Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/12/2015 00h59
A VIDA É UMA DANÇA...

            Recebi da internet este texto, anônimo, enviado por uma colega, de um bom nível espiritual, e por esse motivo reproduzo na íntegra, pois é compatível com as lições dos grandes Mestres:

            Quando uma porta se fecha, outra se abre; quando um caminho termina, outro começa... nada é estático. No Universo, tudo se move sem parar e tudo se transforma sempre para melhor.

            Habitue-se a pensar desta forma: tudo que chega é bom, tudo que parte também. É a dança da vida... dance-a da forma como ela se apresentar, sem apego ou resistência.

            Não se apavore com as doenças... elas são despertadores, tem a missão de nos acordar. De outra forma permaneceríamos distraídos com as seduções do mundo material, esquecidos do que viemos fazer neste planeta. O Universo nos mandou aqui para coisas mais importantes do que comer, dormir, pagar contas...

            Viemos para realizar o Divino em nós. Toda inércia é um desserviço à obra divina. Há um mundo a ser transformado, seu papel é contribuir para deixa-lo melhor que você o encontrou. Recursos para isso você tem, só falta a vontade de servir a Deus servindo aos homens.

            Não diga que as pessoas são difíceis e que a convivência entre seres humanos é impossível. Todos estão se esforçando para cumprir bem a missão que lhes foi confiada. Se você já anda mais firme, tenha paciência com os seus companheiros de jornada. Embora os caminhos sejam diferentes, estamos todos seguindo na mesma direção, em busca da mesma luz.

            E sempre que a impaciência ameaçar a sua boa vontade com o caminhar de um semelhante, faça o exercício da compaixão. Ele vai ajudá-lo a perceber que na verdade ninguém está atrapalhando o seu caminho nem querendo lhe fazer nenhum mal, está apenas tentando ser feliz, assim como você.

            Quando nos colocamos no lugar do outro, algo muito mágico acontece dentro de nós: o coração se abre, a generosidade se instala dentro dele e nasce a partir daí uma enorme compreensão acerca do propósito maior da existência, que é a prática do AMOR. Quando olhamos uma pessoa com os olhos do coração, percebemos o parentesco de nossas almas.

            Somos uma só energia, juntos formamos um intenso tecido de luz... não existem as distâncias físicas. A Física Quântica já provou que é tudo uma ilusão. Estamos interligados por fios invisíveis que nos conectam ao Criador da vida. A minha tristeza contamina o bem-estar do meu vizinho, assim como a minha alegria entusiasma alguém do outro lado do mundo. É impossível ferir alguém sem ser ferido também, lembre-se disso.

            O exercício diário da compaixão faz de nós seres humanos de primeira classe.

            NAMASTÊ (saudação do sul da Ásia: “Eu saúdo a você”. Em sentido mais amplo significa: “O Deus que habita no meu coração, saúda o Deus que habita no seu coração”)

            DEUS NOS ABENÇOE.

            Não merece nenhum reparo este texto. Merece que façamos nossa reflexão mais profunda para conseguir forças e colocá-lo em prática, pois qualquer aprendizagem adquirida nos liberta da ignorância, apenas se conseguirmos fazer a aplicação prática, senão é mero conhecimento, estagnado como agua parada, passível de degeneração (esquecimento) pelo tempo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/12/2015 às 00h59
 
19/12/2015 00h59
COMUNHÃO COM DEUS

            Considero hoje que tenho uma boa comunhão com Deus, não é que eu faça tudo que considero que Ele quer que eu faça, mas que procuro entender a Sua vontade e tento realizar aquilo que está ao alcance das minhas forças. Sei também que essa comunhão está mais evidente agora, quando a vitalidade do meu corpo não atrapalha tanto os pensamentos altruístas e consigo filtrar aquilo que é de maior importância para o espírito. À medida que os neurônios morrem essa filtragem se torna mais competente, os interesses do mundo perdem sua importância e são utilizados geralmente para viabilizar essa comunhão com Deus.

            Parece que esse é o processo que vai acontecendo com a maioria das pessoas. A espontânea e permanente comunhão com Deus termina sendo o termo final da jornada evolutiva, a mais alta perfeição do ser humano, considerado em sua plenitude.

            Eu considero, dos altos dos meus 63 anos, recém completados, que isso representa pra mim a mais alta felicidade da minha vida, uma espécie de beatitude, porém plenamente integrada à vida material, com a firmeza de colocar toda a sedução dos prazeres e da força do Behemot, em função do Amor Incondicional, que sempre se confronta com o amor romântico. Isso gera uma nova forma de pensar, sentir e agir, e que caracteriza essa minha comunhão com Deus. Sinto que ao agir assim, estou fazendo a vontade do Pai, construindo um tipo de maquete social conforme o Filho ensinou para construirmos o Reino de Deus. Mesmo que isso traga desconforto para minhas companheiras, perda de tempo de estar com os filhos, e necessidade de morar sozinho, pois não encontro, talvez jamais uma pessoa que pense, sinta e reaja da mesma forma que eu. Parece que sou um instrumento exclusivo do Pai para orientar a coletividade dentro de um amor inclusivo.

            Sei pela história que estou bem acompanhado nesse processo, pois os únicos homens realmente felizes através dos séculos e milênios, mesmo que sofressem penas e torturas, foram os que realizaram o supremo destino da comunhão com Deus nas suas vidas.

            Quem não tem essa experiência de andar na presença de Deus, vive uma vida “normalmente” humana, associada aos instintos animais, sob o domínio explícito ou aparente do Behemot, nas atividades das coisas materiais de cada dia. E essas pessoas ainda consideram os “santos”, aqueles que investiram radicalmente na comunhão com Deus chegando a perder a própria vida dentro de um verdadeiro altruísmo com o Senhor da vida, como pessoas imprestáveis para o plano geral da existência, segundo eles pensam. É um ser anormal, que pode fazer milagres, e que em vez de trabalhar se retira à solidão de uma caverna ou dentro de um convento, igreja, templo ou mosteiro e se põe de joelhos perante um altar e se esquece do mundo e dos homens.

            Essa crítica me soa como verdadeira; não é porque eu tenha conseguido a sintonia com Deus que eu deva deixar esse mundo, deixe de trabalhar, deixe de construir e de viver em família, e deixe de gozar também os prazeres materiais. Talvez essas pessoas “imprestáveis” segundo os materialistas, tenham recebido do Pai outra missão diferente da minha e que os fizeram agir assim, afinal eles também estavam em comunhão com Deus.

            Entendo que no Reino de Deus, esta comunhão com o Pai não vai impedir ou prejudicar os afazeres profissionais exigidos pelo mundo material, pela sobrevivência e reprodução dos corpos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/12/2015 às 00h59
 
18/12/2015 00h59
FOCO DE LUZ (82)

            Em 17-12-15, na escola Olda Marinho, as 19h, foi realizada mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz com a presença das seguintes pessoas: 01. Edinólia 02. Jaqueline 03. Paulo Henrique 04. Luzimar 05. Luci 06. Washington 07. Nivaldo 08. Damares 09. Carlos Eduardo 10. Lívia 11. Francisco Rosendo 12. Juliano 13. Francisco Rodrigues 14. Costa 15. Ana Paula 16. Clarisse 17. Antônio Sérgio 18. Lenira 19. João Batista 20. Silvana 21. Marília e 22. Benigna. Radha justificou a sua ausência e enviou endereço para a ligação da luz das salas do shopping. Foi lido o preâmbulo espiritual inspirado em Paulo de Tarso com o título “Indagação Oportuna”. Foi lida a ata da reunião anterior que foi aprovada com o adendo de se corrigir o nome de Francisco Roberto para Francisco Rosendo, e registrar que o lanche da reunião anterior foi patrocinado por Carlos Eduardo. COMUNICADOS: Paulo informa que está distribuindo os convites para a festa do Natal com a solicitação de frango para o jantar ou a quantia de 20,00 reais, se a pessoa tiver condições de doar. Washington informa que a ligação da luz das salas cedidas pelo shopping Mãos de Arte ainda não foi providenciada e que o endereço enviado por Radha não é suficiente. Ficou de ser tentado mais uma vez na próxima semana. Damares informa que conseguiu doação de arroz para o jantar natalino e que poderá conseguir mais alguns itens até a data. Edinólia lembra que na próxima quinta feira é véspera de Natal e sugere a antecipação do dia da próxima reunião, e todos concordam que seja na quarta feira as 19h na Praça Maria Cerzideira, local onde será a festa do Natal. Ana Paula comenta sobre o esforço na confecção da Árvore do Natal, com a ajuda de diversos companheiros e que devíamos nos orgulhar por ter feito uma árvore apenas com os recursos da comunidade, que a beleza dela está mais no esforço que todos tiveram, e que devíamos planejar para o próximo ano atividades para ocupar os espaços da comunidade. Costa justifica o motivo de ter ficado algum tempo ausente e sugere que a Associação crie câmeras de trabalhos setorizados para descentralizar tudo que acontece ser sobre a presidência. Informa que seria importante a criação de gincanas culturais e que está envolvido com o Projeto Parceiros da Vida e atividades tipo COBAM que funciona como uma base resolutiva de problemas comunitários na casa de um policial. Nivaldo diz que tem a sua experiência como militar e que está disposto a assumir as “brigadas’ de trabalho dentro da comunidade. Clarisse diz que seria importante nessa reunião do próximo ano ser definida a missão da Associação. Foi perguntado sobre a atuação do Clube de Mães, mas como Radha e Graça não estavam presentes, ficou de ser respondido em outra ocasião. Quanto as atividades da Festa do Natal, ficou acertado que seriam definidas no próximo dia de reunião, na quarta-feira, na Praça Maria Cerzideira. Mesmo assim Washington ficou responsável de ver o empréstimo de mesas e cadeiras para o dia. As 20:30h a reunião foi encerrada, Costa conduziu a oração do Pai nosso. Todos posamos para a foto oficial e degustamos o lanche da noite.

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em 18/12/2015 às 00h59
 
17/12/2015 00h59
TERAPIA FAMILIAR AMPLIADA (9)

            Entendo que a minha missão frente à vontade de Deus, seja a formação de uma família ampliada, capaz de superar as falhas egoísticas da família nuclear e preparar a sociedade para a Família Universal, para o Reino dos Céus. Na condição de instrumento de Deus eu devo procurar levar a harmonia em qualquer setor que eu me encontre, em qualquer região geográfica, em qualquer relacionamento individual ou coletivo. A descrição desse meu caminhar e a publicação num espaço como este, aberto ao público de forma incondicional, serve para eu expor os meus pensamentos, sentimentos, métodos e ações, com o objetivo de ser corrigido se algo errado eu estiver cometendo. Procuro não identificar as pessoas, pois entendo que isso seria uma invasão da privacidade do próximo, que talvez não tenha o mesmo interesse em caminhar por estradas parecidas com as minhas.

            Por esse motivo justifico frente ao público que por acaso acompanhe essa trajetória com o intuito tanto de aprender como de ensinar, o porquê de colocações tão genéricas em torno de dificuldades que geram conflitos e patologias. A minha ação harmonizadora deve ter o efeito salutar da mudança de pensamentos e de ações naquilo que é feito de forma negativa.

            Eu posso receber a crítica de que nada disso poderia ser colocado aqui, as minhas ações neste campo deveriam ser feitas com a maior discrição, igual a orientação do Cristo quanto a caridade, não deixar que a mão direita veja a caridade que a esquerda possa fazer. E minhas ações se assemelham à Caridade, então, porque tenho que divulga-las num espaço público como este?

            Fiz uma reflexão a esse respeito e verifiquei que: 1) não desejo a promoção pessoal com isso, é tanto que uso um pseudônimo para ocultar meu verdadeiro nome e não coloco o nome de nenhuma das pessoas que interagem comigo; 2) o que é colocado é o problema que existe em tal setor, por alguma pessoa, e os procedimentos que são usados para se alcançar a correção. Esta é a maior finalidade, mostrar como surgiu tal problema e o que fazer para resolvê-lo. Foi assim que aprendi medicina nos livros acadêmicos, a situação patológica de terminado paciente não identificado, como surgiu o problema e como se fez para resolvê-lo. É isso que procuro aplicar no campo espiritual, também sem identificar os “pacientes”, mas mostrando o “terreno psicológico” que gerou o conflito e quais as possibilidades terapêuticas que eu posso usar, a partir do Evangelho, que considero as lições do maior terapeuta que eu tenho conhecimento; e 3) eu sinto que seria egoísmo de minha parte fazer uso de tal procedimento que o Mestre sempre orientou que fosse divulgado o mais amplamente possível e tivesse o benefício apenas daquelas pessoas que estivessem mais próximas do meu círculo de relações, e deixasse de ser instrutivo para o coletivo.

            Outro ponto que tenho de ressaltar, é que não me considero o professor ou terapeuta pronto e sem defeitos. Pelo contrário, eu também sou cheio de vícios e defeitos e tenho a consciência da necessidade de corrigi-los, e talvez todo esse meu arrazoado na defesa dos meus procedimentos, não passe de um reflexo do orgulho e vaidade que também estão dentro de mim.

            Porém a minha consciência, onde está situada a lei de Deus, orienta que eu tenha cuidado para não ferir quem já está machucado, que reveja com mais rigor a discrição dos atos de caridade, e que meu trabalho de instrutor da coletividade não ultrapasse a ética e não fira a sensibilidade de quem eu desejo ajudar.

            Enfim, o Pai considera que eu estou bastante avançado nesse projeto de família ampliada, pelo menos no que é considerado dentro dos meus paradigmas, e quanto mais isso se expande, mais problemas surgem, mais trabalho é necessário, mais cuidado é indispensável.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/12/2015 às 00h59
 
16/12/2015 00h59
A VERDADE NOS LIBERTARÁ (?)

            No programa “Truques para o dia a dia”, transmitido pela Netflix (TED – Ideas Worth spreading), Margaret Heffernan revela que conflitos não devem ser evitados e que a melhor saída é transformar discordâncias em debates produtivos. Achei interessante sua abordagem do problema, principalmente quando ela cita, sem querer, acredito, um trecho evangélico sobre a importância da Verdade na Liberdade e que pode ser incorporada à minha forma de pensar e agir... ou não agir. Então resolvi colocar a sua fala na íntegra, neste texto de hoje.

            Em Oxford, na década de 50, havia uma médica fantástica, muito notável, chamada Alice Stewart. E Alice era notável em parte porque, claro, era mulher, o que era muito raro nos anos 50. E era brilhante, na época era uma das colegas mais jovens a ser escolhida para a Faculdade Real dos Médicos. Ela também era notável porque continuou a trabalhar depois de ter se casado, depois de ter filhos, e até mesmo depois de ter se divorciado e ser mãe solteira. E era notável porque se interessava muito por uma ciência nova, o campo emergente da epidemiologia, o estudo de padrões na doença. Mas como todo cientista, ela reconhecia que para deixar sua marca, o que precisava fazer era encontrar um problema difícil e resolvê-lo. O problema difícil que Alice escolheu foi a incidência crescente de câncer infantil. Muitas doenças tem relação com a pobreza, mas no caso do câncer infantil, as crianças que estavam morrendo pareciam proceder principalmente de famílias ricas. Então o que ela queria saber, como poderia explicar essa anomalia. Por fim ela conseguiu apenas 1.000 libras do prêmio Memorial e isso significava que ela sabia que tinha apenas uma tentativa, mas ela não tinha ideia do que procurar. Isto era, na verdade, como procurar agulha num palheiro, então ela perguntava tudo o que podia imaginar. Tinham consumido bebidas com corantes? Comiam peixes com batatas fritas? Elas tinham saneamento básico? Em que época tinham começado a ir a escola?

E quando seus questionários com cópia em carbono começaram a voltar, uma coisa e uma só coisa saltava a vista com uma clareza estatística que muitos cientistas podem apenas sonhar. Numa relação de dois para um, as crianças que morreram, tiveram mães submetidas a raios-x enquanto grávidas. Mas essa descoberta afetou a sabedoria convencional daquela época, de que tudo era seguro até certo ponto, um limite. Isso afetou a sabedoria convencional, que tinha grande entusiasmo pela nova e perfeita tecnologia daquela época, que era o aparelho de raios-x. E afetou a ideia que os médicos tinham de si mesmos, que era a de pessoas que ajudavam pacientes e não os causavam nenhum mal.

Contudo, Alice Steward correu para publicar suas descobertas preliminares no The Lancet em 1956. As pessoas ficaram muito entusiasmadas, havia rumores sobre o Prêmio Nobel e Alice estava mesmo com muita pressa de tentar estudar todos os casos de câncer infantil que ela podia encontrar antes que eles desaparecessem. Na verdade, ela não precisava ter corrido, 25 anos inteiros se passaram até que as autoridades britânicas, e americanas, abandonassem a prática de submeter mulheres grávidas ao raios-x. Os dados estavam lá, estavam abertos, foram disponibilizados livremente, mas ninguém queria saber. Uma criança por semana estava morrendo, mas nada mudava. A abertura por si só não leva à mudança. Assim, por 25 anos Alice Stewart teve uma luta muito grande em suas mãos. E como ela sabia que estava certa? Bem, ela tinha um modelo fantástico para reflexão.

Ela trabalhava com um estatístico chamado George Kneale, e George era tudo que Alice não era. Alice era muito sociável, e George era um solitário. Alice era muito calorosa, muito empática com seus pacientes, George preferia sinceramente números em vez de pessoas. Mas ele disse uma coisa fantástica sobre sua relação profissional. Ele disse, “Meu trabalho é provar que Dra. Stewart está errada.” Ele procurava essa negação de forma efetiva. Formas diferentes de olhar para os modelos dela, sua estatística, forma diferente de desmembrar os dados a fim de provar o seu erro. Provar que ela estava errada. Ele via seu trabalho como a criação de conflitos em torno das teorias dela. Porque era só não sendo capaz de provar que ela estava errada é que George podia dar a Alice a confiança que ela precisava. É um fantástico modelo de colaboração, parceiros pensantes que não são câmaras de eco. Imagino quantos de nós temos, ou ousamos ter, tais colaboradores.

Alice e George eram muito bons nos conflitos. Eles a viam como uma reflexão. Então o que esse tipo de conflito construtivo precisa? Bem, em primeiro lugar, ele precisa que encontremos pessoas que são muito diferente de nós mesmos. Isso significa que temos que resistir à força neurobiológica, que significa que temos preferência principalmente por pessoas iguais a nós mesmos, e isso significa que temos que procurar pessoas com conhecimentos diferentes, disciplinas diferentes, e encontrar maneiras de unir-se a elas. Isso exige muita paciência e muita energia. E quanto mais eu penso nisso, mais eu acho, realmente, que isso é um tipo de amor. Porque você não vai simplesmente disponibilizar esse tipo de energia e tempo se você realmente não se importa. E isso também significa que temos que estar preparados para mudar de ideia. A filha de Alice me contou que toda vez que Alice ficava frente a frente com um colega cientista, ele a fazia pensar e pensar e pensar outra vez. “Minha mãe”, ela disse, “Minha mãe não gostava de uma briga, mas era muito boa nisso”.

Então, uma coisa é fazer isso numa relação um-a-um. Mas me ocorre que os maiores problemas que enfrentamos, muitos dos maiores desastres que enfrentamos, muitos deles capazes de afetar centenas de vidas, não surgem principalmente de indivíduos, eles surgem de organizações, muitas delas capazes de afetar centenas, milhares, até mesmo milhões de vidas. Então, como as organizações pensam? Bem, na maior parte das vezes, não o fazem. E isso não é porque não querem, é porque não podem mesmo. E não podem porque as pessoas dentro delas tem medo demais de conflitos. Em pesquisas com executivos europeus e americanos, 85% deles admitiam que tinham questões ou preocupações no trabalho, que tinham medo de levantar. Medo do conflito que aquilo poderia provocar, medo de enveredar por discussões com as quais não sabia como administrar, e sentiam que estavam certos de perder.

Oitenta e cinco por cento é um número grande mesmo. Significa que as organizações principalmente não podem fazer o que George e Alice fizeram de modo triunfante. Elas não podem pensar juntas. E isso significa que as pessoas como muitos de nós, que dirigem organizações e saíram do caminho para tentar achar as melhores pessoas que podem, falham principalmente em conseguiu o seu melhor.

Então, como desenvolvemos as habilidades que precisamos? Porque também é preciso habilidade e prática. Se não iremos ter medo do conflito, temos que vê-lo como uma reflexão, e então temos que ser muito bons nisso.

Assim, recentemente eu trabalhei com um executivo chamado Joe, e Joe trabalhava para uma empresa de equipamentos médicos. Joe estava muito preocupado com o aparelho com o qual estava trabalhando. Ele achava que esse aparelho era complicado demais e achava que sua complexidade criava margens de erro que podia machucar as pessoas. Ele tinha medo de prejudicar os pacientes que tentava ajudar. Mas, quando ele olhou em torno de sua organização, ninguém mais parecia preocupado. Então, ele não quis falar nada. Afinal, talvez eles soubessem de algo que ele não sabia. Talvez ele parecesse tolo, mas ele continuou se preocupando com aquilo, de pensar que a única coisa que poderia fazer era demais, deixar o emprego que amava. No final, Joe e eu achamos uma maneira de ele levantar suas questões. E o que aconteceu depois é o que quase sempre acontece nessa situação. Acabou que todos tinham exatamente as mesmas questões e dúvidas. Então, Joe tinha aliados. Eles podiam pensar juntos. E sim, havia muito conflito e debate, e discussão, mas isso permitia com que todos em volta da mesa fossem criativos, resolvessem o problema e modificassem o aparelho. Joe era o que muitos podiam imaginar ser, um informante, exceto que, como quase todos os informantes, ele não era excêntrico de forma nenhuma, ele era apaixonadamente devotado à organização a que servia, mas ele tinha tanto medo do conflito que no final passou a ter mais medo do silêncio. E quando ousou falar descobriu que havia muito mais dentro de sim mesmo e muito mais para dar ao sistema do que ele jamais imaginara. E seus colegas não acham que ele é excêntrico. Eles acham que ele é um líder. Assim, como termos essas conversas mais facilmente e mais frequentemente? Bem, a Universidade de Delft exige que seus doutorandos tenham que apresentar cinco declarações que estejam preparados para contestar. Não importa sobre o que são as declarações, o que importa é que os candidatos estejam querendo e sejam capazes de afrontar a autoridade. Acho que é um sistema fantástico, mas, deixa-lo somente para os candidatos, são muito poucas pessoas e tarde demais na vida. Acho que precisamos ensinar essas habilidades para crianças e adultos em todos os momentos de suas vidas se quisermos ter organizações pensantes. O fato é que a maioria das grandes catástrofes que temos testemunhado, raramente vem de informação secreta ou oculta. Vem de informação que é disponibilizada livremente por aí afora, mas que evitamos encarar o conflito que isso causa. Mas quando ousamos quebrar esse silêncio, ou quando ousamos enxergar, e criamos conflito, possibilitamos a nós e às pessoas à nossa volta fazer nossas maiores reflexões. A informação aberta é ótima, redes abertas são essenciais.

Mas a verdade não nos libertará até que tenhamos desenvolvido as habilidades e o hábito e o talento e a coragem moral para usá-la. A abertura não é o fim. É o começo!

            Esta abordagem de tais assuntos traz uma importante reflexão sobre o nosso grau de conhecimentos e a utilidade que isso tem para a comunidade. Lembro do caso AUTOHEMOTERAPIA, uma técnica bastante conhecida, difundida e proibida no Brasil, apesar dos seus usuários serem bastante enfáticos nos seus benefícios. Mas os “cientistas” não querem observar a voz que emerge das comunidades, dos pacientes necessitados, que sabem ou não dos benefícios da técnica. Um assunto tão importante para a saúde pública parece não despertar nenhum interesse, principalmente na academia, que é financiada pelo dinheiro público e ao público devia ter o maior respeito com suas opiniões, dores e sofrimento, principalmente as agências responsáveis pelo seu bem-estar. No entanto, parece que todos preferem obedecer a falta de trabalhos escritos que apontem benefícios e ausência de riscos, e não ouvir a voz de milhares de pessoas, que se devida e estatisticamente organizados dariam as respostas que são procuradas.

            No campo espiritual o comprometimento pode ainda ser maior, pois enquadra todos aqueles que de alguma forma sabem da Verdade e não a defendem por qualquer tipo de medo, financeiro, administrativo ou moral. Para essas pessoas a Verdade não vai ter a importância que o Cristo ressaltou, de trazer liberdade. As pessoas que agem assim, mesmo de posse da Verdade, continuam escravos em seus labirintos de medo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/12/2015 às 00h59
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