Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
04/05/2013 00h01
DEVOÇÃO CONSTANTE - AUTOCONTROLE

            Os sentidos são tão fortes que estão sempre ansiosos por obter prazer. Ninguém deve curvar-se a estas exigências desnecessárias. Devem-se satisfazer os sentidos só até o ponto de manter o corpo saudável para que se possa cumprir o dever de progredir na vida espiritual. O sentido mais importante e mais incontrolável é a língua. Se alguém pode controlar a língua, então há toda a possibilidade de controlar os outros sentidos. A função da língua é saborear e vibrar. Portanto, por regulação sistemática, a língua deve estar sempre ocupada em saborear.

            Até agora eu não tinha dado tanta importância a língua, como acontece no Baghavad Gita. Pensava que o sexo era de longe o sentido mais importante. Mas dando o foco que Baghavad Gita oferece, vejo que tem certa razão. Agora mesmo, ao digitar este texto, estou com a minha língua ocupada em chupar picolés, sorvete, gelo... ela não consegue ficar parada. É ela que está a serviço da gula e que representa um dos meus grandes adversários com o qual estou em constante luta, usando a jejum para me contrapor os efeitos da gula sobre meu corpo.

            O Autocontrole está direcionado as exigências do corpo. Ele tem suas necessidades justificáveis, mas devido o prazer que oferece nesse cumprimento de dever, termina por entrar no abuso que pode ser observado em todos os aspectos, se tornando tal comportamento um vício, uma dependência, que termina por estragar o próprio corpo.

            Não devo esquecer que o prazer que o corpo oferece para que execute determinados comportamentos, dizem respeito a sobrevivência do próprio corpo. Mas isso deve ser administrado com sobriedade, pois senão a busca por esse prazer de forma indevida termina por lesar o mesmo organismo que eu desejava preservar.

            Também observo a importância desse Autocontrole nos relacionamentos afetivos. Dentro do relacionamento afetivo, romântico, existe por trás de tudo o interesse da biologia, dos gens, da reprodução e criação do filho, da segurança oferecida pelos pais. Nesse sentido a exclusividade do relacionamento é sentida dentro do amor romântico. Eu devo ter a segurança que o meu filho vai ser bem cuidado pelos pais, então tenho que exigir que nenhum dos pais se envolva afetivamente com qualquer outra pessoa, pois senão os recursos existentes irão ser divididos. É um pensamento de cunho egoísta, mas é isso que é observado, é isso que se procura cumprir, é isso que está na Lei.

            O Amor Incondicional não respeita essa exclusividade do amor romântico. O Amor Incondicional se derrama por toda a natureza sem exigir condições; ama por amar! Tenho que ter o Autocontrole para não me descuidar de praticar o Amor Incondicional, mesmo que em alguns momentos isso traga prejuízo para meus interesses pessoais.

 

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03/05/2013 23h04
DEVOÇÃO CONSTANTE – FIRMEZA

            A Firmeza significa que se deve estar determinado a progredir na vida espiritual. Sem essa determinação não se pode fazer progresso tangível. E autocontrole que dizer que não se deve aceitar nada que seja prejudicial ao caminho do progresso espiritual. Devemos habituar-nos a isto e rejeitar tudo o que bloqueie o caminho do progresso espiritual. Isto é verdadeira renúncia.

            Isto é o que diz o Baghavad Gita neste nível devocional. Agora, como construí o meu caminho espiritual para aplicar nele a Firmeza?  Primeiro procurei saber o que é Deus. A inteligência Suprema do Universo cuja essência é o Amor Incondicional. É assim que compreendo Deus. Então, minha compreensão de Deus está montada em dois alicerces: Inteligência Suprema e Amor Incondicional. São duas forças que me parecem diferentes, mas complementares. A Inteligência Suprema é aquela que faz o ato da criação com toda sua perfeição, do micro ao macro cosmo; de dimensão eminente, material à transcendental, espiritual. O Amor Incondicional é a força que dá o direcionamento da Inteligência, para onde deverá caminhar a criação, a natureza. Assim, devo concluir que o Amor Incondicional é a maior força, pois é ela que dá o direcionamento da evolução. Então decidi que o meu caminho espiritual deveria ser o trilhar do Amor Incondicional em todos os meus relacionamentos, em todas as circunstâncias. Estou pronto a rejeitar qualquer coisa que bloqueie esse meu progresso espiritual, a aplicação do Amor Incondicional em todos os meus relacionamentos.

            Com este foco, aplico a Firmeza para manter o meu comportamento dentro do Amor Incondicional. Isso implica em ter que assumir a renuncia das conquistas do ego, em vencer todas as derivações que possam fragmentar o Amor, em suas formas paternal, filial, fraternal, conjugal, etc, até as exigências do amor romântico, até mesmo em sua expressão mais forte, a paixão.

            Dentro do atual estágio do mundo, da predominância dos valores materiais, do acúmulo de bens tangíveis e fugazes, sempre estou em confronto com os critérios culturais que apoiam o paradigma materialista. Por isso termino marginalizado nas relações sociais e até nos princípios religiosos rígidos que veem a necessidade da submissão do homem aos princípios dogmáticos interpretados pela consciência humana e de forte natureza animal.  Preciso ter muita Firmeza para não perder o foco e o meu caminho espiritual.

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em 03/05/2013 às 23h04
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02/05/2013 08h47
DEVOÇÃO CONSTANTE – LIMPEZA

            Há duas espécies de limpeza: a externa e a interna. A limpeza externa é mais fácil de vermos a sua necessidade. Caso não o façamos de forma correta, o próprio corpo passa a deteriorar emitindo o mau cheiro característico da condição e que perturba todos os que estejam na proximidade. Então, nesse nível de devoção ao Pai, a preocupação é com a limpeza material, a começar pelo corpo. Banhos diários, limpeza dos dentes e da boca, corte adequado dos cabelos, pelos e unhas. Cuidado com o que ingerimos, tanto em qualidade quanto em quantidade. Limpeza do lar, da organização, do trabalho a ser realizado. Limpeza do meio ambiente em que convivemos, evitar jogar lixo na rua e quando possível limpar a sujeira que outros fizeram, nas casas, nas instituições, no campo, na praia... tenho que ter cuidado com esse nível devocional, pois a tendência displicente que possuo, facilita a tendência de procrastinar o que devo fazer, de acumular serviço e limpeza. Nem me parece que isso é um serviço devocional a Deus, mas o Baghavad Gita tem razão, a Natureza é o corpo de Deus ao nosso alcance e se nós o estamos sujando, estando sujando a Deus com repercussão na sua criação.

            O outro tipo de limpeza, a interna, é mais íntima, nem todos podem perceber, quando muito pode sentir os efeitos de sua ação. Devido a nossa natureza animal, nossa alma funciona dentro de um corpo biológico criado por Deus para ser integrado à Natureza de forma harmônica. Para a sua sobrevivência individual, cada corpo está equipado com uma série de mecanismos instintivos que ficam a serviço do egoísmo. Isso nos primeiros dias de vida tem uma grande importância, pois garante a sobrevivência do recém-nascido. Mas a medida que crescemos, esses mecanismos devem ser controlados pela consciência que entra de posse de conhecimentos superiores, acima dos interesses da vida individual e privilegia os interesses da coletividade e da qual fazemos parte. Então toda a Natureza faz parte da grande família universal, todos filhos do mesmo Pai, principalmente os seres humanos dotados de inteligência, consciência e livre arbítrio. Devo estar sempre atento aos desejos que vêm do meu coração, pois a maioria deles busca um prazer pessoal, corporal, efêmero e muitas vezes não considera o interesse do próximo e pode lhe trazer prejuízo. Devo eliminar, fazer a limpeza do coração desse tipo de desejo, mesmo que eu não o consiga, que o tenha sob rigoroso controle para ele não se expressar e prejudicar quem quer que seja. Por outro lado, devo cultivar as virtudes dentro do grande campo afetivo do Amor Incondicional.

            Este nível devocional da Limpeza é de grande importância prática e que o trabalho é a ferramenta prioritária para colocá-la em prática. Portanto, devo compreender que quando estou executando algum tipo de trabalho para providenciar a Limpeza em qualquer condição, estarei em profunda devoção ao Criador. Tenho que desenvolver essa consciência no dia-a-dia, a cada momento, a cada minuto!

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em 02/05/2013 às 08h47
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01/05/2013 23h59
DEVOÇÃO CONSTANTE – SIMPLICIDADE

            Seguindo a orientação do Baghavad Gita, vou avaliar a simplicidade como mais uma forma devocional de amor a Deus. Vejo a Simplicidade como irmã gêmea da Humildade. O livro sagrado ensina que mesmo sem diplomacia, deve-se ser tão direto que seja possível revelar a verdade dos fatos mesmo a um inimigo.

            Tenho comigo essa experiência de ter colocado a verdade dos fatos, mesmo com alguma diplomacia, a um pretenso adversário. Até hoje tenho dúvida se fiz o correto, pois isso gerou tamanha rejeição ao meu comportamento, pois a pessoa esperava outro tipo de comportamento, mais tradicional, cultural... o meu comportamento foi baseado na Lei do Amor, completamente distante das normas culturais da nossa filosofia ocidental. Mesmo com essas dúvidas pessoais, com a opinião dos amigos que conhecem os fatos e dizem que fui precipitado, que eu não poderia dizer toda a verdade dos fatos, mesmo assim, no fundo da minha consciência eu me considero correto, que fiz a coisa certa, mesmo que tenha gerado tamanha reação negativa ao meu redor. As pessoas que passaram a me hostilizar estão baseadas nas leis humanas; eu continuo a me comportar com base na Lei do Amor Incondicional que é a principal Lei e a essência do Criador. Fico assim numa posição privilegiada e vendo a incoerência dos meus adversários, eles que dizem seguir a lei de Deus na teoria, na prática estão muito longe de alcançar esse desiderato. E o pior, não têm consciência dessa incoerência que praticam e pensam estar cumprido fielmente a vontade do Pai, enquanto permitem que seus corações continuem repletos de ódio.

            O Baghavad Gita continua orientando dentro desse elemento “Simplicidade”, quanto a aceitação do mestre espiritual. Isso é essencial, pois sem a instrução de um mestre espiritual genuíno, ninguém pode progredir na ciência espiritual. A pessoa deve aproximar-se do mestre espiritual com toda a humildade e oferecer-lhe todos os serviços para que ele fique contente e conceda suas bênçãos ao discípulo. Um mestre espiritual autêntico é um representante de Deus.

            Fiz a minha aproximação com Jesus Cristo e reconheço nEle um espírito bem evoluído, bem próximo da essência do Criador e que bem O representou em nosso meio material como mestre divulgador da paz e do amor e continua no Seu trabalho na esfera espiritual, na condição de governador do nosso planeta. Procuro me aproximar dEle cada vez mais com humildade e disposto a oferecer os meus serviços, harmonizando os trabalhos que ele exige com aqueles que o próprio Deus colocou em minha consciência. Considero assim que Ele seja o meu Mestre Espiritual, o meu irmão mais velho, mais sábio, mais instruído, mais próximo do Pai; que Ele também sabe da responsabilidade que o Pai colocou em minha consciência e como o representante de Deus irá me ajudar em cada momento de dificuldade nos quais eu tenha necessidade de um apoio.   

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em 01/05/2013 às 23h59
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30/04/2013 23h59
TOLERÂNCIA – O TESTE

            Devo ter cuidado com minhas afirmativas otimistas. Ontem disse que me sentia satisfeito com meu nível de tolerância. Nesse aspecto eu tinha uma retrospectiva de boa devoção ao Pai sendo tolerante com seus filhos, os meus irmãos. Não deu outra! Fui testado durante todo o dia quanto a tolerância, e não me saí tão bem quanto eu antes anunciava.

            Calhou deste dia ser o último para apresentação do Imposto de Renda. Como eu sempre deixo essa tarefa para o último dia, geralmente último minuto, neste ano apesar de eu ter me esforçado para entregar a declaração antes, terminou tudo para a última hora. Como o valor estava escandalosamente alto, pedi ajuda a Unicred para me financiar e pagar, já que eu tava assoberbado de outros serviços. A minha consultora da Unicred entrou em contato com o meu contador e ficaram de fazer os procedimentos e ela iria até o meio dia no Departamento do HUOL onde eu estava trabalhando pela manhã. A Residente em psiquiatria ficou de pegar um livro emprestado comigo também pela parte da manhã. O técnico de informática do Hospital ficou de ir fazer o backup do meu computador também pela manhã. Chegou o meio dia e nenhum apareceu no Departamento. Liguei para a minha consultora e disse que não poderia mais esperar, que tinha que fazer uma perícia em outro hospital. Ela disse que eu não me preocupasse que iria até mim onde eu estivesse. Adverti para ela que tinha comigo alguns boletos que precisavam também ser pagos nesta última data. Terminei a perícia e fui entregar no Campus, já passava das 15 horas e o banco estava aberto até as 16 horas. Liguei novamente para ela que disse que não me preocupasse, que ela pagaria o imposto de renda mesmo que não fosse possível ir até onde eu estava. Nem falou dos outros recibos que eu tinha que pagar. Até ai eu estava conseguindo ser tolerante dentro da minha perspectiva positiva. O caldo começou a entornar quando eu fui entregar a perícia no Campus. Como sempre faço, eu me dirijo direto ao setor, sei que não posso entrar, mas sinalizo para a técnica que quero falar com ela e ela logo vem ao meu encontro e resolvemos tudo sem delongas. Dessa vez fui interrompido por uma senhora idosa que estava manuseando seu celular e me perguntou para onde eu ia. Eu disse que ia para o setor de perícias e que já sabia onde era. Ela me barrou com educação, dizendo que o papel dela era avisar as pessoas que chegavam. Então sentei e disse educadamente que estava com uma perícia para ser entregue. Ela entrou na sala e logo saiu dizendo que eu aguardasse que a técnica fora avisada. Eu olhava o relógio e tentava cronometrar o tempo que me restava para eu chegar até o banco com tempo de pagar os recibos que a consultora da Unicred nem tinha lembrado. Enquanto os ponteiros do relógio corriam inexoravelmente minha mente ficava ruminando a situação que eu estava. Se eu tivesse aberto a porta e avisado que estava com o documento, a moça que já me conhecia com certeza vinha logo ao meu encontro. Mas a informação que aquela senhora passou de alguém desejava entregar um documento me deixava na vala comum dos diversos Office boys cujo trabalho consiste em enfrentar esse tempo de espera. Para eles é até bom, pois significa um descanso extra. Mas para mim significava que eu logo mais iria perder a chance de pagar o documento, teria que encontrar outra forma de fazer o pagamento e com a cobrança de juros. Ai meu nível de tolerância começou a desabar. Reuni toda minha energia para chegar perto da idosa senhora que continuava manuseando seu celular, ao invés de eu mesmo abrir a porta e me anunciar como estava sendo tentado, e disse a ela: “Por favor, diga a funcionária que eu estou com necessidade de chegar ao banco para pagar documentos antes que feche”. Mesmo com todo esforço para ser educado e tolerante, senti que minha voz saía mais dura do que o comum. Por dentro eu estava revoltado, pois não custava nada eu ter aberto aquela porta e me ter anunciado. Com certeza já haveria resolvido tudo e já estava no banco. Maldita burocracia! Malditos funcionários burocráticos e suas displicências com o serviço! Por fora até que eu podia aparentar que estava sendo tolerante, mas por dentro eu já havia desabado.

            Cheguei ao banco duas filas já haviam sido formadas. Eu não costumo ir a esse banco, não sabia qual delas pagava os meus documentos. Perguntei a uma moça se a fila que ela estava fazia pagamentos. Não sabia informar. Perguntei ao rapaz que estava na outra fila, ele disse que estava ali para sacar. Resolvi ficar atrás dele, não tinha visto nenhum estagiário do banco, não queria sair perguntando um a um qual das filas fazia pagamentos. Notei que minha intolerância já começava a se expressar quando um senhor chegou atrás de mim e perguntou para que eu estava na fila. Eu disse em tom alto para sensibilizar quem já me havia respondido antes. “Eu estou aqui para fazere pagamentos, mas não sei se a fila é essa, ninguém também sabe informar...”

            Sai do banco depois dos pagamentos realizados e como não ia almoçar, parei para comprar uns saquinhos de castanhas. Um saquinho era dois reais, mas sempre compro três saquinhos por cinco reais. Desta vez o vendedor estava com outro freguês e pelo jeito ele estava comprando sem essa deferência. Quando fiz a proposta de levar os três por cinco, ele disse que o produto não era dele e que não podia vender assim. Deu vontade de não levar nenhum e sair de cabeça erguida. Mas me contive e levei um só saquinho. Mas senti que o fato causou uma raiva dentro de mim que mais uma vez tive que me esforçar para conter.

            Cheguei nesse estado de ânimo no consultório para atender meus pacientes, consegui atender com certa educação aos que estavam marcados, mas aqueles que dependiam de minha tolerância, que queriam informações sem consulta marcada, senti que os atendi com rudeza, próximo da ignorância. Foi a declaração final de que eu não passei no teste da tolerância, quando ela realmente era requisitada. Os fatos corriqueiros da vida e que eu tenho um bom desempenho de tolerância nas suas resoluções, não trazem em seu bojo o nível de pressão que sofri nos fatos deste dia. Senti então que os mestres espirituais proporcionaram esse teste para que eu passasse por ele e minha consciência acusasse a nota que eu deveria ter. se antes eu pensava ter um oito ou mais no item devocional a Deus de tolerância, desci para seis ou menos. E mais ainda, devo ter todo o cuidado quando eu mesmo me fizer uma avaliação positiva, pois posso ser testado de imediato para verificar se bate o meu pensamento com a realidade.    

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em 30/04/2013 às 23h59
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