Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
17/04/2013 23h59
O IRMÃO DE ASSIS

            Finalmente terminei de ler “O Irmão de Assis”, a vida de São Francisco de Assis, segundo Inácio Larranaga. O homem que elegeu a Pobreza como sua companheira, sua esposa, que amava todas as criaturas do Pai, que procurou seguir o exemplo de Cristo até o desenvolvimento de suas chagas, que nos deixou palavras como as que foi título do texto de ontem: “O silêncio é a linguagem do amor.”

            Observei em vários momentos um radicalismo extremo em função de sua determinação em ser humilde e conviver na intimidade com a Pobreza, a sua caminhada na trilha que o Senhor colocou em sua consciência. Cada um de nós temos a semente do Criador, o amor, em nossos corações e recebemos a missão que devemos cumprir na terra de acordo com nossas características fisiológicas, psicológicas e o contexto sócio-cultural que estamos inseridos. Então, cada um pode aprender com o exemplo dos irmãos, mas jamais podemos aplicar as suas atitudes em todos os momentos, pois somos por natureza diferentes e recebemos do Pai missões que também não são idênticas. Temos sim, que manter a coerência nas ações e na absorção dos ensinamentos ao nosso alcance, que sejam úteis para a nossa própria caminhada.

            É dessa forma que hoje faço essa reflexão mais ampla do comportamento e da lição que o Irmão de Assis deixou para nós. Ontem eu concordei com ele sobre o silêncio ser a linguagem do amor. Continuo ainda acreditando nisso, pois Deus nunca falou comigo e apesar disso eu sei que Ele é a principal fonte de Amor e que a todo momento com Ele posso me abastecer e com Ele também aprendo a distribuir o Amor. Mas, respeitando a nossa condição humana, tão distante da condição angélica que um dia iremos atingir, vejo também a necessidade do verbo. Afinal foi com o verbo que Deus criou o universo. O silêncio dá a força disseminadora do Amor para todo o universo, onde existir uma consciência que consegue decodificar os afetos, em qualquer ponto desse imenso universo. O verbo torna-se necessário para o fortalecimento do Amor dentro das relações de tempo e espaço que temos durante a caminhada. O Irmão de Assis não destacou esse detalhe, mas foi importante tudo o que ele disse aos seus pais, seus amigos, a Clara, aos seus conterrâneos de Assis e ao mundo inteiro. Foram suas palavras associadas aos seus atos que deram a grande lição para todos nós e que se disseminam pelos séculos. Assim fica a lição para mim, que o meu silêncio sirva com a linguagem apropriada para levar o meu amor as partes mais distantes deste universo, principalmente dentro do contexto da minha vida. Mas também, que o verbo apropriado, que as palavras certas que traduzem a linguagem do coração possam ser proferidas nos momentos necessários e que sejam suficientes para atenuar o temor que possa nos atingir a alma.

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em 17/04/2013 às 23h59
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16/04/2013 23h59
LINGUAGEM DO AMOR

            Qual deve ser essa linguagem? Como deve se expressar o Amor? A energia mais poderosa do universo? A essência do Criador?

            Será com a gramática apurada, rebuscada? Será com a música sublime, sofisticada? Com a matemática? Com as cores?

            Posso eu ter capacidade mental de ir à busca dessa resposta? Minha inteligência é suficiente para encontrar a verdade com toda a coerência?

            Sinto que sou tão pequeno diante da dimensão da vida, basta fazer essa simples reflexão para verificar a incapacidade da minha razão em dar explicações. Eu, que tanto valor dou ao Amor, que sei da força que Ele possui, da sua semelhança com o Criador, com o Pai, com Deus, não encontro palavras para descrever a forma dele se expressar. Tudo parece insuficiente para a expressão dessa tão imensa força.

            Por não encontrar palavras, por não encontrar explicações racionais, fico calado, em meditação. Fico a sentir o que vai ao meu coração. Fico a sentir o deslocamento dessa força dentro de mim, que vem do infinito e que passa pelas pessoas, pela criação; que volta para o infinito e que também passa pelas pessoas, pela criação...

            Sou uma espécie de estação sentimental, sintonizada com o Poder Criador, com o Amor, que dele recebo e transmito energia. Sempre tendo como centrais secundárias alimentadoras e receptoras, todos os meus irmãos de criação, principalmente àqueles feitos a semelhança do Pai como eu. Dessa forma eu também sirvo como central secundária para todos os meus irmãos que estão sob o meu raio de influência. É lindo quando duas centrais secundárias entram em sintonia na distribuição e recepção desse Amor. A energia do cosmo ao redor fica mais brilhante, todos os elementos da criação ficam mais energizados com o nosso fulgor.

            Existe a tendência de assim caminharmos na vida ao lado das centrais de amor que vibram com a nossa sintonia e que tendem a disseminar de forma cada vez mais ampla toda essa capacidade de amar por toda a Natureza.

            Foi essa percepção que alcançou o irmão de Assis e que ao ler hoje trechos de sua vida, me veio à mente essas reflexões. Ele também sentia o amor em dimensão profunda e a repassava sem economia a todos os seres da criação. Foi dele essa reflexão sobre a linguagem do Amor que eu aprovo totalmente:

A linguagem do Amor é o silêncio!

Qualquer outra forma de linguagem não consegue traduzir o Amor. Sempre irá faltar alguma coisa ou sobrar outras. É o silêncio que é mais fiel na transmissão dessa mensagem. Nem mesmo quando eu digo, “eu amo você”, não serve de prova incontestável dessa verdade, que pode ser uma mentira. É o silêncio que deixa expressar os meus sentimentos mais profundos que vai atingir diretamente o coração do outro.

Agradeço assim a Francisco de Assis por colaborar com minha compreensão do Amor, da sua força e da capacidade de comunicação pela linguagem mais apropriada. Fico assim mais capacitado a receber no silencio do meu lar as energias poderosas do Amor que dirigem para mim, assim como emitir da mesma forma a energia do Amor com toda potência que posso imprimir, às pessoas significativas de minha vida, principalmente. Nessa dimensão não importa a distância nem o tempo, ultrapasso até a Lei da Relatividade de Einstein e alcanço e me deixo alcançar pelas energias do amor que emitem para mim e que emito ao redor. Sem esquecer que, alem das fontes secundárias que existem e da qual sou parte, existe a fonte primária que jamais devemos esquecer e nos abastecer dela com o intercâmbio: DEUS!

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em 16/04/2013 às 23h59
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15/04/2013 23h49
MEDO DA CRUZ

            Jesus usava uma metáfora agrícola para exemplificar o sentido de sua vinda entre nós. Dizia Ele:

            Se uma semente permanece na segurança, aquecida e seca dentro de um celeiro, nunca irá germinar. Ela tem de ser enterrada na sepultura fria e escura do solo. Ali ela tem de morrer. Então dessa sepultura gélida o grão, no tempo da primavera, brota. Em resumo: “Se ela se agarrar a si mesma, permanecerá só, mas se morrer, se multiplicará.”

            A cruz de Cristo é o exemplo supremo desse princípio fundamental. Se Ele tivesse se apegado a sua vida, o mundo teria morrido. Mas porque Ele morreu na escuridão da perversidade dos homens, renasceu com todo o respeito nesses mesmos corações que não podem deixar de considerar tamanho sacrifício.

            Ao me apropriar desse exemplo do Mestre é que vem à consciência o medo da minha cruz. Sei que tenho também uma missão a cumprir como vontade do Pai e que não posso apegar tanto a minha vida que comprometa o sucesso da missão. Pelo contrário, pelo que estou entendendo é necessário que minha vida seja disponibilizada em função da disseminação e aceitação da missão, de colocar o Amor Incondicional como prática prioritária, como primado de nossas vidas. Mesmo que isso deixe em segundo plano todas as demais forma de amor, como amor fraterno, paterno, filial, conjugal, patriota, etc. Até o mais forte deles, o amor romântico, a paixão, todos devem estar à serviço do Amor Incondicional que é a essência do Pai e a sua vontade. E isso implica em sacrifício pessoal, em carregar uma cruz até o ponto extremo da extinção voluntária da própria vida para que a semente possa dar os frutos que se espera.

            Existe um consolo para atenuar esse medo. O salmista diz que “Depõe no Senhor os teus cuidados (medos), porque Ele será o teu sustentáculo; não permitirá jamais que vacile o justo.” (Bíblia, Ed. Ave Maria, Salmo 54, 23).

            Tenho que me desvencilhar dos meus pecados para me tornar esse justo. Tenho que perdoar as feridas e danos que as pessoas me causaram. Tenho que perdoar e liberar as pessoas. Devo abandonar o mais rápido possível o ciúme, medo, ansiedade. Também devo ajudar a levar a cruz de nossos irmãos e seguir o exemplo do Mestre que dizia: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.” (Bíblia, Ed. Ave Maria, Mat 11,28).

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em 15/04/2013 às 23h49
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14/04/2013 10h13
NECESSIDADE ESPIRITUAL

            Pelo caminho reto quero seguir. Oh, quando vireis a mim? Caminharei na inocência de coração, no seio de minha família. Não proporei ante meus olhos nenhum pensamento culpável. Terei horror aquele que pratica o mal, não será ele meu amigo. Estará sempre longe de mim o coração perverso, não quero conhecer o mal. (Bíblia, Ed. Ave Maria, Salmo 100).

            Chego a ficar arrepiado até a raiz dos cabelos quando reflito sobre essa leitura, pois eu também quero seguir pelo caminho reto! Eu também quero ir até o Pai! Mas sei que meu coração não é inocente, apesar dele colaborar na construção da família ampliada que comporá a base do Reino de Deus. Não consigo deixar de ter ante meus olhos pensamentos culpáveis, pois eles nascem de minhas falhas para com a satisfação desnecessária do meu corpo. Então, não é que eu cometa o mal, mas me torno negligente com o Bem que eu poderia fazer e não faço!  Então termino deixando espaço para o mal acontecer. E como poderei ter horror por mim mesmo? Como deixarei de ser amigo de mim mesmo? Como ficará longe de mim o coração perverso ou negligente se é o meu próprio coração? Como não conhecer o mal se ele está se originando dentro de mim?

            Para me livrar desse dilema tão forte que tende a paralisar minha alma, encontro a figura de Jesus. Ele entende o meu coração pecador, a minha ignorância, covardia, preguiça e falta de sabedoria, como assim eram tantos quantos com Ele se relacionaram na Sua vida material. Ele deixou lições teóricas e práticas fundamentais para que eu possa sair dessa areia movediça na qual sinto que afundo se não tiver ajuda. Ele me mostra o Seu exemplo de coragem ao ler no templo:

            Então eu disse: “Eis que eu venho. No rolo do livro está escrito de mim. Fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada, porque vossa lei está no íntimo do meu coração.” Anunciei a justiça na grande assembleia, não cerrei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis. Não escondi vossa justiça no coração, mas proclamei alto vossa fidelidade e vossa salvação. Não ocultei vossa bondade nem vossa fidelidade à grande assembleia. (Bíblia, Ed. Ave Maria, Salmo 39 8-9).

            Com essa leitura sinto um alívio no coração e mais ainda, sabendo que quem a fez primeiro que eu foi um Mestre tão perfeito do qual desejo ser discípulo. Jesus tinha autoridade para dar essa interpretação, que Ele era o “esperado” para fazer a vontade do Pai, pois cada palavra que disse, cada passo que deu foram dedicados exclusivamente a essa missão. Nenhuma oposição dos pecadores, nenhuma tentação de Satanás conseguiu afastá-lo do caminho da obediência absoluta.

            No Jardim do Getsêmani Ele enfrentou uma concentração das forças do inferno. No sinédrio enfrentou o ódio implacável dos homens, a quem havia servido com tanto amor. Por fim, seguiu voluntária e obedientemente para a cruz, exclamando: “Não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (Bíblia, Ed. Ave Maria, João, 18 11).

            Jamais as Forças do Bem viram algo assim tão inacreditável! O filho bem amado de Deus nos amou a tal ponto de se esvaziar de tudo o que era com o objetivo de deixar a lição para que nos aproximássemos de Si e consequentemente do Pai. E foi esta a vontade do Pai que o Seu filho muito amado se mostrou a altura de cumprir, que pudéssemos nos maravilhar diante de tal obra de amor. Pensar somente em nossa própria redenção é subestimar o valor dela. A obra do Mestre Jesus chega a deixar os anjos sem palavras!

            Eu, diante de tudo isso, não posso deixar de ficar maravilhado, pois o Pai sabendo da minha ignorância (e de todos meus irmãos), sabendo que eu sozinho não iria ter forças nem inteligência, muito menos sabedoria para sair do lamaçal que a carne me arrasta, enviou o filho muito amado para deixar tão preciosas lições.

            Agora eu sei de toda sujeira que ainda tem em meu coração, mas sei que tenho um Pai amoroso e misericordioso que julga minhas intenções acima de meus erros e que me deu um Mestre tão perfeito como Jesus e que até hoje está ao meu lado disposto a me ajudar, basta que eu sintonize com o Seu amoroso coração.

 

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em 14/04/2013 às 10h13
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13/04/2013 23h59
NECESSIDADE BIOLÓGICA

            Tenho que dissecar com toda profundidade possível até onde vão minhas necessidades biológicas, até onde vai o que é preciso fazer para manter a integridade do meu corpo e onde começam os exageros em função dos desejos que vêm do corpo, mas que não é mais necessário satisfazer. Se continuo satisfazendo devido o desejo, o prazer carnal que sinto, mas que não é mais necessário, entro no campo da negligência com os compromissos espirituais.

            Foi assim que aconteceu ontem, tenho certeza. Deixei que o meu corpo ficasse sobre a cama pensando que por ser cedo eu poderia levantar e ir para a mesa antes da meia noite e concluir meus compromissos do dia. Dormi sem delongas e só acordei hoje no dia seguinte, 14-03-13. A consciência acusa o meu procedimento. Fico até sem clima emocional de cantar (mesmo assim fiz uma canção, gravei e a vou postar no Recanto das Letras ainda hoje – Apelo ao Pai) a bondade e a justiça do meu Senhor. Sinto-me um soldado esculhambado que quer ser integrante das Forças do Bem sob o comando do Cristo. Pode!?!

            Tenho apenas ao meu favor  que não tenho intenção de colocar ninguém em dificuldade e que a ninguém perturbo, e que se isso acontece é porque pratico a fiel vontade de Deus escrita em minha consciência. Procuro ser bondoso para todos, procuro não deixar ninguém em ansiedade. Sei que quando consigo isso é pela graça de Deus que não me deixa ficar perturbado com nenhum contratempo aparente.

            Mas essas minhas boas intenções espirituais podem entrar em conflito com a minha natureza materialista, de ficar muito feliz quando algo me propicia prazer dos sentidos e me satisfaz o corpo.

            Felizmente não chego ao cúmulo de ficar triste e com inveja quando vejo alguém que tem algo para a satisfação dos sentidos que eu não tenho. Mas ainda tenho medo da represália de um inimigo e de não poder executar algo com sucesso, tudo muito materialista, que atende as necessidades biológicas.

            Portanto, tenho que aprender a lidar com essas necessidades biológicas para não entrar em incoerência com a vontade de Deus que é o meu objetivo prioritário na vida...

            ... não devo lutar obstinadamente por dinheiro e quando ele vier automaticamente não posso ficar agitado...

            ... devo cuidar da limpeza do corpo com pelo menos dois banhos diários...

            ... devo cuidar do que me alimento para manter a limpeza fora e dentro do corpo...

            ... praticar exercícios que visem a boa funcionalidade do corpo...

            ... usufruir dos prazeres da carne quando as ações atenderem as necessidades da sobrevivência saudável do corpo ou como um louvor harmônico à criação e aos projetos de Deus...

            ... não me esforçar por nada que vá contra a vontade de Deus.

            Fazendo assim estarei dando os primeiros passos para disciplinar o meu comportamento e não ficar tão desviado da estrada que devo trilhar.

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em 13/04/2013 às 23h59
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