Ah! Meus queridos, para quem vivo o amor
Por que não abres a mente para ver
Que poderemos construir com esplendor
Um mundo puro que nos livre do sofrer?
O nosso amado Mestre já dizia
Para limpar o coração do egoísmo
E mesmo hirsuto, em plena agonia
Mostrava a face do amor com heroísmo
Minha grande amargura, meu querido
É não ser por ti compreendido
E em Jesus me sentir um fracassado
Por isso eu tento seguir suas lições
E procurar amar a tantos corações
Mesmo que seja também crucificado.
Estamos mergulhados em sombra imensa
Levados pelos sôfregos das paixões
Pensando ser verdade as ilusões
Em outra vida que existe, ninguém pensa
Nem o exemplo do Mestre Nazareno
Que deu a vida para ensinar sua lição
Consegue, coisa simples, despertar o coração
De quem na Terra pensa ter o poder pleno
Restam os pobres de espírito, os humilhados
E cada uma, de figura distorcida, vergastada
Mas que têm no coração, fraternidade
Todos ensinos do Mestre aí plantados
Se reproduz até mesmo em invernada
E constrói para Deus sua cidade.
Sentei com minha amiga num barzinho
Cercado da mais bela Natureza
Não bebes, perguntou ela, tens certeza?
Pois eu já tenho minha taça com bom vinho
Não posso, respondi, vou dirigir
E preciso ter cuidado na estrada
Não sabe ela quanto é por mim amada
E nessa taça não consegue conferir
Não ver que a taça que parece tão vazia
Que nada tem dentro dela, transparente
Que nada sente, dentro dela, a sua mente
Mas a minha mente percebe tal magia
A minha taça, transbordante de amor
Tal sentimento, assim, ninguém nunca enxergou
O próprio Jesus nos advertiu que pensar no erro, no caso da mulher casada, já estaríamos cometendo adultério. Não precisava a realização do ato. Mas será que toda relação sexual com uma mulher casada leva infalivelmente ao pecado? Jesus não foi determinista nesse ponto. Ninguém o provocou nesse sentido. Talvez seja necessário um aprofundamento nesta forma de pensar para que o erro deixe de existir, e, portanto, o relacionamento sexual com uma mulher casada, e vice-versa, com um homem casado também seja permitido.
Como eu poderia justificar isso? Na minha atuação como terapeuta tenho oportunidade de fazer essa análise. Primeiro, o casamento é um acordo entre duas partes para convivência mútua, geralmente com a cláusula da fidelidade sexual. Mas existem casamentos onde essa cláusula não é incluída, tanto o homem quanto a mulher podem ter outros relacionamentos sexuais fora da convivência. Um exemplo clássico é o de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Porém, isso é difícil de ser observado em nossa cultura, onde todo casamento possui a cláusula de fidelidade. No entanto, na maioria dos casamentos, um dos dois ou os dois se envolvem em relações extraconjugais, geralmente o homem tem essa iniciativa e a mulher é mais contida e quando descoberta, é muito mais punida que o homem.
É nesse ponto que o Cristo advertia no pecado, quando um dos dois cônjuges trai a confiança do outro que não imagina que sua companheira ou companheiro, tem outra(o) parceiro(a) sexual.
Temos que considerar a Lei do Amor incondicional que deve reger todo tipo de relacionamento, com a verdade e a justiça que devem estar atreladas a ele. No meu caso, como não quero ficar limitado a relacionamento íntimo com uma só pessoa, devo obrigatoriamente dizer a qualquer mulher que se aproxima de mim, essa minha forma de pensar, sentir e agir. Aceitando conviver comigo dessa forma, não existe a culpa de traição quando eu estiver envolvido sexualmente ou não, com outra pessoa. Isso diz respeito a minha pessoa, o pecado não vem à minha consciência.
Mas isso não é tão simples assim. Devo ter cuidado com a pessoa que me atrai e que é possível o relacionamento mais íntimo. Será que tal comportamento vai prejudicar essa pessoa? Se eu tenho essa convicção que a prática dos meus desejos irá prejudicar essa pessoa de alguma forma, devo evitar até de pensar nisso. Aqui é onde o Cristo quer chegar. Na proteção de pessoas inocentes que estejam sendo cobiçadas por alguém.
Lembro de um dos antepassados do Cristo, o rei Davi, que cometeu tamanho pecado. Cobiçou Batseba, a mulher de seu soldado, Urias, e fez com que esse fosse colocado na frente da batalha e mais fácil ser morto. Assim aconteceu. Davi casou com Batseba e gerou o filho Salomão que também se tornaria rei.
Com certeza, essa atitude de Davi foi totalmente negativa para Urias. Também acredito que tenha sido negativa para Batseba, que se sentiu constrangida a conviver com o assassino do seu marido, mesmo que essa verdade tenha sido oculta para ela. Antes do fato da morte de Urias acontecer, tudo isso foi tramado no cérebro de Davi, que engendrou tais pensamentos. Antes de agir, ele já estava pecando no pensar em causar o mal e sentir os prazeres carnais com Batseba.
Nesse sentido, é que devemos ter a vontade férrea para não deixar tais pensamentos prosperarem em nossa mente, deixa-los crescer, pegar energia até que venham causar mal ao próximo, mesmo que seja com a tintura do amor carnal, que é muito diferente do amor incondicional.
Tanta coisa já sei! Tanta coisa a fazer, sobre a vontade do Pai... e não faço! Mas faço a vontade do corpo, com jogo, comida, sexo... e a minha vontade quanto espírito? De fazer a vontade do Pai e não a do meu corpo? Entendo perfeitamente a autocrítica de Paulo, de querer fazer uma coisa e fazer aquilo que não quer.
Sei onde está o fiasco do meu livre arbítrio, de fazer aquilo que não quero e procrastinar com orações mínimas que se tornam ridículas tentando atenuar a culpa. Sei que as intuições que chegam para que eu faça este texto, tem o “dedo do Pai”, pois desta forma Ele puxa minhas orelhas.
Sim, identifico o problema. Mas como resolver? Que Paulo fazia? Saia pelo mundo a trabalhar na vontade de Deus, e mesmo assim ainda fazia sua autocrítica. Eu tenho algum trabalho dirigido à vontade do Pai? Sim, tenho alguns trabalhos..., mas não chegam a ter àquela dimensão dos trabalhos do Paulo.
Estou agora parado ante minhas deficiências. Sei que tenho potencial, mas até agora não consegui coloca-lo a serviço do Pai, como é a minha intenção, o que determina o meu livre arbítrio. Mas essa deliberação íntima a que cheguei não se concretiza com atos, não caio em campo com objetividade, perco tempo com coisas fúteis. Ação da Preguiça? Acredito que sim, ela é uma das minhas mais fortes adversárias.
Que devo fazer agora, sabendo de tudo isso? Pedir perdão ao Pai por minhas deficiências, reafirmar minha decisão de fazer a Sua vontade e não a minha, e procurar ver se venço essa inércia, de realmente fazer a vontade do Pai.
Este é o problema: vencer essa inércia! Vencer a preguiça! Tanto tempo já que estou tentando... e isso não acontece! Procuro ajuda na oração, peço ao Pai constantemente, inteligência rápida, coragem e sabedoria. Sei que estes são atributos importantes para a realização da minha tarefa, para eu não sair deste mundo material com esta falência moral em minha consciência.
Hoje é um dia que inicia, que nova chance surge para fazer isso, resolver os problemas espirituais que identifico aqui. Sei que tenho muitas tarefas ligadas ao mundo material, de suprir a sobrevivência e a dignidade, minha e a de meus dependentes, que são muitos, parentes, sanguíneos, amigos... também eles, apesar de serem externos e comporem o mundo material, faze parte dos meus compromissos espirituais, já que não tenho a pretensão de levar comigo ao mundo espiritual, nada do que estou construindo ao redor deles.
Apesar de tanta autocrítica que faço aqui, sinto que falta apenas um pequeno detalhe para que eu engrene minhas ações naquilo que minha consciência cobra. Talvez o elemento importante para este avanço seja a sabedoria, encontrar esse pequeno detalha no meio de tantas alternativas que o Pai coloca ao meu alcance. Tenho um pequeno vislumbre que a igreja EITA que está maturando na minha consciência, seja este detalhe. Talvez eu precise ter um pouco mais de paciência para compensar e minha deficiência em sabedoria. Afinal, tudo tem o seu tempo na dinâmica da vida, e quanto o trabalhador está pronto a tarefa aparece.