Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
19/08/2019 00h19
MANIFESTO CRISTÃO (01) – HUMANISMO

            Em um sermão também intitulado “Manifesto Cristão”, Francis Schaeffer define o humanismo secular como a visão de mundo onde “o homem é a medida de todas as coisas”; e, no livro, ele afirma que as críticas da Direita cristã erram o alvo ao confundir a “religião humanista” como humanitarismo, humanidades ou amor pelos humanos. Ele descreve o conflito com o humanismo secular como uma batalha em que "estas duas religiões, Cristianismo e Humanismo, se colocam frente a frente como totalidades". Ele escreve que o declínio do compromisso com a verdade objetiva que ele percebe nas várias instituições da sociedade é "não por causa de uma conspiração, mas porque a igreja tem esquecido sua responsabilidade de ser sal da cultura". Schaeffer explica: "Um cristão verdadeiro na Alemanha de Hitler e nos países ocupados deveria ter desafiado o estado falso e fraudulento e escondido seus vizinhos judeus das tropas da SS germânica. O governo abdicou de sua autoridade ao cometer iniquidades e deixou de ter o direito de fazer qualquer exigência."

            Irei fazer uma digitação sequencial do sermão disponibilizado no Youtube há 2 anos e que já conta com 10.000 visualizações, para que possamos refletir sobre seus argumentos.

            Os cristãos, nos últimos 80 anos aproximadamente, têm entendido diversas coisas indevidamente, como peças e pedaços separados e que essas coisas gradualmente, começaram a perturbar os cristãos e a outros de boa vontade. Coisas como um excesso de permissão, pornografia, o problema das escolas públicas, a desagregação das famílias, o aborto, o infanticídio (a morte de recém-nascidos), o aumento da ênfase sobre a eutanásia dos idosos e muitas outras coisas.

            Eles têm visto essas coisas como eventos isolados, em vez de compreender que eles são o resultado natural da mudança de uma cosmovisão cristã para uma humanista. Todas essas coisas e muitas outras são apenas os resultados. Podemos estar preocupados com as coisas individuais, mas na realidade estamos perdendo a realidade mais ampla se não vermos cada uma dessas coisas, e muitas outras como sintomas de um problema mais profundo. E essa é uma mudança em nossa sociedade, uma mudança em nosso país, uma mudança no mundo ocidental: o abandono de um consenso judaico-cristão para assumir um humanista.

            Isto é, em vez da realidade última ser o infinito Deus Criador, em vez disso, o que temos visto é que a base de toda a realidade agora, em grande parte, tudo é visto unicamente como matéria ou energia, que sempre existiu de alguma forma, moldados em sua forma complexa atual apenas por puro acaso.

            Eu quero dizer para vocês, aqueles de vocês que são cristãos, ou mesmo para vocês que não são cristãos, mas estão preocupados com o rumo que nossa sociedade está tomando, que não devemos nos concentrar apenas nas peças e pedaços. Mas devemos entender que todos esses dilemas vêm baseados no abandono de um consenso judaico-cristão – em que a realidade última é um Deus Criador e Infinito – para assumir essa outra realidade em que, permita-me falar o que ela é novamente, e isto é: que a realidade última é apenas a energia ou matéria, em alguma mistura ou forma, que sempre existiu e que tomou sua forma atual por puro acaso.

            A palavra humanismo deve ser cuidadosamente definida. Nós não deveríamos apenas usá-la como uma bandeira, ou o que as pessoas mais jovens chamariam de jargão.

            Devemos entender o que estamos falando quando usamos a palavra humanismo. Humanismo significa que o homem é a medida de todas as coisas.

            Se esta outra realidade última da matéria ou energia, moldadas por puro acaso, é a realidade última, ela não dá sentido algum à vida; ela não dá nenhum sistema de valores; ela não dá nenhuma base para a lei, e, portanto, o homem deve ser a medida de todas as coisas. Assim, o humanismo adequadamente definido – em contraste, digamos, às humanidades e ao humanitarismo, que é algo totalmente diferente e que os cristãos deveriam ser a favor de ambas dessas outras coisas – o Humanismo, sendo a medida de todas as coisas, vem naturalmente, matematicamente, inevitavelmente, certamente, se, de fato, a realidade última é silenciosa sobre estes valores, então o homem deve gera-los a partir de si mesmo.

            Assim, o Humanismo é o resultado absolutamente certo se escolhermos essa outra realidade última e dissermos que é isso o que ela é.

            Você deve perceber que quando falamos do homem sendo a medida de todas as coisas sob o rótulo Humanista, a primeira coisa é que o homem só tem acesso ao conhecimento a partir de si mesmo. Que ele, sendo finito, limitado, muito falho em suas observações de muitas coisas, mas que, no entanto, não tem fonte possível de conhecimento exceto o que o homem, a partir de si mesmo, pode descobrir a partir de suas próprias observações. Especificamente, nesta visão não há lugar para qualquer conhecimento acerca de Deus.

            Interessante a visão de Schaeffer sobre o papel negativo do humanismo sobre o conjunto da sociedade, que sorrateiramente vai eliminando a importância do conceito e participação de Deus em nosso dia-a-dia, valores e cultura.

            Observamos isso aqui no Brasil, a deterioração cada vez mais forte na cultura brasileira, principalmente nos últimos governos de ideologia socialista/comunista. Vimos o aparelhamento das instituições e a deterioração ética e financeira patrocinada pela corrupção que se estendia até os mais absurdos atos de afronta aos valores familiares de natureza cristã.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/08/2019 às 00h19
 
18/08/2019 00h17
MEU DESAFIO

            Agora, perto de completar 67 anos de vida nesta atual existência, com uma melhor compreensão do mundo e seus desafios, posso fazer uma avaliação mais clara da minha missão.

            Compreendi que este corpo que agora escreve e publica este texto, é simplesmente um instrumento operacionalizado por meu espírito, que encontra na arena mental as forças biológicas enviadas pelos instintos em defesa de todos os mecanismos de autopreservação que o Pai nos aparelhou para tal.

            Hoje, vejo que boa parte da minha vida, eu (meu corpo), inundado de hormônios que lubrificaram e motivaram meus mecanismos instintivos e que isso se refletia em torno da minha existência como comportamentos egoístas. Felizmente, meu espírito já possuía uma boa bagagem de aprendizado capaz de os conter, mesmo eu não sabendo da importância que isso era para minha evolução espiritual, de respeito aos padrões morais ensinados pelo Cristo.

            Passei pela adolescência e vida adulta jovem nas vibrações fortes no campo dos sentimentos, se a consequência de sofrer fortes dores que impactasse com meu desempenho físico ou psicológico.

            Faço neste momento uma reflexão com mais propriedade, alicerçada numa consciência mais próxima da verdade.

            Há 6 anos, “conversei” com o Mestre Jesus e deixei um desafio para mim mesmo. Reconheci que naquela época, aos 60 anos, eu tinha vivido o dobro da vida d’Ele antes do início da Sua missão. A partir dos 30 anos o Mestre passou 3 anos cumprindo Sua missão de ensinar sobre o amor incondicional.

            Entendia naquela época, há 6 anos, eu com 60 anos, que poderia aplicar também o dobro do tempo da missão do Cristo, em aplicar na prática a lição do Amor Incondicional. Este seria o meu desafio.

            E hoje, prestes a completar esses 6 anos, em 20 de outubro deste ano de 2019, quando começo a contar os 67 anos, vejo que procurei cumprir missão aos trancos e barrancos. Isso principalmente nas relações familiares, da família nuclear para a universal, do amor romântico, condicional, para o amor incondicional.

            No dia 19-10-2019 irei fazer o evento “Reino de Deus: uma construção possível?”, dentro da Academia e contando com o máximo da participação dos religiosos de todas as denominações. Será realizada uma avaliação do que temos feito nestes 2.000 anos de ensinamentos cristãos, do quanto falta para a construção do Reino de Deus se materializar em nossa sociedade, e o que devemos fazer para isso acontecer.

            Este evento será minha participação final nesta missão que coloquei como desafio.

            Espero que eu tenha no final, a consciência tranquila junto ao Pai, do dever cumprido.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/08/2019 às 00h17
 
17/08/2019 00h16
LIBERTAÇÃO (20)

            João Evangelista tinha boa disposição de espalhar a Boa Nova do Reino de Deus que Jesus lhe ensinara. Ao passear pelo Rio Jordão, sentiu que as águas pedem libertação do seio da terra. Refletia, por que ele, como discípulos do Cristo não consegue se libertar das prisões do cativeiro da carne?

            Não gostava da pesca, por enxergar nos peixes seres vivos com o mesmo direito de viver. Tinha muitos amigos na cidade de Jericó e passou a ensinar o Evangelho da forma que ouvia do Mestre. Como intermediário da Boa Nova, acendeu a chama da fé e da esperança naqueles corações simples.

            Certa manhã, quando ele era solicitado para falar de Jesus, de repente se ouvia gritaria no pátio. Era um louco chamado Janjão, cabelos em desalinho, roupas rotas e boca espumante, com muitas escoriações, fazendo todos correrem. De repente, paciente, João estava de frente a Janjão.

            João observou a inquietação daquela alma pelo desespero dos olhos. Lembrou-se de Deus e não esqueceu Jesus. O homem doente começou a apagar sua fúria quando o Evangelista lhe ensinou o nome de Cristo. Janjão sentou-se no chão, pediu que João fizesse o mesmo e falasse mais daquilo que estava dizendo. João discorreu com veemência sobre o Messias, os curiosos se ajuntando. Uns diziam que João era filho do Deus do amor. Outros, que ele era um profeta que nada temia.

Depois da conversa, Janjão acompanhou o apóstolo até a estalagem onde bebeu e comeu com desembaraço. Entendendo muito bem o que João falava, quis várias vezes beijar a mão do apóstolo, mas este não permitiu, dizendo que a cura vinha do Mestre. O doente de Jericó às vezes chorava, às vezes sorria e dizia que via um homem vestido de luz ao lado de João.

            Quando em Betsaida, João aproximou-se do casarão e entrou nele com Jesus. Todos os discípulos ali já estavam. André sentiu-se no direito de orar e o fez com respeito. Tiago, ao lado de João, acentuou com entusiasmo. Há muito que você não fala, por que não pergunta a Jesus hoje sobre qualquer coisa?

João olhou para o Cristo que autorizou com um sorriso.

            - Mestre, ficaria muito contente se nos dissesses acerca da Libertação de uma alma, de um povo ou da humanidade.

            - A Libertação da humanidade e de um povo depende muito, mas muito, da Libertação individual. Por enquanto vivemos nos ensaios, e nesses ficaremos milênios, para aprendermos a verdadeira Libertação.

‘Livres são aqueles que começam a amar a verdade. Às vezes, João, trabalhamos para libertar um povo a que pertencemos pelo sangue, por fazer parte da comunidade a que pertencemos por nascimento. Essa Liberdade custa, como a história atesta, vidas e mais vidas. O saldo, depois da luta, de mortes e estragos, não nos deixa a consciência tranquila, enquanto não repararmos a covardia, a vingança e o ódio a que demos vazão.

‘Quando saímos vitoriosos, ficamos mais escravos pelo constrangimento de fazer muito mal a criaturas que, muitas vezes, nunca desejaram brigar.

‘Libertar uma nação é muito mais difícil, porque, quanto mais se mata pela liberdade, mais o cativeiro se estampa na consciência. A libertação que queres, comparando-a com a Natureza, podes tê-la.

‘Na verdade, te digo que ser-te-á dado muito mais, pela vigilância do tempo. Ouve bem, para que não te esqueças nunca: conhecerás a verdade e ela te tornará livre. Todavia, não procures essa verdade somente em um ponto da vida. Ela se estende em toda a sabedoria de Deus. A verdade é como o ar que não cansa de soprar em todas as direções.

            ‘Os homens da lei na Terra propõem a Libertação de um povo ou de uma nação por caminhos errados, pelas vias largas e métodos selvagens. A verdadeira Libertação haverá de surgir de dentro de cada criatura. Esse pode e deve ser um esforço coletivo.  Não é um trabalho de dias, nem de anos, nem de séculos, pois é um tempo longo.

            ‘Essa Libertação é feita de pequenas coisas, como a tolerância com discernimento, o trabalho com disciplina, o perdão sem exigência, o sorriso temperado na dignidade, o amor sem paixão, a persistência sem fanatismo e o dever com respeito.

Jesus olhou firmemente para o discípulo e comentou com consciência, do fato:

- Meu filho, o que fizeste em Jericó e que tomaste por Libertação de um homem, na verdade é só na aparência de liberdade.  Não deixa de ter o seu real valor na pauta do bem; no entanto, só ele mesmo poderá e terá esse direito da sua própria Libertação. O que fizeste por amor, serviu de toque espiritual, mas o resto, o mais duro de fazer, pertence a ele, somente a ele, para que possa desfrutar dos seus próprios esforços no alvorecer da sua maturidade. Se queres desatar dentro de ti a força da Libertação, tal trabalho está em tuas mãos. Ama e começarás bem; ama e começarás a sentir a felicidade; ama que o amor te beneficia por dentro, igualmente te ajudando por fora. Se procuras uma liberdade fácil, tu mesmo és o primeiro a desconfiar dela, sentindo a sua falsidade.

‘A razão não inaugura no homem a Libertação. Somente quem tem o poder de fazer isso é o amor. E, para que a criatura ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, tem de passar por todas as fervuras do espaço e do tempo. A coroa dessa conquista é a Libertação.

‘Pensaste bem agora. Não foste somente tu que ajudaste o irmão enfermo a se livrar de perseguições espirituais. Primeiramente, foram as bênçãos de Deus, que te ouviu, o amor d’Ele que te ajudou a ajudar.

Encerrou-se a reunião naquela noite, com alegria e esperança a vibrar nos corações...

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/08/2019 às 00h16
 
16/08/2019 00h15
REINO DE DEUS: UMA CONSTRUÇÃO POSSÍVEL?

            Jesus, o Mestre mais conceituado e respeitado à nível do Ocidente, veio há 2.000 anos para nos ensinar sobre o Amor Incondicional, como formar a Família Universal e construir o Reino de Deus. Acontece que, depois de tanto tempo passado, que conseguimos tanta evolução na ciência e tecnologia, parece que esse Reino ainda está muito distante, tendo em vista a prevalência do mal sobre o bem.

            A Universidade é uma instituição destinada a procurar a verdade, de facilitar e desenvolver a evolução humana em todos os campos do conhecimento. A Universidade também acata o ensino de até onde vai nossas limitações. Usa a ferramenta da Ciência como instrumento básico na busca da verdade, mas não pode em nome do instrumento descartar como mentira o que na verdade ainda não conhece.

            Este é o desafio colocado para a Academia. Usar da humildade para reconhecer seus limites e deixar em aberto à procura da verdade sobre assuntos transcendentais. Neste ponto se encontra a procura por Deus: uma pessoa ou energia? Uma existência ou não existência?

            Com o reconhecimento dessa condição de não poder responder a essas questões com os instrumentos da ciência, resta a lógica e a coerência para nos ajudar a evoluir nesses campos não desbravados.

            Quando Jesus fala do Reino de Deus, quer se referir a uma sociedade composta por cidadãos conscientes e dispostos a cumprir com suas responsabilidades éticas e morais nos diversos tipos de relacionamentos, interpessoais e com a Natureza de forma geral. Esta é uma condição social apoiada por todos, e por isso as lições do Mestre Jesus são aceitas por todos, mesmo que a maioria ainda não tenha condições de cumprir.

            Esta deve ser a preocupação da humanidade atual, tão mergulhada em crimes e iniquidades, em dores e sofrimentos. Estas lições do Cristo podem realmente serem cumpridas? Quem pode responder essa pergunta? Certamente os homens que se dedicam ao estudo do Evangelho, que em suas diversas atividades religiosas defendem e amam a “figura” de Deus.  

            Como colocar na prática essas lições para a construção do Reino de Deus? Pelo que Jesus ensinou, este Reino deve ser iniciado pela construção dos seus cidadãos. Cada pessoa deve fazer sua reflexão pessoal e começar com determinação à reforma íntima, limpar o coração da força dos instintos para fazer prevalecer o racional na defesa dos princípios morais, praticando o amor incondicional em todos os relacionamentos.

            Parece ser por aí o caminho. Ensinar a cada pessoa a importância do mundo espiritual, transcendental, para onde todos nós devemos ir com o passaporte de cidadão do Reino de Deus. Se cada um se comportar aqui, no mundo material, com essa determinação, construirá no mundo físico ao redor, essa realidade de natureza transcendental, mas que nossa razão e coerência aponta como o caminho correto. E certamente algum dia, a ciência poderá esclarecer melhor os detalhes desse funcionamento, inclusive colaborando com a sua instalação, o mais breve possível.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/08/2019 às 00h15
 
15/08/2019 03h14
DEMOCRACIA... QUEM ÉS?

            O discurso proferido em 08-12-1949 na Câmara dos Comuns, na Inglaterra, pelo 1º Ministro Winston Churchill, referente à criticada decisão que tomou das forças militares inglesas serem firmes na Grécia, recentemente dominada pelos nazistas e no momento sofrendo a investida dos comunistas, é de grande valor para compreendermos mais um pouco de nossa realidade atual. Vale a pena lermos trechos desse discurso que foi publicada em seu livro, “Memórias da 2ª Guerra Mundial”, volume 2, para nossa reflexão.

            A acusação feita contra nós (...) é a de estarmos usando as forças de Sua Majestade para desarmar os amigos da democracia, na Grécia e em outras partes da Europa, e para sufocar os movimentos populares que tão valorosamente auxiliaram na derrota do inimigo. (...)

            Mas surge a questão – e podemos permitir-nos refletir sobre ela por um momento – de saber quem são os amigos da democracia, e como interpretar a palavra “democracia”. A ideia que faço dela é que o homem simples, humilde, comum, homem do povo que sustenta mulher e filhos, que sai em luta por seu pais quando este se acha em dificuldades, que comparece às urnas nas ocasiões adequadas e coloca seu x na cédula eleitoral, mostrando o candidato que deseja eleger para o Parlamento, minha ideia é que esse homem constitui o fundamento da democracia. E é também essencial para esse fundamento que tal homem ou tal mulher faça isso sem medo e sem forma alguma de intimidação ou de coação. O cidadão marca sua cédula em rigoroso sigilo e, depois, os representantes eleitos se reúnem e decidem, juntos, que governo – ou até, em tempos de aflição, que forma de governo – desejam ter em seu pais. Se isso é a democracia, eu a saúdo. Defendo-a. Disponho-me a trabalhar por ela. (...). Apoio-me no fundamento das eleições livres, baseadas no voto universal, e é isso que consideramos a base da democracia. Mas tenho um sentimento muito diferente em relação aos simulacros de democracia, às democracias que se denominam democracias por serem de esquerda. Há que haver toda sorte de gente para compor uma democracia, e não apenas esquerdistas, ou mesmo comunistas. Não admito que um partido ou um órgão se denomine democrata por estar enveredando cada vez para as formas mais extremadas de revolução. Não aceito que um partido seja necessariamente representante da democracia pelo fato de se tornar tão mais violento quanto menos numeroso é.

            Há que se ter respeito pela democracia e não usar essa palavra de maneira leviana. A última coisa que pode se assemelhar à democracia é a lei da turba, com bando de gângsteres equipados com armas mortíferas a forçarem a entrada em grandes cidades, tomarem as delegacias policiais e as sedes principais do governo, empenharem-se em introduzir um regime totalitário com mão de ferro e clamarem, como eles costumam fazer hoje em dia, quando conseguem o poder... (interrupção).

            A democracia não se baseia na violência nem no terrorismo, mas na razão, no jogo limpo, na liberdade, no respeito ao direito dos outros. A democracia não é meretriz apanhada na rua por um homem de metralhadora. Confio no povo, na massa da população de quase todos os países, mas gosto de me certificar de que se trata mesmo do povo, e não de uma quadrilha de bandidos que, pela violência, acham que podem derrubar a autoridade constituída – em alguns casos, antigos parlamentos, governos e estados. (...).

            Churchill relata que só trinta deputados votaram contra e quase trezentos deram seu voto de confiança. Um exemplo da aplicação da democracia, dentro da Casa que congrega os representantes eleitos pelo povo. Certamente entre esses que votaram contra estão aqueles que colocaram a carapuça naquilo que Churchill acusou. Mas, a grande maioria apoio o discurso e apoiou a tomada de decisões no enfrentamento de hostilidades na Grécia, mesmo que a imprensa, não sintonizada que a essência da democracia, tenha feito tantas críticas e induzido ao erro tantos cidadãos, que sem saber na verdade o que se passava, passaram a criticar o Primeiro Ministro da Inglaterra.

            Algo muito parecido se passa no Brasil. Aqueles que pegaram em armas no passado e que hoje se dizem defensores da democracia, que se elegeram de forma democrática com esse discurso, logo mostraram suas reais intenções, em quase levar o Estado brasileiro à falência e o deixar até hoje aparelhado com suas ideias totalitárias, usando sem dó ou piedade os mecanismos da corrupção.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/08/2019 às 03h14
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