Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
30/12/2012 01h01
EXEMPLOS E JULGAMENTOS

            Nós fomos criados por Deus simples e ignorantes enquanto espíritos e a partir daí compete o nosso esforço para superar a ignorância, sempre em busca da verdade. Nessa progressão de aprendizado durante a vida, teremos muitas dificuldades pela frente, de erros cometidos, de caminhos inconvenientes... O que é mais complicado é que nosso espírito passa a administrar um corpo físico e se confunde com ele, as vezes nem sabe que existe um mundo espiritual onde a realidade da vida se origina dele. A nossa ignorância na matéria fica cada vez mais severa e é preciso que alguma ajuda possa vir em nosso socorro. Foi assim com Jesus Cristo, enviado como o ser mais perfeito que em nome do Pai tinha como missão ensinar as lições básicas para sairmos do atoleiro da ignorância, das exigências do mundo material, principalmente dos instintos animais que herdamos como forma de sobrevivência da matéria. Jesus nos deu o seu exemplo que temos acesso através do Evangelho. A forma dele dar suas lições teóricas e práticas, dentro de todo seu contexto de vida, serve como exemplo a ser seguido. Mas, mesmo os seus discípulos mais próximos, não seguiram o seu exemplo ao pé da letra, sempre tinham uma maneira própria de agir, até o ponto de um deles o trair. Mesmo assim ele não julgava ninguém, entendia as dificuldades de cada um e estava disposto a compreender e tolerar, mesmo dizendo qual o caminho da verdade.

            Ao longo do tempo muitas pessoas tentaram seguir o exemplo do Cristo e usaram para isso a sua forma de entender e a disposição de agir. Foi assim com Francisco de Assis, que privilegiou a pobreza e a mortificação da carne. Não é que ele tenha visto Jesus ter feito assim, Jesus não se envolvia tanto com a pobreza, não mortificava o seu corpo. Mas por causa disso vamos julgar como errado o comportamento de São Francisco? Ou do seu pai que via o seu filho perdido como um louco? Não é nosso o papel de julgar. O nosso papel é de aprender! E o aprendizado através de exemplos é o mais eficaz. O exemplo de Jesus, de Francisco de Assis, de Gandhi, de Nelson Mandela, de Madre Tereza de Calcutá, de meus pais, de meu próximo... são tantos exemplos! Devemos ver a autoridade de quem nos dá o exemplo para focar com mais atenção e ver o que podemos aplicar no nosso comportamento, de acordo com a nossa consciência, afinal na consciência é que está escrito a Lei de Deus, que é o nosso Pai maior e autoridade determinante acima de qualquer modelo que chega até nós. Assim, agradeço a todos irmãos mais elevados espiritualmente que com seus esforços deixaram um modelo para minha orientação. Sigo a mensagem do Sermão da Montanha dita por Jesus, sigo a oração da fraternidade de São Francisco, e sigo o Amor Incondicional do Pai, onde qualquer modelo deve se enquadrar sob pena de o rejeitar.

            Também procuro evitar ao máximo que as influências do meu corpo, do meu ego, influenciem o meu pensamento e o meu comportamento, caso contrário eu passo a julgar todos que não se comportem de acordo com o que considero correto.

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29/12/2012 21h04
O TRABALHO É UMA PRECE

            Já ouvi esta assertiva e aceitei, mas sem muita convicção. Como o trabalho, algo tão material, poderia substituir uma prece que é essencialmente espiritual? Mas hoje eu posso confirmar esse paralelismo entre a prece e o trabalho.

            Sei da importância da prece e como desejo evoluir bastante no campo espiritual durante esta minha atual permanência neste mundo material, sempre fico me sentindo desconfortável por não fazer como acho que deve ser, a prece, pelo menos uma vez ao dia, na hora de dormir. Sempre fico fazendo alguma tarefa, geralmente lendo ou digitando algum texto. Esqueço-me de fazer a prece e quando acordo no outro dia vem o sentimento de frustração.

            Ontem resolvi organizar o material de trabalho e demais objetos que estavam entulhados no meu apartamento e que dificultava até encontrar alguma coisa que precisava. Iniciei logo cedo da noite disposto a fazer pelo menos a organização básica, do que estava armazenado dentro de caixas. A noite passou, a madrugada chegou até que deu lugar a entrada do sol no firmamento. O sono não teve chance, pois além de eu estar me mexendo de um lado para outro, colocando os objetos de forma organizada nos lugares convenientes, estava também chupando dindim e o gelo era mais uma forma de manter-me alerta. Quando terminei e fui para a cama o relógio marcava 06:30 horas. olhei para o horizonte, para a formação das nuvens que subiam iluminadas pelo sol e o constante movimento de vai-e-vem do mar à minha frente e pensei que tudo era obra de Deus, que Ele estava no comando de tudo. Levei para a cama uma leitura que não cheguei a completar um parágrafo. Dormi de imediato e acordei com um telefonema de um compromisso que tinha assumido para as 10:00 horas.

            Ao refletir sobre as atividades do dia anterior, percebo que mais uma vez não fiz a prece como devia, o que minha exigente consciência sempre fica a reclamar. Mas dessa vez não senti nenhuma censura da minha consciência, ficou satisfeita com o trabalho que realizei. Como na consciência está incluída a Lei de Deus, chego a conclusão que o trabalho que realizei foi realmente um substituto a altura da prece. Poderia até pensar em fazer isso mais vezes, porém o desgaste físico é muito alto para ser feito disso uma atividade regular. É muito mais conveniente fazer a prece e estabelecer a comunicação adequada e necessária com o mundo espiritual. O trabalho como o que realizei, serve como uma compensação necessária enquanto eu não atinja o nível de rotina com a prece. Devo ficar atento para isso, já sei que o trabalho compensa a prece não realizada, então, quando eu sentir que estou “endividado” com a responsabilidade da prece, devo fazer o trabalho na mesma intensidade que fiz ontem.

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29/12/2012 00h46
O EXEMPLO DE FRANCISCO

            Acredito que o exemplo de São Francisco de Assis seja pontual, para mostrar a possibilidade de viver com extrema pobreza e humildade. Caso o seu exemplo servisse de modelo a toda humanidade, a nossa civilização sofreria um grande retrocesso. Posso estar enganado, mas veja o que está escrito no Capítulo XIX da Biografia primeira de Celano, do livro Fontes Franciscanas e Clareanas:

            “51 ... Com todo empenho, com toda solicitude, guardava a senhora santa pobreza, não permitindo, para não chegar a ter coisas supérfluas, que houvesse em casa sequer um pequeno vaso, pois que mesmo sem ele poderia fugir da escravidão da extrema necessidade. Dizia, pois, que era impossível satisfazer à necessidade e não se tornar escravo do prazer. – Difícil ou rarissimamente admitia alimentos cozidos e, quando admitidos, muitas vezes, ou os condimentava com cinza ou extinguia o sabor do condimento com água fria. 52 ...E quando, como acontece, despertava nele o apetite de comer alguma coisa, dificilmente consentia em comê-la. Aconteceu uma vez que, enfraquecido pela enfermidade, depois de ter comido um bocado de carne de frango, tendo retomado de algum modo as forças do corpo, entrou na cidade de Assis. E depois que chegou à porta da cidade, ordenou a um irmão que estava com ele que lhe amarrasse uma corda ao pescoço e assim o arrastasse como a um ladrão por toda a cidade, clamando e dizendo com voz de arauto: Eis, vede o glutão que se engordou com carnes de galinha, que ele comeu, estando vós a ignorar. 53 ...Tornara-se para si mesmo como um vaso perdido; sem estar onerado por nenhum temor, por nenhuma preocupação com o corpo, expunha-o valorosamente aos maus tratos para não ser forçado a desejar algo temporal por amor de si próprio. Verdadeiro desprezador de si, instruía de modo útil pela palavra e pelo exemplo a desprezarem-se também a si mesmos.”

            Como fazer desse um modelo para a humanidade? Serve como exemplo de que podemos controlar nossos impulsos tanto os sociais como os fisiológicos de forma extrema e mesmo assim sobreviver. Respeito o amor que ele tinha pela Natureza em todos os seus aspectos, materiais e biológicos, mas não posso aceitar tanto desprezo pelo corpo e seus mecanismos que também são dádivas de Deus para conosco. Devo sim, aprender a conviver com esses instintos e os colocar a serviço da vontade Deus pela operacionalização do organismo, mas não subjugá-lo às raias de destruição.

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28/12/2012 00h31
FRAGMENTOS DE SÃO FRANCISCO

            “Nenhuma tentação te perturbe, filho, nenhum pensamento te exacerbe, porque és caríssimo para mim e saibas que, entre os que me são especialmente caros, és digno de minha afeição e amizade. Vem ter comigo com segurança, quando quiseres, e usa a linguagem da familiaridade” (FFC, pg 232).

            Estava dando continuidade a leitura de “Fontes Franciscanas e Clareanas” que faço sequencialmente desde 08-05-12, quando me deparei com esse trecho. Como estou envolvido em relacionamentos afetivos que tendem a formação de uma família ampliada, mas que traz fortes desconfianças por parte de todos os envolvidos, todos muito ligados ao exclusivismo que caracteriza o amor romântico, achei pertinente esse trecho. Francisco de Assis fala para um dos seus seguidores de nome Ricério, que tinha muitas dúvidas quanto poder alcançar e ter perfeitamente o seu afeto. Ricério temia muito que Francisco o detestasse por alguma razão oculta e assim o privasse da graça de sua afeição.

            Como sempre recebo instruções vindas do Pai através das mais diferentes mensagens, principalmente aquelas de características espirituais, entendi que esse era um recado que reforça o meu comportamento e que serve para eu repassar para quem caminha ao meu lado.

            Então, eu uso as palavras de Francisco de Assis e as repito para minhas companheiras da atualidade: nenhuma tentação de perturbes, minha filha. Isto é, nenhuma ideia de destruição de afetos já construídos, de sentimentos de rejeição, de carências de reconhecimentos, consiga perturbar a paz de vossos espíritos; nenhum pensamento te exacerbe, pois és caríssima para mim. Que nenhum pensamento negativo crie força suficiente para quebrar a ligação afetiva que o Pai permitiu que construíssemos como um modelo para a implantação do seu Reino no mundo material; e saibas que entre os que me são especialmente caros, és digna de minha afeição e amizade. Tens um lugar especial em meu coração que é destinado para amar toda a natureza, principalmente os meus semelhantes – que jamais minha forma de amar inclusiva que o Pai me determinou, sirva para lhe trazer mágoas ou ressentimentos, pois assim como eu,você também está ao serviço do mesmo Pai; Vem ter comigo quando quiseres, e usa a linguagem da familiaridade. Nenhum obstáculo existe em mim para a vossa aproximação, vem quando quiseres e usa a linguagem da familiaridade, que consideres todas as outras como irmãs que como você também passam por dificuldades, que tenhas a consciência de que, além da família nuclear que possuis, estás agora a construir a família universal que é o desejo de nosso Pai.

            Incrível como essas palavras de Francisco de Assis dirigidas a um companheiro cheio de dúvidas e temores na formatação de uma família baseada na pobreza sob a influência de Deus, servem perfeitamente para o momento que atravesso onde existe tantas dúvidas e temores em minhas companheiras quanto a formatação de uma família baseada no amor incondicional e também sob a influência de Deus.

            Peço ao Pai sabedoria para interpretar com fidedignidade a sua vontade e a colocar em prática com amor e justiça.

 

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26/12/2012 23h04
A LUZ DO CRISTO

            Quando consideramos a maioria da população, verificamos que o ser humano vive nos chiqueiros da imoralidade, da degradação, da corrupção. Talvez por isso, aquele que foi predestinado a ser o Salvador dessa humanidade por ordem do Pai, tivesse que nascer em uma estrebaria.

            Sem a luz do Cristo, ricos ou pobres, instruídos ou ignorantes, viveriam no aviltamento moral, presos à hipocrisia, à falsidade e aos seus impulsos egoístas de natureza animal, sem qualquer perspectiva de superação de suas motivações rasteiras.

            Mesmo com a luz do Cristo a iluminar muitas consciências, a fazê-las entender a necessidade de mudança do padrão animal para o padrão angelical, para a criação do Reino de Deus a partir de nossa mudança interna, e dos padrões de nossos relacionamentos, ainda sentimos muita dificuldade de colocar essa luz crística em nossa prática cotidiana.  

            Eu tive conhecimento dessa luz desde a tenra infância, com a primeira comunhão, missas, e outros eventos católicos onde minha prática espiritual era direcionada por minha avó. Apesar de estar na presença da luz, foi depois de muito tempo, já amadurecido, já formado, já com filhos, que percebi a essência dessa luz e da importância em minha vida. Hoje procuro a colocar em prática, colocar o candeeiro acima da minha cabeça para que todos também percebam a luz. Procuro retirar os entulhos egoístas do coração, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo. Apesar dessa firme determinação, ainda sinto que estou muito distante de uma perfeição. Uma simples oração, um ato de agradecimento, de comunicação com os entes espirituais que nos assistem constantemente, eu não consegue realizar com eficiência, com disciplina. Qualquer prazer ou desprazer consegue eu desviar do caminho da perfeição e entrar por desvios que não levam a nada de positivo. Felizmente eu me considero, sem falsa modéstia, que estou um pouquinho acima da média quando é considerada a capacidade de perceber a luz e a de integrar no comportamento. Sei de muita gente, a maioria, que mesmo seguindo na teoria o que preconiza a luz, na prática não conseguem se desvencilhar dos interesses materialistas e a luz do amor incondicional fica encoberta nas trevas da incompreensão, intolerância, preconceitos e tantos outros vícios e pecados.

            Rogo ao Pai que permita sempre a minha sintonia com a LUZ DO CRISTO e que eu seja um bom espelho na difusão com toda sua claridade ao meu redor, que seja capaz de iluminar a trilha de qualquer irmão que de mim se aproxime, sem qualquer forma de preconceito, sem qualquer tipo de ressentimento.

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em 26/12/2012 às 23h04
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