Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
03/02/2013 05h09
A DEPRESSÃO DE FRANCISCO

            Francisco de Assis andava depressivo, a Ordem que havia fundado estava com os princípios distorcidos pelos intelectuais que desejam uma instituição mais pragmática do ideológica ou utópica, mais burocrática que evangélica. Clara sabendo disso, manda o seguinte recado: “Irmão Francisco, acendeste as nossas chamas e agora deixas que se apaguem? Abriste as nossas bocas e agora as deixas sem pão? Plantaste essas plantinhas e agora as deixa sem regar? Pensas se não estarás faltando com tua palavra de cavalheiro. Esqueceste que somos suas Damas Pobres? Precisamos de ti. Quem sabe se tu também não precisas de nós? Esperamos-te para o almoço. Vem.”

            Francisco refletiu: “Clara tem razão. Acendi uma chama. Clara acendeu-se em minha chama. Na chama de Clara acenderam-se as outras irmãs e nós todos entramos na fogueira do Amor. Sim, fui eu quem acendeu a grande aventura. Sou o responsável. Clara tem razão. Não é correto plantar uma roseira e deixá-la sem cultivo. Não posso permitir que essas tochas se apaguem.”

            Essa reflexão de Francisco foi importante; a ajuda de Clara foi fundamental. Francisco despertou para uma missão e se sentia derrotado por ver que seus ideais estavam sendo distorcidos. Não conseguia perceber que ele tinha muitas pessoas ao seu lado que foram convertidas por sua fé intensa. Que essas pessoas dependiam da integridade do seu pensamento. Que não poderia abandonar o seu pensamento, a sua fé, a sua prática, pois várias pessoas haviam acreditado no que ele havia professado.

            Quando reflito sobre essa situação de Francisco, aumenta a responsabilidade com o que fiz até hoje. Também, como Francisco, eu recebi na consciência uma missão, a de praticar o Amor Incondicional com toda a honestidade em todos os relacionamentos com a Natureza. Principalmente com os relacionamentos afetivos, a base constitutiva da família que irá ser formada de acordo com a qualidade do Amor que será praticado. Mesmo ainda sem a clareza que tenho hoje dessa minha missão, desenvolvi ao longo da vida relacionamentos afetivos com base no Amor Incondicional, na justiça, na solidariedade, na ética. As mulheres que se envolveram comigo conheceram essa forma de Amor Incondicional. Mesmo que aceitassem que esse tipo de amor é o mais perfeito e o que mais se aproxima da essência do Criador, não acreditavam que pudesse ser colocado em prática dentro de um relacionamento afetivo onde predomina o amor romântico com base na exclusividade, no ciúme, na posse. Ficavam junto de mim, mas quando percebiam que minhas convicções são fortes e que meu afeto não pode mais ser dominado pelo amor romântico, que ninguém pode ter a exclusividade da minha capacidade de amar, da minha intimidade, da minha sexualidade, desistiam de mim, chegavam a me expulsar dos seus convívios e desenvolviam raiva, até ódio, em suas frustrações por não atingir o que desejavam. Isso é próprio do amor romântico, a facilidade que ele tem de se transformar num sentimento oposto como o ódio. Mas o Amor Incondicional tem outra natureza, de acordo com o que está colocado na Bíblia em ICor.13: “...O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal...”

            Dessa forma, eu, como amante incondicional, nao posso me comportar como um amante romântico de ter o mesmo comportamento de minhas companheiras que permanecem pensando e sentindo assim. Assumo a condição de sofredor por ver todo o meu esforço de amar se deteriorar entre elas em sentimentos negativos; pratico a benignidade em qualquer circunstância, esteja eu sendo amado, odiado ou com indiferença; jamais terei inveja do bem maior que minhas amadas alcançarem, pelo contrário, estarei sempre disposto a colaborar com suas evoluções, com seus crescimentos individuais, mesmo que elas desenvolvam afetos ao lado de outras pessoas; jamais irei tratar o sentimento de nenhuma delas com leviandade, sei que elas sofrem por não conseguirem sair do padrão do amor romântico, sou solidário a elas, só não posso fazer minha transformação para chegar aonde elas querem; nunca irei me ensorbecer devido o Pai ter colocado ao meu alcance tantas almas capazes de amar, são atributos do coração delas aos quais respeito com devoção; jamais serei indecente, de não respeitar o pudor ou os bons costumes; serei sempre discreto para que minhas ações não sejam causa de escândalo, que estejam sempre dentro de um procedimento ético, de não fazer ao próximo o que não quero para mim; meus interesses pessoais sempre serão colocados subalternos aos interesses da companheira, isso é o que justifica o ponto crítico de continuar a amá-la da mesma forma, mesmo que ela decida caminhar na vida com um outro companheiro; procuro não me irritar com suas incoerências de concordar viver comigo sabendo da minha opção pelo amor incondicional e criticarem a consequencia desse tipo de amor, que é a inclusão de todas, é a capacidade de amar a todas, é o de não abandonar ninguém; e procuro não suspeitar mal de nenhuma, por mais que elas reajam com raiva, que me abandonem, que falem mal.

            Esta é a natureza do meu amor, é o que está registrado nos livros sagrados, é o que tento praticar com integridade, justiça e transparência, da mesma forma que Francisco fez com relação à Dama Pobreza. No meu caso é o Senhor Amor Incondicional. Infelizmente não tive a sorte ainda de acender a chama de nenhuma de minhas companheiras desse Amor Incondicional, o máximo que consigo é ativar a chama do amor romântico até o nível da paixão. Mesmo assim, jamais abandonarei nenhuma delas, fazem parte da minha família, por mais distante que se encontrem, tanto no afeto, quanto no tempo, quanto no espaço. E a minha chama de Amor Incondicional permanece acesa, é minha missão, pronta a servir a qualquer um que chegue e tenha condições suficientes e necessárias para acender sua luz na minha. É assim que compreendo colaborar para a criação do Reino de Deus.

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em 03/02/2013 às 05h09
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02/02/2013 06h22
AMOR E FÉ

            Um casal visitou um orfanato com a intenção de adotar um menino. Ao conversar com um garoto que lhes agradou, eles contaram detalhadamente como era a linda casa em que moravam, todos os brinquedos e coisas que podiam lhe dar, e os planos que tinham para ele. O menino ouviu tudo com atenção e respondeu: “Se é só isso que vocês vão me dar posso ficar aqui mesmo”. A mulher ficou bastante surpresa e perguntou: “Mas o que mais você quer?” – Que vocês me amem, que vocês me queiram como filhos; respondeu o menino.

            Isso era o mais importante! Os brinquedos e todas as outras coisas materiais não podem satisfazer o coração. Mesmo o supremo luxo não é capaz de preencher a alma. Nosso coração anseia por amor e segurança.

            A Bíblia dá um passo adiante e declara que Deus colocou a eternidade no coração dos homens (Eclesiastes 3:11). Isso significa que, além das coisas materiais, a paz definitiva que nosso coração deseja não está nem mesmo no amor e na segurança dos relacionamentos humanos. A necessidade mais profunda de nosso coração sedento e exausto só pode ser satisfeita pelo próprio Deus, que nos criou e colocou tais necessidades dentro dele.

            Essas observações mostram como é importante termos amor e fé, nos relacionamentos, e principalmente no próprio Deus. Na minha condição de amante incondicional posso provocar insegurança nos relacionamentos com pessoas que ainda estão dominadas pelo amor romântico, ficam com medo do abandono quando estou ao lado de outras pessoas. Mesmo que exista o amor dentro dos nossos relacionamentos, falta a fé na eternidade desse sentimento, e daí o medo do futuro. Não compreendem que o amante incondicional jamais abandonará ninguém, que todos serão tratados com justiça e solidariedade, que o potencial de cada um será desenvolvido com o objetivo de sua felicidade e em beneficio de todos. Que a beleza do relacionamento múltiplo que o amante incondicional proporciona está na confecção de um mosaico de relacionamentos afetivos, sem ciúmes ou competições, onde prevalece a mútua ajuda em prol de todos e da comunidade em geral, onde a aplicação da Lei máxima do Amor (Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo) é uma constante diária. Falta a fé no amante romântico neste mundo visionário em que vive o amante incondicional. Enquanto elas sofrem, cada uma por seu lado, sem nem ao menos terem condições de dialogarem sobre os seus medos e padecimentos, o amante incondicional continua o seu caminho com a sensação real de que ainda está sozinho.

            Falta a fé do amante romântico também em Deus, pois se Ele colocou cada uma na beira do caminho em condições de receber as sementes deste novo Reino, logo vem Satanás e as faz morrer antes de germinar, como ensina a parábola do Mestre Nazareno. Não conseguem nem entrar no caminho! Olham o semeador passar e tem medo de o seguir, as criticas e agressões do mundo velho ao seu redor as perturbam e as deixam paralisadas, com medo e com sofrimento. Sentem que é a passagem do amor, mas os velhos sentimentos do amor romântico de exclusão e favoritismo, as deixam algemadas ao velho mundo com seus paradigmas do egoísmo individual.

            Sinto que o amor permeia a tudo e a todos, mas falta a fé! Falta de fé no amante incondicional, falta de fé em Deus, que é quem o instrui!

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01/02/2013 06h11
PERFIL DO AMANTE INCONDICIONAL

            O amante incondicional é aquele que tendo conhecido e absorvido a pureza do Amor Incondicional em sua vida, como a própria essência do Divino, decide a colocar em prática com toda a honestidade, como se fosse uma missão ditada pelo próprio Deus em sua consciência. O primeiro passo para isso é transformar o seu paradigma de vida, da orientação do amor romântico para o amor incondicional. Depois de ter vencido essa etapa, de ter ultrapassado os próprios preconceitos, quando estiver disposto a arcar com todas as consequências da aplicação do amor incondicional, então estará pronto para o estabelecimento de relações nessa base. Irá ser muito combatido, criticado e até expulso e excluído, num mundo dominado pelo amor romântico, o qual forma a base da família nuclear, esteio de toda a sociedade de predomínio egoísta.

            O amante incondicional respeita e acata Deus como o seu Pai e inspirador final, que pode ser visto de formas diferentes conforme as várias civilizações ou comunidades. É um universalista, não tem uma religião exclusiva, pela própria natureza do amor incondicional, ele inclui todas as religiões que respeita o Deus único, qualquer que seja a forma que seja apresentada.

            Eu, que me incluo no conjunto dos amantes incondicionais, respeito e acato o Deus de Amor apresentado por Jesus de Nazaré, o qual considero o meu Mestre maior e do qual tenho a principal lição que uso como bússola na minha vida: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo.

            O amante incondicional ama toda a natureza a qual ver como a criação do Pai, e principalmente ama o próximo como a semelhança de Deus, o corpo de cada ser humano como o templo de Deus.

            O amante incondicional por natureza é um criador de relacionamentos os mais diversos, principalmente os relacionamentos interpessoais, principalmente os relacionamentos de gênero, homem-mulher, que podem ir até o mais profundo de um relacionamento que é a relação íntima, sexual. Este nível de relacionamento é o mais emblemático, complicado e de difícil realização, pois é nesse ponto que entra em conflito com o amor romântico que exige a exclusividade. Mas, quando se afasta desse nível de relacionamento todos os impeditivos éticos, o amor incondicional não considera as barreiras culturais ou preconceituosas que obstaculizam o processo. O amor romântico não permite de nenhuma forma a inclusão de outras pessoas na intimidade do relacionamento. É criado dessa forma uma barreira intransponível entre o amante incondicional e o amante romântico.

            O amante incondicional acata e acolhe, pratica e se harmoniza com o amor romântico, no momento do exercício do relacionamento, em qualquer nível que ele esteja, até o mais profundo, da relação sexual. O amante romântico não acolhe e não acata, não pratica e não se harmoniza com o amor incondicional quando este chega ao nível mais profundo, da relação sexual, com outras pessoas.

            O amante incondicional está fadado a caminhar sozinho no mundo dominado pelo amor romântico, pois todos os relacionamentos que construir, por mais cheios de amor como ele sabe como ninguém proporcionar, ao chegar ao nível da profundidade sexual, implodirá com uma profunda carga de sofrimento. A única forma de viabilizar o relacionamento com harmonia, profundidade e sentimento de eternidade, é que o amante romântico se converta também em amante incondicional, que seja também um exclusivista nas suas diversas relações, quando a oportunidade chegar.

            Enquanto isso não chega, o amante incondicional caminha sozinho, mesmo que ao seu redor esteja cercado de amantes românticos, mas nenhum deles harmoniza com os seus paradigmas, com a sua prática, com a sua universalidade do amar. São pessoas que amam, mas estão sempre a sofrer, a recuar, a abandonar, a expulsar, a criticar... são pessoas em conflito e perdem assim o que de mais importante o amante incondicional pode oferecer: a harmonia de um amor, profundo, inclusivo e eterno!

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31/01/2013 01h56
DUELO DE TITÃS

            No íntimo de nosso ser se desenvolve uma luta de titãs, duas forças poderosíssimas se enfrentam. Uma é o Amor Incondicional, reconhecidamente por todas as inteligências como a maior força do universo, a que está associada ao próprio Deus. A outra é o amor romântico, associada ao corpo biológico e seus instintos, principalmente o instinto da preservação da espécie, o instinto sexual. O espírito para o seu crescimento moral deve vir estagiar na carne e aprender a se comportar sob a pressão egoísta dos instintos. Acontece que todo o mundo espiritual de onde ele se desloca, é esquecido quando chega no mundo material. Muitos nem acreditam que tal mundo espiritual exista e que a vida se resume apenas no pequeno intervalo de tempo que passamos na terra. O amor incondicional que permeia todo o Universo termina por ficar obnubilado na consciência do espírito que se encontra encarnado. O indivíduo acredita que o seu corpo é a sua essência e que nada mais existe além dele. Dessa forma fica controlado quase completamente pelas forças instintivas e quando o amor romântico se apossa da sua mente na forma de paixão, pode cometer os maiores desatinos, inclusive matar a pessoa que é alvo do seu “amor”, inclusive destruir a si mesmo. Porém quando a pessoa consegue alcançar a compreensão do mundo espiritual e da existência e da força do Amor Incondicional, por uma questão lógica o deixa no seu paradigma de vida como motor principal de sua vida. Então essa pessoa necessita subjugar a força do amor romântico aos princípios do amor incondicional em seu próprio íntimo. É o primeiro embate dos dois titãs. A luta é difícil, mas a pessoa consegue vencer pois está ao lado da maior força do universo e tem a consciência de sua preponderância frente a qualquer outra força.

            Agora, o embate maior é quando essa pessoa que já venceu os obstáculos e tem o Amor Incondicional como princípio de sua vida em todos os setores, estabelece relacionamentos com pessoas que não tem essa compreensão e que prevalece em seu paradigma de vida o amor romântico como força prática a orientar o seu comportamento. Pode até compreender que o Amor Incondicional é o mais importante para gerar uma sociedade saudável, fraterna, uma família universal, mas está mergulhada em leis e preconceitos que justificam e priorizam o amor romântico, sua exclusividade, sua família nuclear, o egoísmo que gera as misérias sociais. O militante do amor incondicional se ver cercado de pessoas dentro de seus relacionamentos, inclusive íntimos, obedece ao princípio da inclusão, não há bloqueios para o fluir do seu amor, a não ser os de caráter éticos. As pessoas ao seu redor priorizam o amor romântico, o ciúme, a exclusão, a intolerância... Mesmo que tenham toda uma formação religiosa, das mais caridosas ou beatas, não conseguem ter a abertura para o fluir do amor incondicional no campo da sexualidade. É como se fosse um paredão que dividisse ideologias, como acontecia com o muro da vergonha na Alemanha. Essa pessoa dirigida pelo amor romântico faz sua auto critica severa, de um comportamento inadequado, imoral, pernicioso, com todo o apoio da sociedade ao redor, principalmente dos familiares.

            Como se unir dessa forma um praticante do Amor Incondicional com um praticante do amor romântico? Torna-se impossível! É necessário que haja realmente uma conversão do amor romântico para o amor incondicional, de forma honesta e corajosa, pois caso contrário o desastre será certo. Não coloco a possibilidade do Amor Incondicional se converter ao amor romântico, pois isso é racionalmente impossível, é como se a verdade se convertesse em mentira. É mais provável o Amor Incondicional viver pela terra de forma solitária, apenas com companhias circunstanciais enquanto o fragor da batalha não lhe arrefece os ânimos.

            Assim é como me sinto, cheio do Amor Incondicional, de características divinas, inclusiva, tolerante, fraterna, solidária, mas cercado de pessoas cheias de amor romântico, que sofrem com a minha ausência, por saber que naquele momento estou ao lado de outra, que não permitem a inclusão de pessoas que também precisam permear o amor incondicional. Sinto também que no fragor dessa batalha o sangue que corre é o sofrimento de todos os lados. Mais uma vez eu penso que é melhor me afastar de todas e assim evitar o sofrimento, mas vem o Pai na minha consciência e diz para que eu não me afaste da luta, que esse é o caminho para o seu Reino, que Ele colocou pessoas ao meu lado que têm condições de superar essas dificuldades, mas se não tiver ficam pelo caminho à espera de outras oportunidades que deverão vir, pois a clemência do Pai é infinita. Acato o Seu conselho e sofro as dores de minhas companheiras que não atingem o nível de colocar o Amor Incondicional em primeiro plano. Rogo ao Pai que dê forças e sabedoria a elas, para tomarem a decisão mais apropriada para seus corações, e se for para se afastar de mim, não tenham compaixão por me verem sozinho nessa estrada da vida que o Senhor me indicou e que eu aceitei.

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em 31/01/2013 às 01h56
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30/01/2013 20h53
CHAMADO DOS APÓSTOLOS

            Na Audiência Geral do dia 22-03-06, na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI dizia o seguinte: “O chamado dos Apóstolos marcou os primeiros passos do ministério de Jesus, depois do batismo recebido do Batista nas águas do Jordão. Segundo a narração de Marcos (1,16-29) e de Mateus (4,18-22), o cenário do chamado dos primeiros apóstolos é o lago da Galiléia. Jesus acabara de iniciar a pregação do Reino de Deus, quando o seu olhar pousou sobre duas duplas de irmãos: Simão e André, Tiago e João. São pescadores, empenhados em seu trabalho cotidiano. Lançam as redes, e as recolhem. Mas outra pesca os espera. Jesus os chama com firmeza, e eles os seguem imediatamente: agora serão pescadores de homens. Lucas, embora seguindo a mesma tradição, faz uma narração mais elaborada. Mostra o caminho de fé dos primeiros discípulos, esclarecendo que o caminho para o seguimento lhes chega depois de terem escutado a primeira pregação de Jesus e experimentado os primeiros sinais prodigiosos por Ele realizados. Em particular, a pesca milagrosa constitui o contexto imediato e oferece o símbolo da missão de pescadores de homens, que lhes foi confiada. O destino desses “vocacionados”, dali em diante, estará intimamente ligado ao de Jesus. O apóstolo é um enviado, mas, antes disso, é um “perito” em Jesus.

            “Eram homens na expectativa do Reino de Deus, desejosos de conhecer o Messias, cuja vinda era anunciada como iminente. Para eles basta a indicação de João Batista, que aponta em Jesus o Cordeiro de Deus, para que brote neles o desejo de um encontro pessoal com o Mestre. As frases do diálogo de Jesus com os primeiros dois futuros apóstolos são muito expressivas. A pergunta: “O que procurais?”, eles respondem com outra pergunta: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?”. A resposta de Jesus é um convite: “Vinde e vede”. Vinde para poder ver. A aventura dos apóstolos começa assim, como um encontro de pessoas que se abrem reciprocamente. Começa para os discípulos um conhecimento direto do Mestre. Veem onde mora e começam a conhecê-lo. De fato, eles não serão anunciadores de uma ideia, mas testemunhas de uma pessoa. Antes de serem enviados a evangelizar, deverão “estar” com Jesus, estabelecendo com Ele uma relação pessoal. Sobre essa base, a evangelização nada mais será do que um anúncio daquilo que foi experimentado, e um convite para entrar no mistério da comunhão com Cristo”   

            Fico tentado a colocar toda essa experiência de Jesus na minha experiência pessoal. Tenho a convicção de que também fui chamado por Deus para uma missão, a missão de praticar o Amor Incondicional da forma mais pura, sem se limitar a preconceitos de qualquer natureza, ou se desviar devido a força de qualquer potência, por exemplo, o amor romântico. Os apóstolos que Ele escolheu, todos homens, se contrapõem aos companheiros que o Pai me ofertou, todas mulheres. Isso porque, com o Cristo, era importante a disseminação da Boa Nova, da vinda do Reino de Deus. na atualidade, é importante que o Reino de Deus seja viabilizado na prática, obedecendo inclusive as leis da natureza que também foram feitas pelo Pai. Assim, as mulheres são as pessoas mais importantes para formar com o homem a base do relacionamento mais harmônico possível com base no Amor Incondicional, na inclusividade de todos, na formação da Família Universal. Sei que isso parece uma miragem para quem ouve pela primeira vez essa história, mas para mim que tenho na mente e a pratico há anos, tudo parece se encaixar perfeitamente na vontade do Pai e que sou considerado por Ele uma peça fundamental nesse processo evolutivo.

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em 30/01/2013 às 20h53
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