Podemos ter vários significados para o Natal, de acordo com a religião, profissão e o paradigma de vida. O meu significado aborda a religião, mais o significado que tenho construído ao longo da minha experiência em vários tipos de estudos. Não significa que este ponto de vista que defendo seja algo definitivo, incapaz de ser alterado. A qualquer momento posso reformar meu pensamento e fazer outra narrativa. Neste momento esta é a narrativa que tenho quanto o Natal.
Deus construiu tudo que existe no mundo. Nos construiu com a capacidade de raciocinar e evoluir de forma lenta dentro dos princípios morais. Acontece que os animais, onde estamos classificados, têm um forte egoísmo que direciona seu comportamento para tudo que o beneficia ou os seus parentes e amigos mais próximos, seguindo esta ordem hierárquica. Essa forma de relacionamento termina por privilegiar a lei do mais forte, o mal passa a prevalecer na sociedade. Até a vida, o bem mais precioso que possuímos não era considerada com o devido respeito. Os romanos, sociedade mais civilizada e poderosa do seu tempo, organizava os espetáculos circenses onde os gladiadores eram invariavelmente mortos sob a aclamação da plateia.
Observando Deus, que os homens não iriam sair dessa situação sem uma ajuda externa, convocou Jesus, a sua criatura mais evoluída, para assumir a missão de vir à Terra ensinar o amor. Em 25 de dezembro ele veio à luz, e chegou a mudar o calendário, contando os homens os anos para antes ou depois de sua vinda.
Tudo isso foi possível, todo esse reconhecimento, pela tamanha consideração devido o trabalho feito por Jesus. Com toda a dificuldade de pessoa pobre, tendo que trabalhar para manter a subsistência e ajuda na economia doméstica, somente ao atingir os 30 anos ele entrou em posse da sua missão, desenvolvendo-a durante 3 anos, preparando a fundo 12 pessoas para seguirem no estudo quando ele não estivesse mais entre nós.
Foi o trabalho dessas 12 pessoas, acrescido do trabalho de Paulo de Tarso, que extrapolou os muros da Judéia e se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil e dando a conhecer as lições do Mestre.
Como seu ensinamento foi baseado no Amor Incondicional, construiu um forte antagonismo sobre o egoísmo que campeava em todas as áreas. Mesmo sendo conduzido por pessoas imperfeitas, que distorciam as lições e provocavam até o contrário do que era ensinado, mesmo assim a essência do amor terminava por surgir aqui e ali e os abusos terminavam sendo coibidos, de alguma forma, mesmo que não na totalidade.
Estamos há 2.000 anos de suas lições do amor, mesmo assim o mal ainda prevalece na nossa sociedade, em todas as latitudes, nas suas diversas formas. Apesar disso tudo, uma consciência cada vez maior nos leva a maior racionalização, de que Jesus é o governador da Terra dentro de uma guerra espiritual e que podemos nos engajar nessa missão..
Certo fazendeiro convivia pacificamente com seus cães na administração da fazenda. Com o tempo, contaminado pelo egoísmo, deixou de ser bondoso e justo com seus animais. Explorava em demasia a ordenha das vacas, o trabalho dos cavalos, a carne das aves... Mantinha a fazenda sob a proteção dos cães que tinham sido adestrados para proteger a área de qualquer ameaça externa. Acontece que alguns animais mais insatisfeitos começaram a importunar o fazendeiro com protestos e quebra na produção. Ouviram falar que existia um dragão do outro lado do mundo que proporcionava à força os bens que todos sonhavam possuir, e passaram a evocar o espírito desse dragão, que viesse destruir o fazendeiro e assumir a administração da fazenda. Outros animais mais ponderados, racionais e espiritualizados, que constituíam a maioria na fazenda, sentiram o perigo que havia nessa evocação, que o fazendeiro já estava sendo possuído pela alma do dragão, e foram em romaria pelas veredas da fazenda pedir as cães que protegessem a harmonia que existia, que não deixassem o dragão monopolizar tudo, e que o fazendeiro já estava possuído.
Os cães entraram em conflito. Foram adestrados para obedecerem ao fazendeiro. Por outro lado, também foram adestrados para defender a fazenda, representada por todos os animais. Sentiram, enfim, que a fazenda corria risco, pois onde o dragão passava a administrar ocorria muita morte e perda da liberdade. Os cães resolveram afastar o fazendeiro obcecado e garantiu com a força do adestramento a manutenção da lei e da ordem como foram ensinados. Os animais revoltosos continuaram a lutar na clandestinidade e com violência pela vinda do dragão.
Enquanto os cães garantiram a segurança da fazenda, o dragão não se aproximou. Foi um período de prosperidade para a fazenda, mesmo com os animais agitados fazendo o maior barulho e más insinuações com tudo o que acontecia. Foi destruindo sistematicamente com violência e falsas narrativas toda a moral dos cães, ingênuos em suas boas intenções. Chegou a um ponto que na fazenda só se ouvia o grito de protestos dos exaltados evocadores do dragão, e com isso cooptavam estudantes, professores, juristas e até eclesiásticos menos esclarecidos na verdade.
Os cães resolveram entregar a gerência da fazenda aos novos fazendeiros que se digladiavam para assumir o poder central, com a bandeira do dragão, e assumindo o mando sobre os cães.
Será que isso dará certo?
Quando o sono da noite deixa o corpo
Embrulhado nos lençóis alvos da cama
Parece não ter vida, estar morto
Parece não ter alma, não ter chama.
Porém, agora, quando estás em pleno sono
Que tua vida é mais viva do que antes
E a verdade diz com certeza o que somos
Procurando no astral nossos amantes
Ah, quem me dera disso tudo me lembrar
Do teu perfume, teu afago, teu abraço
Do teu olhar sem ter medo de embaraço
Ah, quem me dera ter certeza ao acordar
Que irei sempre, sempre ter contigo
Pois quando dormes tu vens logo ter comigo.
Encontrei um conto talmúdico que evoca a sabedoria. Confesso que não atinei onde esta tal sabedoria quando o problema foi colocado. Como atenuante da minha bobeira, quando o sábio começou a explicar ao herdeiro a sabedoria do pai que havia feito o testamento tão doloroso e sábio ao mesmo tempo, foi atinei para tal sabedoria. Vejamos o conto e que sirva de exercício também aos meus leitores.
O herdeiro legítimo
Um israelita rico, que vivia em sua bela propriedade muito longe de Jerusalém, tinha um filho único, que mandou para a Cidade Santa para se educar. Durante a ausência do jovem, o pai adoeceu repentinamente. Vendo a morte aproximar-se, fez seu testamento pelo qual instituiu universal herdeiro um escravo, com a cláusula que a seu filho seria permitido escolher da rica propriedade uma coisa que ele quisesse. Assim que o patrão morreu, o escravo, exaltando de alegria, correu a Jerusalém para informar o filho do que se tinha passado, e mostrar-lhe o testamento. O jovem israelita ficou possuído do maior desgosto. Ao ouvir essa notícia inesperada rasgou o fato, pôs cinzas na cabeça, e chorou a morte do pai, que amava ternamente, e cuja memória ainda respeitava. Quando os primeiros arrebatamentos de sua dor tinham passado e os dias de luto acabaram, o jovem
encarou seriamente a situação em que se encontrava. Nascido na opulência, e criado na expectativa de receber, pela morte do pai, as propriedades a que tinha tanto direito, viu ou imaginou ver as suas esperanças perdidas, e as suas perspectivas mundanas malogradas. Nesse estado de espírito, foi ter com seu professor, um homem afamado pela sua piedade e sabedoria, deu-lhe a conhecer a causa da sua aflição, e o fez ler o testamento; e na amargura do seu desgosto, atreveu-se a desabafar os seus pensamentos — que o pai, fazendo tal testamento, e dispondo tão singularmente dos seus bens, não tinha mostrado bom senso, nem amizade pelo seu filho único.
— Não digas nada contra teu pai, meu jovem amigo — declarou o piedoso instrutor. — Teu pai era ao mesmo tempo um homem dotado de grande sabedoria e a ti, especialmente, de uma dedicação sem limites. A prova mais evidente é esse admirável testamento.
— Esse testamento! — exclamou o jovem torcendo os lábios em expressão de amargura —, esse deplorável testamento! Convencido estou, ó rabi —, de que não aprecias o caso com discernimento de homem esclarecido. Praticou meu pai uma indignidade. Não vejo sabedoria em conferir os seus bens a um escravo, nem amizade em despojar o filho único dos seus direitos legítimos.
— Teu pai nada disso fez — rebateu com segurança o mestre —, mas como pai justo e afetuoso garantiu-te, nos termos desse testamento, a propriedade plena de tudo, se tiveres o bom senso de interpretar com acerto as cláusulas testamentais.
— Como? Como? — exclamou o jovem com o maior espanto. — Como é isso? Cabe-me a propriedade integral? Na verdade, não compreendo.
— Escuta, então — acudiu o rabi. — Escuta, meu filho, e terás motivo para admirar a prudência do teu pai. Quando viu teu bondoso pai a morte aproximar-se, e certo de que teria de seguir o caminho que todos seguem mais cedo ou mais tarde, pensou de si para consigo: Hei de morrer; o meu filho está longe demais para tomar posse imediata de minha propriedade; os meus escravos, assim que se certificarem de minha morte, saquearão a minha casa, e para evitar serem descobertos, hão de esconder a minha morte a meu querido filho, e assim privá-lo até do triste consolo de chorar por mim. Para evitar essa primeira coisa, deixou a propriedade a um escravo, que decerto teria o maior interesse em tomar conta dela. Para evitar a segunda, estabeleceu a condição que poderias escolher qualquer coisa dessa propriedade. O escravo, pensou ele, para assegurar o seu aparentemente legítimo direito, não deixaria de te informar, como de fato fez, do que acontecera.
— Mas então — teimou o jovem um pouco impaciente —, que proveito tirarei de tudo isso? Qual é a vantagem que poderá resultar para mim? O escravo não me restituirá, com certeza, a propriedade de que injustamente fui despojado!
— Ah! — respondeu o bom velho —, vejo que a sabedoria pertence aos velhos. Sabes que tudo quanto um escravo possui pertence ao seu dono legítimo? E teu pai não te deu a faculdade de escolher dos seus bens qualquer coisa que quisesses? O que te impede de escolher aquele próprio escravo como a parte que te pertence? E possuindo-o, terás direito à propriedade toda. Sem dúvida era essa a intenção de teu pai.
O jovem israelita, admirando a prudência e a sabedoria do pai, tanto como a argúcia e a ciência de seu mestre, aprovou a ideia. Nos termos do testamento, escolheu o escravo como a sua parte, e tomou posse imediata de toda a herança. Depois disso, concedeu liberdade ao tal escravo, que foi, além disso, agraciado com rico presente.
O filósofo Olavo de Carvalho divulgou um vídeo no seu canal no youtube sobre a Direita e a Esquerda que o Paulo Eneas comentou (https://criticanacional.com.br/2019/12/15/guerra-politica-o-ethos-dos-comunistas-o-ethos-da-direita/) e reproduziremos aqui para a nossa reflexão e aprendizagem.
Em vídeo divulgado hoje em seu canal no youtube, o professor Olavo de Carvalho tocou em um ponto essencial para entender a natureza da guerra política travada hoje no Brasil. O professor afirmou que, ao contrário da Esquerda, a Direita padece da falta de um Ethos ou moralidade política comum que oriente sua conduta na guerra política, o que resulta numa Direita Anarquista, onde cada agente atua por conta própria, fazendo seus próprios juízos.
Em contraste, do lado da Esquerda, existe um Ethos revolucionário muito claro e bem definido, que orienta todo esquerdista a sempre defender seu companheiro, ainda que ele esteja errado. Por sua vez, a conduta da Direita consiste em sempre e quase que por princípio desconfiar de seus pares, como se fosse obrigação moral de cada direitista estar sempre pronto para combater e atacar outro direitista.
Essa mentalidade está presente, por exemplo, em clichês tolos como aquele que diz que “não tenho político de estimação”, como se tal aforismo fosse a expressão máxima de inteligência e da retidão política. Na verdade, o clichê nada mais é que uma boçalidade, fruto de uma afetação pseudomoralista pequeno-burguesa que enxerga na pose igualmente afetada, o equivalente do entendimento substantivo dos fatos e das coisas.
Na Era Bolsonaro, a conduta de muitos direitistas tem sido pautada pela preocupação em ser o primeiro a atacar seu companheiro de jornada, partindo-se sempre do pressuposto de que o outro está errado, independentemente de comprovação, e que não é digno de confiança a priori, pouco importando se esse ataque venha beneficiar tática ou estrategicamente os interesses do inimigo.
Foi o que fez Flavio Morgenstern em artigo sofrível no Senso Incomum, onde até mesmo a chacota desrespeitosa e fútil com o nome do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamado no título do artigo de Abraham Weintrouble, já indica a intenção de confronto. Fato é que se existem troubles, não são aquelas associadas a Weintraub, mas às troubles de direitistas como Flavio Morgenstern, em entender os capítulos diários da guerra política no mundo real.
Cabe questionar o que move e o que leva direitistas a terem essa conduta autofágica. Em nosso entender, essa postura é no fundo de natureza emocionalmente defensiva, chegando às vezes às raias da covardia, como se todo direitista estivesse sempre movido pela necessidade imperiosa de provar sua superioridade moral em relação aos comunistas.
E escolhe fazer essa prova mostrando-se disposto a combater outro direitista, talvez para demonstrar que “não tem político de estimação” ou que é “intelectualmente independente”. Esse comportamento, ao nosso ver, situa tais pessoas no campo da infância ou no máximo da adolescência política, independentemente de seu grau de erudição. Acontece que a política, por definição, é operada na esfera adulta.
Não ocorre a estas pessoas que a defesa de valores judaico-cristãos e a disposição de combater um movimento político revolucionário que promove cerceamento da liberdade, ditaduras e genocídios em associação ao mundo do crime, já são por si mesmos os elementos que chancelam e conferem superioridade moral aos conservadores e à direita em relação ao comunistas-socialistas.
Um conservador e direitista não tem que pautar sua conduta pela preocupação em “provar” para os outros, e até mesmo para os comunistas, sua superioridade moral combatendo e atacando outros direitistas. A obrigação de um direitista hoje no Brasil é, em primeiro lugar, atingir a maturidade política, coisa que a maioria ainda não tem.
Em segundo lugar e atingida essa maturidade, cabe ao direitista hoje no Brasil entender que os verdadeiros inimigos são os comunistas, o crime organizado, os globalistas e o establishment político e midiático e acadêmico. E não um ministro endossado e respaldado pelo Presidente Bolsonaro. #CriticaNacional #TrueNews #RealNews
Avaliação perfeita de nossa condição política e ideológica. Também não entendo como tantas pessoas que eu reputo da mais elevada honestidade defendem com unhas e dentes os criminosos e seus projetos. Uma hipnose coletiva? Mas porquê só atinge certas pessoas?