Lembrei daquela música de Martinho da Vila e que cantei quando passei no meu vestibular de medicina: “Felicidade, passei no vestibular / Mas a Faculdade, é particular...”. Também me sinto feliz agora, pois acredito que passei no teste de vestibular proposto por Deus para eu ser cidadão do Seu Reino.
Recebi no meu consultório os pais daquele jovem assassinado na Praia do Meio há 31 dias. Eles vieram acompanhados de uma jovem, obesa, que dizia ser filha “adotiva” do casal, pois mora perto deles há muito tempo e que sempre foi tratada como filha. Dizia que também fazia tratamento psiquiátrico e pedia para que eu receitasse sua medicação. Mostrou-me as cópias dos receituários e dos atestados que guardava em uma bolsa. Lembrei-me das minhas palavras na igreja, na noite de ontem, de que a família que perdeu seu parente por força do mal, pela força do bem ela iria adquirir um novo parente para suprir todas as necessidades. Percebi que a força do bem estava me convocando para eu ser esse parente espiritual, ser filho daquele casal e irmão dessa jovem. E foi assim que eu procurei me comportar, além da minha atuação como médico. Como médico eu perguntei todos os detalhes de emoções, pensamentos e ações que todos estavam fazendo para ter o devido diagnóstico e fazer a devida prescrição e encaminhamentos necessários. Como parente espiritual eu procurei saber a forma de convivência, os recursos que existiam que pudessem minorar o sofrimento daquelas pessoas que ainda se sentiam intimidadas pela força do mal.
Depois de avaliar todos os recursos que eles tinham ao seu alcance, ofereci o flat da Redinha Nova para eles ficarem algum tempo enquanto se recuperam de tão grave choque. Expliquei que eu possuía esse flat e que o usava em alguns finais de semana, que não custava nenhum exagero para mim se eles fossem para lá, inclusive com o outro filho que ainda mora com eles. Seria um espaço que poderia também acolher a viúva do seu filho assassinado com a sua neta. Eles ficaram calados e eu disse que podiam pensar sobre a oferta, inclusive com a opinião do filho que não estava presente. Mas pude observar que eles ficaram interessados na ideia.
Quanto a minha irmã espiritual, observei que era uma pessoa de extrema fragilidade emocional, que também fora vítima da violência, tivera um primo assassinado no mesmo bairro. Era formada em administração, mas trabalhava atualmente em subemprego, no armarinho de uma amiga, sem carteira assinada. Além dos medicamentos que fazia uso criava diversos animais, 28 gatos e 3 cães. Tudo isso, explicava ela, para procurar preencher o espaço que ficou na sua vida. Desde criança convive com a violência, seu pai espancava sua mãe de forma grotesca, arrastando-a pelos cabelos e esmurrando-a no rosto, na sua frente de criança; teve um namorado e por ciúme também fora espancada por ele, teve um revolver na sua cabeça e só não morreu porque ao disparar a arma bateu “catolé”. Agora não tinha mais coragem de se aproximar de um homem por tanto trauma de violência, mesmo sabendo que é uma coisa boa o relacionamento harmônico com um homem. Fiz as receitas e o atestado que ela precisava e orientei para procurar a Associação e se envolver com nossos trabalhos, pois existe a possibilidade dela assumir algum trabalho remunerado dentro da área de Turismo que queremos implementar.
Finalmente terminamos o nosso encontro e senti que eu havia me comportado à contento, como o Pai deseja que seus filhos se comportem no Seu Reino, como uma família universal.
Para a minha irmã dei as amostras grátis de remédios que ela podia usar, os receituários e o atestado. Incentivei para participar da Associação e tenho impressão que ela irá ser aproveitada em alguma atividade remunerada.
Para o meu pai dei palavras de incentivo, também amostras grátis de remédios que ele podia usar, o atestado com três meses de incapacidade para o trabalho, para ele ficar pelo benefício do INSS. Ele sabe onde fica o flat, já trabalhou por aquela região e percebi que ele estava com um novo alento.
Para minha mãe, que percebi ser a pessoa da família que tem uma visão mais ampla de tudo que está acontecendo, que foi quem pegou o microfone na igreja e falou da sua dor e do seu perdão, reforcei o espaço do flat como muito útil nesse momento para toda a família e que na segunda feira, depois dela ter conversado com o filho, eu poderia levá-los até lá e instalá-los convenientemente.
Ao sair do consultório percebi que o dia estava da forma que eu mais gosto, nublado com possibilidade de chuva e entendi que foi a resposta do Pai, mandando o céu informar que eu fui aceito como mais um cidadão do Seu Reino.
Parece que Deus fez tudo bem organizado para me colocar dentro desta situação que parece mesmo uma sala de vestibular, onde eu serei testado se sou capaz de entrar ou não neste Reino de Deus que tanto advogo, seguindo as lições do Mestre Jesus.
Sei que fui testado em outras ocasiões, diversas vezes, para avaliar questões pontuais, como tolerância, caridade, perdão, ciúme, etc. Desta vez a coisa é mais séria, trata de entrar ou não no Reino de Deus. É como se eu tivesse sido testado antes em algumas disciplinas, mas que agora eu faria o teste para ver se entro na Universidade.
Tudo começou com o assassinato de um rapaz da comunidade da Praia do Meio e que sua mãe procurou-me na reunião da AMA-PM, num dia de quinta feira. Como ela precisava de medicamentos, fiquei de adquirir amostras grátis para ela e que entregaria na próxima reunião da quinta-feira. Ela disse que não poderia, pois iria participar da missa de 30º dia da morte do seu filho na igreja do bairro. Começou aí articulação circunstancial do Senhor. Como eu estava também querendo um momento para articular a participação da igreja católica com o trabalho da Associação, disse então a essa senhora que iria convidar os meus colegas para irmos a essa missa, o que a deixou muito contente. Durante a missa senti que o cenário estava montado. Ao ser chamado para falar, era como se Deus estivesse exigindo de mim uma prova teórica, o que eu iria dizer naquele momento. Peguei o microfone para falar aos fiéis que lotavam a igreja. Percebia eu estava na Casa de Deus, que existia ao meu lado a imagem da Sagrada Família e na parede de traz um crucifixo onde meu Mestre estava pregado. Falei como já deixei registrado no diário anterior. Ressaltei a construção do Reino de Deus que podíamos fazer a partir da limpeza em nossos corações e de nos relacionarmos como irmãos, como estávamos tentando fazer nesta comunidade. Coloquei como exemplo, que a família biológica que hoje havia perdido um filho, um pai, um irmão, um companheiro, automaticamente deve haver um despertar de amor na comunidade e essa família deve ganhar um filho, um pai, um irmão e um companheiro espiritual, não só dentro desta igreja, mas em qualquer circunstância que amanhã a vida ofereça.
Pronto! Fiz o meu teste oral e acredito que consegui passar. As palavras vieram do fundo do meu coração, e eu sabia que estava ali a me observar, a banca de avaliação composta pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Sabia que eu estava sendo avaliado nas palavras e sondado no coração, ver se o que eu dizia tinha sintonia com o que eu sentia. Não observei nenhuma culpa na minha consciência, portanto não feri a Lei de Deus, então eu consegui ser aprovado no teste teórico. Mas, o vestibular de Deus não terminava aí. Ele agora estava preparando o teste prático. Aquele casal que acabava de perder o filho estava afogado em lágrimas e em desespero. O pai não conseguia trabalhar e já pensava em acabar com a própria vida. Eu cheguei perto deles e disse que iria lhes ajudar. Que me procurasse às 8h no consultório que iria fazer o atestado para afastá-lo do trabalho e dar as amostras grátis dos medicamentos que eles precisavam.
Com tudo isso eu sentia que continuava sendo testado pelo Pai, Ele queria ver meu comportamento na prática, se o que eu acabava de dizer em público com o microfone na mão, era capaz de fazer no silêncio da caridade e fraternidade. Essa minha conversa na igreja foi apenas o preâmbulo do meu teste. No momento que estou digitando essas considerações, já são 6:30h, dentro de hora e meia devo encontrar com esse casal que ficou de me procurar no consultório. Sinto que o Pai fez toda essa preparação para me mostrar o que eu sempre interrogava a Ele: o que fazer neste trabalho comunitário do Reino de Deus se tudo que é feito parece simplesmente um trabalho assistencialista de minorar o sofrimento, mas que tudo continua do mesmo jeito? Então o Pai está colocando esse casal na minha frente e deve olhar com atenção o meu comportamento. Então, Francisco, deve pensar Ele, tu vai agir com assistencialismo ou como o parente que a família perdeu?
Eita!!!! Sinto nos ombros o peso da responsabilidade! Eu devo encarar esse casal como pessoas que perderam um filho, e eu como médico posso ajudar com um atestado e uma receita médica, numa atitude assistencialista? Ou devo considerar esse casal como meus pais espirituais, que necessitam agora do seu filho espiritual, assim como toda a família: como a filha precisa agora do pai espiritual; como o irmão precisa do irmão espiritual; como a companheira precisa do companheiro espiritual...
Pronto! A minha consciência conseguiu alcançar o dilema que foi formado. Agora é entre os meus interesses materiais, exclusivistas da minha família biológica, e entre os interesses da família universal. É algo que eu nunca tive lições sobre essa prática, apenas sinto que as lições do Mestre Jesus levam a esse comportamento, mesmo que eu não consiga explicar com todas as minúcias metodológicas, é algo ligado à minha intuição.
Peço a Deus sabedoria para que eu consiga agir de acordo com os interesses do meu espírito que é realmente ter condições de passar neste vestibular e me capacitar para frequentar este Reino dos Céus no mundo material.
A reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz do dia 23-04-15, foi realizada na igreja da Rua do Motor, próxima da Escola Municipal Laura Maia, no 30º dia do assassinato de José Rodrigues, um morador da nossa comunidade. Como foi acertado após a última reunião, junto à mãe desse jovem que nos procurou. fomos para essa missa. A missa começou as 19h com a igreja lotada. Dos associados da AMA-PM estavam as seguintes pessoas: 1. Maria das Graças (administradora da igreja, que se associou nesta data) 2. Ezequiel 3. Nivaldo 4. Davi 5. Alzenir 6. Radha 7. Edinólia 8. Ana Paula 9. Luzimar 10. Paulo Henrique 11. Tarcísio 12. Severino e 13. Francisco Rodrigues. Antes do início abordamos o diácono Márcio que iria ministrar a missa e falamos do objetivo de nossa ida a igreja, que estávamos envolvidos, AMA-PM e Projeto Foco de Luz no combate à violência, e que estávamos organizando uma caminhada em defesa e promoção da Paz dentro do bairro. Gostaríamos de contar com o apoio da igreja e de imediato recebemos a sinalização de que teríamos esse apoio. Ali mesmo combinamos a data para o terceiro domingo de maio, que a caminhada iniciaria naquela mesma igreja, logo após a missa que iria ser realizada as 07:30h. Caminharíamos pela rua do Motor com carro de som e bandeiras brancas até a igreja localizada no outro extremo da rua onde providenciaremos um café da manhã. Com este acerto, o diácono iniciou a missa solicitada pela família do rapaz assassinado dirigindo a pregação no amor, tolerância e perdão conforme o Cristo ensinou. Perto do fim ele deu a palavra a alguém da família e a mãe do rapaz, coberta de lágrimas foi até o microfone. Falou da sua dor, da crueldade que foi vítima o seu filho, de ter sido assassinado nos seus braços, momento que ela implorava por sua vida, que trocava a vida dela pela dele, mas que não foi atendida. Mesmo assim ela não deseja que aconteça nada de mal a esse criminoso, que vai seguir as lições de Jesus e não guardar desejos de vingança em seu coração e pedir a Deus forças para suportar tanta dor que enche seu coração. Em seguida o diácono ofereceu a palavra a Francisco Rodrigues e Paulo Henrique para falarem sobre o Projeto Foco de Luz e AMA-PM, respectivamente, e as atividades que estão programando para o próximo mês. Francisco começou a falar lembrando o que Jesus havia dito há 2000 anos, que o Reino de Deus já está próximo, e que deve começar a partir da limpeza que podemos fazer do egoísmo que ainda infesta os nossos corações. Com essa limpeza podemos criar aqui na comunidade da Praia do Meio uma célula deste Reino de Deus, onde os moradores e amigos procurem se relacionar como irmãos, dentro de uma mesma família, fraterna e universal. Pode ser que algum dos moradores ainda seja dominado pelo mal e cometa qualquer desatino como este onde foi ceifada uma vida preciosa. Mas, todos os demais filhos de Deus, conscientes de sua responsabilidade cristã, despertará o Amor dentro do coração e nas suas ações. A família biológica que hoje perdeu seu pai, filho, irmão e companheiro, vai automaticamente ganhar desta comunidade cristã, o pai, filho, irmão e companheiro espiritual, tanto hoje, aqui, dentro desta igreja, como amanhã em qualquer circunstância que a vida oferecer. Logo em seguida Paulo Henrique falou dos projetos da AMA-PM que já estão em andamento e convidou a todos a se fazerem presentes no dia 30-04 as 19h na Escola Estadual Olda Marinho para participarem da eleição que vai dar início oficial a nova Associação dos Moradores e Amigos da Praia do Meio – AMA-PM. Em seguida foi comunicado da caminhada em defesa da Paz no terceiro domingo de maio e feito o convite para o engajamento de todos. Depois que todos saíram os membros da AMA-PM se reuniu com Maria das Graças, a administradora da igreja, para a organização do bingo a ser realizado no sábado, dia 08-05, em comemoração ao Dia das Mães. Foi acertado que seria feito, de imediato, mil cartelas a ser vendidas no valor de 5,00 reias cada uma e que teria os seguintes prêmios: Ventilador, Ferro Elétrico, Liquidificador, Bicicleta e Notebook. Foi feito uma comissão composta por Tarcísio, Luzimar e Paulo para viabilizar o patrocínio dos prêmios. Davi se comprometeu com a doação do Liquidificador. Logo que sejam entregues as cartelas todos os membros da Associação se responsabilizarão por sua venda de imediata, pois caso a patrocínio não cubra a totalidade dos prêmios, o apurado das vendas deve adquirir o objeto. Ao final fizemos a oração do Pai Nosso e da Ave Maria conduzidas por Maria das Graças e nos posicionamos para a foto oficial.
Ontem, 22 de abril, foi lembrado o dia do descobrimento do Brasil, feito pelos portugueses, numa tarde do ano 1500. Este termo, descobrimento, que na época era usado achamento, evoca alguma coisa que estava encoberta na nossa consciência, mas que já tinha existência na realidade.
Foi escrito por Pero Vaz de Caminha, o escrivão da Esquadra, aproximadamente assim: os habitantes dessa terra eram pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andavam nus, sem cobertura alguma. Não faziam o menor caso de encobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. As suas casas, em torno de nove ou dez, eram tão compridas cada uma como a nau capitânea. Eram de madeira e cobertas de palha, todas numa só peça, sem nenhum repartimento e tinham dentro muitos esteios (estacas, apoios). De esteio a esteio era atada uma rede pelos cabos, alta, em que dormiam, também embaixo, cerca de 30 a 40 pessoas. Comiam muito inhame e sementes que há na terra.
A falta de arquivos precisos da época impede a afirmação de quantos indígenas havia, estima-se que entre 1 milhão e 8,5 milhões de habitantes. No século XVI esses nativos se dividiam em mais de mil povos, e cerca de 1300 línguas distintas, a maioria agrupadas em dois troncos linguísticos principais, o tupi e o macro-jê.
O nome pelo qual os nativos chamavam as terras brasileiras quando do descobrimento, era Pindorama, que significa Terra das Palmeiras, o paraíso dos primeiros habitantes. Para colonizar o Brasil, esse paraíso foi maculado, muito sangue foi derramado, construíram os Navios Negreiros. Trouxeram da África homens que lá deixaram suas identidades... aqui eram escravos! Os índios nunca mais sentiram no vento o canto da liberdade!
O mais extraordinário de tudo isso é que o nome Pindorama parece ter um significado mais profundo, originado na Índia. Pindo vem do Sânscrito que significa “Casa” e “Rama” é um dos nomes da personalidade de Deus. Mais conhecido como Ramachandra, Rama foi o 4º Avatar na era de “Satia” ou era de “ouro”, a Era da Verdade. Se invertemos a palavra rama (amar), formaremos a seguinte frase: Amar a casa de Deus! Assim como o nosso nome deveria ter um significado para se chegar a um propósito, a nossa casa, a nossa pátria tem um verdadeiro nome e um verdadeiro significado para ajudar-nos a chegar ao nosso verdadeiro propósito.
Interessante como a vontade de Deus já está escrita no cosmo, na Natureza, e basta termos olhos para ver e inteligência para perceber. No mundo espiritual já existe a informação de o Brasil ser o coração do mundo e a pátria do Evangelho. Somos o maior país católico do mundo. A doutrina dos espíritos foi mais bem absorvida e desenvolvida em nossa pátria, apesar de ter sido iniciada na França.
Agora existe a lição evangélica deixada por Jesus de que o Reino de Deus está próximo, que deve iniciar em nossos corações e se espalhar pelos diversos relacionamentos, sempre privilegiando o Amor Incondicional, frente a qualquer outro tipo de contaminação sofrida por essa energia divina, como por exemplo, o amor romântico, contaminado pelo exclusivismo e que ainda prevalece e gera tantas ações egoístas.
O Brasil deve agora descobrir essa vocação espiritual e lutar para construir o Reino de Deus em todas as comunidades, sempre motivado pelo Evangelho e pelas ações de caridade que deve sobrepujar qualquer outra linha de ação.
Com todas essas informações, parece que o nosso Brasil, Pindorama, é a Casa de Deus, e Ele espera que os seus filhos atuais não sejam absorvidos e maculados pelos estrangeiros que dominam e escravizam os filhos do Pai, assim como aconteceu com nossos patrícios, os inocentes silvícolas. Que sejamos capazes de criar aqui o Paraíso Perdido”!
Assisti um documentário interessante na NETFLIX, “Os mistérios de Jesus”, que provocaram boas reflexões na minha consciência. Vou reproduzir na íntegra as legendas do primeiro trecho que aborda o tema da NATIVIDADE.
Jesus Cristo talvez seja o homem mais famoso que já habitou neste planeta. Pensamos que já sabemos tudo que há pra saber sobre Ele, mas isso está muito distante da verdade. Sua vida ainda está envolta em mistérios, completa de acontecimentos estranhos e perguntas sem respostas. Este programa esclarece sete dos mistérios existentes no mundo cristão, há séculos.
Os mistérios começam no nascimento de Jesus, no dia que hoje celebramos o Natal. A maioria de nós acha que a Natividade é só alegria e felicidade pelo nascimento de Jesus. Estamos muito errados. Há sinais claros de algo diferente. Então, qual é a mensagem sombria oculta em uma história que acreditamos conhecer tão bem? Dizem que a igreja da Natividade em Belém foi construída no local onde Jesus nasceu. Há séculos, centenas de milhares de peregrinos cristãos vêm rezar nesse local sagrado. Mas são devotos de uma Natividade obscurecida e pausterizada por mitos e lendas. O relato bíblico original é assustadoramente distinto. Levam-nos diretamente ao mundo real da Terra Santa há dois mil anos, uma terra sob o jugo estrangeiro dividida por diferenças políticas e religiosas. Segundo o evangelho de Lucas, a história da Natividade começa com José e Maria a caminho de Belém, onde ela dá à luz, Jesus. O Evangelho de Lucas diz que os pastores testemunharam o nascimento. Porém o Evangelho de Mateus possui mais minúcias dramáticas, como a estrela de Belém e os três Reis Magos. Há séculos todos esses elementos têm-se combinados.
“Quando o Natal é celebrado, misturam essas duas histórias para gerar um grande relato.” (Professor Bart D. Ehrman)
A natividade agora é uma das histórias mais conhecidas e mais descritas, com cenas lindas e até mágicas. Comunidades cristãs do mundo inteiro copiaram todos os detalhes. O problema é que essa imagem nos desviou do que os evangelistas queriam de fato dizer.
“Acho que temos o desejo romântico de achar que algo fantástico deve ter acompanhado o nascimento, e assim acrescentamos coisas à história. Isso a torna mais romântica, mais empolgante.” (Professor Mark Goodagre)
Ao longo dos séculos a mensagem mais profunda da Natividade foi revestida com chamadas de romantismo e sentimentalismo.
“Acho que pausterizamos essa coisa toda, juntamos todas essas imagens e criamos uma imagem bela e afetada.” (Dra. Helen Bond)
Os relatos dos Evangelhos são para oferecer consolo e alegria. Os símbolos famosos da cena da Natividade pretendem dar um soco paralisante que atinja o alvo logo no início, quando o nascimento de Jesus é representado sobre o céu noturno. A Estrela de Belém é um dos mais famosos símbolos da Natividade. Segundo o evangelista Mateus, ela é vista pelos sábios ou três Reis Magos do oriente, e os guia até Belém. Segundo algumas teorias eram dois planetas bem próximos, ou uma estrela distante se tornando supernova. Existe uma ideia que a vincula diretamente à mensagem real dos evangelhos.
Há uma frase em especial no Evangelho de Mateus, que essa estrela que os Magos viram no céu parou sobre o local que a criança nasceu. Os Magos estavam viajando de Jerusalém para Belém. Durante a viagem viram essa estrela acima deles, mas como pode uma estrela parar sobre um lugar como Belém? Só existe uma única explicação, uma estrela que pode fazer isso é um cometa.” (Sir Colin Humpheys)
Há dois mil anos quando aparecia um cometa no céu noturno todos paravam e prestavam atenção. Ninguém tinha a menor dúvida de que estava para acontecer um fato marcante, mas não eram boas novas.
“Também temos a noção de que a estrela de certa forma poderia ser encarada como anúncio do nascimento de uma grande pessoa, mas as estrelas também podiam ser interpretadas como cometas, e cometas eram um mal sinal que geralmente significava morte.”
Os Reis Magos eram considerados os maiores pensadores e meteorologistas dessa época. Eles sabiam que esse sinal das estrelas marcavam o nascimento de um novo rei dos judeus. Mas se era um cometa, seu futuro poderia ser negro. Então, eles a seguiram até Belém levando presentes repletos de significados.
“Acho que a maioria nem imagina que exista esse simbolismo nos presentes. O ouro, o incenso, a mirra.”
Não são presentes para uma criança comum. Primeiro, tem o ouro.
“O ouro é algo de extraordinário valor e acho que significa que Jesus será um rei, e esse é um presente apropriado para um rei.”
O próximo é o incenso.
“Sempre se oferece incenso a Deus. então demonstra, não a realeza de Jesus, mas a divindade de Jesus.”
Mas é o significado do terceiro presente que foi mais esquecido nos tempos modernos. A mirra é uma resina vegetal usada para preparar cadáveres.
“Isso dá uma ideia de que Jesus vai morrer e que a morte fará parte de sua história.”
Então a mirra nos adverte da morte de Jesus e os paleocristãos teriam captado essa mensagem essencial.
Até o famoso cântico de Natal, “nós, os três reis do oriente somos”, escrito em 1857, se refere diretamente ao verdadeiro significado da mirra em seu quarto verso. As palavras assustadoras: “trancado em um frio túmulo de pedra”, são a referência clara à morte de Jesus.
“Esta é uma coisa surpreendente que me faz pensar se estamos mesmo absorvendo tais coisas quando cantamos os cânticos.”
O simbolismo do presente da mirra dos Reis Magos é claro, traz o espectro da morte ao nascimento da criança. E esse espectro não é só para o futuro. Ele paira sobre a Sagrada Família naquele mesmo momento na pessoa do rei Herodes, o Grande. Herodes é o rei da Judéia, o mandatário da nação judaica. Ele é também um tirano sanguinário que matou a esposa e três filhos quando achou que estavam conspirando contra ele. Por uma trágica ironia, os Reis Magos dão a Herodes o significado do sinal que nascera um novo rei dos judeus, quando passam por Jerusalém. O Evangelho de Mateus descreve a maneira sádica como Herodes tenta livrar-se desse novo rival pelo trono.
“Acontece que ele organiza uma extraordinária, impiedosa, violenta e cruel chacina dos inocentes. Assim, todas as crianças com menos de dois anos de idade são assassinadas.”
Quando um anjo avisa da chegada dos assassinos, Maria e José fogem de Belém com Jesus para se salvarem.
“Essa história termina de forma horrível, com violência.”
“Isso é horripilante. É uma realidade, e é claro que está maquiada. Porque se definir os fatos não é politicamente correta para cartões de Natal.” (Archpriest Andrew Phillips)
A história brutal do massacre herodiano dos inocentes é um elemento importante do relato da Natividade, mas não é o que queremos ouvir no Natal.
“Não queremos que nos lembrem que o nascimento de Jesus tem algum tipo de ligação com a morte de outras crianças.”
A fuga de Belém da Sagrada Família, encerra o relato da Natividade feito por Mateus. O último detalhe põe em destaque como uma história mais sombria foi transformada numa espécie de conto de fada.
O carneiro é o mais conhecido na cena tradicional da Natividade. Ele é inocente, humilde, inofensivo. Mas o cordeiro da Natividade foi despido de seu verdadeiro significado.
“O cordeiro e a ovelha são simbólicos. Simbólicos porque eram sacrificados e se tornaram o símbolo de Jesus, que será sacrificado como um cordeiro ou uma ovelha. (Father Mario Murru)
Os pastores que aparecem no nascimento de Jesus não estão na cidade por acaso. Belém era o local onde se criavam carneiros usados em sacrifícios religiosos, principalmente durante a festa judaica da páscoa. E isso não é coincidência.
“O relato do Evangelho de João é bem claro, que Jesus foi crucificado exatamente na mesma hora que os primeiros cordeiros da páscoa foram abatidos, portanto, a simbologia é bem exata para que Cristo seja visto como um cordeiro sacrificatório.”
Do início ao fim a história da Natividade está repleta de símbolos. A estrela de Belém que pode ser um cometa significando a morte; os três Reis Magos trazendo a mirra, usada para embalsamar cadáveres; Herodes e o massacre das crianças; e o cordeiro, uma imagem de sacrifício. A mensagem não poderia ser mais clara.
“O personagem principal da história, ainda bebê, vai morrer horrivelmente. Existe algo desagradável em tudo isso. Há algo que no faz parar e dizer: espere aí, essa não é dessas histórias do herói que marcha para a vitória. É um tipo de história bem diferente. Os paleocristãos que tivessem lido ou ouvido essas histórias da Natividade não teriam dúvidas de que de fato essa não é uma história cheia de ternura para que voce se sinta bem em 25 de dezembro.
“É a história do nascimento de um salvador e toda questão da vida dEle que se pronuncia na própria cena da Natividade é que ele vai morrer e é a sua morte que realmente importa.”
Assim, há séculos o sentimento e o comercialismo quase sempre mascaram o verdadeiro sentido da cena da Natividade. Longe de oferecer calor, conforto e tranquilidade, essa história tão conhecida, que está no âmago das nossas celebrações do Natal, é de fato uma profecia da morte brutal de Jesus.
Eu já conhecia essa história e um pouco do seu simbolismo, mas não com essa profundidade e direcionamento para o verdadeiro significado de tudo que estava acontecendo naquela ocasião. Costumava focar a importância do nascimento do Mestre, mas sem realçar a importância da morte brutal e como cordeiro, uma maneira que iria fazer a repercussão desse fato em toda a humanidade e se tal não tivesse acontecido a importância do seu nascimento se perderia após a sua morte natural. Irei agora ajustar a importância do nascimento de Jesus à importância da sua morte e que todos os fatos simbólicos ao seu redor ressaltavam mais essa parte funesta.