Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
29/12/2013 01h15
LIVRE ARBÍTRIO

            Mais uma vez vejo a pertinência de reproduzir um dos textos das minhas leituras diárias, pois se encaixa bem com o conteúdo das reflexões que estou fazendo até agora. Encontrei em “O Livro dos Espíritos” no Livro III, capítulo X e são essas as questões e respostas:

            843 – O homem tem livre arbítrio dos seus atos?

            - Visto que ele tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem livre arbítrio o homem seria uma máquina.

            844 – O homem goza do livre arbítrio desde o seu nascimento?

            - Há liberdade de agir desde que haja liberdade de fazer. Nos primeiros tempos da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades. A criança, tendo pensamentos relacionados com as necessidades de sua idade, aplica seu livre arbítrio às coisas que lhe são necessárias.

            845 - As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer, não são um obstáculo ao exercício do livre arbítrio?

            - As predisposições instintivas são as do espírito antes de sua encarnação. Conforme for ele mais ou menos avançado, elas podem solicitá-lo para atos repreensíveis, e ele será secundado nisso pelos espíritos que simpatizam com essas disposições, mas não há arrebatamento irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.

            846 – O organismo não exerce influência sobre os atos da vida? Se ele exerce influência, não o faz com prejuízo do livre arbítrio?

            - O espírito, certamente, é influenciado pela matéria que o pode entravar em suas manifestações. Eis por que, nos mundos em que os corpos são menos materiais que sobre a Terra, as faculdades se desdobram com mais liberdade, mas o instrumento não dá a faculdade. De resto é preciso distinguir aqui as faculdades morais das faculdades intelectuais; se um homem tem o instinto de homicida, é seguramente seu Espírito que o possui e que lhe transmite, mas não seus órgãos. Aquele que anula seu pensamento para não se ocupar senão com a matéria, torna-se semelhante ao bruto, e pior ainda, ele nem sonha mais em se precaver contra o mal, e é nisto que é culpado, visto que age assim por sua vontade.

            847 – A deformação das faculdades tira ao homem o livre arbítrio?

            - Aquele cuja inteligência está perturbada por uma causa qualquer, não é mais senhor do seu pensamento e, desde logo, não tem mais liberdade. Essa deformação frequentemente, é uma punição para o Espírito que, em uma existência anterior, pode ter sido vão e orgulhoso e ter feito mal uso de suas faculdades. Ele pode renascer no corpo de um idiota, como o déspota no corpo de um escravo, e o mal rico no de um mendigo; o Espírito sofre esse constrangimento, do qual tem perfeita consciência, e aí está a ação da matéria.

            848 – A aberração das faculdades intelectuais por embriaguez escusa os atos repreensíveis?

            - Não, porque o bêbado está voluntariamente privado de sua razão para satisfazer paixões brutais: em lugar de uma falta, ele comete duas.

            849 – Qual é, no homem em estado selvagem, a faculdade dominante: o instinto ou o livre arbítrio?

            - O instinto, o que não o impede de agir com uma inteira liberdade para certas coisas. Mas, como a criança, aplica essa liberdade às suas necessidades, e ela se desenvolve com a inteligência. Por conseguinte, tu que és mais esclarecido que um selvagem, és também mais responsável que ele pelo que fazes.

            850 – A posição social, algumas vezes, não é um obstáculo à inteira liberdade dos atos?

            - O mundo tem, sem dúvida, suas exigências. Deus que é justo e leva tudo em conta, mas vos deixa a responsabilidade do pouco esforço que fazeis para superar os obstáculos.

            Esse texto coloca em xeque o projeto que desenvolvo e que tenho em mente ser a vontade de Deus para a minha existência. Será que o meu livre arbítrio não está contaminado pelos desejos da carne? É isso que essas perguntas tentam levantar e que devo colocar minha opinião em cada questão e suas respostas.

            843 – Sim, tenho a consciência que tenho o meu livre arbítrio e que posso decidir em fazer o bem ou o mal.

            844 – O meu livre arbítrio se desenvolve desde o meu nascimento e cada vez que eu adquiro mais conhecimento, mais fico responsável por fazer a escolha correta entre o bem ou o mal. Foi por isso que decidi praticar o amor incondicional dentro do relacionamento homem-mulher e construir assim uma família ampliada.

            845 – As minhas predisposições herdadas constituem um desafio para a minha correta aplicação do Amor Incondicional. Herdei dos meus pais uma forte tendência à sexualidade, a geração do amor romântico e por conseqüência a libertinagem. Foi com grande senso de justiça que me mantive equilibrado e passei a usar essa força do instinto sexual para fortalecer na prática o Amor Incondicional.

            846 – Claro que o organismo tem grande influência sobre o comportamento, mas o Espírito deve se mostrar à altura de vencer as pulsões internas que procuram o prazer individual, mesmo em detrimento do bem estar do próximo.        

            847 – Depende do grau de deformação que possa existir no corpo, que deixa o homem tanto debilitado moral e intelectualmente ou também super excitado nos seus desejos egoístas. Em ambos os casos e principalmente no último, o espírito tem que se mostrar muito competente para evitar ações de prejuízo ao próximo.

            848 – A embriaguez deve ser controlada pelo Espírito, que muitas vezes se deixa dominar pelos desejos da carne e se torna escravo de suas compulsões.

            849 – O instinto é o elemento mais forte, mesmo exclusivo, ao nascimento. Mas a medida que crescemos e aprendemos, essa força instintiva deve ser controlada pelos interesses evolutivos do Espírito.

            850 – A posição social as vezes favorece a carne, outras vezes ao Espírito quanto ao comportamento que cada um deseja seguir.

            Assim, continuo a entender a necessidade de construir a família ampliada como uma vontade de Deus para que possamos construir o Seu reino na Terra, e que o meu livre arbítrio aceita sem nenhuma restrição, a não ser a de que eu não esteja capacitado para ação de tão grande envergadura. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/12/2013 às 01h15
 
28/12/2013 01h01
FAMÍLIA E EVANGELIZAÇÃO

            Em questionário enviado às paróquias de todo o mundo, preparatório para a Assembléia de Bispos de 2014, o Papa Francisco aborda a questão da família e a evangelização. Tudo começou às 4 horas da tarde do dia 7 de outubro, quando o pontífice entrou em seu carro particular, um Ford Focus azul, e saiu do Vaticano, sem comitiva nem escoltas ostensivas. Em menos de 10 minutos chegou à Rua da Conciliação, nº 34, sede da Secretaria do Sínodo dos Bispos.

            Ali um pequeno grupo de prelados começava a elaborar as questões sobre os desafios pastorais da Igreja acerca da família católica. Era o documento preparatório da III Assembléia-Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, reunião marcada para outubro do próximo ano.

            O Papa, de forte inspiração franciscana, que considera os seres humanos como ovelhas do seu redil, independente da formação acadêmica, financeira, política ou religiosa que venha a ter, pretendia ouvir a todos, apesar da limitadora ação dirigida apenas à “família católica”. Ele queria reforçar um pedido sobre as perguntas que depois seriam encaminhadas para mais de 5.000 bispos no mundo inteiro, que consultarão os católicos como se aplicassem uma pesquisa de opinião pública. Teria que ser redigida de forma direta, sem gongorismo (estilo eivado de afetação, de ornamentos e preciosismos), de modo a evitar respostas esquivas.

            Cerca de duas semanas depois, o texto de dez páginas e 38 questões tinha sido concluído e distribuído. E a Santa Sé divulgou oficialmente a enquete na internet e que impressiona pela clareza e pela coragem histórica das indagações. Trata de casamento de pessoas do mesmo sexo, de adoção por casais homossexuais, de divórcio, de matrimônios reconstruídos e muito mais daquilo tudo que, na Igreja, sempre foi tabu.  

            Fico encantado com a coragem do novo Papa, em imprimir nas ações da Igreja um comportamento mais próximo do rebanho e que não sejam somente os católicos as ovelhas desse redil. Ele transmite sinceridade nas suas falas e ações e como um bom jesuíta sabe o que fazer para entender o que afasta e o que aproxima as famílias do Evangelho. Ele sabe que o diálogo nasce de uma atitude de respeito pela outra pessoa e é sempre bom lembrar a história para entender um momento que soa como renovador. É comum um sínodo ter um questionário preparatório, nenhum até hoje foi elaborado de forma tão eloqüente. Basta comparar com o texto do sínodo de 1980, de João Paulo II, cujo tema também foi a família.

            Os bispos receberam um calhamaço de 46páginas sobre o assunto. As perguntas eram pouco objetivas. Antes de cada questão, um texto introdutório discorria vagamente sobre o tema abordado. Dizia o capítulo sobre o divórcio: “Segundo estatísticas, em algumas regiões um terço dos matrimônios termina em divórcio. As causas desse fenômeno são muitas. Por exemplo, o aumento da longevidade humana. Por isso, é necessário uma educação dos cônjuges ainda  mais apurada para que a vida conjugal seja mais prolongada”. Só então era feita a pergunta: “O que dizer sobre a situação da família nos diversos países no ponto de vista pastoral?”. Francisco, ao contrário, é direto: “Os separados e divorciados recasados constituem uma realidade pastoral relevante na Igreja?”.   

            Mesmo com tanto espaço para divagação, o sínodo de João Paulo II teve um papel crucial para as famílias católicas, abrindo espaço na Igreja para os casais em segunda união. Do encontro nasceu a Pastoral Familiar, com um setor dedicado a recasados.

            Também com base no sínodo o Papa João Paulo II publicou em 1981, o documento “Familiaris consortio”, no qual pedia um “empenho pastoral ainda mais generoso e prudente às famílias em circunstâncias particulares”.

            Mas há limites para quem quer mudar algo na Igreja, até mesmo para o Papa Francisco. O sínodo não vai alterar a palavra de Deus, da qual a Igreja é fiel depositária, assim pensa a Igreja. Portanto, o casamento indissolúvel, formado da união entre um homem e uma mulher, como mandam as escrituras, permanecerá intocado. O Papa não vai poder mudar essa doutrina cristalizada da Igreja que interpreta com rigidez as escrituras no que diz respeito aos outros. O que ele pode mudar é o tom em toca essas questões, com suavidade, tolerância e compreensão.

            Eu o respeito, Papa Francisco, por causa disso. Mas a essência do dilema ético existente no seio da família não está ao menos sendo tocado. O egoísmo que está dentro do amor romântico e que forma uma família nuclear voltada exageradamente para beneficiar o sangue em detrimento da massa de pessoas que são formadas em função disso em condição de pobreza e miséria. Eu o respeito Papa Francisco, por ter mudado o tom e tratar com mais humanidade todos que estão em situação especial e que querem de alguma forma constituir uma família tradicional, mas é preciso que alguém diga que essa família tradicional traz em seu bojo o germe do egoísmo e da exclusão, mesmo que tinture sua aparência com ações de caridade. A pobreza e a miséria jamais serão extintas, o Reino de Deus jamais será formado, se não fizermos uma faxina em nossos corações, extirpar de dentro o egoísmo, construir uma família honesta e transparente, sem hipocrisia, que seja nuclear ou ampliada, mas que pratique o Amor Incondicional com justiça e fraternidade.

            Papa Francisco, eu o respeito por sua humildade, sua coragem... Sou sua ovelhinha desgarrada, que ouço o seu chamado ao aprisco da Igreja, mas ouço também o chamado de Deus para outro aprisco que não encontro no horizonte, mas que vejo os seus sinais nas páginas amareladas do Evangelho que foi inspirado pelo Pastor dos pastores: Jesus Cristo! 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/12/2013 às 01h01
 
27/12/2013 03h14
LIBERDADE DE PENSAR E DE CONSCIÊNCIA

            Mais uma vez sinto o auxílio de Deus em colocar outro texto pertinente aos assuntos que estou refletindo e que merece ser reproduzido na íntegra e interpretado com cuidado. Está em dois títulos, “Liberdade de pensar” e “Liberdade de consciência” e que encontrei em “O Livro dos Espíritos, Livro III, Capítulo X:

            833 – Há no homem alguma coisa que escapa a todo constrangimento e pela qual ele desfruta de uma liberdade absoluta?

            - É no pensamento que o homem goza de uma liberdade sem limites, porque não conhece entraves. Pode-se deter-lhe o vôo, mas não aniquilá-lo.

            834 – O homem é responsável pelo seu pensamento?

            - Ele é responsável diante de Deus. Só Deus, podendo conhecê-lo, o condena ou absolve segundo a Sua justiça.

            835 – A liberdade de consciência é uma conseqüência da liberdade de pensamento?

            - A consciência é um pensamento íntimo que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos.

            836 – O homem tem direito de entravar a liberdade de consciência?

            - Não mais que a liberdade de pensar, porque só a Deus pertence o direito de julgar a consciência. Se o homem regula, por suas leis, as relações de homem para homem, Deus, por suas leis da Natureza, regula as relações do homem com Deus.

            837 – Qual o resultado dos entraves postos à liberdade de consciência?

            - Constranger os homens a agirem de modo contrário ao que pensam, torná-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso.

            838 – Toda crença é respeitável, mesmo que seja notoriamente falsa?

            - Toda crença é respeitável, quando é sincera e conduz à prática do bem. As crenças repreensíveis são as que conduzem ao mal.

            839 – É repreensível escandalizar na sua crença aquele que não pensa como nós?

            - É faltar com a caridade e golpear a liberdade de pensar.

            840 – É insultar a liberdade de consciência opor entraves às crenças capazes de perturbar a sociedade?

            - Podem-se reprimir os atos, mas a crença íntima é inacessível.

            Kardec – Reprimir os atos exteriores de uma crença, quando esses atos trazem algum prejuízo a outrem, não é insultar a liberdade de consciência, porque essa repressão deixa à crença sua inteira liberdade.

            841 – Deve-se, em respeito a liberdade de consciência, deixar se propagarem doutrinas perniciosas, ou se pode, sem insultar a essa liberdade, procurar trazer de novo ao caminho da verdade aqueles que se perderam por falsos princípios?

            Certamente se pode e, mesmo, se deve. Mas ensinar, a exemplo de Jesus, pela suavidade e a persuasão e não pela força, o que seria pior que a crença daquele a quem se quer convencer. Se há alguma coisa que seja permitido se impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o meio de fazê-los admitir seja o de agir com violência: a convicção não se impõe.

            842 – Todas as doutrinas tendo a pretensão de ser a única expressão da verdade, por que sinais se podem reconhecer aquela que tem o direito de se colocar como tal?

            - Será aquela que faz mais homens de bem e menos hipócritas, quer dizer, praticante da lei do Amor e da Caridade na sua maior pureza e na sua mais larga aplicação. Por esse sinal reconhecereis que uma doutrina é boa, porque toda doutrina que tiver por conseqüência semear a desunião e estabelecer uma demarcação entre os filhos de Deus, não pode ser senão falsa e perniciosa.

            Posso observar em todas as questões a pertinência no que estava refletindo nos últimos dias com respeito ao relacionamento homem-mulher como base da família e da sociedade. Incluirei agora no raciocínio questão por questão.

            833 – Sim, é no pensamento que tenho total liberdade, ele vai para os campos mais ousados e posso fazer o que quiser sem a preocupação de estar ferindo os direitos do próximo. Mesmo assim devo evitar pensamentos que eu veja claramente que levam prejuízo a terceiros, pois pode escapulir para o campo da realidade. E se queremos ser éticos conosco mesmo quando dizemos querer seguir os passos de Jesus como nosso Mestre, não é interessante eu estar pensando em algo degradante para o próximo, mesmo que isso nunca venha a ser expresso por palavras ou atos.  

            834 – Sou responsável por meus pensamentos, mesmo que algum surja no campo da minha consciência e que seja incompatível com meus princípios. Nesse caso eu não devo lhe dar nenhuma consideração e procurar desviar para pensamentos que sejam mais coerentes com aquilo que desejo fazer e mostro a quem tenha interesse em saber. Mesmo que ninguém venha a saber o que está acontecendo no meu campo mental, Deus sempre será o meu juiz em qualquer campo de minhas ações, implícitas ou explicitas.

            835 – Os pensamentos que surgem no meu campo mental e que os mantenho através do livre arbítrio, compõem a minha consciência. Faz parte da essência da minha liberdade e da qual devo prestar contas, principalmente frente a Deus.

            836 – Tenho esse direito de entravar a liberdade de consciência com relação a mim, não devo deixar progredir em meu campo mental pensamentos que são contrários às minhas intenções. Posso fazer e/ou seguir leis que são feitas para disciplinar as ações frutos desses pensamentos distorcidos. Dentro das leis da Natureza devo adequar o meu pensamento e comportamento para não as corromper, pois são elas que viabilizam minha relação com Deus.

            837 – Quando coloco entraves à minha liberdade de pensar para que não se forme consciência contrária às minhas intenções, estou agindo de acordo com a lei da Natureza que não permite abusos de qualquer tipo nas relações. O mesmo não é permitido para os outros. Não devo constranger os homens a agirem de modo contrário ao que pensam, como resultado de entraves colocado à sua liberdade de consciência. Isso iria torná-los hipócritas.

            838 – A crença que tenho num formato de família ampliada que leva ao amor inclusivo e uma sociedade mais fraterna, se torna respeitável porque é sincera e conduz à pratica do bem.

            839 – Não posso jamais escandalizar o irmão que não pensa como eu. Devo apenas mostrar as incoerências que eu observar no seu comportamento quando comparado com o meu. O resto é ele quem irá decidir com a sua liberdade de pensar.

            840 – Quando uma crença perturba a sociedade no que ela tem de falsa e hipócrita, isso é salutar. Quando a minha crença no amor inclusivo da família ampliada perturba o egoísmo do amor exclusivo da família nuclear, eu crio um movimento no seio da sociedade que tende a levar uma fraternidade mais ampla em todos os seus membros.

            841 – É essa a missão que o Pai destinou para mim. Mostrar a natureza perniciosa da família nuclear da forma que ela foi constituída e se mantém, sem insultar a liberdade de pensamento dos seus praticantes. Devo procurar trazer ao caminho da verdade, como Jesus ensinou, aqueles que se perderam por falsos princípios. Devo ensinar como o Mestre, pela suavidade e persuasão e não pela força; ensinar como podemos praticar o bem e a fraternidade sem preconceitos ou hipocrisia.   

            842 – Com essa questão coloco em teste a minha forma de pensar e que estabelece um tipo de doutrina. Verifico que ela tende a fazer mais homens de bem e menos hipócritas, pessoas praticantes da lei do Amor e da Caridade com maior pureza e mais larga aplicação. Por esse sinal é que reconheço que minha doutrina é boa, pois tende a semear a união e a inclusão de todos os filhos e filhas de Deus.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/12/2013 às 03h14
 
26/12/2013 01h01
A QUESTÃO DOS FILHOS

            Dentro das reflexões dos relacionamentos entre homens e mulheres que melhor contribuam para a formação de uma sociedade fraterna, próxima do Reino de Deus ensinado por Jesus, se encontra a questão dos filhos. Aparentemente eles são os mais prejudicados quando os seus pais biológicos se envolvem afetivamente com novos parceiros e com eles constroem ramos familiares. Para eles é mais confortável que seus pais fiquem junto de si durante toda a sua fase de desenvolvimento, maturação, independência, até que um dia os deixam e vão construir suas próprias famílias como está previsto na Bíblia. Observando à distância esse ciclo que se repete, parece que os pais são formados apenas para impulsionar os seus filhos dentro de uma base familiar exclusiva, egoísta, que não considera com justiça os direitos dos outros que pertencem a outras famílias. Daí tanta miséria social. Os pais, desde que tenham filhos, perdem o direito à sua individualidade quanto o pensamento do que podem realizar para atender com prioridade as suas intenções, caso essas não estejam relacionadas com o bem estar dos filhos.

            A formação de uma família ampliada implica num afastamento do pai por algum tempo da economia do lar, tanto afetiva quanto financeira. Claro que isso irá fazer falta ao filho, mas deve ser considerado os propósitos que existem por trás dessa falta. Por acaso esse pai também não fica ausente quando está trabalhando por turno, por dia, semanas e até meses fora de casa? Tudo isso não é justificado pelo papel de provedor que no momento ele realiza? Um papel que tem como objeto a manutenção e vida com dignidade do corpo físico? Por que então se o pai se afasta com o objetivo de cumprir um apelo consciencial com uma nova parceira, sem que isso acarrete ameaça ao provimento dos recursos materiais, seja tão proibido? Acredito que aconteça tão forte proibição devido o grau de extrema ignorância em que ainda estamos mergulhados.

            Existe também uma crítica muito forte, de que eu tenho responsabilidade de educar e criar com toda minha competência os filhos que Deus deixou sob minha guarda. Não posso deixá-los desamparados em busca de meus prazeres imediatos. Primeiro, não estou em busca de prazeres imediatos, dos prazeres sexuais, pois se assim fosse eu teria recursos bem mais fáceis de os conseguir através da prostituição. Segundo, o meu filho pode decidir, antes de descer para sua reencarnação, se deseja ficar sob os cuidados de um pai com o meu perfil. Acredito que muitos aceitarão, pois eu mesmo aceitei, acredito, vir a terra sob a guarda de um pai que nunca deu a devida atenção para mim, de afetos, de cuidados ou recursos financeiros. E mesmo hoje com toda essa compreensão do passado, não tenho nenhuma queixa dele, sinal de que algum compromisso assumi nesse sentido e que por isso não desenvolvi em nenhum momento de minha vida qualquer tipo de ressentimento. Portanto, tenho minha consciência tranqüila com relação aos filhos, e mais ainda, porque sei que agindo dessa forma estou cumprindo a vontade de Deus e que mais adiante ele terá um nível de relacionamento muito mais amplo e afetivo dentro da comunidade e que esse será o meu grande legado.

            A formação da família ampliada que cria as condições de uma família universal e por conseguinte o estabelecimento do Reino de Deus entre nós, pode num primeiro momento levar a essa lacuna da falta de afeto e de cuidados que a presença constante proporciona. Mas por outro lado, abre espaço para que entre no âmbito familiar novos parceiros que podem cumprir com satisfação e sem o sentimento de ser escravo de ninguém e de nenhuma lei e assim seja preenchida essa lacuna com maior riqueza de afetividade. A minha nova parceira será uma segunda mãe para meus filhos; os filhos que ela possa ter serão considerados meus novos filhos; os nossos filhos, os meus e os dela, serão considerados com mais propriedade como irmãos; a possibilidade de a qualquer momento entrar nessa família um(a) novo(a) parceiro(a) deixa o sentimento de fraternidade para com o outro muito mais forte. O sentimento de justiça se faz exercer com muito mais propriedade, consciência e satisfação no seio da sociedade. As famílias nucleares cada vez mais se diluirão umas nas outras e isso está conforme a família universal. Está conforme o Reino de Deus!  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 26/12/2013 às 01h01
 
25/12/2013 01h01
CONTRAPARTIDA DA ABNEGAÇÃO FEMININA

            Observamos que todo projeto que envolve dois aspectos, sempre exige do outro algum tipo de contrapartida. Assim acontece com o consorcio homem-mulher feito com base no Amor Incondicional. Aparentemente nesse tipo de consórcio onde é exigido da mulher um alto grau de abnegação frente aos seus imperativos biológicos e fisiológicos com base na reprodução da vida, parece ser o homem o grande beneficiado. Como para o homem está destinado cuidar do exterior, dos relacionamentos externos, tem maiores oportunidades de desenvolver afetos por outras pessoas e com outras mulheres desenvolver intimidades sexuais, desde que na observância do Amor Incondicional. A partir daí surge a possibilidade de ser formado mais um ramo da família ampliada, com a mulher que decidiu ir até a intimidade sexual e que não será usada como um simples objeto de prazer. A Força afetiva ligada ao amor romântico que proporcionou esse enlace adicional na estrutura psicológica e comportamental do homem, termina por deixar sua companheira original sem parte do seu tempo que deveria cuidar dos seus interesses, inclusive dos filhos se já formados. Nesse contexto a mulher assume mais uma responsabilidade, de cobrir a ausência do companheiro que se encontra com outra nos momentos de necessidade. A mulher original sente a falta afetiva e pragmática do companheiro junto da sua vida nesses momentos. Ela já sabia que isso poderia acontecer e já decidira previamente que, através da abnegação, iria suportar esse acumulo de responsabilidade e escassez de afetos.  

            Acontece que ela também tem no seu entorno relacionamentos com outros homens e que alguns cumprem os critérios de sua consciência e que podem preencher o vazio afetivo em que ela se encontra ou a resolução de questões práticas aliviando o peso dessa responsabilidade. Por que então, ela não se envolve afetiva e sexualmente com esse homem, já que o perfil de relacionamento é em tudo semelhante ao que aconteceu com o seu companheiro e outra mulher? Então, deve estar implícito ou explícito, no mesmo contrato que permitiu ao homem ter uma nova companheira, a “sua” mulher também deve ter o mesmo direito de ter um novo companheiro, com as mesmas características. Está dentro da lei de Justiça, que pertence à legislação do Amor. É a contrapartida que o homem deve permitir, pois sabe que isso não agride a ética, mesmo que ele seja atacado de forma brutal pelos preconceitos sociais de sua cultura. Quando isso acontece, formou-se a primeira ação que amplifica a família de forma transparente e fraterna. Todos são considerados como irmãos, muito mais próximos, e cada um tem como objetivo do seu amor o bem estar do outro. Ninguém sentirá tanto a falta do companheiro original, pois esse vazio sempre poderá ser ocupado pelos homens e mulheres de boa vontade quanto a construção de uma família universal.

            Confesso que essa contrapartida masculina à liberdade feminina, como pré-requisito ao exercício da liberdade do homem de construir novos vínculos, não é uma tarefa fácil. Eu mesmo passei muito tempo maturando essa contrapartida, mesmo sabendo que a minha liberdade tinha a coerência do Amor Incondicional, mas devia passar pelos critérios de Justiça para a sua aplicação. Como meus preconceitos machistas eram muito fortes, foram necessários dias e noites seguidos de meditação e oração. Pedia a Deus uma resposta para sair do impasse e sempre vinha na consciência a quebra dos preconceitos que me amarravam nos critérios mundanos. Até que consegui fazer isso, que agora considero fundamental.

            Hoje, dia do nascimento do Mestre Jesus, dedico essas reflexões, rogando a Ele e ao Pai que corrijam os erros que porventura os meus interesses escusos tenham proporcionados desvios do caminho que foi determinado para mim. Peço também força, coragem e energia para implementar aquilo que ainda é necessário fazer dentro do meu campo de ação, com meus irmãos, principalmente com minhas companheiras que têm mais dificuldade do que eu na condução desse projeto e que sem elas eu não posso dar o exemplo que o Pai deseja: estar nesse mundo sem pertencer a ele, e sim ao Reino de Deus a partir da transformação dos corações.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 25/12/2013 às 01h01
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