Já existe uma preocupação no seio da humanidade, difundido para os governantes mundiais, quanto a contaminação do ar, da água, do solo, etc., todos no campo material. Mas existe uma contaminação da qual não se ouve falar e que se dissemina insidiosamente: a contaminação moral. Os meios de comunicação divulgam conceitos e imagens de violência, imoralidade sexual, prazeres libertinos de drogas. Parece entrar nos costumes da cultura, parecer até benigna, mas não podemos nos enganar.
Na atualidade a contaminação moral alcança níveis inimaginados pelas gerações anteriores com consequências trágicas. Ela banaliza as agressões à ética nos relacionamentos e anestesia a consciência diante de Deus e isso é pior que a degeneração do planeta, pois é a sua causa.
As leis divinas estabelecem um funcionamento estável em que a evolução se procede de forma harmônica entre os seres vivos e os aparatos materiais. Também ficou estabelecido regras de conduta para o homem visando o perfeito desenvolvimento da sociedade, construindo a civilização do amor. Privilegia o relacionamento amoroso do homem com o Criador e o cuidado de uns para com os outros. Mas o que se observa á a negligência para com Deus e o abuso nas relações humanas caracterizadas pelos diversos tipos de corrupção.
Há um esforço mundial no sentido de encontrar soluções para a contaminação da natureza, mas não existe nenhuma preocupação séria a nível filosófico, comunitário e estatal, com contaminação moral. Esta atinge de preferência os detentores do poder, que para permanecerem em seus cargos mudam na prática o discurso ideológico que os caracterizava.
É este cenário que observo ao meu redor, no mundo político, financeiro, comercial, acadêmico, eclesiástico, familiar, cultural, enfim, para onde volto o olhar vejo a ação da contaminação moral e a sua ampla disseminação. Até mesmo quando volto o olhar para mim mesmo, vejo também a existência dessa contaminação nas minhas ações, algumas delas desconhecidas pela comunidade.
Existe um antídoto para bloquear essa disseminação da contaminação moral e proporcionar a cura dentro de nós. É a aplicação da principal lei de Deus: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Percebo que quando eu me esforço para fazer a aplicação dessa lei, não vou eliminar por completo e de forma imediata a minha contaminação moral, mas já evito fazer algumas ações que minha consciência acusa como deletéria ao próximo e que eu não gostaria que fizessem comigo.
A escritura diz: “Vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós.”
A Civilização do Amor que já existia na consciência do Papa Paulo VI, como a vontade Deus, e ele, o Papa, como Seu instrumento na terra, começou a fermentar entre os seres humanos. Paulo VI sentiu como é difícil cumprir a vontade de Deus dentro de uma sociedade dominada pelo egoísmo. A pessoa que tem essa missão como vontade de Deus pode até ficar isolada dentro da comunidade ou mesmo dentro do seu grupo congênere.
Mas o pensamento da construção da Civilização do Amor, do Reino de Deus, não desaparecerá, mesmo que um homem só, mesmo que seja o Pastor designado por Deus, não tenha força para completar esse projeto. Mas com suas ações dirigidas a esse propósito, por menores que sejam, servem de semeadura dentro dos corações endurecidos , preconceituosos e ignorantes.
No momento atual testemunhamos mais uma vez a eleição de um novo Pastor que a partir da suntuosidade do Vaticano, assume a humildade franciscana e defende mais uma vez a criação da Civilização do Amor. Sei que ele está respaldado pelo Evangelho, pelas lições que o Cristo nos deixou na qualidade de embaixador do amor. Sei que todos quantos recebem essas lições na consciência entendem a sua coerência, de que seja realmente o caminho que devemos seguir para alcançarmos uma sociedade justa e fraterna. Mesmo com essa compreensão, a força dos instintos e pulsões de natureza material, individualista e egoísta que se abriga em nossos corações, induz a comportamento hipócrita: defende a Civilização do Amor na teoria, sob a regência do Amor Incondicional, e na prática, no ensombramento das ações, deixa-se agir como instrumento do egoísmo, na regência do amor (?) condicional.
As palavras do Pastor servem apenas como gotas de chuva a regar nossos corações que já estão semeados pelas lições do Evangelho. Se nenhuma plantinha brotar em nossos corações, em decorrência da semeadura do Evangelho, do adubo da verdade que o Pai coloca ao nosso alcance através do conhecimento com liberdade e força capaz de destruir preconceitos paralisantes da alma, e também do regar do Pastor, a Civilização do Amor jamais se instalará na terra.
Eu senti no meu coração essa plantinha brotar, de início sem eu ter consciência de sua natureza. Mas hoje, sei que se trata do desígnio de Deus para a construção da Civilização do Amor. Agora eu procuro a adubar recolhendo cada vez mais fatias da Verdade que o Pai coloca à minha disposição. Com elas eu quebro preconceitos que compartimentaliza meu coração meu coração e dou espaço para a plantinha do Amor crescer dentro de mim. Sinto com alívio as palavras do Pastor minimizando a aridez de fraternidade que percebo ao meu redor.
De uma coisa eu tenho certeza se quero manter a plantinha em crescimento, se quero assumir essa tarefa como missão determinada pelo Criador para a utilidade de minha atual existência: devo agir sempre com o foco no AMOR, por mais que isso cause reações dolorosas ao meu redor, quando minhas ações atingirem os interesses egoístas, até de pessoas que dizem me “amar” ou que “amam” pessoas que estão bem próximas de mim.
Devo viver no AMOR, na sua forma mais perfeita e incorruptível, o Amor Incondicional, obedecendo a bússola comportamental que Jesus nos indicou: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Da mesma forma que sou vigilante para não desenvolver qualquer tipo de ação desviante nos meus relacionamentos e que agridam os princípios do Amor Incondicional, não posso ser omisso com as pessoas do meu bem querer mais próximo, minhas companheiras, meus parentes, meus amigos, quando por motivos egoístas eles tendam a agredir ou mesmo desconsiderar os princípios do Amor Incondicional.
Sou um ser imperfeito, cheio de culpa. Tenho consciência disso, pois já sei um pouco da verdade, suficiente pata abrir os olhos sobre mim e observar o quanto eu faço de errado e do pouco que faço correto. A balança ainda pende vergonhosamente para mim, para o lado dos erros. Somente uma ação consegue apagar tantos erros e trazer a balança ao ponto de equilíbrio. O reconhecimento do pecado, sua confissão perante Deus e quando conveniente, frente àquele ao qual cometi um pecado ou mesmo tinha intenção de fazê-lo.
Jesus foi enviado para nos ensinar boa parte da verdade, com as Boas Novas, com o Evangelho. Agora Deus pode falar em minha consciência: “Venha a minha presença, você que já confessou seus pecados, que procura ser tão transparente, que aceitou o Cristo como seu Mestre. Agora você pode me adorar na plena luz da minha presença e do meu amor.”
Sei agora que Deus revela Sua Santidade e justiça, bem como Seu amor e graça, para todos que se aproximam dEle confessando a culpa do próprio pecado.
O céu anuncia a Sua glória e mostra àquilo que Ele faz. Da mesma forma, posso voltar o meu olhar para o interior e observar que cada uma de minhas trilhões de células contém informação na condição de DNA. A Natureza pode produzir padrões, mas a informação codificada vem somente de uma inteligência superior. Minhas células podem formar padrões comportamentais na forma de instintos, pulsões, motivações, mas minha inteligência tem condições de se conectar com a inteligência do Criador e perceber qual é a Sua vontade e qual é a natureza dos meus erros. Se eu ainda sou fraco e não resisto a eles, mas tenho honestidade e princípios sinceros, confesso as minhas faltas identificadas com o sério propósito de corrigi-los, conquisto assim atenuantes. O Pai que também possui paciência exemplar, sempre perdoa e espera que realmente eu faça o esforço necessário para a minha corrigenda.
Assim vou evoluindo, sofrendo e aprendendo e cada vez mais me aproximando da inteligência e sabedoria do Criador.
O meu nome completo tem certa correspondência com o psiquismo completo, conforme descrito por Sigmund Freud da seguinte forma: Id, a instância instintiva que através de pulsões motiva o nosso comportamento em direção ao prazer e na fuga do desprazer; Ego, a instância cognitiva de avaliação do que é certo ou errado, com força de bloquear as motivações inconvenientes ao nosso desenvolvimento; Superego, a instância supra-pessoal correspondente aos interesses da coletividade e que disciplina os limites éticos e morais do comportamento individual.
Assim, Rodrigues, o nome de família que caracteriza o laço de sangue, corresponde a essa instância instintiva do Ego, onde as taras e erros genéticos acumulados pela reprodução dos gens terminam por criar dentro da mente motivações até inconscientes da busca de satisfações intrínsecas ao meu interesse individual; das Chagas, corresponde a instância supra-pessoal do interesse coletivo associado à vontade de Deus que deseja que eu seja instrumento da Sua vontade e não escravo das minhas paixões e taras familiares; Francisco, corresponde a minha consciência, conhecedora da força biológica e da vontade de Deus, ávida por adquirir mais conhecimentos e principalmente a sabedoria para bem os utilizar e que coloca o livre arbítrio à disposição do Criador.
Dessa forma o nome Francisco assume para mim uma nova dimensão. A dimensão da espiritualidade e do compromisso com Deus.
Também existe a figura do novo papa e que se intitula como Francisco, que reforça o lado da humildade na suntuosidade da Igreja e que já disse nos primeiros pronunciamentos que a saída para a humanidade será o desenvolvimento da civilização do amor.
O carisma do nome Francisco, cheio de humildade e amor, é o que parece prevalecer no momento atual. Nome que me foi dado pelo batismo há mais de 60 anos e que agora parece mostrar que tem um significado forte. Momento este que sinto a presença de Deus com mais força na minha vida, onde percebo a Sua influência, Sua vontade e Seus conselhos mais frequentes e firmes, como se tivesse sendo colocado a urgência das coisas que devem ser realizadas.
Este é o nome da minha família biológica. É como se fosse a marca da carne, assim como tem o gado que é marcado com um ferrão para dizer a quem pertence, o sobrenome indica na comunidade a quem pertencemos e de quem recebemos e receberemos herança. Recebemos herança genética, das taras e tendências da carne; receberemos a herança da educação, dos bens materiais que foram amealhados ao longo do tempo.
Recebi como herança genética do meu pai o forte impulso para a prática sexual. Meu pai teve a sua vida toda voltada para esse instinto, vivia em casas de prostituição e na própria casa onde morava procurava em todas as ocasiões como atender os seus desejos eróticos. Minha mãe, apesar de não ser tão exagerada nesses instintos, também não era nenhuma santa e exercia sua sexualidade sem bloqueios e com certa liberdade. Então, essa força biológica dentro de mim teria que ser trabalhada para servir à vontade de Deus, e não aos meus desejos carnais.
Também fui colocado dentro de um ambiente propício à pratica sexual. Minha avó materna que passou a me criar devido as dificuldades financeiras de minha mãe, era dona de um cabaré. Foi nesse ambiente que desenvolvi minha infância e adolescência. Bem que minha avó tentava com mão de ferro me proteger da influência do sexo e das drogas. Agradeço a ela todo o vigor de sua educação, até com cordas, dando surras sobre minhas costas, como forma de disciplinar a força dos hormônios sobre meu comportamento. Teve como efeito colateral uma forte timidez, mas por outro lado contribuiu para meu mergulho no mundo dos livros.
Então vejo hoje que tudo teve uma predisposição, que existiram pessoas como minha avó no plano material e meu anjo da Guarda no plano espiritual, que me protegeram até que eu tivesse a consciência amadurecida que tenho hoje e que possa usar o livre arbítrio e decidir realizar a vontade de Deus reconhecida como tal em minha consciência. E vejo toda a retrospectiva em torno do meu nome.
Durante a infância o nome ainda não está devidamente impregnado na nossa personalidade. Existem os apelidos familiares que desviam muita vez do foco, como “Titico”, “Francisquinho”, “Chiquinho”, no meu caso. Eram usados, pela família e amigos mais próximos. Durante o serviço militar passei a ser identificado pela partícula mais máscula, Rodrigues, e a partir daí assumi como a minha identidade mais real, o que contentava o meu orgulho. Passei a ser o marinheiro Rodrigues e mais tarde, depois de concluído o curso médico, passei a ser o Dr. Rodrigues, devidamente caracterizado pelos cursos extras de Mestrado e de Doutorado que fiz na Academia. Não considerava tanto o Francisco das Chagas.
Mas existia dentro de mim, e existe cada vez mais forte, um apelo para o conhecimento do mundo espiritual. Foi então que despertei para a importância espiritual do meu nome e da sua ascendência sobre o sobrenome, a caracterização do mundo material.
Hoje estou determinado a usar o primeiro nome como o principal: Francisco. Reconheço as ações de Deus na minha vida, desde a mais tenra infância, até o momento de testemunhar a sua Lei principal, a Lei do Amor Incondicional. Sei que Ele coloca ao meu lado as diversas pessoas capacitadas a me instruírem e colaborarem comigo, principalmente as minhas companheiras, que já chegam com essa motivação. Podem sofrer pela dificuldade de entender e de praticar o que é necessário, de ter a capacidade de abnegação, de servir ao próximo em detrimento de si mesmo, de não ter ciúmes, de não ter exclusividade na sua forma de amar. Mas sabem, no íntimo de suas almas, que estou correto e que tenho que fazer o que faço.