PRECISAMOS SER PROFETAS
Surgiu nos comentários da liturgia católica de hoje uma frase de Paulo: “Como cristãos evangelizadores, precisamos ser profetas e, como membros da igreja e da sociedade, precisamos também aceitar os questionamentos propostos por outros profetas.”
Como eu havia me colocado neste contexto no dia anterior, refleti que esta era mais uma informação que Deus estava colocando ao meu alcance para que eu aprofundasse minha compreensão sobre o que eu havia escrito. Portanto, vou transcrever o trecho da liturgia (Marcos 12, 1-12) que originou os comentários que incluem a frase de Paulo:
E começou a falar-lhes em parábolas: “Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, edificou uma torre, arrendou-a a vinhateiros e ausentou-se daquela terra. A seu tempo, enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles uma parte do produto da vinha. Ora, eles prenderam-no, feriram-no e reenviaram-no de mãos vazias. Enviou-lhes de novo outro servo; também este feriram na cabeça e o cobriram de afrontas. (...) Nunca lestes estas palavras da Escritura: a pedra que os construtores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular. Isto é obra do Senhor, e ela é admirável aos nossos olhos?
O sentido mais objetivo dessa leitura é a de reforçar o meu pensamento quanto a minha atuação profética no meio da sociedade. Pretendendo fazer a vontade de Deus, criei um Projeto Universitário que chamei Foco de Luz para agir na comunidade. A comunidade escolhida passou a ter o sentido da parábola, da vinha que estava sendo plantada. Cerquei com os limites da atuação na comunidade da Praia do Meio. Foi escolhido como o lagar, (o local onde se pisam os frutos para separar sua parte líquida da massa sólida, como as azeitonas para fazer o azeite ou as uvas para fazer o vinho), a Escola Estadual Olda Marinho. Nesta escola são feitas reuniões semanais entre outras atividades. São estas reuniões que servem para serem pisoteados os pensamentos para separar sua parte espiritual da parte material. A parte espiritual servirá para fazer o Reino de Deus. Foi edificada uma torre de vigilância e ação, a Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM) e foi arrendada aos vinhateiros (moradores e amigos). Desta forma, eu estou incluído como vinhateiro arrendador, devo ter consciência de que tudo que tenho pertence a Deus e sou um simples administrador de Seus recursos e cumpridor da Sua vontade. Por outro lado, também posso ser considerado como um Profeta que fala as palavras de Deus e que age as ações que Deus quer; da mesma forma que outros vinhateiros que pensam como eu também podem ter pensamentos e ações proféticas, e que devo considerar o que ouço ou vejo, pois o Senhor pode usar outros canais de comunicação para que Sua vontade seja realizada com perfeição na construção do Seu Reino.
Pronto! Eis a lição na íntegra do que o Pai queria me ensinar hoje. E tenho a intuição de que, como isto está se dando no início do mês de junho, o mês que anunciou através das fogueiras a gestação material do espírito de João e Jesus, que seja o fogo consciencial do projeto Foco de Luz essa pequena fogueira que irá anunciar aos que tem olhos para ver e ouvidos para ouvir o que está sendo construído na comunidade pela vontade do Pai. Que o despertar da minha voz profética ajude o despertar da voz profética dos meus irmãos, companheiros e vinhateiros, para que possamos fazer ecoar a sinfonia que o Pai começa a orquestrar em nossos corações.
Da mesma forma que a voz profética de Paulo emitida e escrita há dois mil anos atinge agora os nossos corações, que nossas vozes também se tornem proféticas nesta época para que unidas no tempo e no espaço, a todos que sintonizam no Bem, possamos todos fazer a vontade do Pai e superar a ameaça das forças do mal, da ignorância, que sempre estão a nos espreitar na tentativa de nos derrotar.
Ave Cristo, o nosso comandante!
Jesus é considerado pela doutrina espírita como o governador espiritual da Terra. É bem interessante, lógico e prático esse conceito. Como observamos uma hierarquia temporal no mundo material onde cada região tem seus níveis de gerenciamento político, como prefeito, governador, presidente, etc., no mundo espiritual, onde a vida real acontece com mais profundidade e proximidade com Deus, deve ser essa dimensão espiritual superior à dimensão material. Como sabemos que Jesus veio ao mundo material em missão dada pelo Pai, para ensinar o caminho, a verdade e a vida, e como ele é considerado por todos que conhecem a sua vida e as suas lições, como a personalidade mais evoluída que já viveu entre nós, podemos concluir que ele exerça no mundo espiritual um alto cargo político e gerencial para nossas vidas em qualquer plano da existência. O cargo de governador do planeta não agride nossa inteligência ou à lógica. Em decorrência disso, todos que estamos engajados na vida, encarnados ou não, que procuramos seguir suas lições, também passamos a exercer um cargo espiritual que deve ser ligado a ele e hierarquicamente superior a qualquer cargo que venhamos exercer no mundo material e que nos permite viver com dignidade.
Vou colocar como exemplo o meu caso. Fui educado e me capacitei a exercer uma profissão dentro do mercado de trabalho da minha comunidade. Mas além desses cargos também exerço tarefas que cumprem as exigências espirituais. Tenho a tarefa de estudar para sair da ignorância e me aproximar cada vez mais da verdade, como faço nos estudos espirituais das terças feiras à noite; tenho um trabalho de educação espiritual e emocional aos dependentes químicos nas noites de sexta-feira, na Cruzada dos Militares Espíritas, onde exerço a caridade, principalmente; tenho um estudo prático nas quartas feiras à noite, na Casa de Caridade, onde procuro desenvolver minhas habilidades mediúnicas. Porém, é no trabalho das quintas feiras à noite na Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM) que mais me aproximo dessa hierarquia política onde Jesus é o governador. O nosso grupo está consciente que foi convocado por Deus para executar as tarefas necessárias sob o comando de Jesus. O presidente da Associação corresponde ao prefeito da comunidade e cada companheiro que assume uma determinada tarefa é considerado seus secretários. A minha participação nessa hierarquia está mais coerente com o trabalho de um profeta de Deus ou apóstolo de Jesus. Alguém que tem a responsabilidade de trazer para o grupo textos que representam a vontade de Deus ou as ordens de Jesus. Isso ficou muito claro ao ser elaborado o Projeto Foco de Luz que deu início a tudo e no qual foi incluída como observação importante a ser cumprida por todos, as normas de conduta que são todas baseadas no Evangelho. Da mesma forma, quando foi construído o Estatuto Social da AMA-PM foi incluída em posição de destaque essas mesmas Normas de Conduta de natureza evangélica.
Reflito ainda que a minha participação no grupo parece mais com aquela do profeta Samuel que com a permissão de Deus ungiu o primeiro rei de Israel, Saul, e depois, com a mesma orientação divina foi à procura do segundo rei, aquele que deveria substituir Saul, numa família de pastores, o pequeno Davi.
Dessa forma sinto orgulho de sentir que desempenho essa tarefa e cargo espiritual, sob o comando do meu governador, Jesus, muito mais que as minhas conquistas acadêmicas e financeiras no campo material, pois deixo tudo isso subordinado aos valores espirituais.
O livro com o título acima, do Pe. Ferrari M. P. e equipe, fala do martírio na América Latina, mas sabemos que o martírio está em qualquer lugar deste planeta que exista a participação do homem nas suas relações com o próximo. Vejamos como exemplo o Oriente Médio e até civilizações que são consideradas as mais evoluídas e desenvolvidas, técnica e financeiramente, como os Estados Unidos, e no entanto observamos o martírio dentro delas também.
Mas vamos focar nossa atenção hoje nesse trabalho do Pe. Ferrari que fala da nossa região e do trabalho do santo Oscar Romero, que nasceu em 15-08-1917, em Barrios, perto de El Salvador. Foi assassinado no dia 24-03-1980, enquanto oficiava uma missa na capela do Hospital da Divina Providência.
Sua ação pastoral visava ao entendimento mútuo entre os salvadorenhos. Para ele, era preciso mudar a realidade injusta e opressiva e evitar uma guerra civil. Denunciava, através de escritos e homílias, os detentores do poder, cujos mecanismos de repressão semeava o pânico, a violência e a morte entre a população mais carente. Criticava duramente tanto a inércia do governo, as interferências estrangeiras, como as injustiças praticadas pelos grupos “revolucionários”. Certo dia, ao ver o exército cercando a catedral para intimidá-lo, afirmou: “Como deve ser mau este sistema que é capaz de lançar o pobre contra o pobre, o camponês com uniforme do exército contra o camponês trabalhador.”
Algo muito parecido aconteceu em 29-05-1978, quando índios foram assassinados quando se dirigiam pacificamente a Panzós, para saber das autoridades o paradeiro de companheiros seus, sequestrados pelo exército. Iam exigir o direito de cultivar a terra que era de seus antepassados.
Na manifestação havia gente de várias aldeias: de Cohaboncito, de Chipate, de Soledad. Eram homens, mulheres, crianças, anciãos. Ao chegarem a localidade o exército já os aguardava. A repressão foi violenta, cruel e sangrenta. Todos, inclusive as crianças, os velhos, as mulheres, foram fuzilados, metralhados e despedaçados por granadas.
Apesar da repressão e da exibição truculenta de poder e força contra os pequeninos deste mundo, a luta continuou. Muitos outros haveriam de tombar nos anos que sucederam. Somente em 1980, 59 advogados foram assassinados.
Como é parecido esse martírio de El Salvador, Panzós, com o que parece se esboçar no Brasil de hoje, quando as forças políticas que estão no poder, praticam atos de corrupção generalizada e maciça, divide a população pelo ódio e faz exibição de força com exércitos clandestinos que vão as ruas armados de foices, facões e coquetéis molotov. Espero que consigamos abortar esse martírio da América Latina que começa chegar perto e dentro de nossa pátria.
Reunião no dia 28-05-15 com a presença das seguintes pessoas: 1. Francisco 2. Adriana 3. Paulo Henrique 4. Josineide (mãe de criança do futebol) 5. Ezequiel 6. Jorbão (pai de aluno do futebol) 7. Davi 8. Joana D’Arc 9. Cíntia 10. Luzimar (que teve necessidade de sair antes, mas voltou no término da reunião) 11. Jailson (pai de aluno do futebol) 12. Silvana 13. Nivaldo 14. Sandra 15. Isabel 16. Damiana 17. Maria da Luz 18. Lucy 19. Radha 20. Edinólia 21. Lucineide 22. Netinha 23. Jéssica 24. Nazareno 25. Francisca e 26. Marília. Antes da reunião foi feita uma roda de conversa com os pais dos alunos do futebol que se achavam presentes. Foram colocadas as dificuldades do futebol com as crianças por faltar gente para trabalhar junto com Ezequiel. Jorbão falou de Neto, o responsável pelas atividades do futebol nas Rocas e ficou acertado que ele faria contato com ele e passaria o telefone para Paulo e convidá-lo para ele apresentar sua experiência para nós. No início da reunião, as 19h, aprovamos a pauta com três itens: 1. Estatuto; 2. Futebol infantil; e 3. Informes diversos. 1. Estatuto. Foi explicado por Francisco que iria ser lido um adendo ao Estatuto Social da AMA-PM, que trata das normas de conduta. Após a leitura todos concordaram com os termos, sem nenhuma rejeição ou correção e fizeram a aprovação por aclamação. 2. Futebol. Ezequiel coloca as dificuldades do trabalho que realiza com as crianças por dois motivos: por se sentir sozinho e por não ter conhecimentos técnicos. No entanto considera importante este trabalho, pois retira as crianças do risco de usar drogas ou se envolver com gangues em conflitos mortais com outras. Lucineide, a mãe de uma das crianças, comenta que seu filho foi jogar bola na praia com a advertência de não tomar banho de mar, e, no entanto, chegou em casa todo molhado. Ezequiel disse que realmente isso havia acontecido, mas que ele estava tentando manter o controle da situação. Foi colocado esse caso como um exemplo da necessidade de mais voluntários que possam fazer essa cobertura no comportamento das crianças, enquanto Ezequiel conduz o futebol. Ficou o convite aberto a todos os presentes na reunião para que dentro das condições de cada um colaborem com essa ajuda para melhor controle dessa atividade tão importante como o futebol. Paulo entrega para ser lido o modelo de Cadastro de alunos do futebol feito por Davi onde consta um Termo de Responsabilidade Conjunta, entre os Pais e Associação, e que prevê as medidas educacionais corretivas necessárias. 3. Informes. Francisco informa da audiência pública que está sendo organizada através do gabinete do vereador Ubaldo e que deve abordar os temas do Turismo, Segurança e Esportes. Edinólia informa das providências que estão sendo feitas para o Arraial da Praia do Meio que está previsto para o dia 27-06-15, ao lado do Hotel Reis Magos, onde haverá a apresentação de Quadrilhas e a rifa de cinco balaios juninos e que está entregando os carnês em número de 10 bilhetes, cada um a 2,00 reais. Ezequiel fala da importância desse evento para a comunidade, pois será a primeira vez que o bairro irá se mostrar para a cidade e para os turistas que nos visitam. Ana Paula informa das diversas comissões que estão sendo formadas para organizar o evento e que devem funcionar com competência e determinação para tudo sair à contento. Disse também que as pessoas que estiverem dentro dessa organização receberão um crachá para sua identificação no momento da festa. As 20h como foi esgotada a pauta, a reunião foi encerrada com a oração do Pai Nosso conduzida por Cíntia. Todos ficamos em posição para a foto coletiva oficial e saboreamos o chá, café e biscoitos trazidos por Paulo.
Avaliei ontem a minha disposição e a de Paulo de servir a Deus, de ser o Seu instrumento na Terra, no relacionamento com a Natureza, principalmente com o próximo, em qualquer nível de afetividade. Notei que o meu comportamento com relação as mulheres e a possibilidade de relacionamento íntimo que sempre está potencialmente presente, é diametralmente oposto ao de Paulo. Ele foi criado e educado dentro dos templos; eu fui criado e educado dentro dos bordéis. Só este simples fato já diria para todos que Paulo é quem está correto. Mas continuo a receber mensagens de cunho espiritual que reforça a minha postura comportamental e não a dele. Pois vejamos o que foi lido em todas as igrejas católicas no dia 26-05-15:
EVANGELHO: Marcos 10, 28-31
Pedro começou a dizer-lhe: “Eis que deixamos tudo e te seguimos.” Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições – e no século vindouro a vida eterna. Muitos dos primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros.”
COMENTÁRIO
A inquietação da perfeição ou da pureza é uma das formas mais enganadoras dessa ilusão (de se ficar olhando para o céu). É preciso servir a Deus a moda humana e segundo os tempos, esperando um dia fazê-lo à moda divina e segundo a eternidade, dizia São Francisco de Sales. Essa pressa impaciente dos desejos “de certa perfeição cristã” que pode ser imaginada, mas não pode ser praticada, e da qual muitos tiram lições, mas ninguém nunca transforma em ações, é até oposta ao dever cristão: a mínima execução é mais útil do que os grandes desejos das coisas afastadas do nosso poder. De nós, Deus quer mais a fidelidade às pequenas coisas que Ele coloca ao nosso alcance do que o ardor dos grandes desejos que não dependem de nós. Nós, às vezes, nos divertimos tanto em ser bons anjos que deixamos de ser bons seres humanos. Quando não se coloca mais o centro da gravidade da vida na vida, mas além dela – no nada – tirou-se da vida o seu centro de gravidade (E. Mounier).
Veja caro leitor, você conhecendo a minha história e a de Paulo como aqui foi relatado, hoje e ontem, e tendo de decidir a qual dos dois esse texto que reproduzi acima leva admoestações? Acredito que seja à Paulo!
Sou eu que procuro servir a Deus à moda humana. Não procuro a perfeição cristã, sei que está fora do meu alcance neste atual momento. Procuro transformar em ações o pouco que eu posso fazer. Procuro ser um bom ser humano, ao tratar o próximo sem preconceitos ou discriminação, da forma que eu gostaria de ser tratado, inclusive dentro da intimidade. Considero o ato sexual uma ação de Deus dentro da Natureza, que serve para compensar todo o trabalho de geração de novos seres humanos.
Ao invés de culpa sinto júbilo, quando Deus favorece a minha existência e permite que eu tenha experiência sexual semelhante àquela de Paulo. Sinto que estou sendo fiel às pequenas coisas que Ele coloca ao meu alcance, não estou embriagado por grandes desejos espirituais que me levem mais próximo de Deus, pois sei que está acima de meu potencial.
Sei que estou mais empenhado em ser um bom ser humano do que ser um bom anjo.