Continuamos com a reprodução comentada da Carta Encíclica do Papa São Pio X, publicada em 08-09-1907. Esta é a terceira parte da primeira parte, onde o Papa faz a “Exposição do Sistema e sua Divisão” começando pelo “O Modernista Filósofo”.
Esta necessidade das causas divinas não se fazendo sentir no homem senão em certas e especiais circunstâncias, não pode de per si pertencer ao âmbito da consciência; oculta-se (porém), primeiro abaixo da consciência, ou, como dizem com vocábulo tirado da filosofia moderna, na subconsciência, onde a sua raiz fica também oculta e incompreensível. Se alguém, contudo lhes perguntar de que modo essa necessidade da divindade, que o homem sente em si mesmo, torna-se religião, será esta a resposta dos modernistas: a ciência e a história, dizem eles, acham-se fechadas entre dois termos: um externo, que é o mundo visível; outro interno, que é a consciência. Chegados a um ou outro destes dois termos, não se pode ir mais adiante; além destes dois limites acha-se o incognoscível. Diante deste incognoscível, seja que ele se ache fora do homem e fora de todas as coisas visíveis, seja que ele se ache oculto na subconsciência do homem, a necessidade de um quê divino, sem nenhum ato prévio da inteligência, como o quer o fideísmo (doutrina teológica que, desprezando a razão, preconiza a existência de verdades absolutas fundamentadas na revelação e na fé), gera no ânimo já inclinado um certo sentimento particular, e este, seja como objeto seja como causa interna, tem envolvida em si a mesma realidade divina e assim, de certa maneira, une o homem com Deus. É precisamente a este sentimento que os modernistas dão o nome de fé e tem-no como princípio de religião.
Os modernistas têm como princípio da religião o incognoscível, aquilo que está além do mundo visível e além da consciência. O incognoscível quando alcançado, gera no ânimo do homem um sentimento particular do divino, cria uma realidade divina na consciência que funciona como objeto ou causa interna. A geração dessa realidade a partir do incognoscível, os modernistas chamam de fé e como princípio de religião.
Essa moderna forma de pensar anula toda história transcendental que acompanha a humanidade, que criou ideologias e civilizações. A Bíblia é um bom exemplo disso, a história de um povo acompanhado por Deus dentro da história, que de um homem (Abraão) se projeta para toda a humanidade (Cristianismo). Os fatos criam uma narrativa que orienta na criação e manutenção de sociedades.
Agora os modernistas descobriram que tudo isso vem do incognoscível e que toda essa criação do divino não tem nada de externo, de transcendental, tudo vem do próprio homem, como os gregos já defendiam em suas cidades cheias de sábios. Porém, a sociedade ideal, construída na base da fraternidade, da família universal, nenhuma conseguiu criar, nem ao menos idealizar.
Foi somente com o Cristo que chegou como enviado do mundo transcendental, sem nenhuma citação ao seu incognoscível, que foram criadas as bases dessa sociedade ideal que ele chamava de Reino de Deus, onde no topo da pirâmide hierárquica estava o Pai, o Criador de todos e de tudo.
Mas agora, os modernistas com os recursos da ciência e da sabedoria intrínseca querem anular tudo isso, pois tudo foi criado de forma irracional a partir do princípio de religião que vem do incognoscível.
Vale a pena destruir todo o arcabouço civilizacional que construímos com base no Cristianismo para refazer tudo a partir de agora com a domesticação do incognoscível, colocando dentro da consciência, quando ele se manifestar, a nossa razão apoiada na ciência? Conseguiremos vencer os instintos que parecem estar presentes no incognoscível mais do que na consciência? Talvez as civilizações criadas pelos movimentos revolucionários que levam consigo os ideais modernistas nos apontem essa resposta.
Outra batalha interna que enfrentei nestes últimos dias foi com a cabeça da avareza do Behemoth. Esta é uma cabeça que já pensei ter domesticado a contento, não pensei que ela fosse me derrotar neste confronto, mas aconteceu.
Foi num dia que eu tinha aula na disciplina de Medicina, Saúde e Espiritualidade no Hospital Universitário às 17 horas. A aula seria dada por um colega que já devia estar na sala, pois eu estava chegando em cima da hora.
Neste horário, as 17 horas, muitos alunos já saíram do hospital e o estacionamento estava mais vago, sempre consigo estacionar dentro do prédio, pois geralmente está lotado. Quando cheguei no portão do estacionamento percebi que na parte alta, mais próximo da porta por onde eu iria entrar, tinha uma vaga. Dirigi-me para lá, pois teria mais tempo para chegar. Acontece que para entrar na vaga eu teria de manobrar entre vários carros que ainda permaneciam estacionados. Era possível entrar na vaga, mas deveria ter cuidado na manobra. Pela pressa de chegar logo na sala de aula, terminei danificando o meu carro que danificou o carro que estava ao lado. Percebi que havia feito um estrago no carro ao lado, mas ninguém percebeu e eu tinha que ir logo para a sala de aula. Deixei o carro onde estacionei e fui apressado para a sala, torcendo intimamente que a pessoa não percebesse o estrago em seu carro e fizesse a conexão com o meu, pois isso já aconteceu diversas vezes com o meu carro, só vou perceber que foi danificado muito tempo depois, sem saber quem causou o problema.
Depois que terminou a aula e cheguei ao carro, encontrei a proprietária do carro danificado a me esperar. Trocamos os contatos por celular e dei autorização para ela ver um orçamento de despesa para consertar o seu carro. Não fiz nenhuma tentativa de barganha, pois reconheci que o erro foi meu e que teria de pagar por ele.
Ela fez o orçamento numa oficina, me mostrou os valores e fiquei de ir até a oficina negociar o pagamento parcelado no cartão de crédito. Mas o gerente disse que não seria possível parcelar com mesmo valor. O pagamento deveria ser no pix ou no cartão de débito. Como não tinha tempo de renegociar essa despesa com outra oficina, combinei com dona do carro afetado que iria repassar para ela o valor correspondente ao orçamento para evitar terceiros em nosso compromisso financeiro. Ela agradeceu a solução rápida e sem constrangimentos do problema gerado, e eu agradeci de volta e me desculpando por ter sido o autor do problema.
Mas a minha maior preocupação era com a justiça divina. Eu sabia que tinha feito a coisa errada. Eu não podia ter deixado o carro danificado sem o celular no para-brisa, informando quem era o autor do problema. Simplesmente fui embora sem deixar aviso, torcendo para não ser identificado. Nesse momento recebi o nocaute da cabeça da avareza do Behemoth. Todo o meu comportamento a seguir foi só para cumprir o protocolo racional do adversário derrotado. Fui testado pelo Pai nesta batalha íntima e perdi a contenda.
Resta pedir ao Pai perdão por minha fraqueza moral e procurar me fortalecer para vencer em outra prova semelhante.
Este espaço serve, desta maneira, como um confessionário, reconheço meu pecado, o confesso e estou disposto a pagar a penitência, que o Pai certamente vai me indicar na sua imensa sabedoria.
A Guerra Espiritual que estamos dentro dela há milênios tem os seus primeiros combates dentro de nós, no interior da alma.
Depois que encontrei os ensinamentos de Jesus e entender como o Caminho da Verdade que leva a Vida eterna, e que a lei de Deus está escrita em minha consciência, passei a coloca-la em prática com toda a honestidade que consigo fazer. Para fazer isso, o primeiro combate que tenho que enfrentar é domesticar o monstro do egoísmo que vive dentro de mim, na forma simbólica do Behemoth e suas sete cabeças, como a Bíblia registra.
Aqui vou relatar o primeiro round da minha batalha contra a cabeça da luxúria. Estava sozinho à noite em meu apartamento com a possibilidade de interagir sexualmente como meu Behemoth deseja. Logo ele coloca diversas opções em minha mente, mas cada opção deve passar pelo crivo do espirito, pois geralmente o que deseja o Behemoth prejudica a evolução espiritual de minha alma.
Fiz o convite para minha amiga de outros encontros inocentes, para voltar a nos encontrar nesta noite. Ouvi a justificativa de não poder por motivos profissionais. Ainda tentei contornar me ajustando às suas limitações, mas senti que não existia reciprocidade, e logo puxei o freio do Behemoth de não ficar colocando outras soluções, pois o espírito sentiu que a vontade do próximo não estava sintonizada com a minha.
Deixei o silencio permanecer em nossa conversa e mantive o clima de amizade e de fraternidade que pode permanecer assim até o fim, se o espírito não perceber a devida correspondência para um aprofundamento afetivo.
Fiz um convite velado a mais três amigas para um encontro nessa noite, mas de nenhuma senti a reciprocidade. Não insisti com nenhuma delas. A que mora mais distante, em outro município, deixou acertado o encontro na outra semana. Com esta tem uma maior profundidade afetiva, mas que não chegou ao nível da interação sexual; o espírito consegue controlar toda a força luxuriosa do Behemoth. Minhas ações até o momento só trouxeram benefícios para ela e isso deixa meu espírito triunfante, apesar da frustração do Behemoth.
A batalha mais forte com essa cabeça luxuriosa foi quando tive contato com pessoa fragilizada emocionalmente e que eu podia conforta-la afetivamente com forte intuito sexual. O espírito ficou mais atento, o Behemoth estava se contorcendo para avançar o sinal, de promover toques corporais, abraços mais demorados, beijos “fraternos”... mas o espírito segurava todas essas motivações instintivas. Deixei meu celular com essa pessoa e avaliei a possibilidade de sair com ela após nosso encontro inicial. Tudo dependia do que ela se mostrasse necessitada, este era o compromisso do Behemoth com meu espírito. Voltamos a nos comunicar, mas tudo girou em torno de suas necessidades emocionais que não incluía um aprofundamento afetivo comigo. Deixei tudo seguir nessa base sem provocar nenhum estímulo que fosse faze-la sentir-se obrigada a algo que fosse mais do meu interesse do que do interesse dela.
Outra opção de envolvimentos afetivos profundos como o Behemoth queria, passou por minha mente, mas foram todos descartados pelo crivo do espírito, por não ser útil à minha evolução espiritual e talvez levasse prejuízo a minha provável parceira. Inclusive outra pessoa com forte fragilidade espiritual me procurou, a qual meu Behemoth fez forte investida em nossa afetividade no passado, mas que o espírito percebeu o potencial negativo que podia ser gerado e parou todo tipo de iniciativa nesse sentido.
Acredito que apesar da frustração do Behemoth em todas as investidas, o Espírito se sente vitorioso.
Esta canção segue o trio anterior, mas parece dentro de outra perspectiva. Esta parece mais dirigida a mim do que ao cantor e sua performance de corromper as bases do Cristianismo. Nesta a meta é mostrar que eu também possuo intenções encobertas, que não tive coragem de colocar em prática na minha vida. Mas vejamos a letra...
JURA SECRETA
Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que eu não roubei
A jura secreta que eu não fiz
A briga de amor que eu não causei
Nada do que eu posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do que quero me suprime
Do que, por não saber, inda não quis
Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que eu não sofri
Talvez essa Jura Secreta, este sentimento de que fui incapaz de fazer algo que tanto desejei no passado, seja uma constante para a maioria dos meus irmãos. As três canções anteriores incentivam para isso ser realizado, mesmo com uma máscara, uma personalidade que não seja a nossa. A Jura Secreta que a maioria de nós possui e que nos entristece, se mantém ao longo dos anos na memória e que se torna ativa em momento de reflexões. Um beijo roubado rotulado de amor, é um exemplo do que não tive coragem de fazer, pois na minha intimidade ainda estava forte o respeito pela vontade e desejo do próximo, que eu não poderia colocar a minha vontade acima do outro para atender os meus desejos, os meus prazeres. Mesmo que isso causasse uma briga, que logo volto a colocar o rótulo de amor, não quero que ninguém perceba que nesse ato está simplesmente a procura prioritária pelos meus desejos, atropelando a vontade e os desejos do outro. Mesmo assim, esse ato pernicioso conforme o que Jesus nos ensinou, tem força de se manter em nossa mente com energia alucinante, de trazer imagens e fatos que não tem existência na realidade. Tudo isso permanece no campo da inconsciência, que mesmo não sabendo o que é, me traz sofrimento, que não consigo dizer o que é, o que não consigo alcançar, até mesmo um simples brilho do olhar. Essa mensagem serve como uma contraofensiva das trevas, que pretende mostrar que eu possuo fraquezas internas para alcançar prazeres que se eu entrasse na sintonia do que diz Secos e Molhados, eu estaria mais satisfeito com a minha vida, com nada de coisas que eu não consegui fazer a me entristecer. Teria feito tudo, roubado beijos, provocado brigas, faria tudo para preencher a minha alma e teria no olhar o brilho que tanto desejo. Esta é uma tentação forte que está nos rondando a qualquer momento de nossas vidas, na minha em particular, pois já a coloquei como um espelho para cada um se mirar dentro do meu comportamento e ver dentro dele a sua própria alma. Por isso colocarei nos próximos textos exemplos dessas batalhas que enfrento a cada dia.
Interessante colocar mais esta música do mesmo cantor com a mesma ideologia para completarmos uma trilogia como se fosse um estandarte de combate à Trindade da divindade. Vejamos...
O PATRÃO NOSSO DE CADA DIA
Eu quero o amor
Da flor de cactos
Ela não quis
Eu dei-lhe a flor
De minha vida
Vivo agitado
Eu já não sei se sei
De tudo ou quase tudo
Eu só sei de mim
De nós
De todo o mundo
Eu vivo preso
A sua senha
Sou enganado
Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida
Eu já não sei se sei
De nada ou quase nada
Eu só sei de mim
Só sei de mim
Só sei de mim
Patrão nosso
De cada dia
Dia após dia
A partir do título verificamos o combate dentro da Guerra Espiritual sendo posto de forma velada para os ingênuos. O Pai Nosso ensinado por Jesus para nos sintonizarmos com Deus, agora Ele é colocado como o patrão que geralmente possuímos nas relações profissionais da dimensão material. O amor continua sendo a meta humana, mas agora cercada de espinhos, que é oferecido junto com uma vida agitada, mas o próximo não quer, mas isso não interessa. A pessoa confessa a confusão mental, não sabe o que acontece em nada ou em tudo, mas pensa que sabe de si, o que está fazendo, o que o outro ou todo mundo precisa fazer, receber ou doar. Mas a confusão permanece no fim do dia, no fim da vida. Sente que está preso à uma senha alienígena, que é enganado. Solta o ar que está preso dentro do peito como deseja soltar a alma presa pela senha escondida nas trevas. Sente que perdeu a vida, que na realidade não sabe de nada. É como se o cantor estivesse vendo um vislumbre da realidade na qual está preso e sendo instrumento para enganar aos outros e que mesmo não sabendo de nada ou quase nada, esse quase é o que sabe de si, só de si. Finalmente sopra o refrão que foi ensinado de misturar o patrão com o Pai, mas talvez nesse momento ele queira no seu íntimo voltar a conexão com o Pai a cada dia... a cada dia... dia após dia...