Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no terceiro capítulo “Os degredados”.
Ismael recebe o lábaro bendito das mãos compassivas do Senhor, banhado em lágrimas de reconhecimento, e, como se entrara em ação o impulso secreto da sua vontade, eis que a nívea bandeira tem agora uma insígnia. Na sua branca substância, uma tinta celeste inscrevera o lema imortal: "Deus, Cristo e Caridade". Todas as almas ali reunidas entoam um hosana melodioso e intraduzível à sabedoria do Senhor do Universo. São vibrações gloriosas da espiritualidade, que se elevam pelos espaços ilimitados, louvando o Artista Inimitável e o Matemático Supremo de todos os sóis e de todos os mundos.
Vejamos a crítica de Leonardo Marmo: O autor dessa inscrição seria Ismael que, de forma sutil, faz propaganda da Federação Espírita Brasileira, afinal, “Deus, Cristo e Caridade”, é o lema dessa instituição. Sentimos falta dos Espíritos terem destacado, também, o lema do Espiritismo “Fora da Caridade Não Há Salvação”, porque esse lema é a mais pura representação do Evangelho de Jesus, que deixa muito claro que não importa a crença de uma pessoa, pois se ela pratica a caridade, ela está agindo de modo correto. Alguém pode não acreditar nem em Deus, nem no Cristo, mas se praticar a Caridade, vai estar de acordo com a Lei de Justiça, Amor e Caridade. Portanto, o lema do Espiritismo, em nossa opinião, deveria ter sido destacado aqui, como o lema de uma pátria que é dita ser “a pátria do Evangelho”.
O emissário de Jesus desce então à Terra, onde estabelecerá a sua oficina. Os exércitos dos seres redimidos e luminosos lhe seguem a esplêndida trajetória e, como se o chão do Brasil fosse a superfície de um novo Hélicon (Monte Hélicon é uma montanha na região de Téspias, na Beócia, Grécia, celebrada na mitologia grega. Com uma altitude de 1749 metros acima do nível do mar, localiza-se próximo ao Golfo de Corinto. Wikipédia) da imortalidade, a natureza, macia e cariciosa, toda se enfeita de luzes e sombras, de sinfonias e de ramagens odoríferas, preparando-se para um banquete de deuses.
Os caminhos agrestes tornam-se sendas de maravilhosa beleza, rasgadas pelas coortes do invisível.
Nessa hora, a frota de Cabral foge das águas verdes e fartas da Baía de Porto Seguro.
Parece-me que o lema mais apropriado para a bandeira seria mesmo “Deus, Cristo e Caridade” e a hipótese dela ter sido incluída para fazer propaganda da Federação Espírita pode ser confrontada com a hipótese dos membros da Federação Espírita que escolheram o lema, terem sido intuídos pelo próprio Ismael ou sua coorte. Continuo com a percepção de que o livro é um ótimo sinalizador das diretrizes divinas sendo colocadas em prática no Brasil.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no terceiro capítulo “Os degredados”.
OS DEGREDADOS
Todos os espíritos edificados nas lições sublimes do Senhor se reuniram, logo após o descobrimento da nova terra, celebrando o acontecimento nos espaços do Infinito. Grandes multidões donairosas e aéreas formavam imensos hífens de luz, entre a terra e o céu. Uma torrente impetuosa de perfumes se elevava da paisagem verde e florida, em busca do firmamento, de onde voltava à superfície do solo, saturada de energias divinas. Nos ninhos quentes das árvores, pousavam as vibrações renovadoras das esperanças santificantes, e, no Além, ouviam-se as melodias evocadoras da Galiléia, ubertosa e agreste antes das lutas arrasadoras das Cruzadas, que lhe talaram todos os campos, transformando-a num montão de ruínas. Afigurava-se que a região dos pescadores humildes, que conheceu, bastante assinalados, os passos do Divino Mestre, se havia transplantado igualmente para o continente novo, dilatada em seus suaves contornos.
Uma alegria paradisíaca reinava em todas as almas que comemoravam o advento da Pátria do Evangelho, quando se fez presente, na assembléia augusta, a figura misericordiosa do Cordeiro.
Complacente sorriso lhe bailava nos lábios angélicos e suas mãos liriais empunhavam largo estandarte branco, como se um fragmento de sua alma radiosa estivesse ali dentro, transubstanciado naquela bandeira de luz, que era o mais encantador dos símbolos de perdão e de concórdia.
Dirigindo-se a um dos seus elevados mensageiros na face do orbe terrestre, em meio do divino silêncio da multidão espiritual, sua voz ressoou com doçura:
— Ismael, manda o meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo a sagradas inspirações do Nosso Pai. Reúnem as incansáveis falanges do Infinito, que cooperam nos ideais sacrossantos de minha doutrina, e inicia, desde já, a construção da pátria do meu ensinamento. Para aí transplantei a árvore da minha misericórdia e espero que a cultives com a tua abnegação e com o teu sublimado heroísmo. Ela será a doce paisagem dilatada do Tiberíades, que os homens aniquilaram na sua voracidade de carnificina. Guarda este símbolo da paz e inscreve na sua imaculada pureza o lema da tua coragem e do teu propósito de bem servir à causa de Deus e, sobretudo, lembra-te sempre de que estarei contigo no cumprimento dos teus deveres, com os quais abrirás para a humanidade dos séculos futuros um caminho novo, mediante a sagrada revivescência do Cristianismo.
No site https://casadocaminho-pae.org.br/temas-doutrinarios/perfil-quem-e-ismael, em 17-09-2020, foi retirada a seguinte informação sobre o anjo Gabriel. A primeira referência sobre Ismael consta no livro Gêneses, da Bíblia, em seu capítulo 16, que conta a história de Saraí, esposa de Abraão, que por conta da idade, seria estéril. Saraí pediu então que sua escrava Hagar concebesse um filho para o marido e nasceu Ismael. Muitos anos mais tarde, Saraí inesperadamente também concebe um filho, Isaac, o que deixa a relação entre as duas mulheres conturbada. Saraí pediu que Abraão dispensasse Hagar e Ismael de seu convívio, porém o homem se compadece, afinal, era seu filho. Por isso, Abraão vai conversar com Deus, que o tranquiliza, afirmando que Ismael seria o líder de uma grande nação e que ele poderia mandá-lo para fora junto com sua mãe sem se afligir. Ismael, mais tarde é referenciado como a origem dos povos árabes. O Ismael bíblico é considerado por estudiosos espíritas no assunto como o mesmo descrito pelo Espírito Humberto de Campos no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Hoje, com própria passagem do tempo, Ismael também passou pelo processo de evolução, não tendo os mesmos caracteres psicológicos e morais de milênios atrás, ou seja, progrediu, como é a destinação natural do espírito. Humberto Campos relata que ele é, atualmente, um dos mais comprometidos trabalhadores do Cristo, mais consciente do seu papel, que na verdade se iniciara desde sua última encarnação no plano terrestre. Na obra, Humberto de Campos registra que a missão específica de Ismael para com o Brasil, assinalada por Jesus, seria implantar em nosso país o seu Evangelho e espalhá-lo daqui para o mundo. Ismael, assim, esteve na liderança espiritual de nossa nação desde o descobrimento, zelando pelo povo brasileiro em todos os acontecimentos, mesmo os mais conturbados (afinal, ainda estamos num mundo de provas e expiações). A própria formação do nosso povo, inicialmente pelos indígenas (que eram os mais simples de coração) e depois com os africanos (aqueles sedentos da justiça divina, a expressão dos humildes e dos aflitos) e europeus (que trouxeram os avanços do campo da ciência e outros conhecimentos), ainda que por caminhos tortuosos, seria um passo importante para formação da alma coletiva do nosso povo e a concretização do caminho espiritual planejado para o Brasil. A chegada em solo brasileiro de grupos de homeopatas, grupos de estudos de fenômenos espirituais (mesmo antes de Hydesville), dentre outros, também foi um trabalho atribuído aos esforços de Ismael e sua equipe, o que por fim culminou com o enraizamento da recém revelada Doutrina Espírita em nossas terras.
Interessante que Deus afirmava a Abraão que Ismael seria o líder de uma grande nação, que hoje é reconhecida como o povo árabe. Mas Jesus também convoca Ismael para ser novamente líder de uma grande nação, desta vez o Brasil, local estratégico para difusão do Evangelho por todo o planeta.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no segundo capítulo “A pátria do Evangelho”, discorrendo sobre o trabalho de Hilel/Henrique de Sagres.
Henrique de Sagres, o antigo mensageiro do Divino Mestre, rejubila-se com as bênçãos recebidas do céu. Mas, de alma alarmada pelas emoções mais carinhosas e mais doces, confia ao Senhor as suas vacilações e os seus receios:
— Mestre — diz ele — graças ao vosso coração misericordioso, a terra do Evangelho florescerá agora para o mundo inteiro. (Vejamos a crítica de Leonardo Marmo: Dizer que o Brasil é a terra do Evangelho faz parecer que o Espírito Helil está menosprezando o resto do mundo. Mesmo que se possa interpretar isso como sendo uma referência a uma “missão” especial do nosso país, Helil poderia ter dito “... a terra onde esperamos seu Evangelho florescerá e servirá de exemplo para o mundo inteiro...”). Dai-nos a vossa bênção para que possamos velar pela sua tranquilidade, no seio da pirataria de todos os séculos. Temo, Senhor, que as nações ambiciosas matem as nossas esperanças, invalidando as suas possibilidades e destruindo os seus tesouros...
Jesus, porém, confiante, por sua vez, na proteção de seu Pai, não hesita em dizer com a certeza e a alegria que traz em si:
— Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopéia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. (Mais uma vez, a crítica de Leonardo Marmo: Em primeiro lugar, “a epopeia do Evangelho de Jesus” deveria ser realizada em toda a Terra. Jesus diz no Evangelho: “Ide e pregai a todas as Criaturas...” e também “...tenho ovelhas que não são desse redil...”. Em segundo lugar, todos os rincões do planeta são carinhosamente cuidados por nosso Mestre Jesus. Alguns leitores e/ou confrades poderiam alegar que Humberto de Campos escreve de acordo com “as tradições do mundo espiritual”, conforme o próprio autor espiritual assevera na Introdução do livro “Brasil, coração...”. Essa alegação, por si só, já faz com que devamos ter um cuidado ainda maior na leitura da respectiva obra e nas inevitáveis inferências. Entretanto, somente esse argumento não explica, e muito menos justifica, os problemas da obra. E isso fica claro se compararmos o livro “Brasil, coração...” com “Crônicas de Além-Túmulo” [Campos, 1998] e “Boa Nova” [Campos, 2004], nos quais Humberto também utiliza de algumas informações obtidas das chamadas “tradições do mundo espiritual”, mas sem cometer os vários lapsos presentes em “Brasil, coração...”). As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita misericórdia. As potências imperialistas da Terra esbarrarão sempre nas suas claridades divinas e nas suas ciclópicas realizações. Antes de o estar ao dos homens, é ao meu coração que ela se encontra ligada para sempre.
Nos céus imensos, havia clarões estranhos de uma bênção divina. No seu sólio de estrelas e de flores, o Supremo Senhor sancionara, por certo, as bondosas promessas de seu Filho.
E foi assim que o minúsculo Portugal, através de três longos séculos, embora preocupado com as fabulosas riquezas das índias, pôde conservar, contra flamengos e ingleses, franceses e espanhóis, a unidade territorial de uma pátria com oito milhões e meio de quilômetros quadrados e com oito mil quilômetros de costa marítima. Nunca houve exemplo como esse em toda a história do mundo. As possessões espanholas se fragmentaram, formando cerca de vinte repúblicas diversas. Os Estados americanos do Norte devem sua posição territorial às anexações e às lutas de conquista. A Louisiana, o Novo México, o Alasca, a Califórnia, o Texas, o Oregon, surgiram depois da emancipação das colônias inglesas. Só o Brasil conseguiu manter-se uno e indivisível na América, entre os embates políticos de todos os tempos. Ê que a mão do Senhor se alça sobre a sua longa extensão e sobre as suas prodigiosas riquezas. O coração geográfico do orbe não se podia fracionar.
Leonardo Marmo procura colocar uma lupa crítica no conteúdo do livro. Tenho uma forma diferente de ver. Vejo que o texto não agride a lógica do que já adquiri de conhecimento do mundo espiritual, aceito todo o texto sem fazer reparos, pelo contrário, consigo encaixar fatos da atualidade dentro dessa missão do Brasil e a proteção divina para que isso se viabilize. É o caso da eleição de Bolsonaro como presidente, contra todas as previsões, contra todas formas de eleição existentes no Brasil e no mundo, com o objetivo de sanar a onda de corrupção que estava ameaçando a missão há tanto tempo planejada e posta em execução.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no segundo capítulo “A pátria do Evangelho”, discorrendo sobre o trabalho de Hilel/Henrique de Sagres.
Estava realizado, em linhas gerais, o seu grande destino. Da sua casa modesta da VilaNova do Infante, onde se encontra ainda hoje uma placa comemorativa, como perene homenagem ao grande navegador, desenvolvera ele, no mundo inteiro, um sentimento novo de amor ao desconhecido. Desde a expedição de Ceuta, o Infante deixou transparecer, em vários documentos que se perderam nos arquivos da Casa de Avis, que tinha a certeza da existência das terras maravilhosas, cuja beleza haviam contemplado os seus olhos espirituais, no passado longínquo. Toda a sua existência de abnegação e ascetismo constituíra uma série de relâmpagos luminosos no mundo de suas recordações. A prova de que os seus estudos particulares falavam da terra desconhecida é que o mapa de André Bianco, datado de 1448, mencionava uma região fronteira à África. Para os navegadores portugueses, portanto, a existência da grande ilha austral já não era assunto ignorado.
Novamente no Além, o antigo mensageiro do Mestre não descansou, chamando a colaborar com ele numerosas falanges de trabalhadores devotados à causa do Evangelho do Senhor. Procura influenciar sobre o curto reinado de D. Duarte estendendo, com os seus cooperadores, essa mesma atuação ao tempo de D. Afonso V, sem lograr uma ação decisiva a favor das empresas esperadas. Aproveitando o sonho geral dos tesouros das índias, a personalidade do Infante se desdobra, com o objetivo de descortinar o continente novo ao mundo político do Ocidente. Enquanto a sua atuação encontra fraco eco junto às administrações de sua terra, o povo de Castela começa a preocupar-se seriamente com as ideias novas, lançando-se à disputa das riquezas entrevistas. Eleva-se então ao poder D. João II, cujo reinado se caracterizou pela previdência e pela energia realizadora. Junto do seu coração, o emissário invisível encontra grandes aspirações, irmãs das suas. O Príncipe Perfeito torna-se o dócil instrumento do mensageiro abnegado. A mesma sede de além lhe devora o pensamento. Expedições diversas se organizam. O castelo de São Jorge é fundado por Diogo de Azambuja, na Costa da Mina; Diogo Cão descobre toda a costa de Angola; por toda parte, sob o olhar protetor do grande rei, aventuram-se os expedicionários. Mas o espírito, em todos os planos e circunstâncias da vida, tem de sustentar as maiores lutas pela sua purificação suprema. Entidades atrasadas na sua carreira evolutiva se unem contra as realizações do príncipe ilustre. Depois do desastre no Campo de Santarém, no qual o filho perde a vida em condições trágicas, surgem outras complicações entre a sua direção justiceira e os nobres da época, e D. João II morre envenenado em Alvor, no ano de 1495.
Todavia, os planos da Escola de Sagres estavam consolidados. Com a ascensão de D. Manuel I ao poder, nada mais se fez que atingir o fim de longa e laboriosa preparação. Em 1498, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo das índias e, um pouco mais tarde, Gaspar de Corte Real descobre o Canadá. Todos os navegadores saem de Lisboa com instruções secretas quanto à terra desconhecida, que se localizava fronteira à África e que já havia sido objeto de protesto de D. João contra a bula de Alexandre VI, que pretendia impor-lhe restrições ao longo do Atlântico, por sugestão dos reis católicos da Espanha.
No dia 7 de março de 1500, preparada a grande expedição de Cabral ao novo roteiro das índias, todos os elementos da expedição, encabeçados pelo capitão mor, visitaram o Paço de Alcáçova, e na véspera do dia 9, dia este em que se fizeram ao mar, imploraram os navegadores a bênção de Deus, na ermida do Restelo, pouso de meditação que a fé sincera de D. Henrique havia edificado. O Tejo estava coberto de embarcações engalanadas e, entre manifestações de alegria e de esperança, exaltava-se o pendão glorioso das quinas.
No oceano largo, o capitão-mor considera a possibilidade de levar a sua bandeira à terra desconhecida do hemisfério sul. O seu desejo cria a necessária ambientação ao grande plano do mundo invisível. Henrique de Sagres aproveita esta maravilhosa possibilidade. Suas falanges de navegadores do Infinito se desdobram nas caravelas embandeiradas e alegres. Aproveitam-se todos os ascendentes mediúnicos. As noites de Cabral são povoadas de sonhos sobrenaturais e, insensivelmente, as caravelas inquietas cedem ao impulso de uma orientação imperceptível. Os caminhos das índias são abandonados. Em todos os corações há uma angustiosa expectativa. O pavor do desconhecido empolga a alma daqueles homens rudes, que se viam perdidos entre o céu e o mar, nas imensidades do Infinito. Mas, a assistência espiritual do mensageiro invisível, que, de fato, era ali o divino expedicionário, derrama um claror de esperança em todos os ânimos. As primeiras mensagens da terra próxima recebemo-nas com alegria indizível. As ondas se mostram agora, amiúde, qual colcha caprichosa de folhas, de flores e de perfumes. Avistam-se os píncaros elegantes da plaga do Cruzeiro e, em breves horas, Cabral e sua gente se reconfortam na praia extensa e acolhedora. Os naturais os recebem como irmãos muito amados. A palavra religiosa de Henrique Soares, de Coimbra, eles a ouvem com veneração e humildade. Colocam suas habitações rústicas e primitivas à disposição do estrangeiro e reza a crônica de Caminha que Diogo Dias dançou com eles nas areias de Porto Seguro, celebrando na praia o primeiro banquete de fraternidade na Terra de Vera Cruz.
A bandeira das quinas desfralda-se então gloriosamente nas plagas da terra abençoada, para onde transplantara Jesus a árvore do seu amor e da sua piedade, e, no céu, celebra-se o acontecimento com grande júbilo. Assembléias espirituais, sob as vistas amorosas do Senhor, abençoam as praias extensas e claras e as florestas cerradas e bravias. Há um contentamento intraduzível em todos os corações, como se um pombo simbólico trouxesse as novidades de um mundo mais firme, após novo dilúvio.
Magnífica visão para aqueles do mundo espiritual tinham a informação deste transplante da Árvore do Evangelho, da Cruz do Cristo singrando os mares, sofrendo os desvios impostos pelos planos divinos. Aqui, no mundo material, ainda não havia condições desses informes. Talvez fosse motivo de outras guerras, em busca desse “privilégio”, como entendiam eles que seria. Quem poderia imaginar que naquelas caravelas identificadas com a Cruz do Cristo levasse em si as sementes do Evangelho? Até hoje, com todas as informações, com todos os conhecimentos do mundo espiritual, de regência de Jesus, das suas determinações para aqueles que querem fazer a vontade do Pai, ainda existem tantas dúvidas!?...
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no segundo capítulo “A pátria do Evangelho”.
A PÁTRIA DO EVANGELHO
D. Henrique de Sagres abandonou as suas atividades na Terra em 1460. (Do site Santúario Espírita Maria de Nazaré colhi a seguinte informação, seguido por dados da wikipedia. O infante D. Henrique, encarnação do Espírito Helil, foi um emissário de Jesus. Como Espírito de elevada hierarquia, permaneceu adstrito ao cumprimento da tarefa que lhe fora atribuída. D.Henrique instituiu um roteiro de coragem, para que fossem transpostas as imensidades perigosas e solitárias que separavam os dois mundos Por predestinação de Jesus, o nosso Brasil é o Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, com a árdua, mas nobre tarefa de espalhar, principalmente com o exemplo, a mensagem do Cristo. A preocupação do autor espiritual era nos mostrar que nada aconteceu por acaso. Tudo foi fruto de um cuidadoso planejamento; o Infante D. Henrique, encarnação do espírito Helil, foi um emissário de Jesus, como também não deixa nenhuma dúvida quanto à sua missão; a sua afirmação de que Helil é um Espírito de elevada hierarquia, é a confirmação do que foi dito por Zurara, navegador e historiador português, quando em uma de suas crônicas, retrata o Infante de Sagres como "um homem de extraordinárias virtudes”. Nunca foi avarento, nem era dado ao luxo. Usava gestos calmos e palavras suaves. Sempre foi muito dedicado ao trabalho. Não era rude, mas sabia manter a disciplina. Absteve-se de álcool desde a mocidade". Em 25 de maio de 1420, D. Henrique foi nomeado Governador da Ordem de Cristo, - A Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo originalmente era uma ordem religiosa e militar, criada a 14 de março de 1319 pela bula pontifícia Ad ea ex quibus cultus augeatur do Papa João XXII, que, deste modo, atendia aos pedidos do rei Dom Dinis. Recebeu o nome de Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo ou Ordem da Milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo e foi herdeira das propriedades e privilégios da Ordem do Templo. Henrique manteve o cargo até ao fim da vida. No que concerne ao seu interesse na exploração do oceano Atlântico, o cargo e os recursos da ordem foram decisivos ao longo da década de 1440. Desde que ficou com a tutela da Ordem, as velas passaram a usar a cruz de Cristo. A Cruz da Ordem de Cristo ou Cruz de Portugal é o emblema da histórica Ordem de Cristo, (também chamada Ordem dos Cavaleiros de Cristo) de Portugal. Desde então tornou-se um símbolo intrínseco a Portugal, usado, por exemplo, nas velas das naus do tempo dos Descobrimentos, pela Força Aérea Portuguesa, nos navios da Marinha Portuguesa e na bandeira da Região Autónoma da Madeira. É usada também no brasão de Tomar, juntamente com a Cruz Templária, cidade que foi sede da Ordem dos Templários no Reino de Portugal e da Ordem de Cristo, sucessora da anterior. Na definição heráldica, trata-se de uma cruz pátea, encarnada, carregada com uma cruz branca, podendo ser a comenda em formato latino e sua insígnia em formato grego.