Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
27/01/2019 02h01
TRÓTSKY (16) – QUEM DIRIGE A MÍDIA

Série da Netflix segundo episódio

            A cena se desloca para um passeio coberto pela neblina onde conversam Alexander e o senhor Kobert.

            - K. Como estão as cobranças?

            - A. Tudo como planejado, Sr. Kobert. Ele está nos jornais.

            - K. Muito bem.

            - A. Eu organizei reuniões para ele discursar. Ele está ficando popular. Eu investi muito.

            - K. Sem problema. Lembre-se: nós temos pouco tempo. Não se preocupe. Vou lhe enviar mais. O que está pensando em fazer?

            O Sr. Kobert retira do casado um envelope e entrega a Alexander

            - A. Depois de falar no Congresso, ele ganhará poder de verdade.

            - K. Mas não vão deixa-lo falar sem a permissão de Lenin.

            - A. Eu já cuidei disso.

            - K. Muito bem.

            Podemos observar com esse diálogo, a fonte financeira que leva à imprensa a divulgar determinadas notícias e construírem narrativas de acordo com a vontade e interesse de quem a patrocina. Esse comportamento da mídia, sensível ao falseamento da verdade em troca de financiamento, é uma chaga que se encontra fortemente presente nas atividades políticas. Colocarei abaixo um texto de Percival Puggina que coloca com clareza essa mesma situação que ocorre atualmente no Brasil.

A GRANDE IMPRENSA EM CRISE DE CONFIANÇA

            Por : Percival Puggina

          Em 2015 compareci a um almoço dos colunistas de Zero Hora. Era um evento de confraternização com a direção da empresa. Mesmo sendo colunista da edição dominical havia nove anos, não tinha ideia de que fossem tantos os meus colegas naquele ofício de rechear com opiniões pessoais as edições do jornal. Eu fora contratado em substituição ao amigo Olavo de Carvalho imediatamente após seu rompimento com o veículo em 2006.

          Pois bem, ao término do almoço, iniciou-se uma brincadeira. Dois repórteres, de modo aparentemente aleatório, escolhiam colunistas para ouvi-los sobre assuntos variados. Fui um dos convocados e a pergunta me veio assim: "Puggina, Zero Hora é um jornal de esquerda ou de direita?". Todos riram, e eu também, pela oportunidade que a indagação me proporcionava. Respondi: "O jornal, diferentemente do Estadão e da Folha, por exemplo, não tem um alinhamento editorial nítido. No entanto, pelo somatório das opiniões dos colunistas, acaba sendo claramente de esquerda".

          Era o que eu pensava e penso ainda hoje, quando não mais escrevo para ZH, ao ler cada exemplar do jornal. Na ocasião, após os risos e restabelecido o silêncio, continuei: "Essa, aliás, é a opinião do próprio jornal. Leitores me contam que ao telefonar para reclamar do viés esquerdista de ZH, ouvem da pessoa que os atende o esclarecimento – 'É, mas tem o Puggina'"... E completei: "Eu sou o pluralismo de Zero Hora". Seguiram-se muitas gargalhadas entre as quais discerni alguns poucos aplausos.

          Menciono esse curioso episódio porque ele tem muito a ver com algo que já então fazia parte de minhas pautas preferidas: o uso da imprensa profissional, dos grandes órgãos de comunicação, para atender conveniências ideológicas e partidárias. E note-se, para atender menos às respectivas empresas e mais, muito mais, ao paladar político de seus redatores e colunistas permanentes. O resultado é uma perda de poder dos veículos, que veem reduzida sua credibilidade e influência.

          A posição unânime de todos os profissionais da RBS, em rádio, jornal e TV, a favor da manutenção da exposição do Queermuseu foi episódio paradigmático no Rio Grande do Sul. Lembro o modo vigoroso como se opuseram à imensa maioria da opinião pública que, pelas redes sociais, exigiu do Santander Cultural o fechamento da mostra. Como exibiam tais conteúdos sem restrição de faixa etária? Ficou visível, ali, a estupefação. Foi como se, de um modo ou outro, os formadores de opinião exclamassem: "Que é isso? Não nos ouvem mais?". Não.

          Recentemente, dois jornalistas pelos quais tenho admiração – J.R. Guzzo (Veja) e Carlos Alberto Di Franco (Estadão) - comentaram a cegueira da mídia convencional em relação ao que se passava na cabeça dos brasileiros durante o período eleitoral. A grande mídia estivera empenhada numa luta do bem contra o mal. Seus jornalistas sustentavam que Bolsonaro não teria a menor chance. Apoiados nas desacreditadas pesquisas, afirmavam que ele perderia para todos no segundo turno. Insistiam em apresentar Lula como um candidato imbatível, impedido por isso mesmo de concorrer. Calavam sobre sua condição de criminoso sentenciado, que usou o processo eleitoral para uma derradeira fraude. Segundo Guzzo, comunicadores brasileiros "tentaram provar no noticiário que coisas trágicas iriam acontecer no país se Bolsonaro continuasse indo adiante". E eu completo: dir-se-ia, ao lê-los, que ele ameaçava um seguro convívio social e um benemérito círculo de poder.

          "É preciso informar com objetividade. Esclarecer os fatos sem a distorção das preferências e dos filtros ideológicos", escreveu Di Franco em "Imprensa, autocrítica urgente e propositiva". É o que também penso enquanto observo o crescimento vertiginoso da democratização da informação através das redes sociais. Tenho cá minhas dúvidas, muitas dúvidas, sobre se a perversão das fake news, recorrentes nessas novas mídias, é mais nociva do que a ocultação dos fatos, a maliciosa seleção das matérias e do vocabulário, e a distorção das análises, em tantos veículos da mídia tradicional.

          Ou fazem esse autoexame ou serão desbancados pelos alternativos, entre os quais grandes talentos pessoais e sucessos empresariais já se afirmam.

           Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

            Esse comportamento manipulador da mídia termina por se defrontar com a inteligência de seus alvos. Podemos até sofrer algum tipo de efeito dessa manipulação, mas quando surge a verdade, e ela sempre surge, a coerência que domina a consciência do cidadão de bem, sempre exige uma retomada de posição. Isso foi o que aconteceu comigo, eleitor que fui do ex-presidente Lula na sua primeira eleição, possivelmente atingido pelo falseamento da mídia corrompida pelo vil metal, que considera o seu trabalho de falseamento da verdade um caminho justificado ética e moralmente. Quando o noticiário trouxe à tona, impossível de ocultar, do escândalo do mensalão, de imediato vi a farsa em que eu tinha me metido, e desisti do apoio que dava ao então presidente Lula, aquele que não sabia de nada, que protegia todos os corruptos e corruptores. A partir daí essa linguagem distorcida da mídia não mais me alcançou, como deve ter acontecido com milhares de cidadãos por este país afora.

            Este trabalho está também publicado no blog do escritor imortal da Academia Rio-Grandense de Letras, Percival Puggina.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/01/2019 às 02h01
 
26/01/2019 02h01
TRÓTSKY (15) – CONFRONTO DE MUNDOS

            Série da Netflix segundo episódio

            Trótski em frente ao espelho, no seu quarto, procura escolher uma roupa para sair. A cena se desloca para o local do encontro, sofisticado, muitos convivas, Natália está sentada sozinha numa mesa quando ver Trótski chegando.

            - N. Nossa! Trótski, você me surpreende.

            Interfere na conversa um dos convivas que demonstra conhecer bem Natália. Entra no meio dos dois ficando de costa para Trótski.

            - C. Meu Deus, Natália, você veio! Estou tão feliz em vê-la!

            - N. Olá, Nel. Este é meu amigo Leon Trótski.

            - Ne. Impressionante.

            Aperta a mão de Trótski, um gesto muito demorado que incomoda o revolucionário que termina por se afastar com firmeza. Nel fica desconcertado e se afasta.

            - Ne. Melhor ainda bravo. Com licença.

            A cena gira ao redor do salão, mostra um Trótski desconcertado com tanta gente rindo, bebendo, flertes generalizados, usando roupas sensuais e drogas em forma de pó, numa algazarra com fundo musical. Natália percebendo o ar de repugnância de Trótski com a situação, comenta:

            - N. Você colocaria fogo nele, se pudesse.

            - T. É verdade. E não só nele. Em todo o mundo.

            - N. Você me queimaria também? Trótski, me diga. Eu acho que entendo você. Dentro de você vive uma criancinha que inveja o charme, a inteligência ou a coragem dos outros. E está pronto para destruir quem for melhor que ele. Certo?

            - T. Você... todos vocês aqui satisfazem seus vícios, enquanto outros vivem na miséria e na humilhação. Outros que labutam como escravos para ganhar seu pão e sustentar vocês com esta luxúria podre. E vocês acham que são melhores que eles. Não. Vocês são crianças se escondendo da vida real, não eu. Mas a tempestade está chegando. E quando ela chegar com tudo, vocês não acreditarão que poderiam ter roubado dessas pessoas por tanto tempo.

            De repente Trótski percebe que ao seu lado todos param e prestam atenção nas suas palavras. Com ar surpreso, Trótski procura se despedir.

            - T. Me desculpe, não nasci para festas. Tenham um boa noite.

            - N. Trótski! Meu Deus, espere!

            Natália também sai em busca de Trótski.  

            Eis a essência do que motiva Trótski. Uma justiça para o mundo que se mostra tão injusto. Mundo que ele até agora não encontra ninguém que pense como ele. Só ele ver o sofrimento do povo e a forma de os libertar, pela violência, pelas armas. Não acredita em Deus, em Jesus, certamente não pensa em colocar em prática as suas lições. Este foi seu grande erro?!?

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 26/01/2019 às 02h01
 
25/01/2019 02h01
TRÓTSKY (14) – MUNDOS DIFERENTES

TRÓTSKY (14) – MUNDOS DIFERENTES

            Série da Netflix, segundo episódio.

            A cena se desloca para a cidade, no condomínio dos socialistas, Trótski lê o livro do Prof. Sigmund Freud: “A psicopatologia da vida cotidiana”. Ouve passos na escada e abre a porta com velocidade.

            - T. Natália. Boa tarde.

            - N. Trótski, está me perseguindo?

            - T. Eu? Estou. Quero lhe perguntar uma coisa.

            - N. Pode perguntar.

            - T. Quer uma fruta? Muito bem... Por que você acha nossas reuniões chatas?

            - N. Você está na Europa, Trótski. Temos museus, teatros e exposições aqui. Muita vida. E vocês ficam em cafeterias falando de mudanças. É possível mudar a vida sem conhece-la?

            - T. Sim, tem razão. Eu não conheço esta vida. Passei quatro anos exilado. Sem museus, sem teatros. Sem futuro, as pessoas não têm motivos para viver. E eu quero dar a elas um motivo para viver.

            Natália deixa a cadeira onde está sentada e vai até a cama onde pega o livro que Trótski estava lendo.

            - N. Freud.

            - T. Sim.

            - N. Bela escolha para um rebelde.

            - T. Só queria saber. Freud está na moda.

            - N. Ele é curioso. Suas ideias sobre sexualidade chocam. Mas ele tem uma mente aguçada. Até logo.

            - T. Natália. E se eu quiser ver que tipo de vida você gosta? Por onde começo?

            - N. Fui convidada para um sarau esta noite. Você pode ir se quiser.

            - T. E o que é um “sarau”?

            - N. Será um jantar.

            - T. Talvez eu vá.

            A atração que Trótski sente por Natália faz com que ele tire por um momento o foco do seu projeto revolucionário e procure viver um pouco o mundo dela. Realmente, podemos considerar mundos diferentes coexistindo dentro de um mesmo espaço físico, de um mesmo país ou cidade. Isso acontece em todos os lugares, desenvolvidos ou não. A natureza humana consegue criar guetos onde os mais frágeis se submetem a trabalhar para manter a mordomia dos mais fortes. Não há uma preocupação de corrigir esses desníveis de forma definitiva. Talvez isso seja o que caracteriza o nosso planeta pelas inteligências espirituais, como de “provas e expiações”. Quando atingirmos a condição de fazermos essa correção, evoluiremos para planeta de “regeneração”. Esta é a nossa tarefa enquanto cristãos, transformar o nosso coração com a Reforma Íntima e nos capacitar para evitar desníveis de mundos humanos tão drásticos, de forma definitiva. Natália está dentro do mundo mais sofisticado, sem a percepção do que acontece no mundo de seres escravizados pela miséria e ignorância; Trótski conhece o mundo escravizado e quer lutar para corrigir essa anomalia que o ser humano criou, não importa em conhecer ou reconhecer o mundo sofisticado e cheio de mordomias de Natália, para quem tem dinheiro, construído e adquirido com a miséria do povo. Certamente os argumentos de Trótski, mesmo dentro do mundo de Natália, serão mais fortes que os dela.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 25/01/2019 às 02h01
 
24/01/2019 02h01
TRÓTSKY (13) – FINANCIAMENTO REVOLUCIONÁRIO

       Série Netflix, segundo episódio.

            A cena se desloca para a Geórgia, 1903. Uma caravana é conduzida por soldados. Um homem está parado na estrada deserta, acende um cigarro, interrompe a passagem da carroça. Os soldados ficam intrigados. Quando um deles pega um chicote para brandir contra o intruso, um tiro vindo da floresta ao redor o abate. Assim, a maioria dos soldados que protegem a carroça são abatidos. Um deles é encontrado com um panfleto onde diz que “Trótski está certo”, trazendo uma foto mostrando Trótski numa posição de liderança em uma reunião. O assaltante que aparenta ser o líder, lê o que são as palavras do novo candidato a líder do movimento revolucionário russo: “Para todos os dragonas douradas e bigodes grisalhos, para todos os chauvinistas com nós nos ombros em corredores de ouro e mármore, para todos que reprimem o livre pensamento dos trabalhadores, nós queremos dizer isso. Vocês realmente pensam que podem dormir em paz? Não. Nós vamos chegar e chutar o traseiro de vocês. Porque somos mais fortes, mais jovens e estamos certos. E nós vamos vencer. Sou eu, Leon Trótski, quem disse isso.”

            O trabalho de divulgação do pensamento de Trótski já está sendo realizado. Observamos nessas primeiras palavras algumas verdades, como “somos mais fortes”, sim, com a organização do povo para construir a revolução eles se tornam mais fortes, como aconteceu; “somos mais jovens”, correto, os jovens são mais sensíveis às mudanças, principalmente quando tem o apelo de trazer o bem para a humanidade; agora, “estamos certos”, não se mostrou correta, pois a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) não se consolidaram e o “bem maior ao povo” foi deturpado, exemplo maior é a “caçada” que é feita contra Trótski.  

            O líder se dirige ao soldado que estava com o panfleto e pergunta:

            - L. Você é marxista?

            O soldado trêmulo, com voz vacilante, diz que é simpatizante.

            - L. Então por que serve a exploradores, camarada simpatizante?

            - S. Preciso sustentar minha mãe e irmã. Elas só têm a mim.

            O chefe do soldado, caído ao chão, vocifera: - Seu cretino! E cospe em sua direção.

            - L. Mãe, irmã... família prejudica o revolucionário. Não precisamos de simpatizantes. Precisamos de irmãos de armas.

            Retira o revólver do soldado e o entrega, sinalizando para ele matar o comandante, enquanto outro assaltante aponta o revólver para sua cabeça. Nessa posição forçada, o soldado trêmulo aponta o revólver para o seu comandante, tendo uma arma do assaltante dirigida para sua cabeça... fecha os olhos e mata o comandante... é o sinal para os assaltantes fuzilarem o resto dos soldados que estavam rendidos.

            L. Muito bem, irmão.

            O cadeado da caixa que era conduzida tão bem protegida é destruído com as armas de fogo. O líder confere os diversos pacotes de dinheiro, todos bem organizados.

            Mais uma ação contraditória dos revolucionários. Praticarem assaltos para o financiamento de seus propósitos, sem nenhum tipo de compaixão para quem considera obstáculo. E todos os integrantes devem ter essa energia, de abandonarem a família e serem capazes de assassinar pessoas indefesas, inocentes, arrependidos, ou meras testemunhas. Tudo isto aconteceu no Brasil, essas ações de guerrilha com assalto a bancos, explosões de ambientes públicos, sequestro de autoridades. As narrativas desse período cobriram com um manto de romantismo os piores assassinos desses movimentos, como Che Guevara, por exemplo. Devo relatar aqui que nos meus anos de adolescente até meu curso universitário e primeiros anos de vida profissional, Che Guevara era um dos meus ídolos. Vejo agora como é destrutivo para a pessoa e para a civilidade o desconhecimento da verdade dos acontecimentos e a leitura das narrativas sem a crítica coerente.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/01/2019 às 02h01
 
23/01/2019 02h01
TRÓTSKY (12) – GENOCIDAS

            Inicia o segundo episódio da série Netflix.

Após a tentativa de assassinato no México, Trótski sai de sua casa procurando entender o que aconteceu, quem fez tamanho tiroteio em sua direção. Sua esposa o adverte com preocupação:

            - N. Leon! Aonde você vai? Você está louco? O que está fazendo? Acha que vai vencer trabalhando para eles? Que Trótski vai vencer ao sair graciosamente? Claro que não! Nem pense em desistir desse jeito. Você não vai desistir...

            - T. Natália! Só vou desistir se eu teme-lo. Você não entende? Ele vencerá quando Leon Trótski tiver medo de andar quando quiser...e onde quiser.

            O jornalista Jacson chega correndo.

            - J. Eu ouvi tiros.

            - T. Eu não estou ferido.

            - J. É melhor voltar para casa.

            - N. Leon, vamos para casa.

            Chega um carro de polícia comandado por um oficial. – O senhor está bem?

            - T. Estou. Eu sou... a vítima fracassada do ataque.

            Enquanto a polícia faz o seu trabalho, tira fotografia, registra o morto, surge um comentário de Jacson: - Trótski, você sempre foi um perigo para aqueles ao seu redor.

            - T. A culpa não é minha. Não fui eu que matei todos que um dia apertaram a minha mão. Não fui eu que enviei milhões de inocentes para os campos. Não sou eu que contrata assassinos pela noite.

            - J. Tem certeza de que é o Stalin? Não se gabe. Ele já venceu. Por que caçaria você? Você não é ameaça.

            - T. Você não vê nada, Jacson. Sempre serei uma ameaça para ele. Mesmo se me calar, se me render. Mas não vou. É um bumerangue, Jacson.

            - J. O que? Um bumerangue?

            - T. Eu fiz um golem (metáfora altamente mutável com simbolismo aparentemente ilimitado. Pode ser vítima ou vilão, homem ou mulher - ou às vezes ambos. Ao longo dos séculos tem sido usado para conotar a guerra, comunidade, isolamento, esperança e desespero). E ele não vai parar até destruir seu criador.

            Neste diálogo Trótski apaga o conceito de genocida que é feito dele, que não é ele o autor desses crimes em tão ampla dimensão. Pode ser acusado do fuzilamento sumário de soldados frente aos seus colegas, para induzir o medo e o respeito nos que ficam, e evitar que eles fujam da luta por um objetivo maior, que é benéfico principalmente para eles mesmos, soldados simples e ignorantes. Esse golem que ele representa na Rússia e no mundo, é o principal alvo de Stalin, pois ele sabe quem é o autor, e sua liderança pelo medo. Isso implica na guerra entre os dois, com maior poder para Stalin, e maior coragem para Trótski.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/01/2019 às 02h01
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