Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo II do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”.
07 – Este Sínodo visa tirar conclusões específicas ou iniciar um processo?
Diferentemente de outros sínodos gerais, este sobre a sinodalidade não é realizado para discutir questões doutrinárias ou pastorais e chegar a conclusões específicas, mas para definir um caminho para empreender um processo de reforma da Igreja. Seu documento preparatório propõe o lançamento de “um processo eclesial participativo e inclusivo”. Mais do que um Sínodo, deveríamos falar pois de uma “jornada sinodal”. No Documento Preparatório para o Sínodo, o termo “processo” é usado nada menos que vinte e três vezes, junto com sinônimos como “caminho”, “itinerário”, “jornada”, etc.
Essa abordagem fluida deve ser vista na perspectiva mais ampla do atual pontificado, que privilegia tornar-se e não ser, a mudança e não a estabilidade, a busca e não a certeza: “Devemos preocupar-nos mais com iniciar processos do que com ocupar espaços”.
O Cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do Sínodo, declarou: “Sentar-se e conversar só constituem um Sínodo quando se discute que caminho tomar. Caso contrário, ele se torna uma guerra de conceitos”.
Este Sínodo tem certa semelhança com o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cujos membros são escolhidos para defender a Constituição por uma bancada eleita pelo povo. Esses membros podem se valer dos poderes dados a eles para prejudicar a própria Constituição que deveriam defender. O Sínodo também é um órgão criado para defender a constituição da Igreja Católica, que são os próprios ensinamentos deixados pelo Cristo há 2 mil anos. Acontece que agora, são chamadas várias pessoas que têm interesses diversos e que podem mudar os rumos da Igreja. É essa missão que deveria ser defendida pelo Sínodo que hoje o próprio Sínodo quer modificar. Entramos num paradoxo: como uma instituição, criada para defender uma determinada missão, se torna agora a patrocinadora de sua alteração, de sua destruição? Isto é o que estamos vendo com o a atuação do atual Sínodo proposto pelo Papa Francisco. Este Sínodo não tem mais a preocupação central de proteger os ensinamentos do Cristo contra os hereges e similares. Agora procura iniciar um processo de transformação da Igreja, da Constituição que tinha por dever obedecer. A guerra de conceitos que o mundo traz de encontro aos ensinamentos cristãos agora não é prioridade defender a viabilidade divina que o Mestre ensinou. Agora o objetivo é criar um novo caminho, onde todos possam caminhar em amizade, com exclusão dos “fanáticos” que não querem se afastar dos caminhos ensinados pelo Cristo. Esses sim, merecem ser excluídos, punidos, cancelados. Agora deve ser construído de forma revolucionária um novo caminho, mesmo que seja de forma sutil, escondido na roupagem eclesiástica como se representantes do Cristo fossem.
Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo II do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”.
6 – Quais são os temas e o programa do próximo Sínodo?
Em reunião de 24 de abril de 2021 com o Cardeal Mario Grech, Secretário Geral do Sínodo, o Papa Francisco aprovou o tema e o programa da 16a. Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.
Teve início assim a fase de consulta nacional e local com o Povo de Deus, concluída na final de 2022. Começou em seguida a fase continental, que culminou em fevereiro e março de 2023 com as Assembleias Continentais, que apresentaram ao Vaticano suas conclusões conhecidas como Sínteses. Passa-se então a fase universal, para a qual foram convocadas duas Assembleias Gerais em Roma: a primeira em outubro de 2023, e a segunda em outubro de 2024. Um retiro espiritual para todos os participantes precederá a assembleia de 2023.
Eis o tema escolhido: “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, participação e missão”. De acordo com o Papa, trata-se de “caminhar juntos – leigos, pastores, Bispo de Roma”. A maior dificuldade a ser superada “é este clericalismo que separa do povo o sacerdote, o Bispo”, porque “há muitas resistências em superar a imagem de uma igreja rigidamente dividida entre líderes e subordinados, entre os que ensinam e os que têm de aprender, esquecendo que Deus gosta de inverter posições: ‘Derrubou os poderosos dos seus tronos, elevou os humildes’ (Lc 1,52). [...] Caminhar juntos evidencia, como linha, mais a horizontalidade do que a verticalidade”.
Portanto, o próximo Sínodo não discutirá um tema pastoral específico, como é comum nessas assembleias, mas a própria estrutura da Igreja, motivo pelo qual ele também é conhecido como o “Sínodo sobre a sinodalidade”.
Está definido dessa forma, o campo de batalha. De um lado a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, com toda a tradição trazida, defendida e ensinada pelos apóstolos que se sucedem no tempo, administrados hierarquicamente pelo Bispo de Roma; do outro lado os defensores da Nova Igreja, que pretendem quebrar a hierarquia instituída pelo Cristo que se reflete no corpo eclesial, chegando até a inversão da missão dos apóstolos, de mestre para os pagãos de discípulos desses pagãos. Este é o momento de ser promovida essa mudança radical que quebra a sintonia estabelecida pelo Cristo com a verticalidade do madeiro em direção ao Pai, pela horizontalidade do madeiro que representa os interesses mundanos em busca dos prazeres egoístas. A verticalidade divina deve servir de motivação para a horizontalidade mundana, animal, ser convertida aos interesses espirituais, do altruísmo, para que todos os irmãos façam parte da família universal, construindo o Reino de Deus. Este é o projeto que o Divino Mestre nos apresentou e instituiu dentro da Igreja Católica. Esse outro projeto apresentado pelo Papa Francisco cumpre outro tipo de missão e certamente não foi inspirada nem pelo Pai, nem pelo Filho, nem pelo Espírito Santo que compõem a Trindade Divina. O Papa deveria saber que nós, cristãos, seguimos a voz do Bom Pastor representado pelo Cristo, e que nenhum pastor substituto irá nos fazer seguir por outros caminhos, afinal o Mestre pode não estar fisicamente junto de nós, mas certamente, como Ele mesmo afirmou, onde dois ou mais estivermos reunidos em Seu nome, ele se fará presente, e estará nos advertindo sobre os falsos pastores. A nossa hierarquia jamais será quebrada, Cristo é a cabeça da Igreja e nenhum ato revolucionário do “Povo de Deus” em busca de um reino de glória material, empunhando falsos estandartes com palavras de justiça, paz e amor que usam como escudo para implementar o reinado do terror, da escravidão, do ódio às classes e sem compaixão pelos humildes, próprios e ignorantes que eles mesmos fabricam.
Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”.
1 - O que é o Sínodo dos Bispos?
O Sínodo dos Bispos é um órgão permanente da Igreja Católica, externo à Cúria Romana que representa o episcopado. Foi criado pelo Papa Paulo VI em 15 de setembro de 1965, com o Motu Próprio Apostolica sollicitudo.
O Sínodo é convocado pelo Papa, que define sua agenda, e pode se reunir de três formas: Assembleia Geral Ordinária para assuntos relativos ao bem da Igreja universal; Assembleia Geral Extraordinária para assuntos urgentes; e Assembleia Especial para assuntos relativos a uma ou mais regiões. Tem ele um caráter puramente consultivo, mas pode exercer função deliberativa quando o Papa o conceder.
Até o momento foram realizadas quinze Assembleias Gerais Ordinárias do Sínodo dos Bispos. A 16a. se dará em 2023.
Este Sínodo aconteceu como previsto, de forma totalmente inusitada, com mesas circulares para evitar o surgimento da hierarquia. Cada integrante tinha o mesmo potencial de captar a graça do Espírito Santo e assim passar as informações mais coerentes com o ambiente democrático. A consagração dos pastores eclesiásticos perde o seu valor e qualquer leigo tem o mesmo potencial, independente de suas crenças. Fica escanteado o legado do Cristo.
2 – As conclusões de um sínodo são vinculantes?
Não. No passado, o documento final de um Sínodo dos bispos não tinha nenhum valor magisterial, porque sua função era dar sugestões ao Sumo Pontífice. O Papa reagia as ideias do Sínodo e publicava uma Exortação Apostólica pós-sinodal propondo as conclusões do Sínodo a toda a Igreja, às vezes com modificações significativas. Esse documento papal constitui Magistério. Após as reformas introduzidas pelo Papa Francisco a partir de 2015, o documento final torna-se diretamente parte do Magistério ordinário, se expressamente aprovado pelo pontífice. E se o Papa tiver concedido poder deliberativo previamente ao Sínodo, seu documento final se tornará parte do Magistério ordinário após ter sido ratificado e promulgado pelo Papa.
Uma forma sutil de tirar poder do pontífice e passar para a assembleia dos bispos. O poder que Jesus deu a Pedro, começa a se diluir.
3 – Pode um Papa ou sínodo episcopal mudar a doutrina ou as estruturas da Igreja Católica?
Não. Nem o Papa, nem o Sínodo dos Bispos, nem qualquer outro órgão eclesiástico ou secular tem autoridade para mudar a doutrina ou as estruturas da Igreja estabelecidas e confiadas em depósito por seu divino Fundador. O primeiro Concílio Vaticano declara: “A doutrina da fé que Deus revelou não é proposta às mentes humanas como uma invenção filosófica, mas foi entregue à Esposa de Cristo como um depósito divino para guarda-la fielmente e ensiná-la com magistério infalível. Portanto, esse significado dos dogmas sagrados que a Santa Madre Igreja declarou deve ser aprovado em perpetuidade, e nunca se deve retirar desse significado sob o pretexto ou com as aparências de uma inteligência mais completa.
A Congregação para a Doutrina da Fé afirma: “O Romano Pontífice está, como todos os fiéis, submetido à Palavra de Deus, à fé católica, e é garantia da obediência da Igreja: e, neste sentido, servus servorum. Ele não decide segundo o próprio arbítrio, mas dá voz à vontade do Senhor; que fala ao homem na Escritura vivida e interpretada pela Tradição; noutros termos, a episkopè do Primado temos limites que procedem da lei divina e da inviolável constituição divina da Igreja, contida na Revelação”.
Parece um limite sólido para ser destruído, mas como o avanço dos adversários é sorrateiro, usando os mesmos artifícios burocráticos que foram criados para a proteção, devemos ficar atentos, pois eles irão querer destruir essas instruções.
4 – Que mudanças o Papa Francisco introduziu no Sínodo dos Bispos?
O Papa Francisco trouxe mudanças profundas ao Sínodo dos Bispos, anunciadas por ocasião do 50o. aniversário de sua instituição em 2015.
Exprimindo o desejo de que o Povo de Deus seja consultado na preparação das assembleias sinodais, o Papa propôs um plano para criar uma nova “Igreja Sinodal” baseada na premissa: o Povo de Deus, graças ao senso sobrenatural da fé (sensos fidei), não pode se enganar (é infalível in credendo) e tem um “faro” para descobrir os caminhos que o Senhor indica à sua Igreja. A Igreja Sinodal comportaria uma escuta recíproca entre o povo fiel, o colegiado episcopal e a Sé de Roma para saber o que o Espírito Santo “diz às igrejas” (Ap 2,7) Para isso, todos os órgãos eclesiais nas paróquias, dioceses e Cúria Romana devem ficar conectados á base e partir sempre “do povo, dos problemas do dia-a-dia”.
A fim de envolver os fiéis, o Papa Francisco alterou o Sínodo dos Bispos com a Constituição Apostólica Episcopalis communio (15 de setembro de 2018). O Sínodo agora está dividido em três fases: a a fase preparatória, de consulta ao povo de Deus; a fase operativa, na qual as conclusões da assembleia, aprovadas pelo Papa, devem ser aceitas por toda a Igreja.
O Papa propôs um plano para criar uma nova Igreja? Então, a cabeça não é mais o Cristo? Agora teremos que depender do “faro” que o “Povo de Deus” tem para descobrir os caminhos que o Senhor (quem é esse novo Senhor? Pois o Cristo já deixou a orientação do Seu caminho desde o início) indica a sua Igreja (a nova Igreja). O Papa quer saber o que o Espírito Santo vai dizer para as Igrejas através do “Povo de Deus”, humanos que não conseguem seguir na trilha que o Cristo ensinou. Por quem será que esse “Povo” será inspirado? Pelo Espírito Santo ou pelas Potestades e Principados como preveniu o apóstolo Paulo? Muito provável que, pelo comportamento do Papa, este já esteja sendo inspirado por esse novo “Espirito Santo” e fortemente inspirado para aprovar as novas inspirações e faze-las ser aceitas por toda a Igreja ainda considerada Santa Apostólica Romana.
5 – Como o Papa Francisco justifica essa mudança radical no Sínodo dos Bispos?
Segundo o Papa Francisco, os bispos são ao mesmo tempo mestres e discípulos.
Mestres quando anunciam “a Palavra de verdade em nome de Cristo, cabeça e pastor”. Mas são também discípulos quando, “sabendo que o Espírito desce a cada pessoa batizada, ele ouve a voz de Cristo que fala por meio de todo o povo de Deus”. Assim, o Sínodo se torna um instrumento adequado para dar voz a todo o povo de Deus por meio dos bispos.
É esta inspiração que o Papa está tendo, que imagina ser do Espírito Santo que pode descer a cada pessoa batizada (como ele, eu e muitos dos meus leitores) e agora pode instruir aqueles que dantes já foram instruídos pelo próprio Cristo. É a invocação dessa democracia litúrgica que deve ser respeitada por toda a Santa Igreja Católica, segundo o Papa, e as instruções do Cristo devem ficar silenciadas como aconteceu há 2 mil anos quando Pilatos provocou esta mesma eleição democrática com o “Povo de Deus”.
Considerando Jesus como o maior ideólogo para a construção de uma sociedade ideal, livre e harmônica, e a sua ideologia mantida pela Igreja Católica Apostólica Romana, observamos que seus adversários, que querem ver uma sociedade em conflito e com a maioria escravizada a uma minoria, pretendem destruí-la para alcançar seus objetivos nefastos. Nós, que somos os mais interessados na vitória do Cristianismo, devemos estudar com atenção o livro (O processo sinodal, uma caixa de Pandora) que aborda diretamente o assunto e que pretendemos fazer isto aqui neste espaço. Abordaremos hoje o final da introdução.
Do conciliarismo à sinodalidade permanente
Por mais que se apresente como “moderno” e “atualizado”, o espírito sinodal é inspirado em antigos erros e heresias.
Já no início do século XV, sob pretexto de adaptar a Igreja à nova mentalidade nascida com o Humanismo, surgiu a corrente “conciliarista”, que buscava reduzir o poder hierárquico do Papa em favor de uma assembleia conciliar. A Igreja deveria ser estruturada, como uma expressão da vontade dos fiéis, em “sínodos” locais e regionais amplamente autônomos, cada um com seu próprio idioma e costumes. Esses sínodos deveriam se reunir periodicamente em um “concílio geral” ou “santo sínodo”, detentor da mais alta autoridade da Igreja. Reduzido a um primum inter pares, o Papa teria que se submeter às decisões dos concílios, tomadas por meio de um voto igualitário dos participantes.
Em suas manifestações mais autenticas, o espírito que anima o Synodaler Weg alemão, e também o caminho sinodal universal, nada mais fez que retomar e reviver esses velhos erros, condenados por vários papas e concílios.
Denunciou esses velhos erros o então Cardeal Joseph Ratzinger: “A luz da tradição da Igreja, bem como da estrutura sacramental e do propósito específico da Igreja, a ideia de um sínodo misto, como autoridade suprema e permanente das igrejas nacionais, Não passa de um quimera. Tal sínodo careceria de toda legitimidade, e dever-se-ia recusar-lhe obediência de modo claro e decisivo”.
Alienus factus sum in domo matris meae
Para um observador atento, o panorama adquire tons apocalípticos. Está em andamento uma manobra para demolir a Santa Madre Igreja, eliminando elementos básicos de sua constituição orgânica, de sua doutrina e moral, tornando-a irreconhecível. Como advertiu o Cardeal Müller, as reformas sinodais, se aplicadas integralmente de acordo com as intenções utópicas de alguns de seus promotores, poderiam levar “à destruição da Igreja Católica”. Trata-se da mais terrível das destruições, por ser perpetrada por mãos consagradas que deveriam preserva-la de todo perigo. Nunca foi tão veraz como hoje a admoestação de Paulo VI: “Alguns praticam a autodestruição. (...) A Igreja também é atacada por aqueles que pertencem a ela”.
Diante de quadro tão sombrio, muitos católicos se sentem perdidos, desanimados, confusos, perplexos e decepcionados, mas nem todos reagem adequadamente. Alguns cedem à tentação do sedevacantismo: abandonam a Igreja para se tornarem autorreferenciais. Outros sucumbem à tentação da apostasia: abandonam a Igreja para abraçar falsas confissões. A maioria se afunda na indiferença, abandonando a Igreja a seu triste destino. Ora, todos estão errados, pois amicus certus in re incerta cernitur. Exatamente agora a Santa Igreja precisa de filhos amorosos e destemidos para defende-la de seus inimigos externos e internos. Deus quer constatar a nossa fidelidade, e nos chamará a prestar contas.
A exemplo de Plínio Corrêa de Oliveira, perguntamos: “Quantos são os que vivem em união com a Igreja este momento que é trágico como trágica foi a Paixão, este momento crucial da História, em que uma humanidade inteira está escolhendo por Cristo ou contra Cristo? Devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida. Isto supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica e completa, uma piedade profunda e sincera. Em outros termos, supõe o sacrifício de uma existência inteira”. Acrescentaríamos que se trata de sacrifício ainda mais doloroso, se levarmos em conta que altos funcionários da própria hierarquia eclesiástica já demonstraram não apreciar esta atitude, e costumam persegu9r ferozmente os que a tomam.
Poderíamos quase exclamar, parafraseando o salmista: “Alienus factus sum in domo matris meae – Tornei-me um estranho na casa de minha mãe” (Sl 69, 7). Alienus, sim, mas ainda in domo matris meae, ou seja, na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, fora da qual não há salvação.
É esse o espírito que anima os autores deste livro.
Este é o novo campo em que se desenrola a guerra espiritual que teve início nas hostes celestiais com a rebelião de Lúcifer e que se estende até os dias atuais, onde novas armas são exibidas na surdina, como humanismo, modernismo, cientificismo, socialismo, comunismo, etc. Para os revoltosos, revolucionários, o grande adversário é a Igreja Católica que leva através dos séculos o pensamento do Cristo. Como não estavam vencendo no embate externo, mudaram a estratégia e se infiltraram dentro do Corpo Místico de Cristo, como se fosse uma virose que ataca a quem não tem uma imunidade cristã fortalecida pela fé, pela crítica e pelo bom senso. Essa infecção viral se alastrou e alcançou até o cérebro, o papado, que agora deixa a sobriedade de lado e passa a desfilar com todos os atores mundanos exibindo a faixa de amizade social. É este combate interno que iremos estudar com este livro.
Considerando Jesus como o maior ideólogo para a construção de uma sociedade ideal, livre e harmônica, e a sua ideologia mantida pela Igreja Católica Apostólica Romana, observamos que seus adversários, que querem ver uma sociedade em conflito e com a maioria escravizada a uma minoria, pretendem destruí-la para alcançar seus objetivos nefastos. Nós, que somos os mais interessados na vitória do Cristianismo, devemos estudar com atenção o livro (O processo sinodal, uma caixa de Pandora) que aborda diretamente o assunto e que pretendemos fazer isto aqui neste espaço. Abordaremos hoje o meio da introdução.
O caminho sinodal alemão
Entre os defensores mais radicais da “conversão sinodal” da Igreja se encontra a maioria dos bispos alemães. Seu próprio “caminho” o Synodaler Weg, concentra e relança as exigências mais extremas do progressismo alemão.
Para os seus promotores, o Weg não deve se limitar à Alemanha, mas servir de modelo e força motriz para o sínodo universal. Portanto, no vasto universo dos promotores da “sinodalidade”, os alemães aparecem como uma facção extrema, articulada e influente. Alguns dos vaticanistas mais conhecidos temem que a influência dos progressistas alemães possa ser decisiva nos trabalhos do Sínodo, como ocorreu durante o Concílio Vaticano II, quando “o Reno desaguou no Tibre”.
Levada às últimas consequências, o Weg acarretaria uma profunda subversão na Santa Igreja Católica. O Cardeal Gerhard Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirma: “Eles sonham com outra Igreja que nada tem a ver com a fé católica. (...) e procuram abusar desse processo para levar a Igreja Católica, não apenas em outra direção, mas a destruição da Igreja Católica”.
Se o Sínodo Universal aceitar simplesmente uma parte do Weg alemão, poderá desfigurar a Igreja como a conhecemos. Obviamente não seria o fim da Igreja Católica, pois confortada pela promessa divina, ela tem a certeza da indefectibilidade, perdurará até a consumação dos tempos (Mt 28:20), e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16:18).
Uma experiência fracassada
Antes de aplicar à Igreja Católica o “Caminho Sinodal”, seus promotores deveriam estudar experiências semelhantes, fracassadas em outras religiões. Veja-se o exemplo da Igreja da Inglaterra, que empreendeu seu próprio “Caminho Sinodal” na década de 1950.
Gavin Ashenden, ex-bispo anglicano e ex-capelão da Rainha Elizabeth, convertido ao catolicismo, testemunha: “Acho que os ex-anglicanos podem ser de alguma ajuda, porque já viram o estratagema da sinodalidade aplicado à Igreja da Inglaterra, com efeitos divisivos e destrutivos. Como ex-anglicanos, já vimos esse truque antes, que faz parte da espiritualidade dos progressistas. Em termos bem simples, eles envolvem um conteúdo quase marxista em uma embalagem espiritual reconfortante; e depois falam muito sobre o Espírito Santo”.
O padre Michel Nazir-Ali, ex-bispo anglicano de Rochester, e agora sacerdote católico, compartilha esta opinião e adverte: “Devemos aprender com a confusão e o caos que resultaram do ocorrido na Igreja anglicana e em algumas igrejas protestantes liberais”.
Não é preciso ir longe para antever o fracasso da abordagem sinodal. Note-se o desastre da Igreja na Alemanha. Qualquer um ver que a Igreja na Alemanha está quase desaparecendo, em meio à pior crise de sua história, precisamente como consequência da aplicação de ideias e práticas semelhantes às que inspiram o Synodaler Weg que deve servir de modelo para reformar a Igreja universal.
Por que impor à Igreja universal um “caminho” que já levou ao desastre em outros países?
Por outro lado, como este livro deixará claro, quase ninguém se entusiasma pelo Caminho Sinodal, seja ele universal ou alemão. Há uma indiferença generalizada, e o número de participantes nos vários processos consultivos é irrisório. Saberão os promotores do Caminho Sinodal interpretar corretamente essa indiferença? Será que percebem estar jogando uma partida diante de arquibancadas vazias? Se ao menos fosse uma partida de futebol... Mas o que está em jogo é nada mais nada menos que a Esposa Mística de Cristo!
Infelizmente essa realidade está acontecendo e a maioria, chego a arriscar 90% dos católicos não percebem essa ameaça que paira sobre os fundamentos cristão da Igreja Católica. Sempre que tenho oportunidade pergunto a meus pacientes ou alunos a transformação que está prestes a acontecer na Igreja. Muitos não sabem nem da existência da Teologia da Libertação e o estrago que ela está causando no seio da Igreja, com a cooptação de muitos clérigos de alta patente. Os leigos independentes que estudam a história real, dão uma boa contribuição nas redes sociais no esclarecimento da população que procura saber o que está acontecendo e tem uma mente aberta ao pensamento crítico e estão longe dos limites impostos pela hierarquia aos sacerdotes.