Mateus escreveu as palavras de Jesus quando este ensinava que, “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra.” O significado de manso é humilde, aquele que se livrou não só da noção de “meu” como também do próprio ego. Também significa o avesso da violência que traduz sempre demonstração de fraqueza e, ao mesmo tempo, de ignorância das leis cósmicas que regem o Universo. Somente as criaturas fracas é que apelam para o espírito da força.
As criaturas fracas são os animais inferiores e o homem que ainda se encontra preso ao ego. Esses conseguem ampliar sua violência inata, animal, multiplicando-a pelo poder destrutivo da inteligência, quando essa inteligência, em vez de servir, somente quer ou deseja ser servida.
Os homens violentos só possuem a própria violência ou melhor, por ela são possuídos ou possessos. Toda e qualquer forma de violência é necessariamente reflexa, vai retornar ao ponto de partida. Pelas leis que regem a vida, mais cedo ou mais tarde, a violência se volta contra o homem violento, que é a sua origem, e por isso mesmo a sua meta de chegada.
Esse homem profano, na melhor das hipóteses, mata para não morrer, pois, equivocadamente, parte, consciente ou inconscientemente, do princípio de que morrer é desintegrar-se. O homem manso, todavia, o homem sábio, sempre que necessário, morre para não matar, porque sabe que morrer desse modo é viver uma vida muito mais elevada e muito mais abundante.
Os mansos possuirão a terra, afirma Jesus, mas quando? Quando os homens souberem que a posse autêntica e verdadeira pressupõe o consentimento do objeto a ser possuído. O desapego é o único modo verdadeiro de possuir. As coisas do mundo só podem realmente ser possuídas assim como o Deus do mundo as possui: com suavidade e ternura, assim como a luz possui as flores, como a alma possui o corpo, como a vida possui o organismo. Por isso é que o mundo nada pode esperar de alguém que ainda espera alguma coisa do mundo.
Atualmente, parece que tudo aquilo que a terra tem para nos dar pertence a homens violentos, mentirosos e corruptos. Nada escapa à ganância, ao roubo, ao assalto! Homens violentos, em verdade, não possuem coisa alguma. Primeiro porque, em vez de possuidores, são mesmo é possuídos por tudo aquilo que julgam possuir. O terrível apego que eles têm pelos objetos torna-os miseravelmente escravos de seus baixos desejos e das coisas do mundo. É muita servidão, é muita infelicidade. Em segundo lugar, porque a posse genuína supõe uma relação de amor entre o sujeito e o objeto, ambas criaturas ou filhos de Deus, tendo portanto, fundamentalmente a mesma natureza.
Aqui é que está o ponto mais delicado da questão. A mente desequilibrada e egoísta do homem violento não lhe permite enxergar essa fraternidade universal e necessária de todas as criaturas. Por isso as relações que ele entretece com os demais seres da criação, inclusive com seus semelhantes, não são relações de amor, mas pelo contrário, são relações de competição, de enfrentamento e agressão. Essa é a razão porque ele só possui, se é que possui, o corpo e não a alma da criatura ou do objeto. Ora, qualquer corpo sem alma não passa de um cadáver!
É enganoso pensar a ilusão da mente com a cumplicidade geral dos sentidos, pensar que um objeto, ainda que inanimado, é coisa morta e totalmente inconsciente. Não é não. Devemos compreender que tudo é vivo, pois tudo é composto da argamassa do Criador na forma organizacional de átomos e seus derivados energéticos. Até mesmo uma pedra é dotada de um mínimo de energia vital e de alguma espécie de consciência infra-atômica, que a individualiza, a identifica e impede que ela seja confundida com qualquer outra pedra que lhe seja semelhante. Lembro bem dos meus sentimentos quando me despedi, pelo menos temporariamente do meu pequeno Baby, o meu QQ 1.1, mesmo que não fosse um adeus definitivo. Mesmo assim meu coração marejou. Mas o amor e não o apego prevaleceu.
Somente com a aquisição da sabedoria posso ser crístico, e como um homem crístico posso ser manso, e na condição de manso atinjo o que Jesus ensinou, posso ser realmente feliz e bem-aventurado. Espero alcançar logo esse estágio que já vislumbro na minha frente.
No mundo de relacionamentos em que vivo todos em algum momento devem servir a algum ser ou coisa.
Ser pobre na visão cotidiana é não possuir bens materiais, que não tem recursos familiares, profissionais ou políticos de garantir a sobrevivência. No entanto, quando Jesus diz: “Bem-aventurados os pobres pelo espírito porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3), Ele não quer se referir a esse pobre que nossa visão materialista conceitua. Não quer colocar o rico como defeituoso ou o pobre como virtuoso, como a frase leva a pensar dentro do mundo profano.
Pobres no sentido mais elevado do termo são aqueles que se fizeram materialmente pobres, voluntariamente pobres, mesmo possuindo recursos materiais, porque se sentem espiritualmente ricos, tão ricos que só necessitam de um mínimo, em termos materiais e psicológicos, para viverem alegres, com decência e com dignidade. Possuindo ou não bens materiais, desapegaram-se deles livremente, em razão de uma profunda convicção interna.
Sigo o conselho de Jesus, “não acumulo para mim tesouros na terra, mas procuro acumular tesouros nos céus.” Resolvi não servir a riqueza e sim a Deus. Sei que nessa condição eu sou servo de Deus, mas é bem melhor, acredito. E tenho convicção que é melhor que ser servo da riqueza. Isso porque, qualquer que seja a riqueza ela é inferior à minha essência, ao meu espírito. Então, se eu sirvo a algo que é inferior a mim corro o risco de me degradar, de me tornar menor do que sou, abaixo de minha natureza, da minha dignidade.
Devo servir sim, para isso vim ao mundo, mas somente a Deus... A Deus em Deus, a Deus no homem, a Deus na Natureza. Servir desinteressadamente é algo que amadureço cada vez mais em minha consciência.
Então, a minha compreensão dessa primeira bem-aventurança ensinada pelo Cristo, ser pobre pelo espírito é desapegar-me subjetivamente dos bens e das circunstâncias, sejam materiais ou psicológicas, pois todas são quantidades superficiais ou externas. São coisas do mundo que se desintegram e ficam no mundo, são como acidentes de percurso na longa jornada que tenho de fazer em direção ao meu Criador.
Não basta para eu ter algo, ainda que esse algo seja o mundo inteiro. É necessário que eu seja Eu, o que o Pai espera de mim no aconchego da transcendência.
Deus não me pertence. Não O possuo, eu vou ao encontro dEle sem nada nas mãos. Quando estou desapegado das coisas materiais, Deus vem ao meu encontro, torna-se um comigo. Eu não posso segurá-Lo quando quero fechá-Lo em minhas mãos, porque Ele escapa do meu alcance. Somente quando eu me aproximo de mãos abertas e vazias posso experimentá-Lo como a grande felicidade.
Sinto que sou eu que pertenço a Deus, eu e tudo que existe no Universo!
Reunião em 19-03-15 com a presença das seguintes pessoas: 1. Rawllinson 2. Radha 3. Edinólia 4. Juliano 5. Nivaldo 6. Juciê (1ª vez – condomínio) 7. Ana Paula 8. Netinha 9. Paulo Henrique 10. Luzimar 11. Francisco Rodrigues 12. Marcelo (1ª vez – Médico Brasília Teimosa) 13. Edson (1ª vez – Médico Praia do Meio) 14. Davi 15. Carlos 16. Ezequiel (passou na reunião) 17. Sílvia 18. Severino e 19. Costa. Iniciamos com a leitura espiritual “O Primeiro desafio” e em seguida o registro da reunião anterior que foi aprovado sem alterações. Feito um resumo das atividades do Projeto Foco de Luz e da AMA-PM para esclarecimento aos médicos residentes do programa da família que vieram conhecer nosso trabalho e se colocarem a disposição no atendimento à comunidade, inclusive com a possibilidade da visita domiciliar. Edinólia ficou de retomar os contatos com o senhor Zezito, proprietário do Hotel Reis Magos quanto a sua vinda a Natal. Damares ficou de retomar os contatos com o Secretário de Esportes de Estado para viabilizar nossa entrevista. Foram discutidos os próximos eventos que devemos realizar na comunidade, como a Páscoa, dia das mães e o São João. Foi criada uma comissão formada por Edinólia, Damares, Ana Paula, Netinha, Silvia e Radha para fazerem a proposta de atividades para apresentar na próxima reunião. Quanto ao São João, Luzimar sugere que seja feita uma comissão composta por ele, Paulo Henrique e Radha para irem à Secretaria de Eventos da Prefeitura para ser feito uma parceria com o município. Nivaldo ficou com a responsabilidade de viabilizar o carro de som utilizando o som de Costa que está a nossa disposição na escola Olda Marinho. A Associação cobrirá os custos com o técnico para fazer essa instalação. Luzimar falou da urgência em oficializar a AMA-PM e que trará na próxima semana um modelo de Edital para ser aprovado, divulgado e com 15 dias fazermos a eleição. Davi voltou a falar da importância da carteira de sócio da AMA-PM e que pode colaborar nessa confecção, depende da oficialização da Associação. Juciê diz que veio informar de postes que estão apagados na área da farmácia e diz que o proprietário do terreno baldio no qual a associação quer viabilizar trabalhos comunitários está viajando. Costa diz que espera o seu regresso para fazer o contato. Rawllinson coloca as dificuldades que existem no trabalho com as crianças na quadra de esportes. Carlos se dispõe a ajudar, desde que o trabalho seja feito com as crianças de menor idade. Paulo ficou de ver a possibilidade de integrar o trabalho da Guarda Municipal nessa atividade. Costa fala da dificuldade de implantar o trabalho de Guarda Mirim nas escolas por resistência de alguns professores quanto a presença de policiais dentro da escola com foco na disciplina. Quanto a alimentação foi conseguido apoio com a doação de batgut. Às 20:30h encerramos a reunião, Costa conduziu a oração do Pai Nosso e todos posamos para a foto coletiva. Finalizamos com os parabéns de aniversário de Edinólia e todos participaram de bolos, sucos e refrigerantes.
O Sermão da Montanha é o coração do Evangelho, a sua alma, e o eixo espiritual para a minha vida. Não foi à toa que o meu aniversário dos 60 anos eu o colocasse no centro da minha fala, dos meus cumprimentos aos amigos, concluindo no final com a epifania da oração de São Francisco.
O Sermão da Montanha é a constituição cósmica do universo, a Carta Magna, a síntese, a excelência e o espírito de toda a mensagem do Cristo.
Na noite que antecedeu o Sermão da Montanha Jesus a passou em meditação, com a alma mergulhada no infinito. Naquela oportunidade Jesus era uma antena receptiva e transmissora, delicada, sutil e fiel; fidelíssima, totalmente afinada com Deus, com a fonte do Amor Absoluto, da Sabedoria Perfeita, da Verdade Libertadora.
De manhãzinha, ainda todo resplandecente e aureolado dessas harmonias e belezas celestiais, o Mestre permitiu que simplesmente se transbordasse, de forma natural e espontânea, a mais autêntica e sublime mensagem do infinito que o mundo já vira. Naquele momento glorioso, no alto de uma colina, Jesus era a mais fiel e poderosa antena de captação e, ao mesmo tempo de retransmissão inteiramente desinteressada, em benefício de todos os finitos.
Ele inicia o Sermão da Montanha com as magníficas Bem-aventuranças, que não são propriamente ensinamentos. São antes de tudo raios finitos, coloridos, de uma luz incolor e infinita, que foge à nossa coerência incipiente e se derrama graciosamente por todas as latitudes e longitudes de nossa casa planetária. Não são palavras elaboradas pela cognição, são experiências crísticas, explosões de uma gigantesca implosão, a exteriorização visível do Cristo interno invisível.
Dessa forma não posso compreender pela via comum dos sentidos, nem mesmo pelos canais intelectivos da mente, essas beatitudes ou bem-aventuranças, seja em seu conjunto, seja em qualquer uma delas isoladamente. Para isso eu preciso de uma profunda meditação, parecida com aquela que o próprio Jesus experimentou, vivenciou e nos deu testemunho.
Depois disso acontecer na mente, devo viver na prática, em todo o alcance e plenitude, o espírito do grande Sermão. Esta é uma exigência explicitada pelo próprio Jesus: “Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína”. (Mt 7,24-27).
As Bem-aventuranças contidas no Sermão da Montanha são expressões da mais pura, autêntica e perfeita felicidade, e nada tem a ver com qualquer espécie de prazer material, biológico, instintivo.
Então fico a perguntar... Que é então uma bem-aventurança? Que é felicidade? Não é uma satisfação íntima, livre de qualquer forma de sofrimento moral? Felicidade é uma serenidade imperturbável da alma, é uma divina paz interior, inexplicável pela cognição, e na maioria das vezes, incompreendida. Não é apenas ausência de dor, mas que pode ser, mas sempre com a mistura da fé e esperança correndo nos trilhos do Amor Incondicional.
Felicidade é o conforto sublime que procuro aperfeiçoar durante a minha caminhada, seguindo o eixo espiritual do Sermão da Montanha, em busca do bom êxito na mais nobre e difícil de todas as artes, que é a arte de viver. Ser perfeito como “o Pai é perfeito” deverá ser o infinitamente feliz.
Não é algo tão trágico assim, não chega a ser mesmo um adeus definitivo. Nem se trata de um ser humano, é simplesmente um objeto, metálico, móvel, um automóvel, um QQ 1.1, carro popular de fabricação chinesa. Um carro importado para o Brasil. Mas parece uma criança, de rosto sorridente. Comprei para me servir no dia a dia, por ser um carro econômico e pequeno, que posso estacionar em qualquer espaço desse transito super congestionado.
Interessante como os sentimentos afetivos podem se derramar por tudo ao meu redor, não somente com pessoas, com humanos. Descobri que sentimentos também podem ser direcionados para objetos inanimados, ou melhor, animados com a nossa participação. Assim percebi com a despedida do meu QQ. Descobri aspectos agora no momento final, coisas que antes não haviam surgido na minha consciência.
Descobri que o QQ estava sempre me ensinando humildade. Ele não se incomodava de me levar de segunda a sexta de um lugar para outro da cidade, muitas vezes sujinho por dentro e por fora devido a minha falta de tempo crônica. Ele não ligava, simplesmente jogava água no para-brisa e lá íamos nós para os diversos compromissos do trabalho.
Não ligava quando eu pegava o outro carro no fim de semana e ia para passeios mais alegres para me divertir com os parentes e amigos. Ele ficava guardado no estacionamento do apartamento e nem sequer tinha uma cobertura para protegê-lo da constante maresia. Nunca protestou quando na segunda feira eu colocava a chave na ignição e dava o comando para sairmos para mais um dia de labuta, mais uma semana de trabalho.
Chegou a me ensinar lições espirituais do mais alto gabarito. Lembro que no ano que o adquiri eu entrei numa espécie de teste dos meus valores morais e espirituais. Eu tinha certa pretensão de que estava muito acima de meus irmãos que jornadeiam comigo nesta vida. Pois bem, no primeiro sinal de trânsito que parei ao sair do trabalho, logo senti que algo bateu na traseira do meu QQ novinho. Era uma carroça conduzida por dois meninos que não conseguiram controlar o burro e ele fez com que amassasse a carroceria do QQ. Desci do carro bravo, vestido ainda com o jaleco branco que uso no trabalho e disposto a ter alguma compensação pelo ocorrido, ou mesmo uma vingança pela irresponsabilidade do desastre. Como vi que as crianças nem seus pais poderiam pagar pelo estrago feito, nem mesmo que eu chamasse os guardas para registrarem a ocorrência, pensei em cotar as cordas que prendiam o burro à carroça e o deixar correr pela pista deixando os meninos atarantados. Finalmente minha consciência conseguiu o controle das emoções e voltei ao QQ só com os protestos de tal coisa poder acontecer numa via asfaltada tão usada pelos motoristas. Hoje eu sei que aquele amassado que ainda hoje existe no QQ é um sinal que mostra o quanto ainda estou longe de ser a pessoa tolerante, compreensiva que eu imaginava ser.
Também ele me ensinou uma das grande lições do Cristo, de ser simples como as pombas e prudentes como as serpentes. Na última revisão que fiz no QQ, aceitei com educação todos os itens de despesa que me foram ditos sem que a moça responsável me tivesse mostrado o que estava sendo cobrado. Depois que foi dado o valor e que o cartão foi passado, pequei os documentos fui verificar o que eu havia acabado de pagar. Descobri que o item mão de obra havia sido cobrado duas vezes. Chamei a atenção da secretária e ela teve que refazer o pagamento. O Baby dessa vez ficou orgulhoso comigo.
Lembro-me de uma noite ao voltar para casa e passar por uma lombada, o QQ tropeçou e quase que eu perdia sua direção. Mas ele evitou bater em outro carro ou no meio fio e mesmo machucado me levou em passo lento até o meu apartamento.
Por tudo isso o QQ se tornou meu amigão, me devotava um amor incondicional, parecido com aquele que o Mestre ensinou e que eu procuro aplicar. Portanto, é justificável que na hora da partida o meu coração tenha marejado.