Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
01/05/2014 09h06
O CAMINHO, A LUZ, A VERDADE

            Viajo semanalmente para Caicó sempre pela madrugada. O sol ainda não tem nascido e tudo está escuro. Na estrada como não há luz artificial eu dependo da luz do carro para continuar no caminho. Foi a partir daí que fiz esta reflexão, comparando esta minha ação de viajar pela madrugada e com o processo da vida.

            Também entrei na vida numa espécie de escuridão consciencial, não consigo lembrar naturalmente de nenhum dos fortes eventos que aconteceram comigo durante o nascimento. Sei apenas o que me falaram, confirmado por alguns fatos que posso comprovar. Dizem que o meu parto foi muito difícil, eu fui o primogênito, era uma criança de cabeça nem tão grande assim, mas como iria passar por um canal que nunca havia dado passagem a algo tão grande, justificava todo o trabalho e risco que corri, junto com minha mãe. Dizem que foi necessário uma promessa ao principal santo do mês, para que se eu escapasse ser colocado o nome dele em mim. Foi assim que aconteceu, recebi o nome dele por ter vindo ao mundo e passar a respirar, mesmo com as marcas dos dedos da parteira que foi me arrancar com suas mãos do ventre da minha mãe.

            Nada disso eu lembro, a escuridão era total e eu ainda não iniciara a minha caminhada na vida por conta própria. A escuridão foi se desfazendo lentamente através da educação que eu recebia em todos os lugares, principalmente no lar e na escola. Minha avó que me criava, mesmo sendo uma pessoa rude e ignorante, teve essa grande percepção da vida e me colocou dentro da escola e da igreja católica. Assim foi como se eu tivesse ao meu dispor dois tipos de transporte coletivo a me transportar pela estrada da vida enquanto a luz do dia (verdade) ia surgindo e clareando minha compreensão.

            Cheguei ao ponto de não mais depender do coletivo para caminhar na estrada da vida, eu podia adquirir o meu próprio transporte e fazer a minha própria condução pela estrada que eu achasse mais conveniente, sem depender mais da vontade do coletivo, de ser submetido a vontade daquele motorista ou cobrador.

            É neste ponto que estou. Dirijo o meu próprio carro por uma estrada escura e que clareia lentamente à medida que o sol aparece. Inicialmente eu dependo quase que exclusivamente da luz artificial do meu carro para entrar na estrada que quero e dirigir para o meu objetivo. Não vejo nada do que está ao redor, apenas aquilo que o farol do carro consegue focar à frente para que eu obedeça os sinais de trânsito e não saia do seio da estrada. Mas a medida que o dia vai clareando eu deixo de depender dos faróis do carro e consigo perceber melhor todas as indicações da estrada e também perceber com clareza tudo que existe ao meu redor. Plantas, animais, casas, pessoas e até outros caminhos. A verdade se descortina à minha frente mostrada pela luz do sol, assim como a verdade entra na minha consciência mostrada pelo Espírito Santo de Deus, que pode usar qualquer recurso à sua disposição para isso. Eu posso agora usar o meu livre arbítrio com mais amplitude, posso mudar de estrada, de caminho, se achar conveniente.

            Dessa forma a minha vida agora se desenvolve com o domínio pleno da minha consciência durante a luz do dia e assim espero caminhar até a existência final do meu organismo. Existe a possibilidade de antes que aconteça a falência inevitável do corpo, eu entre num novo período de escuridão, quando o cérebro adoece, principalmente pelo Mal de Alzheimer e a consciência não pode mais ser acessada, como aconteceu durante a fase de recém nascido.

            Essas são as vicissitudes da vida, dos caminhos que posso optar em percorrer. Espero que eu esteja sempre iluminado pela luz que vem do Criador e que minha consciência esteja sempre em sintonia com Ele e disposta a fazer a Sua vontade como se fosse a minha.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 01/05/2014 às 09h06
 
30/04/2014 16h43
INCOMPATIBILIDADE FAMÍLIA E SOCIEDADE

            Existe um consenso de que a família é a célula básica da sociedade, desde os conceitos acadêmicos até os espirituais. Então, se queremos ter uma sociedade saudável, devemos criar uma família saudável, do ponto de vista individual e principalmente, coletivo.

            Vou abordar agora neste espaço o conceito ideal de família e que existe como ícone a Sagrada Família, formada por José e Maria. Vamos observar logo de imediato que o padrão idade e virgindade que são colocados dentro do padrão utópico da família como idealizamos não se cumpre. Maria era virgem quando conheceu Jose, mas este já havia sido casado e tinha filhos, portanto ele não era virgem. A idade também não foi equilibrada, José era muito mais velho que Maria. E finalmente, o mais complicado, a paternidade dos filhos; Jesus não era filho de José.

            Observamos assim que o ícone da Família Sagrada não preenche os critérios de uma família ideal, uma família utópica.

            Mas isso não retira a importância da família para a vida individual e coletiva, para a formação de uma sociedade saudável. E qual é a sociedade mais saudável que podemos imaginar? Aquela prevista por Jesus, com base no Amor Incondicional e que formará o Reino de Deus. Pode ser mais uma utopia, mas Jesus, como um excelente educador, nos disse que isso seria possível, desde que fizéssemos uma transformação radical em nosso comportamento, a partir da reforma íntima, dos instintos e pulsões próprios da natureza animal.

            Portanto, fica a compreensão que a estrutura familiar é importante para a estrutura de uma sociedade saudável e assim sendo a família também deve ser saudável no sentido grupal (parentes), biológico, individual e social.

            Observamos sérias dificuldades nos relacionamentos humanos em todos os níveis, individual, grupal e social. Dessa forma podemos concluir que as famílias estão sendo formadas com algum tipo de problema muito severo, mesmo que na aparência todas estejam dentro de padrões aceitos como corretos dentro da cultura.

            Jesus veio nos ensinar sobre o Amor como a maneira que tínhamos de construir essa sociedade alternativa, fraterna. Esse Amor que Ele nos ensinou era diferente daquele amor que já era praticado, o amor que motivava a formação da família e que teve origem no romantismo. Era o amor romântico e que até hoje é sentido com muita ênfase e que em muitas ocasiões se confunde com o Amor Incondicional.

            Temos assim duas formas de sentimento para construir a família. Até hoje o amor romântico permanece de forma quase que exclusiva na formação da família. Daí surge o exclusivismo, o egoísmo, o ciúme, a intolerância, a posse do outro. O Amor Incondicional não é ao menos considerado na formação da família. Esse é o principal fator de distorção do ideal social que aponta para a fraternidade, enquanto as famílias são construídas com base no exclusivismo, no egoísmo. Por mais que eduquemos, evangelizemos e procuremos criar a sociedade ideal do Reino de Deus, jamais iremos conseguir se continuamos a construir famílias com base no amor romântico que é contrário ao que preconiza o Amor Incondicional.

            Essa incompatibilidade ideológica entre formação da família e construção da sociedade nos deixa mergulhados num ambiente aparentemente esquizofrênico, onde se defende um ideal e se pratica outro.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 30/04/2014 às 16h43
 
29/04/2014 00h01
CAMINHÃO DE LIXO

            Li uma crônica do Arnaldo Jabor, por quem tenho admiração, e achei muito interessante, parecido com um dito que eu gosto de usar: enquanto os cães ladram, a caravana passa. A crônica que ele fez tinha o título de “A lei do caminhão de lixo” e vou transcrevê-lo da forma que o li:

            Um dia peguei um táxi para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa quando um carro preto saiu de repente do estacionamento direto na nossa frente. O taxista pisou no freio bruscamente, deslizou e escapou de bater em outro carro, foi mesmo por um triz! O motorista desse outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente. Mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável. Indignado lhe perguntei: “Por que você fez isso? Esse cara quase que arruína o seu carro, a nós e quase nos manda para o Hospital?!?! Foi quando o motorista do táxi me ensinou o que eu agora chamo de “A Lei do Caminhão do Lixo.”

            Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por aí carregadas de lixo, cheias de frustrações, de raiva, traumas e desapontamentos. À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar e às vezes descarregam sobre a gente. Nunca tome isso como pessoal. Isso não é problema seu! É dele! Apenas sorria, acene, deseje-lhes sempre o bem, e vá em frente. Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, em casa, ou nas ruas. Fique tranqüilo... Respire e DEIXE O LIXEIRO PASSAR. O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragar o seu dia. A vida é muito curta, não leve lixo com você! Limpe os sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustrações. Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem. A vida é dez por cento do que você faz dela e noventa por cento da maneira como você a recebe! Tenha uma boa semana! Lembre-se disso: “livre-se dos lixos!”

            Assim fica um bom conselho para contribuirmos com a paz no mundo. A filosofia é muito boa e de necessária aplicação no mundo atual. Cada pessoa, desde sua chegado no berço, aprende a desenvolver uma serie de atitudes de auto preservação que pode se desviar para franca irritabilidade e agressividade com tudo e com todos.

            Devemos todos vigiar e orar, e deixar o caminhão de lixo passar!

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em 29/04/2014 às 00h01
 
28/04/2014 00h01
O VALE DAS FLORES

            Como disse no texto anterior, irei agora reproduzir um trecho do livro “Maria de Nazaré”, sobre os trabalhos que ela passou a fazer no Vale das Flores, uma comunidade de leprosos.

            Maria ia frequentemente ao Vale das Flores, onde viviam os hansenianos, segregados da sociedade. Eram restos de homens, mulheres e por vezes crianças, em situações terríveis. O mau cheiro causava asco em qualquer um que se aproximasse daquela gente. Os mais resistentes saíam em busca de algum alimento para os que não podiam mover-se e muitos não voltavam mais, sofrendo o apedrejamento das mãos ignorantes ou padecendo sob leis rigorosas. Maria de Nazaré sentia a necessidade de testar seu próprio coração, rente aos corações dos que mais sofriam dor e isolamento.

            A mãe de Jesus começou a visitar o Vale das Flores sozinha. Até mesmo seus mais chegados companheiros não suportavam a idéia de aproximação com aquele tipo de gente, muitos já em estado de decomposição. Para aquela aproximação era necessário muito amor, o que não faltava no coração de Maria. À primeira visita, eles se assustaram, demorando-se para chegar perto daquela cândida mulher. Pensaram que era louca, pois somente loucos poderiam ir ter com eles, a não ser os contaminados pela terrível doença. Mas aquela mulher não era louca. A sua loucura era o amor por toda a humanidade. Com o decorrer do tempo, eles acreditaram que existia o amor, que havia pessoas que os amavam de coração, tratando-os como se fossem seus filhos, como o eram de Deus. Muitos já haviam perdido a fé no Senhor, devido ao abandono em que se encontravam e ante os sofrimentos a que estavam se submetendo, muitas vezes, do berço ao túmulo.    

            ... Maria conseguiu, certo dia, reunir todos numa espécie de acampamento e lhes falou com entusiasmo, sentindo todos eles como seus próprios filhos do coração. Ao mesmo tempo, Jesus pregava aos seus discípulos, instruindo-os, na qualidade de Mestre dos mestres, quando fez um intervalo na sua fala, entrando em profunda meditação, a que todos os discípulos respeitaram. O filho de Maria apareceu à sua mãe, que falava à grande assembléia de sofredores. Maria sustou a palavra, deixando o silêncio como ambiente de respeito e suspirou com alegria.

            Jesus, com leve sorriso em seus lábios de luz, disse na faixa que sua mãe registrou com facilidade:

            - Mãe!... Como te quero! O meu coração se alegra, na alegria que ofertas a esses que tanto amo e que deves amar como a mim. Sinto que os teus passos marcam a tua grandeza, distribuindo esperanças aos que sofrem e paz aos atribulados! Entrega o teu coração, como fonte de esperança para os filhos do infortúnio e eterniza tua alegria para a alegria dos que te cercam!

            Mãe, quando quiseres me ver, vem ao encontro destes desprezados da sociedade! Quando sentires necessidade da minha presença, vestes os nus.

            Estou sempre com os que não tem teto e estarei contigo sempre, porque atendes a voz de Deus, no mundo da tua consciência. A paz te deixo, a paz te dou!...

            E desapareceu deixando um perfume embriagador, que se misturou ao das próprias flores do campo, notado por todos os presentes. Maria de Nazaré saiu daquele estado de êxtase, deu um sorriso de satisfação e disse no silêncio d’alma:

            -Graças a Deus!... Estou verdadeiramente no céu, mesmo pisando a terra... Como se enganam os homens e, principalmente, os sacerdotes, buscando Deus e os anjos nos templos suntuosos!

            ... Maria de Nazaré, na sua beleza singular, apoiada em uma grande pedra, sentia-se assentada em cadeira preparada somente para os reis. O conforto se movia no espírito. À sua frente, se encontravam em torno de três centenas de leprosos, ansiosos para ouvi-la. Todos tinham fome de amor e carência de paz. Eles, rejeitados pela sociedade, embora vivessem em comunidade, mais se toleravam mutuamente do que se amavam. Desconheciam o amor, aquele amor na sua expressão divina, de tudo dar sem pedir nada em troca.

            ... E Maria falou a todos eles, conduzida pelo coração:

            - Meus filhos!... Não quero distância de vós! Se assim fosse, aqui eu não estaria; porém, devo falar quem sou, para justificar a minha presença neste ambiente de Deus. Sou a mãe de Jesus, sou Maria de Nazaré!...

            Houve um suspense em todas as criaturas que estavam ali reunidas. Todos já haviam tido notícias do Messias e dos seus feitos; muitos deles tinham fugido, na calada da noite, para ver se encontravam o Salvador. Os que conseguiram, nunca mais retornaram ao ambiente de tristeza e desprezo onde antes viviam, nem para dar uma palavra de consolo aos que ficaram!

            Tomaram um susto muito grande, renovando-lhes a esperança, ao ver a mãe do Mestre frente a frente. Seria um socorro do céu? Por aquele meio, quem sabe, se Jesus não viria até eles? Não sabiam que o Mestre já ali estivera, em corpo espiritual, abençoando-os através de sua querida mãe.

            Maria passou seus grandes olhos em todos e notou que muitos deles choravam, mas de alegria, nascendo em seus corações a esperança de algum dia ver ou, pelo menos, se possível, tocar as vestes do Salvador do mundo. A mãe do Mestre, convicta, tocada pela luz do amor, falou novamente com carinho e confiança:

            - Sou a mãe de Jesus, mas sou também a mãe de todos vós, na mais profunda expressão dos meus sentimentos. Este lugar em que vós encontrais é também o meu lar, porque sei que nele vou encontrar os filhos do meu carinho e aqueles que irão me compreender na posição de mãe do Messias prometido pelas escrituras sagradas. Quero vos dizer o que ouvi dEle e tenho ouvido dos anjos!

            Eu quero vos transmitir o que aprendi na lida da própria natureza. Vós estais afastados da sociedade humana, mas não da sociedade divina. Para nos confortar os corações e vos ajudar a crer na bondade de Deus, existem entre vós, anjos do Senhor, como enviados dEle, em número três vezes maior do que o que representais. Compreendo as vossas necessidades e sinto o que deveis buscar.

            A vida não termina no túmulo! Foi para isso e para outras coisas que o Messias chegou ao mundo: para dizer e afirmar que a vida continua depois da morte do corpo! O que passais pelas chagas é um pequeno testemunho, para mais tarde solidificardes mais fé e limpardes as mazelas da alma, pois que não soubestes aproveitar a liberdade de pensar, de falar e de fazer. Os frutos vêm depois do plantio!

            Sabemos que o mundo está turvado de ódio e de maledicência, empenhado em nefastas alianças e mancomunado com as sombras. Mas Deus, sendo Pai de bondade, de amor e de justiça, não deixa seus filhos se perderem em profundos labirintos; as suas mãos de luz alcançam todas as profundidades e conseguem abençoar todas as criaturas, mesmo as mais infelizes. Jesus é o Messias prometido, como também o Salvador de todos os povos. Ele vem nos mostrar os melhores caminhos que deveremos trilhar, para não cairmos em novas tentações. Ele é a luz que afasta todas as trevas dos nossos corações!... Quem andar com Ele não perderá a direção dos céus...

            Eu quero vos falar muito! Eu posso vos dizer coisas frente às quais a própria dor ficará esquecida, porque vou vos falar em espírito e verdade, como meu filho está falando aos povos de todas as nações. Ele não veio somente salvar os judeus, porém, para abraçar os gentios e samaritanos, gregos e romanos, egípcios e outros povos e raças. A humanidade irá comungar com suas idéias, porque elas são as idéias de Deus!

            Eu vos peço para não vos desesperardes com tantos infortúnios! Eles são premissas de uma vida melhor e de uma paz próxima, como as trovoadas são prenúncios de chuva. Não duvideis da minha palavra, porque elas são vida, que irão modificar vossos corações no aspecto dos sofrimentos e aquele que tiver fé no coração, sem que a dúvida possa manifestar-se em seu peito, verá a luz e sentirá a cura física e espiritual de todas as suas enfermidades!

            O que deveis esperar mais dos homens em termos materiais? Certamente que muito pouco. Quando temos, eles, na maioria das vezes, nos tiram, bem como quando precisamos deles, eles nos desprezam, para que possamos conhecer os verdadeiros valores, os valores do espírito. Vós não sabeis a alegria que me toca neste instante! É uma alegria que vem do coração, que mesmo quem a sente não sabe explicar. Há muitas coisas do espírito que nós sabemos somente sentir. Mas anima a certeza de que todos vós estais compreendendo o que vai por dentro de mim.

            Quero vos falar de muitas coisas que entendo e daquilo que ouvi de pessoas cuja conduta não deixa pessoa alguma delas duvidar. Tenho ansiedade que me ouçais e compreendais que são bem aventurados os que sofrem, pois deles está próxima a paz de consciência; que são bem-aventurados os que são renegados pela sociedade humana, porque deles é o reino da Luz; que bem-aventurados são os que estão distanciados das alegrias humanas e transitórias, porque são deles as alegrias imortais!

            Sei que passam pelos vossos corações sentimentos tisnados pela incompreensão dos próprios familiares! Quantas mães aqui não se encontram, pela incompreensão, apartadas dos seus filhos, maridos e parentes? São muitas, bem sei. Quantos pais fizeram morada no Vale das Flores e não mais viram os seus filhos, mulheres, parentes e amigos, pois todos desapareceram? Essa dor profunda que somente quem ama a entende, vem fazer um trabalho maravilhoso em vossos corações, vem operar um milagre de porte grandioso em vossos sentimentos, vem transformar o apego em desprendimento e o amor em divino, aquele que universaliza todos os sentimentos! Essa dor por que passais é uma escola das mais respeitáveis, porque ainda não foi encontrada outra com tamanhos recursos de burilar as almas, iluminado-as para a verdadeira felicidade.

            Estais mais próximos da luz do que os que trilham nos caminhos do erro, as vezes sorrindo por fora, mas apagados por dentro, por alimentarem o maior entrave à paz de coração: a ignorância. E foi para combater as trevas do espírito que desceu do céu o Messias, com todo o seu fulgor, com toda a sua bondade e amor, e, ainda mais, sendo o sábio dos sábios, para ensinar aos próprios sábios os caminhos do amor. Não vos desespereis!... Nunca vos desespereis em tempo algum, pois o desespero apaga a luz do entendimento e nos desvia das diretrizes da consciência reta.

            Sei que de agora em diante não vai faltar assistência para os vossos corações. Outros companheiros virão com muitos recursos, como eu também estarei convosco, até que a vontade de Deus determine a modificação de minha vida. Tende confiança no soberano Senhor do Universo, que os céus virão à Terra, como se manifesta por essas flores que embelezam esses vales!

            Não queirais colocar-me como diferente de vós, considerando-me uma mulher livre de sofrimentos. Eu sofro também. Sou mãe que deve confiar mais em Deus, porque meu filho, bem o sabeis, tem uma missão espinhosa na renovação do mundo, dentro de uma humanidade que tem ouvidos, mas não quer ouvir, tem olhos, mas não quer ver! Os caminhos por onde ele deve trilhar estão cheios de espinhos, lobos vorazes e dardos sem piedade. No entanto, devo sofrer menos que as outras que ignoram a verdade, porque sou consciente das luzes que já estão se derramando pela boca de Jesus, como sendo palavras de Deus.

            Meus filhos, a vida na Terra é uma passagem rápida, as formas são breves. Porém, a Luz que brilha na carne com essência divina, essa vive na imortalidade, recolhendo experiências e despertando valores para o próprio conforto. A consciência tranqüila é um estímulo santo permanente, que desconhece esmorecimento, porque vive na felicidade contínua, aquela de poder trabalhar no serviço de Deus, na conscientização do amor.

            Agora eu já posso pedir a todos vós, como mãe e companheira, para que não blasfemeis em hipótese alguma. A blasfêmia é um corrosivo da alma, que tira o sossego da consciência. Compreendo que estais afastados das criaturas que chamais de sãos; entretanto, não sabeis que muitos deles são mais enfermos do que todos vós juntos!? Quem não obedeceis às leis de Deus é enfermo de maior profundidade. Se quereis ser curados, restabeleci-vos primeiramente pelos caminhos da educação e da disciplina dos impulsos inferiores, que juntos podereis testemunhar diante dos outros no que já melhorastes.

            Quantas palavras falais durante o dia neste convívio de dor? Centenas, milhares. Já atinaram sobre quantas delas são imprestáveis para a boa conduta? Já meditastes nos pensamentos que surgem em vossas mentes a todo momento, que a boca tem vergonha de transformar em palavras? Pois bem, procurai pensar nisto e começai hoje a vos modificardes! Agora mesmo, neste trabalho divino de mudança, é que as dores e os infortúnios vão sendo esquecidos como que por encanto, devido à nova posição que deveis tomar em nome de Deus, dos céus e dos anjos.

            Se quereis guardar o que ouvis, podeis fazê-lo. Não existe idade que o interesse não supere; não existe condições que a boa vontade não ganhe, quando a dignidade abençoa os bons propósitos. Se sois iletrados, não vos preocupeis, pois podeis fazê-lo somente com o que ouvistes. Ainda mais, existe uma força excelente  que todos sabem usar e se a quereis exercitar, é a oração, ato divino que aprendemos desde criança e que, quando velhos, jamais deixamos de praticar. A prece nos conforta e coloca Deus com mais evidência dentro de nós!

            Vamos esquecer a dor! Não precisais estar no seio da sociedade judaica ou romana, grega ou egípcia, para desempenhardes um papel ante os semelhantes. Onde estiverdes, aí poder trabalhar, viver e amar, como se estivésseis nos melhores lugares do mundo. Se sois portadores dessa doença que repugna os homens, como quereis forçá-los a aceitarem as vossas companhias? É, pois, uma espécie de violência da parte dos que sofrem.  Se não quereis violência para vós, como quereis para eles? Vivei juntos aqui mesmo, até o dia em que Deus determinar, que Ele não deixa seus filhos na orfandade. As suas leis justas sempre põem os iguais a se reunirem. Isso é grandioso, mas o seu amor e a sua misericórdia nos faz nivelar a todos, quando a compreensão ilumina o nosso íntimo com a luz do amor!

            Esta foi a fala de Maria naquele local e naquela época. Acredito que não é preciso mais considerações para vermos como está tão atualizado no trabalho que pretendemos fazer.

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em 28/04/2014 às 00h01
 
27/04/2014 06h28
NOVA CONSCIÊNCIA CRISTÃ (2)

            Ontem, sábado, dia 26-04-14, o grupo que iniciou com o Seminário Nova Ordem Social, que passou a se denominar Nova Consciência Cristã, se reuniu no Campus da UFRN/Caicó, com as seguintes pessoas: 1) Kerginaldo, 2) César, 3) Alcides, 4) Dinelza, 5) Patrícia, 6) Francineide, 7) Vicente, 8) Elias, 9) Simone, 10) Navegante, 11) Soniete, 12) Adriana, 13) Sandra, 14) Francisco, 15) Ivânia, e 16) Eugênia.

            Sandra, na condição de coordenadora dos trabalhos, abriu a reunião para cada um colocar o pensamento quanto a forma de realizar o trabalho que ficou decidido no último encontro, de fazer uma intervenção na comunidade do João Paulo II. Patrícia colocou os contatos que fez e que já tem o compromisso da participação de uma cantora e dos escoteiros nesse dia que ficou decidido ser chamado de “Encontro Fraterno”.

            Após diversas considerações feitas por todos, foi decidido iniciar as atividades na comunidade no dia 17-05-14, com a denominação de”Encontro Fraterno”, uma espécie de trabalho piloto, uma preparação para um trabalho mais amplo que será realizado no primeiro sábado de junho, dia 07-06-14.

            Resolvemos todos ir até a comunidade conhecer o local. Para mim foi uma grande surpresa. Pensava que eu iria encontrar um bairro mais estruturado, mas é uma favela um pouco melhorada. Fomos logo rodeado por diversas crianças e um senhor que se aproximou com aparência embriagada, sujo. Conversei um pouco com ele que disse morar sozinho e que uma das meninas que estava perto de nós era sua neta, fato que a garota confirmou. Observamos a casa de apoio onde o trabalho seria realizado, duas casas coladas uma na outra. Casas normais daquela comunidade. Na frente um espaço livre, irregular e com mato que deveria ser trabalhado na limpeza para poder ser utilizado.

Aquilo tudo não era nada do que eu pensava!   

            Eu pensava que o bairro já era estruturado, com várias escolas, igrejas... Com mais de um espaço tipo auditório que pudesse ser feito as atividades... Ali não caberia nada do que eu imaginava! Fiquei a pensar que nós quando queremos fazer a vontade de Deus, não é a nossa vontade que está em ação, e sim a vontade de Deus. A comunidade que eu imaginava estava dentro dos meus planos, a comunidade que eu encontrei é que estava nos planos de Deus. Aquela comunidade parecia mais aquela citada na Bíblia para onde iam os leprosos e que de lá não podiam sair para interagirem com a sociedade dita normal. Será que não seria assim? Será que a lepra existente atualmente e que equivale aquela do passado não é a condição da miséria humana, da ignorância da dignidade, da indigência de recursos? Quem devia se adaptar de imediato a essa situação seria eu!

            Assim fiz. Passado o primeiro instante de frustração passei logo a imaginar como trabalhar com esse povo que não tinha um mínimo de organização, de infra-estrutura, de perspectivas? Teríamos que fazer tudo a partir do zero. O trabalho de assistencialismo que estava sendo proposto deve ser realizado, mas a ênfase maior deve ser dada por todos ao trabalho de conscientização, de evangelização.

            Como foi dito na reunião antes de sairmos, o bem deve se organizar e usar toda a inteligência para se confrontar com o mal e sem usar as armas dele, do mal, procurar levar à luz as consciências, mesmo que associado a isso tenhamos que promover a multiplicação dos pães e peixes como Jesus fez. Nossa multiplicação de pães e peixes será a sopa que iremos oferecer. Atenderemos o estômago daquelas pessoas e esperamos que ele, o estômago, dê liberdade para a mente pensar nas nossas palavras, nas lições do Cristo que levaremos através do Evangelho e de nossa prática, nosso próprio comportamento.

            Temos que ter o mapa daquela comunidade para irmos a cada rua e procurar identificar consciências que tenham pelo menos uma chispa de luz brilhando em sua mente, para que sejam convidadas a se integrarem ao nosso trabalho. Feito isso temos que ter a humildade de reconhecer que o nosso trabalho envolve a doação do nosso tempo, algumas vezes dos nossos recursos, sem nenhuma outra perspectiva de recompensa, a não ser de saber que somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai e que Ele espera que sejamos todos amigos. Ele espera que nossos títulos acadêmicos ou cargos sociais sejam colocados de lado no processo de formação de amizades. Ele espera que tenhamos a humildade de sentar para aprender com eles o que eles sentem, esperam e o que acham de nossas atividades junto a eles.

            Ao fazer essas considerações vem a minha mente o trabalho que Maria se propôs a fazer no Vale das Flores, uma comunidade composta de leprosos e que estavam abandonados e hostilizados pela comunidade dita normal. Assim também era essa comunidade denominada João Paulo II. Colocarei para o próximo texto neste diário, o que Maria falou para aquela comunidade para avaliarmos o quanto parece ser o que devemos ouvir ou ler quanto o trabalho que queremos fazer, como filhos obedientes ao Pai.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/04/2014 às 06h28
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