhos e sem cuidados de nossa parte. Essa também não é a vontade de Deus, bem sei! A vontade de Deus é que usemos de seus atributos, Justiça e Sabedoria, para dar a melhor solução.
Como nenhuma das pessoas desse círculo tem condições ou se dispõe ficar cuidando diretamente dele, precisamos encontrar outra alternativa dentro dos nossos princípios filosóficos, humanísticos e espirituais. Um abrigo para idosos, um lar geriátrico, é a solução que parece mais oportuna. Procuraremos um lar que possa o abrigar e oferecer os devidos cuidados a sua idade avançada, a sua saúde debilitada e a sua inteligência atrofiada. Um espaço que ofereça a segurança desses serviços, que cada parente possa comparecer para visita assim que desejar e que possa o levar para passear ou passar alguns momentos ou dias em suas casas. Esta será a solução que parece atender esses princípios de justiça e sabedoria. O encargo financeiro que daí surgir deverá ser dividido também pelos mesmos princípios, justiça e sabedoria. Cada um dos cinco irmãos apresentará a sua realidade financeira em torno de salários mínimos e será dividido equitativamente entre todos. Eu poderei me associar ao perfil financeiro da minha ex-esposa de forma solidária, como um sexto irmão; meus filhos poderão ajudar à sua mãe no caso de alguma emergência doméstica para as quais ela não teve condições de garantir recursos previamente.
Acredito que agindo assim estaremos cumprindo a justiça dos homens e principalmente a vontade do Pai.