Houve um momento no historia de Francisco de Assis, que ele rompe com a sociedade para seguir a vontade de Deus que foi instalada pela graça em sua consciência. Inácio Larrañaga escreve em seu livro “O irmão de Assis” que: Abrira-se uma distância invencível entre ele e a família, entre ele e a sociedade. Já não havia nada de comum entre eles. Ninguém o compreendia nem podia compreender; vivia em outro mundo. A família e a sociedade firmam os pés sobre o senso comum, sobre a plataforma de convencionalismos e necessidades, às vezes naturais, às vezes artificiais: é preciso casar-se, ter filhos, ganhar dinheiro, construir um prestígio social... é difícil, quase impossível, ser livre nesse ambiente e a pessoa que quer seguir Jesus até as últimas consequências precisa antes de tudo da liberdade, e não há liberdade sem saída.
Incrível como essa interpretação da vida de Francisco se ajusta ao que penso e das consequências que advém por querer seguir a vontade de Deus em minha consciência, apesar do paradigma de vida diferente. De tudo que foi dito acima, só faço restrição de duas coisas que podem ser aplicadas ao meu paradigma, mas não ao de Francisco: ter filhos e ganhar dinheiro. Acredito que ter filhos faz parte da Lei da Natureza e que ganhar dinheiro é importante para manter um padrão digno de sobrevivência e de capacidade de ajudar o próximo. Tudo fica ajustado ao meu Senhor, o Amor incondicional, mas não se ajusta a sua Senhora, a Pobreza. A construção de um prestígio social dentro dos meus paradigmas está associada ao bom serviço que eu possa prestar à sociedade dentro de minha capacidade técnica adquirida. Isso não ofende ao Amor Incondicional e desde que eu mantenha esse prestígio social longe do orgulho, da vaidade e da injustiça, ele será útil para o cumprimento da minha missão que está alicerçada principalmente nos relacionamentos.
Vejo que postar neste blog os temas de minha experiência cotidiana centrando na vida de pessoas santas, exige um tempo maior para complementar informações com procura em diversas fontes, o que muitas vezes não tenho devido os compromissos que tenho que respeitar. Assim voltarei a fazer como antes, as leituras que estarei fazendo no momento de postar o blog, quaisquer que sejam suas fontes, são as que irão orientar minhas reflexões.
Cada um de nós recebe de Deus uma missão para cumprir na vida de acordo com sua capacidade adquirida ao longo tempo de aprendizado nesta e principalmente, em outras encarnações. Quando voltamos aos bancos escolares da escola material, o espírito traz na sua memória mais profunda todas as conquistas das lições anteriores, da mesma forma que um aluno que retorna escola tradicional vai ser matriculado onde o seu grau de aquisição de conhecimentos o permite, dentro de uma escala hierárquica.
Assim foi com Francisco, o santo de Assis. Chegou ao lar de Bernardone e Pica, que como seus pais biológicos o educou e propiciaram recursos financeiros para uma vida fácil e libertina. Mas o Pai espiritual de Francisco tinha outros projetos para ele e lhe deu a missão totalmente inversa ao que seu pai biológico queria. Francisco tinha preparo para não atender nem ao seu pai biológico, nem aos senhores da terra, reis e papas, na condição de cavaleiro, empunhando uma espada. Francisco também tinha preparo para atender ao chamado espiritual do Pai, seguindo o exemplo de Jesus e elegendo a Senhora Pobreza como paradigma de vida.
Como todos tem sua missão, eu também reconheço a minha que traz muita semelhança em alguns aspectos com a missão de São Francisco. Na sua transformação lenta ao longo do tempo, na sua referência toda especial a Jesus Cristo como modelo a ser imitado, mas não quanto a pobreza que ele escolheu como paradigma de vida. O paradigma de vida que escolhi foi com o Senhor Amor Incondicional e suas diversas manifestações. A partir daí toda uma diferença surge na forma de seguirmos a vontade do Pai e cada um com a essência do Criador em nossos corações e nossos atos.
Este humilde e douto frade, filho do nobre castelão de Peñafort, na Catalunha, sempre se esforçava para evitar honrarias e prestígios, mas nem sempre conseguia. Quando o papa Gregório IX comunicou sua intenção de nomeá-lo arcebispo de Tarragona, ficou tão consternado a ponto de cair gravemente enfermo.
Aceitando o cargo de confessor do rei Tiago de Aragon, não titubeou em reprovar seu comportamento escandaloso numa expedição à ilha de Maiorca. Precisava voltar para Barcelona, mas devido a esse incidente o rei proibira a quem quer que fosse de transportá-lo em alguma embarcação. Raimundo respondeu: “O rei da terra pode impedir o uso dos recursos humanos, mas o rei do céu tem outros caminhos”.
Caminhou na direção do mar, estendeu sua capa sobre a água e amarrou uma ponta numa vara para servir de vela. Em seguida, fazendo o sinal da cruz, pisou resoluto na capa e lançou-se no mar.
Nesse novo tipo de embarcação navegou com tal rapidez que, em seis horas alcançou o porto de Barcelona, a sessenta léguas de Maiorca.
Os que o viram chegar assim, receberam-no com aclamações jubilosas. Mas ele, recolhendo sua capa, dirigiu-se para o mosteiro, como se nada de extraordinário tivesse acontecido.
Existe uma capela e uma torre no local onde se supõe tenha desembarcado, após viagem tão inédita quão incrível.
Percebo no comportamento de São Raimundo uma ligação forte com Deus que o faz se esquivar de responsabilidades e honras materiais, mas ao mesmo tempo mostra firmeza no trato com os poderosos, quando observa afronta aos bons costumes que a Lei de Deus permite e orienta. Parece muito com o comportamento de El Cid, um herói espanhol profundamente religioso que empreende ferrenha batalha com os mouros alicerçado numa fé radiante e respeito humilde ao seu monarca, mas que fez esse jurar sobre uma bíblia que era inocente de ter mando matar seu irmão.
É um exemplo a ser seguido.
É neste dia que as igrejas ocidentais celebram a Epifania, a manifestação de Cristo aos gentios. E é nesse dia que as igrejas ortodoxas orientais comemoram o Natal.
Apesar de não haver relato bíblico sobre os nomes conhecidos tradicionalmente como os três Reis Magos, e que não seriam reis nem necessariamente três, mas sim, talvez, sacerdotes da religião zoroástrica da Pérsia ou conselheiros, diz-se três pela quantia dos presentes oferecidos.
Talvez fossem astrólogos ou astrônomos, pois, segundo consta, viram uma estrela e foram, por isso, até a região onde nascera Jesus, dito o Cristo. Assim os magos sabendo que se tratava do nascimento de um rei, foram ao palácio do cruel rei Herodes em Jerusalém na Judeia. Perguntaram eles ao rei sobre a criança. Este disse nada saber. Herodes alarmou-se e sentiu-se ameaçado, e pediu aos magos que, se o encontrassem, falassem a ele, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo. Até que os magos chegassem ao local onde estava o menino, já havia se passado algum tempo, por causa da distância percorridas, assim a tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de janeiro.
A estrela, conta o evangelho, os precedia e parou por sobre onde estava o menino Jesus. "E vendo a estrela, alegraram-se eles com grande e intenso júbilo" (Mateus 2:10). "Os Magos ofereceram três presentes ao menino Jesus: ouro, incenso e mirra, cujo significado e simbolismo espiritual é, juntamente com a própria visitação dos magos, ser um resumo do evangelho e da fé cristã, embora existam outras especulações a respeito do significado das dádivas dadas por eles. O ouro pode representar a realeza (além de providência divina para sua futura fuga ao Egito, quando Herodes mandaria matar todos os meninos até dois anos de idade de Belém). O incenso pode representar a fé, pois o incenso é usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmos 141:2). A mirra, resina antiséptica usada em embalsamamentos desde o Egito antigo, nos remete ao gênero da morte de Jesus, o martírio, sendo que um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus (João 19:39-40), sendo que estudos no Sudário de Turim encontraram estes produtos.
A visita dos “Reis Magos” e a dos pastores se complementam de forma extraordinária. Os dois grupos não poderiam ser mais distintos um do outro. Racialmente, os pastores eram judeus, enquanto os magos eram gentios. Intelectualmente, os pastores eram simples e iletrados, enquanto os magos eram estudiosos, homens sábios do oriente. Socialmente, os pastores pertenciam ao mundo dos desfavorecidos, já os magos eram ricos.
A despeito dessas barreiras raciais, intelectuais e sociais que geralmente separam as pessoas umas das outras, os magos estavam unidos aos pastores em sua adoração ao Senhor Jesus. Eles foram precursores de milhões de outros gentios que vieram a adorá-lo.
Existe outra versão de que existiu um quarto rei mago que atrasou na partida e atrasou mais ainda pelo caminho, porque parava dezenas de vezes para socorrer os necessitados.
Deu assistência a um doente abandonado em sua choupana, repartiu a merenda com os famintos, deu água do seu cantil para quem estava com sede, entregou o próprio manto real a um velho que tremia de frio, resgatou e libertou um bando de escravos, ajudou e confortou os condenados a morte, repartiu dinheiro com muita gente, deu a própria coroa.
Assim transcorreram mais de trinta anos. Afinal chegou trêmulo e envelhecido às portas de Jerusalém, numa sexta feira. Pesava o silencio e o luto na cidade. Haviam crucificado um homem que só fizera o bem. A cruz onde fora pregado ainda se via no alto do monte.
O velho rei chorou junto à cruz vazia, enquanto se lamentava: “Vim para ver o Messias, mas perdi minha viagem.” Avista um homem de branco que vem ao seu encontro. O velho, entre soluços, falou da sua missão e contou quantas vezes e porque parou pelo caminho. Então o homem de branco respondeu:
- Se foi por isso, você não perdeu a viagem, pois encontrou-se com o Messias tantas vezes quanto parou para socorrer os necessitados.
Depois, mostrando-lhe as mão chagadas, acrescentou:
- O que você fez a esses pequeninos, foi a mim que você fez. Vá em paz!
Vejo como a comprovação de uma profecia feita por diversos profetas no passado que diziam falar em nome de Deus, o nascimento de Jesus com todo esse aparato, inclusive mobilizando uma estrela para sinalizar um evento local. Como essa informação agride violentamente a Lei de Deus, de funcionamento harmônico do Universo, acredito que a citação de uma estrela tem o caráter simbólico e que pode ser justificado por outras possibilidades, como a existência de um disco voador que viria dar o arremate final, de sinalizar o nascimento na terra do ser mais evoluído que já foi encarnada, que iria dar uma melhor direção aos relacionamentos verificados na terra.
Jesus teve esse privilegio e a convicção de ser o filho de Deus e que em função de sua obediência, veio em paz na condição de um cordeiro pronto para ser imolado e deixar uma forte lição para ser seguida ao longo dos séculos.
Considero-me uma das suas ovelhas, que vivia perdida por esse mundo de ilusões, com a tendência de acumular tanto quanto fosse possível, de bens materiais. Foi devido a chance que tive de conhecer o Evangelho, que fez mudar os meus paradigmas e hoje a perseguição de bens espirituais estão em primeiro plano.
João Nepomuceno nasceu em 1811 em Prachatitz, cidade da República Checa, sul da Boêmia, com população atual de 11.789 pessoas. Dizia que seus pais eram ótimos cristãos e que o pai lhe deu castigo severo quando criança por faltar a verdade. Daí em diante não mais faltou a verdade, o castigo foi salutar. Tinha grande amor pelos livros a ponto da mãe reclamar dizendo que era maluco pelos livros. Não fazia apenas ler, refletia e procurava aprofundar o que havia lido. Nos passeios levava sempre um livro à mão, não queria se sentir ocioso. Compreendia que era necessário a mortificação dos sentidos para se progredir na virtude e aos 16 anos alimentava-se só uma vez por dia, pela manhã e pela tarde alimentava-se com um simples pedaço de pão seco. No segundo ano do estudo da Teologia desenvolveu uma forte vocação de ser missionário na América do Norte e a partir desse momento não pensava em outra coisa.
Suas memórias revelam a seriedade com que procurava chegar à perfeição cristã, é comovedor o tom de humildade na acusação de suas mais insignificantes faltas. Dizia que era um solitário, que todos fugiam de si, os maus porque não concordava com seus planos e os bons porque procuravam os perfeitos.
Enfim começou o sacerdócio na América com muita dedicação aos pobres e necessitados até com a custa de sua saúde, e chegou a ser o Bispo de Filadélfia onde desenvolveu muita atenção a criação de escolas. A condição de Bispo não lhe tirou a dedicação do sacerdote. Morreu relativamente jovem, 48 anos, pelo excesso do trabalho realizado, morreu caminhando, ia ao correio despachar uma encomenda para um padre: foi o seu último gesto de caridade.
Tenho o mesmo gosto de Nepomuceno, posso ser considerado um devorador de livros, talvez mais do que ele, pela quantidade de livros que coloco em leitura, mesmo não tendo tanto tempo disponível para isso. Apesar de não ser adepto da mortificação dos sentidos para privilegiar o desenvolvimento das virtudes, também costumo fazer uma só refeição durante o dia, sem a ajuda dos pães que ele usava pela manha e a tarde. O que complica em mim é que quando tenho oportunidade como mais de três vezes ao dia e em grande quantidade. Tenho esse acordo com a gula, de deixá-la repremida algum tempo, mas logo que possível a deixar liberada. Isso não acontecia com Nepomuceno, era firme no controle da gula. Com relação ao distribuir da caridade e se oferecer até em sacrifício pessoal em função do próximo, não há comparação. O Bispo de Filadélfia tem muito mais estrutura caritativa, até mesmo em comparação com seus pares.