Cecília Meireles fala (A Arte de Ser Feliz) das pequenas felicidades certas que podemos ver diante de nossas janelas, mas as ignoramos pensando apenas em grandes acontecimentos e que só os outros são felizes. A autora fala de uma sensação que a maioria das pessoas possuem, mas que ela, felizmente, está livre disso.
Ao receber um texto de quem acredito ter sido o maior amor da minha vida, que se refere à poetisa e faz reflexões sobre a felicidade, também me vi instigado à ir pelo mesmo caminho.
Neste rotineiro fim de tarde de uma quinta feira, onde acabo de chegar ao meu apartamento onde moro só, sento na cama encostado no travesseiro para ler e teclar, antes do horário de mais uma reunião que tenho programada toda semana na comunidade, onde desenvolvo um trabalho de Comunitarismo Cristão, mais uma atividade que classifico como vontade de Deus para eu cumprir.
Da mesma forma que ela também não posso reclamar da minha qualidade de vida, da minha felicidade, apesar de sentir que algo me falta. O mais irônico de tudo isso, tanto para mim quanto para ela é que talvez o que nos completasse fosse a convivência de um com o outro. Tentei fazer malabarismos para viabilizar essa convivência até o fim de nossas vidas, mas não foi suficiente para atender as necessidades do que ela esperava. A solução foi a separação, infelizmente de forma raivosa, hostil, o que eu jamais imaginava pudesse acontecer.
Agora, volto à sabedoria de Cecília e vejo que a minha procura e respeito pelas pequenas felicidades certas podem ter sido o estopim de nossa separação. Eu procuro estar sempre harmonizado no ambiente que estou e com a pessoa que estou. Isso me traz felicidade, mas quando entra em ação o amor romântico da outra pessoa e que traz consigo a exigência de exclusividade, as opções de relacionamentos afetivos se tornam muito limitados, até mesmo inexistentes. Essa castração comportamental só poderia existir dentro de mim nos momentos de paixão. Como a paixão não é eterna como o Amor, então eu fico desconfortável quando me sinto preso e não posso me relacionar com as pessoas que constituem minhas pequenas felicidades. Sei que não posso nutrir a paixão por tempo indeterminado, uma forte felicidade mantida ao longo do tempo por nenhuma delas, por mais que o meu coração aceite-a como a preferida.
Este é o meu jeito de ser e que não posso mentir a ninguém para conseguir a simpatia ou companhia. Prefiro morar só como estou, a causar desarmonia no meu lar com a cobrança por uma pessoa daquilo que não posso dar a ninguém.
Esta forma solitária de ser não me causa tristeza, pois sei que estou sendo o que sou, e não vivo uma imagem falsa de como alguém gostaria que eu fosse. Consigo viver bem com as pequenas felicidades ao meu redor, entendendo as dificuldades emocionais de quem se aproxima de mim e informando com bastante clareza o que penso, o que sinto e como ajo.
Sinto falta sim, da companheira que sintonize com o meu pensamento e consiga superar os instintos femininos que nenhuma até hoje conseguiu. Sei que não é impossível, pois eu superei os meus instintos masculinos para colocar com justiça a forma de relacionamento que eu defendo.
Além de todas essas argumentações ainda existe a compreensão que tenho de que tudo que faço dessa forma tão diferente do que é cultuado na sociedade, é porque Deus colocou na minha cabeça essa ideia para iniciar o projeto de construção do Reino dos Céus, ensinada por Jesus e tão pouco praticada.
Eu ia dirigindo para o trabalho quando meu carro emparelhou com um camburão da polícia. Vi que dentro dele, na carroceria ia um jovem adolescente sentado, com o rosto machucado, que parecia estar amarrado, pois eu não conseguia ver suas mãos. Mas vi o seu olhar desolado, melancólico a contemplar o mundo rápido que passava ao seu lado e se perdia na distancia, já que ele viajava de costas para a frente do carro. A inexpressividade do seu rosto era muito expressiva! Era como se dissesse, “que estou fazendo neste mundo? Nada disso me pertence, eu não tenho nada, não tenho ninguém, não sou de ninguém.”
De tantos carros que passavam ao seu lado, o meu carro era mais um, perdido na indiferença da sua vida. Eu sabia, ele também, que seu destino era a delegacia, uma cadeia... constrangimentos? Acho que não. O que para mim seria constrangimento, para aquele rosto massacrado pela vida talvez não passasse de mais um estímulo que não alcançava mais o seu emocional.
Foi nesse momento que surgiu na minha mente o compromisso que tenho com Deus de construir uma família ampliada com base no amor incondicional. A minha visão do mundo deve ser diferente da visão comum. Aquele jovem que era conduzido daquela forma, talvez tenha feito por merecer tal castigo. Mas onde estão os pais dele que talvez tenham errado na forma de educar? Talvez nem eles mesmos tenham sido educados para serem cidadãos, quanto mais pais? Portanto, a minha visão adquiriu a coerência dos meus ideais, da minha missão, do meu compromisso com Deus. Passei a vê-lo com os olhos de um pai. Era meu filho que seguia naquele camburão. Esse pensamento fez despertar no meu emocional energias da sensibilidade que fez marejar os meus olhos. Pensei que o meu papel era seguir aquele camburão até a delegacia e procurar saber o que aconteceu, tanto da visão da polícia como do meu filho. Era isso que eu teria feito se qualquer um dos meus filhos biológicos estivesse naquela condição. Mas para aquele jovem, o meu pensamento estava ainda muito distante da ação. O único efeito que fez foi derramar algumas gotas de lágrimas, mostravam que eu não estava indiferente emocionalmente aquela situação.
Depois eu fiquei a refletir sobre a situação. Tudo foi mais um teste de Deus para sondar o meu coração. Ele viu que eu ainda estou muito distante da teoria de Seu Reino de paz e amor para a prática que eu posso realizar aqui na Terra para cumprir a sua vontade. Era a vontade dEle que eu tivesse feito como pensei, tivesse seguido aquele camburão e me inteirasse da situação. Poderia chegar atrasado ao trabalho, ou mesmo faltar, eu conseguiria justificar. Poderia saber a situação daquele jovem e procurar fazer a harmonia entre sua família biológica e as leis da comunidade. Poderia contribuir para compensar os prejuízos que ele causou e assim atenuar sua pena. O Pai esperava que eu, como pai, não deixasse um filho caminhar na indiferença para um destino obscuro.
Falhei com o Pai e Ele percebeu o quanto ainda sou frágil para realizar a Sua vontade. O que me salva de ser considerado como um hipócrita é porque Ele percebe que o meu coração está realmente sintonizado com a mensagem que meus lábios defende, mesmo que eu ainda não tenha forças ou coragem de colocá-las em prática.
No momento do acontecimento eu não tinha essa consciência de que estava sendo minuciosamente examinado pelo olhar atento do Pai. Jamais pensei que aquela lágrima que deixei cair naquela ocasião foi o livramento da minha alma frente ao julgamento divino do Pai.
Jesus falava que Ele, o filho do homem, não tinha onde colocar a cabeça, que não tinha um lar estabelecido. Vivia de aldeia em aldeia, de comunidade em comunidade, pregando a vinda do Reino de Deus através da prática do Amor Incondicional. Mais de dois mil anos se passaram e esse Reino que Ele dizia está próximo ainda não foi realizado em nenhuma sociedade, por mais evoluída científica e tecnológica que seja. No entanto, apesar de suas lições fazerem parte significativa de nossas lembranças, da nossa mente, esse Reino de Deus ainda não foi alcançado em nossa sociedade. Sei que Ele também ensinou que essa construção deveria iniciar a partir dos nossos próprios corações, cada um de nós deveria limpar as impurezas do egoísmo que serviu num primeiro momento para a nossa sobrevivência, mas que a partir da maturidade existencial atrapalha a evolução espiritual.
Muitos devem existir como eu, que se esforçam para fazer essa limpeza no coração e de ser uma pessoa cada dia melhor. Mesmo assim não conseguimos construir esse Reino dos Céus que é o objetivo final. O esforço continua centrado em divulgar a mensagem do Cristo por todo o mundo, muitas vezes com a prática impregnada de egoísmo, justamente o que se deve combater. Esse tipo de apostolado de divulgação da Boa Nova por todo o mundo, tarefa principal dos primeiros apóstolos, tem uma característica parecida com a do Cristo no sentido de não ter um lar, de viver de comunidade em comunidade difundindo a mensagem, como Paulo de Tarso tão bem exemplificou, apesar de não ter conhecido pessoalmente o Cristo.
Neste momento de nossa evolução enquanto humanidade, acredito que devemos dar o salto de qualidade e partir para a etapa seguinte, sair da etapa onde o principal é a divulgação da mensagem, para a etapa em que o principal é a aplicação na prática dos ensinamentos do Cristo. Devemos agora nos estabelecer numa comunidade, num lar e deixar a vida nômade evangelista. Devemos encarar a Natureza total como o retrato vivo de Deus, que devemos reverenciá-Lo acima de todas as coisas e em segundo lugar amar ao nosso próximo como nós mesmos. Com essa determinação eu deixo de ser uma pessoa sem lar, sem amarras na comunidade, sem companheira, sem filho, como Jesus e Paulo foram, e passo a ter a família construída com base nas lições evangélicas, do Amor Incondicional, como a célula do Reino de Deus. Com o mesmo amor que eu construo a minha família, que deixa de ser nuclear e passa a ser ampliada, com o amor que deixa de ser exclusivo e passa a ser inclusivo, de romântico passa a ser incondicional, eu vejo cada família, cada ser humano ao meu redor. Tenho um lar onde escorar a cabeça, mas por onde eu ando a qualidade desse Amor que eu passo a aplicar nos meus relacionamentos constrói para mim lares onde eu possa repousar ou até ficar se for do interesse do Amor Incondicional.
Portanto, o construtor do Reino de Deus tem o mundo como seu lar, onde cada pessoa de seus relacionamentos pode ser um filho, um pai, um avô, um amante, um amigo... enfim, onde pousar neste mundo sem fim, ali é uma extensão do seu lar. E todos que pensam e agem assim tem essa mesma perspectiva e quando no mundo existir gente suficiente com essa prática, teremos alcançado o Reino do Pai.
Ontem, dia 05-02-15, foi realizada mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz, na Escola Olda Marinho, com a presença de: 1. Paulo Henrique 2. Cíntia 3. Luan (menor) 4. Edinólia 5. Radha 6. Netinha 7. Nivaldo 8. Ana Paula 9. Costa 10. Francisco Rodrigues 11. Ezequiel 12. Luzimar 13. Juliana e 14. Luciano (Bocão do carro de som). Foi lido o Editorial do Boletim Informativo nº 7 de Janeiro/2015 e os informes. Costa faz uma apresentação em vídeo do Colégio Militar do Ceará cujo modelo deseja implantar no Olda Marinho. Edinólia renova os pedidos para organizar o bazar deste ano em data a ser determinada. Aninha propõe que seja realizado um mutirão de limpeza na praia de caráter educativo. Ficou Costa de fazer os contatos na Urbana para viabilizar uma palestra inicial para a realização desse trabalho. Luciano do carro do som concordou em fazer uma divulgação sobre a matrícula dos alunos na escola Olda Marinho, sem custos, e elaborou uma tabela de preços mínimos para os trabalhos de divulgação da Associação. Ezequiel informa que o futebol infantil continua se desenvolvendo a contento e que participou de uma reunião na 4ª feira, na Casa do Matuto, com os empresários da Praia, em nome da Associação, para discutir a segurança do bairro. Informa também que o vereador Ubaldo disponibiliza uma van para conduzir os membros da Associação que puderem ir até o Recife para falar com o proprietário do Hotel Reis Magos. Luzimar que assumiu o Departamento Comercial junto com Francisco, recebeu as camisas confeccionadas no bairro, no valor de 600,00 reais. Deverá também receber as camisas confeccionadas por Paulo Henrique e assim movimentar financeiramente os recursos da Associação. Foi realizado também pela tesouraria um empréstimo de 400,00 reais à sócia Juliana para viabilizar a produção de quentinhas. Este valor será pago em 30 dias no valor de 408,00, com o acréscimo de 2%. Essa é a forma da Associação dar início à valorização do trabalho dentro da comunidade. Foi avaliada a possibilidade de convidar a SEMSUR para fazer uma palestra na Associação quanto a utilização dos terrenos baldios que somente acumulam lixo na comunidade. Continua a necessidade de promovermos a divulgação mais ampla dos trabalhos da Associação. Finalmente ficamos em pé para a oração do Pai Nosso conduzida por Ezequiel, seguida de outras orações por Nivaldo e Luzimar. Encerramos com a foto coletiva e a degustação de bolo, suco e refrigerante.
Fiquei de falar hoje sobre a minha vida, meus sentimentos, relacionando com o que existe de semelhante com o Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux. Como ele eu também vivo numa espécie de calabouço da alma onde meus pensamentos, sentimentos e ações não são os mesmos praticados pelas pessoas na minha cultura local. Sou dessa forma considerado como um deformado da alma, que causa pavor nas pessoas íntegras e que desejam seguir com honestidade os princípios culturais e legais da sociedade. Sou obrigado a viver nas sombras para ser honesto com a visão que Deus me deu do mundo, da missão que eu entendo que Ele colocou sobre meus ombros. Dessa forma começa aí a primeira semelhança, o Fantasma da Ópera obrigado a viver nas sombras de um Teatro, eu obrigado a viver nas sombras da vida... um Fantasma da Vida.
Também apresento a primeira diferença. O prisma do amor do Fantasma da Ópera, aquele prisma que fraciona a energia dos sentimentos em milhares de vibrações, tem uma base conceitual e uma prática diferente da minha. O dele gera vibrações mais próximas da animalidade, do egoísmo, do amor romântico, condicional. O meu gera vibrações mais próximas da angelitude, do altruísmo, do amor romântico subordinado ao amor incondicional.
Devido o Amor Incondicional funcionar com prioridade dentro de meus sentimentos e pensamentos, as ações são diferentes daquelas que tem como prioridade o amor romântico, caso do Fantasma da Ópera, que reflete o sentimento prevalente da humanidade. Quando uma pessoa que sente com o prisma do amor romântico descobre que eu funciono de outra forma, interpreta isso como uma deformidade moral, com muito mais feiura do que a deformidade física do Fantasma da Ópera. Acontece que a deformidade moral do Fantasma da Ópera está baseada no amor romântico e que nesse sentido não deveria ser considerada como uma deformidade, já que é dessa forma que todos pensam. Tudo que Erik, o Fantasma da Ópera, faz para ter consigo o corpo e a alma de Christine está em função do amor romântico, prova disso é a sua bela canção que faz encantar nossos corações e marejar nossos olhos. Mas o que ele fez eu jamais faria, pois em mim não prevalece o amor romântico, condicional, e sim o Amor Incondicional.
Jamais eu prenderia alguém em meu mundo contra a sua vontade, jamais eu esconderia a minha verdade, minha deformidade, para ter o amor de quem quer que seja. Não importa que mostrando a minha “deformidade moral” eu provoque choque ou mesmo repulsa em quem eu ame. Não importa que mostrando a verdade eu esteja destruindo o amor romântico de quem o desenvolveu por mim. Talvez até transformando-o em ódio. Posso até usar uma máscara em público na forma de não está publicando quem eu seja, como eu penso, sinto e ajo. Mas jamais usarei a mentira para encobrir quem eu sou. A minha máscara se caracteriza pela discrição do que sou, de não está mostrando a todos a minha forma universal de amar, de defender a família universal, alicerçada na fraternidade, em detrimento da família nuclear, alicerçada no egoísmo.
Jamais eu irei fazer como o Fantasma da Ópera, amar alguém e exigir dessa pessoa exclusividade do amor, que ela não pode amar mais ninguém.
O que fascina em mim não é o gênio musical do Fantasma da Ópera e sim a capacidade de amar incondicionalmente. Essa forma de amar não encontra barreira quando os dois amantes se permitem. Agora, se um ama de forma condicional irá exigir um amor exclusivo, para dar e receber. Se o outro ama de forma incondicional irá aceitar e praticar um amor inclusivo, para dar e receber.
Aqui está o conflito e a incompatibilidade entre eu e a minha amada e que ela associou ao Fantasma da Ópera. Ela ama de forma condicional, como ama o Fantasma da Ópera; eu amo de forma incondicional, como não vi ninguém até hoje amar.
Ela pode me considerar uma fera por me permitir amar tantas mulheres, a humanidade, a natureza. Mas não sou um predador, pelo contrário, deixo preparada todas minhas amantes, seja profissionalmente, psicologicamente ou financeiramente, para me descartarem quando assim for conveniente para elas, como aconteceu mais de uma vez, e nem por isso fiquei revoltado ou deixei de amar quem assim procedeu. Estou sempre disposto a abrir, por amor, a minha mão se por acaso ela se fechar, já que conscientemente ela sempre está aberta.
A minha forma de amar, apesar de não permitir exclusividade com ninguém, ela procura sintonizar com harmonia em todos os departamentos da sensibilidade do ser amado, até o mais profundo nível, da união dos corpos, do amálgama da carne, fazendo o milagre previsto na Bíblia: o homem se tornar com a mulher “carne da mesma carne”. É este encantamento que a minha forma de amar faz que a pessoa desenvolva uma dependência emocional, concordo, mas jamais uma dominação, pois a pessoa sempre está livre para seguir o caminho que deseja. Dependência porque a pessoa experimenta o prazer de está comigo e dessa forma dispara no cérebro regiões que liberam substâncias químicas que gera sempre que possível o desejo de voltar a ter aquela mesma sensação. Isso alimenta o amor romântico e também o exclusivismo, o egoísmo, daquele prazer pertencer somente aquela pessoa.
Nesse ponto o conflito fica mais claro. A pessoa reconhece o quanto é salutar, prazeroso, está com o amante incondicional, mas é identificado o ponto de conflito, de não permitir que esse amor seja dividido por mais ninguém. Assim, os aspectos negativos começam a prevalecer sobre os positivos e nesse ponto, concordo, deve haver um afastamento da fonte que causa angústia. Eu não posso tomar essa iniciativa, não sei quando chegou o ponto dos malefícios ultrapassarem os benefícios para a outra pessoa. Para mim os benefícios nunca serão ultrapassados, nunca deixarei de amar quem já aprendi a amar, mesmo que por essa pessoa nunca tenha tido alguma paixão. O máximo que posso fazer é ter algum tipo de afastamento de alguma pessoa quando sentir que a harmonia que deve existir na convivência foi perturbada.
Posso sofrer a acusação de querer ser um tutor, um orientador, professor, ou mesmo um anjo, quando procuro falar sobre a minha forma de amar, de justificar, de procurar sensibilizar para a sua prática. Mas tudo isso é feito sem jamais querer incluir dentro dele um sentimento de posse. Não quero fazer de ninguém uma extensão de mim, mas para conviver comigo em harmonia é necessário, muito além de ser carne de minha carne, sintonizar com meus pensamentos, sentimentos e ações, justificando-os com prazer e honestidade frente a qualquer pessoa, distante ou próxima.
Não posso ser acusado como o Fantasma da Ópera foi de ser um ídolo caído, de ser um falso amigo. Nunca disse que eu era diferente do que sou, que eu traí a amizade ou o companheirismo de quem quer que seja, pois todos sabem dos meus limites e dos meus projetos; nunca enganei ninguém nem quero que convivam comigo sem questionar. Posso sim, fazer derramar lágrimas, quando as pessoas percebem que não podem mudar a pessoa em que me tornei, que aceito e que incentivo.
Se essa é a minha deformação moral conforme assim muitos imaginam, que provoca repulsa, que não tenho direito a compaixão ou piedade, que assim seja, pois vivo isolado no meu mundo de sonhos. E esse é o meu maior castigo, do tanto amor que sei ofertar, de ninguém o mesmo amor eu consiga receber.
Sou o Fantasma da Vida que não mereço ser tratado como um ser humano, daqueles que sabem amar e exigir exclusividade, que são capazes de matar por esse “amor”, que sabem sentir só para si um dom que por natureza divina deveria ser para todos.