Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
29/12/2012 00h46
O EXEMPLO DE FRANCISCO

            Acredito que o exemplo de São Francisco de Assis seja pontual, para mostrar a possibilidade de viver com extrema pobreza e humildade. Caso o seu exemplo servisse de modelo a toda humanidade, a nossa civilização sofreria um grande retrocesso. Posso estar enganado, mas veja o que está escrito no Capítulo XIX da Biografia primeira de Celano, do livro Fontes Franciscanas e Clareanas:

            “51 ... Com todo empenho, com toda solicitude, guardava a senhora santa pobreza, não permitindo, para não chegar a ter coisas supérfluas, que houvesse em casa sequer um pequeno vaso, pois que mesmo sem ele poderia fugir da escravidão da extrema necessidade. Dizia, pois, que era impossível satisfazer à necessidade e não se tornar escravo do prazer. – Difícil ou rarissimamente admitia alimentos cozidos e, quando admitidos, muitas vezes, ou os condimentava com cinza ou extinguia o sabor do condimento com água fria. 52 ...E quando, como acontece, despertava nele o apetite de comer alguma coisa, dificilmente consentia em comê-la. Aconteceu uma vez que, enfraquecido pela enfermidade, depois de ter comido um bocado de carne de frango, tendo retomado de algum modo as forças do corpo, entrou na cidade de Assis. E depois que chegou à porta da cidade, ordenou a um irmão que estava com ele que lhe amarrasse uma corda ao pescoço e assim o arrastasse como a um ladrão por toda a cidade, clamando e dizendo com voz de arauto: Eis, vede o glutão que se engordou com carnes de galinha, que ele comeu, estando vós a ignorar. 53 ...Tornara-se para si mesmo como um vaso perdido; sem estar onerado por nenhum temor, por nenhuma preocupação com o corpo, expunha-o valorosamente aos maus tratos para não ser forçado a desejar algo temporal por amor de si próprio. Verdadeiro desprezador de si, instruía de modo útil pela palavra e pelo exemplo a desprezarem-se também a si mesmos.”

            Como fazer desse um modelo para a humanidade? Serve como exemplo de que podemos controlar nossos impulsos tanto os sociais como os fisiológicos de forma extrema e mesmo assim sobreviver. Respeito o amor que ele tinha pela Natureza em todos os seus aspectos, materiais e biológicos, mas não posso aceitar tanto desprezo pelo corpo e seus mecanismos que também são dádivas de Deus para conosco. Devo sim, aprender a conviver com esses instintos e os colocar a serviço da vontade Deus pela operacionalização do organismo, mas não subjugá-lo às raias de destruição.

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28/12/2012 00h31
FRAGMENTOS DE SÃO FRANCISCO

            “Nenhuma tentação te perturbe, filho, nenhum pensamento te exacerbe, porque és caríssimo para mim e saibas que, entre os que me são especialmente caros, és digno de minha afeição e amizade. Vem ter comigo com segurança, quando quiseres, e usa a linguagem da familiaridade” (FFC, pg 232).

            Estava dando continuidade a leitura de “Fontes Franciscanas e Clareanas” que faço sequencialmente desde 08-05-12, quando me deparei com esse trecho. Como estou envolvido em relacionamentos afetivos que tendem a formação de uma família ampliada, mas que traz fortes desconfianças por parte de todos os envolvidos, todos muito ligados ao exclusivismo que caracteriza o amor romântico, achei pertinente esse trecho. Francisco de Assis fala para um dos seus seguidores de nome Ricério, que tinha muitas dúvidas quanto poder alcançar e ter perfeitamente o seu afeto. Ricério temia muito que Francisco o detestasse por alguma razão oculta e assim o privasse da graça de sua afeição.

            Como sempre recebo instruções vindas do Pai através das mais diferentes mensagens, principalmente aquelas de características espirituais, entendi que esse era um recado que reforça o meu comportamento e que serve para eu repassar para quem caminha ao meu lado.

            Então, eu uso as palavras de Francisco de Assis e as repito para minhas companheiras da atualidade: nenhuma tentação de perturbes, minha filha. Isto é, nenhuma ideia de destruição de afetos já construídos, de sentimentos de rejeição, de carências de reconhecimentos, consiga perturbar a paz de vossos espíritos; nenhum pensamento te exacerbe, pois és caríssima para mim. Que nenhum pensamento negativo crie força suficiente para quebrar a ligação afetiva que o Pai permitiu que construíssemos como um modelo para a implantação do seu Reino no mundo material; e saibas que entre os que me são especialmente caros, és digna de minha afeição e amizade. Tens um lugar especial em meu coração que é destinado para amar toda a natureza, principalmente os meus semelhantes – que jamais minha forma de amar inclusiva que o Pai me determinou, sirva para lhe trazer mágoas ou ressentimentos, pois assim como eu,você também está ao serviço do mesmo Pai; Vem ter comigo quando quiseres, e usa a linguagem da familiaridade. Nenhum obstáculo existe em mim para a vossa aproximação, vem quando quiseres e usa a linguagem da familiaridade, que consideres todas as outras como irmãs que como você também passam por dificuldades, que tenhas a consciência de que, além da família nuclear que possuis, estás agora a construir a família universal que é o desejo de nosso Pai.

            Incrível como essas palavras de Francisco de Assis dirigidas a um companheiro cheio de dúvidas e temores na formatação de uma família baseada na pobreza sob a influência de Deus, servem perfeitamente para o momento que atravesso onde existe tantas dúvidas e temores em minhas companheiras quanto a formatação de uma família baseada no amor incondicional e também sob a influência de Deus.

            Peço ao Pai sabedoria para interpretar com fidedignidade a sua vontade e a colocar em prática com amor e justiça.

 

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em 28/12/2012 às 00h31
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26/12/2012 23h04
A LUZ DO CRISTO

            Quando consideramos a maioria da população, verificamos que o ser humano vive nos chiqueiros da imoralidade, da degradação, da corrupção. Talvez por isso, aquele que foi predestinado a ser o Salvador dessa humanidade por ordem do Pai, tivesse que nascer em uma estrebaria.

            Sem a luz do Cristo, ricos ou pobres, instruídos ou ignorantes, viveriam no aviltamento moral, presos à hipocrisia, à falsidade e aos seus impulsos egoístas de natureza animal, sem qualquer perspectiva de superação de suas motivações rasteiras.

            Mesmo com a luz do Cristo a iluminar muitas consciências, a fazê-las entender a necessidade de mudança do padrão animal para o padrão angelical, para a criação do Reino de Deus a partir de nossa mudança interna, e dos padrões de nossos relacionamentos, ainda sentimos muita dificuldade de colocar essa luz crística em nossa prática cotidiana.  

            Eu tive conhecimento dessa luz desde a tenra infância, com a primeira comunhão, missas, e outros eventos católicos onde minha prática espiritual era direcionada por minha avó. Apesar de estar na presença da luz, foi depois de muito tempo, já amadurecido, já formado, já com filhos, que percebi a essência dessa luz e da importância em minha vida. Hoje procuro a colocar em prática, colocar o candeeiro acima da minha cabeça para que todos também percebam a luz. Procuro retirar os entulhos egoístas do coração, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo. Apesar dessa firme determinação, ainda sinto que estou muito distante de uma perfeição. Uma simples oração, um ato de agradecimento, de comunicação com os entes espirituais que nos assistem constantemente, eu não consegue realizar com eficiência, com disciplina. Qualquer prazer ou desprazer consegue eu desviar do caminho da perfeição e entrar por desvios que não levam a nada de positivo. Felizmente eu me considero, sem falsa modéstia, que estou um pouquinho acima da média quando é considerada a capacidade de perceber a luz e a de integrar no comportamento. Sei de muita gente, a maioria, que mesmo seguindo na teoria o que preconiza a luz, na prática não conseguem se desvencilhar dos interesses materialistas e a luz do amor incondicional fica encoberta nas trevas da incompreensão, intolerância, preconceitos e tantos outros vícios e pecados.

            Rogo ao Pai que permita sempre a minha sintonia com a LUZ DO CRISTO e que eu seja um bom espelho na difusão com toda sua claridade ao meu redor, que seja capaz de iluminar a trilha de qualquer irmão que de mim se aproxime, sem qualquer forma de preconceito, sem qualquer tipo de ressentimento.

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em 26/12/2012 às 23h04
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25/12/2012 15h29
LOCAL IMPRÓPRIO

            Muita gente nasce em local impróprio. Mas por que Jesus teve que nascer numa estrebaria? Por que precisou ter por berço aquela manjedoura babada pelas vacas? Aquele ambiente cheirando a bode e outras coisas?

            Simbolicamente hoje é o dia que registra o nascimento de Jesus nessas condições. Mesmo que a Ciência coloque alguns reparos nessa história, o simbolismo do que ela representa não se alterará, sobreviverá até mesmo a recolocação dos registros dos dados. Permanecerá para sempre os paradigmas que Ele implantou e que começou pelo Seu nascimento em condições de aparência imprópria, pois tinha tudo a ver com o desenvolvimento de sua missão.

            Com essa percepção, também faço considerações sobre as condições de vida do meu nascimento e desenvolvimento até chegar ao ponto que me encontro, com plena consciência da minha missão. Como Jesus, também nasci em família humilde e nesse ponto já posso ver que as propriedades das condições de nascimento dEle servem como o modelo mais próximo para a maioria dos seres humanos.

            Os meus pais também eram trabalhadores assim como os pais dEle, com a diferença que os meus eram mais afetados pelos desejos da carne, principalmente meu pai que era dominado literalmente pelo desejo do sexo. Foi esse o principal fator que fez minha mãe ter separado dele e ter mudado para outra cidade. Levou-me consigo e por ter muitas dificuldades materiais, deixou-me aos cuidados de minha avó.

            Foi no ambiente de trabalho de minha avó que me desenvolvi. Era uma boate cujos lucros principais proviam da administração e exploração dos desejos do sexo, da carne. Ela hospedava prostitutas que se apresentavam aos clientes como peças de carne em exposição num açougue. Eram escolhidas pela vitalidade da carne, ausência de gorduras, de ossos, de áreas machucadas... depois de escolhida a garota entrava num quarto com o cliente para ser degustada, comida mesmo, como eles falavam. Minha avó tentava me isolar desse ambiente “comercial” e desviar minha atenção para o trabalho e o estudo. Devido a sua personalidade forte conseguiu ter um bom êxito, mas as custas dos efeitos colaterais em minha personalidade, a timidez exagerada. Eu não conseguia perceber aquele “comércio de carnes” que acontecia ao meu redor, mas percebia o sentimento das garotas, coisas que os clientes não percebiam. Eu percebia que elas também tinham mães e delas tinham saudades, que ganhavam o seu dinheiro mandavam para os pais ou filhos quando os tinham que também desenvolviam o amor e que esse se colocava altaneiro muito acima do comércio das carnes, que poderiam se deixar abater na cama dos famintos, mas seu coração permanecia puro ao lado de quem amavam.

            Naquela época eu não tinha condições de apreender tudo o que se passava ao meu redor, o abominável “comércio de carnes”, a nobreza do sentimento de amor. Depois de muito tempo, depois de ter saído daquele ambiente, depois de ter aprofundado meus estudos nas disciplinas acadêmicas, nas informações trazidas pela Ciência; depois de ter aprofundado meus estudos nos livros espirituais, nas informações trazidas pelos profetas, é que consegui resgatar o sentido histórico do passado em minha vida. Então eu pude ver a coerência e inteligência do que Jesus nos ensinou quanto a Lei do Amor e que meu próximo, seja ele quem for, e qualquer que seja o ambiente que o Pai o colocou para viver e evoluir, ele é meu irmão e semelhança de Deus.

            Descobri assim a propriedade das condições do meu nascimento e desenvolvimento. Eu estava escolhido pelo Pai para considerar e absorver a essência do Amor Incondicional ensinado por Jesus, para o aplicar sem qualquer influência de qualquer forma de amor distorcida por quaisquer interesses egoístas, sem qualquer preconceito de natureza mundana ou eclesiásticas.

            Assim como Jesus nasceu e se desenvolveu num ambiente de pobreza, violência e escravidão humana ao poder, para assim ser preparado para ensinar a Lei do Amor em contraponto à lei do revide, do olho-por-olho, dente-por-dente, seguindo com determinação a vontade do Pai, assim também nasci e me desenvolvi num ambiente de pobreza, indiferença e escravidão humana aos desejos da carne, para ser ensinado a colocar na prática a Lei do Amor Incondicional, da inclusão de todos os seres humanos, de tratar o próximo como o irmão que mesmo desconhecido é filho do mesmo Pai, e com a missão de seguir com determinação a vontade do Criador.   

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em 25/12/2012 às 15h29
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24/12/2012 20h44
É NATAL

            Hoje é o dia máximo da cristandade. Tudo envolto em forte simbolismo,amparado por alguns fatos reais. O nascimento de uma criança com toda a aureola de Messias, esperado como o salvador de toda uma raça que se mostrou em seguida o Salvador de toda a humanidade. Diversas correntes de pensamento passaram a interpretar de forma diferente o que Ele ensinou e daí o surgimento das diversas religiões cristãs. Todas consideram o Deus único, Pai do Messias e de todos nós. A principal lição que Ele nos deixou foi a de obedecer a Lei do Amor, representada na base pelo Amor Incondicional, e nos relacionamentos pelo comportamento de inclusão afetiva, evitando a exclusão egoísta. Infelizmente essas lições básicas do grande Mestre, ao qual tenho grande respeito e me considero seu discípulo, não são colocadas em prática. Podem até ser defendidas do alto dos púlpitos, dos palanques, mas quando chega a hora de a aplicar, somos inclinados a agir de acordo com o egoísmo que privilegia nossos parentes biológicos, nossos amigos e muitas vezes prejudicamos o próximo a quem não conhecemos.

            O simbolismo do Natal serve para que eu possa fazer uma profunda reflexão, relembrar as lições do Mestre, verificar o que eu entendi, o que consigo colocar em prática. Ter a humildade de aceitar as lições vindas de todas as fontes, já que a verdade não é apanágio de uma só pessoa. Devo respeitar o trabalho da Ciência na busca e interpretação dos fatos e assim mostrar uma verdade mais precisa. Devo evitar a prepotência de que sou o dono da verdade, ou os meus amigos, ou os meus parentes, ou meus concidadãos... a verdade pode estar na experiência de um simples analfabeto dentro de algum aspecto que o mesmo aprofundou suas atividades e interesse na vida.

            O simbolismo do Natal serve para reforçar o sentimento de humildade, de solidariedade, pois foi aquele menino nascido em uma manjedoura ao lado de animais e pastores, que influenciou tanto a humanidade que o tempo passou a ser contado a partir do seu nascimento, antes ou depois de Cristo. Suas lições, apesar de não serem praticadas pela maioria das pessoas,l, até mesmo pela maioria dos crentes, não deixam de ser defendidas em público.

            Aproveito o simbolismo desta data para reforçar os meus votos de discípulo, de estudar sua lição sobre a Lei do Amor e de procurar a colocar na prática, inclusive dentro da minha própria vida, nos meus relacionamentos. Mesmo que eu seja repudiado por causa disso, até mesmo por pessoas com muito amor, não posso tripudiar dos esforços do Mestre, de procurar aplicar suas lições.

            Sim, Mestre Jesus, podem tantos dizerem que não estás ao nosso lado, mas que um dia irás voltar... eu te vejo todo o dia na pele de um favelado, de um miserável, de um faminto, de um prisioneiro, de um hospitalizado... de um necessitado! Sei que estás ali à espera que eu aplique as lições que recebi. Sei que ainda não sou perfeito e que minhas notas não são as melhores, mas não sou um aluno displicente, Mestre, sei que devo me aplicar muito mais, e para isso peço ao Pai as forças necessárias.

            Mestre, não tenho mirra, ouro ou incenso para lhe presentear neste dia, mas lhe coloco aos seus pés a lembrança de uma velhinha que ajudei a atravessar a rua.

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em 24/12/2012 às 20h44
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