Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
18/05/2018 14h29
FREUD EXPLICA

            Outro texto atribuído ao General de Divisão Gilberto Rodrigues Pimentel, Presidente do Clube Militar, também circula na net com data de 11-05-18, e que merece entrar em nossas reflexões...

            FREUD EXPLICA

            A jornalista me pergunta se pretendo, na condição de dirigente do Clube Militar, dar algum tipo de resposta à divulgação de um documento da CIA, acusando o presidente Geisel de crimes que teriam sido praticados no período do seu governo, também com a participação de outro ex-presidente, João Figueiredo, destacando que só o Jornal Nacional gastou três minutos e trinta segundos, sem quaisquer contestações de outras partes.

            Pretendo sim, mas é tão grande o desprezo que nutro pelo jornalismo praticado pelas organizações Globo e também por seus jornalistas, de um modo geral, que meu ímpeto seria o de abandonar a versão, a meu ver inteiramente fantasiosa, e falar das razões do meu descrédito.

            Seus traumas tem tudo a ver com as sombras de um passado que os atormenta e Freud certamente explicaria. Quem viveu e sabe da atuação da Globo nos idos de 64 entende muito bem a que me refiro.

            Em relação aos militares, aceitam como fato consumado uma versão cuja fonte e grau de veracidade sequer são colocados em dúvida.

            Naquela casa, hoje, quem tem direito de distorcer os fatos são os bandidos, em relação à polícia que os combate, e ontem, os subversivos terroristas que pretenderam implantar no Brasil uma ditadura do proletariado, com relação às forças legais que lhe deram combate.

            Aliás, a Globo não precisa ir longe para comprovar o que digo. Nos seus próprios quadros de jornalismo existem hoje, e também em outros tempos, integrantes que aberta e livremente confessam essa intenção.

            E eles, sim, cinicamente, declaram que em nome dos seus torpes ideais foram capazes de mandar executar quem lhes fizesse oposição.

            Quanto aos acusados, Ernesto Geisel e João Figueiredo, os homens de bem que viveram meu tempo sabem bem que os objetivos que estabeleceram àquela altura do governo militar não abrigavam esse tipo de ação. A ordem era restabelecer a plenitude da democracia e devolver o poder aos civis. Além do mais estávamos diante de homens íntegros.

            Não vale um tostão furado o presente documento.

            E para completar, quando a jornalista me inquiriu, disse-lhe que não me surpreendia com a oportunidade da divulgação de um documento desse teor e que não acreditava numa linha do que continha. A oportunidade para mim é clara, e é assim que a Globo costuma tornar claro o ódio que deposita nos militares. Temos agora na liderança das pesquisas para as eleições presidenciais um candidato que surgiu do nosso meio e um grupo expressivo de militares que, democraticamente nesses dias, consolidou a intenção de candidatar-se aos mais variados cargos de governo, desde os municipais, passando pelos estaduais até os federais. Não suportarão jamais. Preparemo-nos para novos embates.

            A eles nosso permanente desprezo.

            Novo texto que foca o desprezo dos militares por esse tipo de jornalismo engajado em uma ideologia e que levanta fatos ou constrói dados para incrementar uma narrativa onde colocam apenas os problemas que levam a uma rejeição do militarismo.

            Um dado importante que trago para a reflexão, é que esses militares são formados em escolas que privilegiam o amor à Pátria, que não estão engajados em defesa de outras ideologias, que se mostram atentos ao processo degenerativo que a corrupção provocou no país. Até parece que o jornalismo não quer ver essas causas nocivas que levaram o País a uma crise severa, que foi possível sair dela com o processo de impeachment e que as figuras expulsas carimbaram como “golpe” o processo democrático que foi instalado. E a imprensa, por que não coloca de forma majoritária, os argumentos que todos vimos e que legalizam democraticamente os procedimentos?

            Por força da coerência lógica, a minha consciência tende se aliar ao pensamento de crítica que surge dentro da caserna, e repudiar a tentativa de manipular o meu senso crítico colocando as “verdades” que são construídas para torna verdadeira uma falsa narrativa.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/05/2018 às 14h29
 
17/05/2018 00h01
MÍDIA ESQUERDISTA

            Tem um texto que circula na net, de pretensa autoria do Coronel ´´Áureo Júnior, que fala também das ações da Esquerda, que merece entrar em nossas reflexões:

            FICO IMPRESIONADO COM O DESESPERO DESSA MÍDIA ESQUERDISTA

            Eles estão desesperados com o crescimento dos adeptos favoráveis a Intervenção Cívico Militar e com o crescimento do Bolsonaro nas pesquisas em todo o Brasil.

            Resolveram agora ressuscitar fatos ocorridos na época que os militares estavam em guerra contra os comunistas, terroristas e criminosos. Onde o tempo era outro, o contexto e as circunstâncias. Eles falam como os militares de hoje fossem os mesmos que realizaram a Contra Revolução.

            As Forças Armadas de hoje possuem militares muito mais preparados, habilitados e qualificados; têm militares formados em todas as áreas do conhecimento, tem mulheres altamente competentes, a formação do militar de hoje não dá para comparar com os dos militares daquela época. O currículo de um Coronel daquela época não chega nem perto de um Coronel de hoje, são outros tempos. Estou dizendo isso tudo pra dizer se acontecer uma Intervenção Cívico Militar não será como a Imprensa Esquerdista e grandes formadores de opiniões como Jô Soares estão dizendo.

            Se ocorrer uma Intervenção Cívico Militar o objetivo será outro, pois hoje não temos terroristas e guerrilheiros em atividade.

            O foco será principalmente contra os corruptos do colarinho branco que são responsáveis pelas mortes de milhares de inocentes que morrem nas filas dos hospitais por falta de atendimento e das vítimas da violência.

            Hoje morrem por ano muito mais inocentes devido a corrupção que ocorreram em todos os governos depois dos Governos Militares em relação a quantidade de Terroristas, Guerrilheiros e Subversivos que foram mortos na época do Regime Militar.

            Hoje se mata muito mais e esta Imprensa Comunista não diz nada.

            Um bando de hipócritas!!! Que estão apavorados de perderem a mamata e o dinheiro fácil.

            Este é um texto que mostra a revolta explícita do autor contra os jornalistas que expressam uma ideologia dentro do seu trabalho. Essa ideologia favorece as ações de Esquerda, inclusive as mortes operadas pelos esquerdistas no passado que não são comentadas, apenas aquelas ocorridas por ações das forças de repressão ligadas ao Governo Militar. Não lembram e nem explicam os motivos que levaram os militares fazerem a intervenção naquela época, quando a sociedade foi às ruas, com faixas em defesa da Família e exigindo uma ação militar para o País não sucumbir sob a Ditadura do Proletariado.

            Termino por me solidarizar com o texto desse autor, também fico ressentido da falta de uma explicação verdadeira sobre os reais motivos que fizeram os militares assumirem o poder em 64 e o desempenho político e administrativo que eles implementaram a partir daí.

            Por que eu tenho que ler nos jornais apenas uma narrativa que sustenta a ideologia esquerdista? Por que não se desenvolve uma outra linha de jornalismo onde se desenvolva uma narrativa direitista, para fazer a compensação? Ou, melhor ainda, um jornalismo sem engajamento ideológico, apenas trazendo os fatos reais e colocando como são para os leitores construírem suas próprias opiniões, e não tentarem manipular nossa consciência para um lado ou para outro, como se fossemos crianças sem capacidade de usar o nosso juízo crítico e livre arbítrio?

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/05/2018 às 00h01
 
16/05/2018 01h20
PERDIDOS NO ESPAÇO

            Essa série de ficção, uma das mais antigas que conheço, traz muitas aventuras inusitadas. Porém temos uma espécie de perdição, que não é ficção científica, pois nos coloca dentro dos mais inusitados panoramas cognitivos. É o espaço mental no qual podemos nos perder dentro dele e passar a vivenciar aventuras que ninguém pode imaginar que isso esteja acontecendo conosco.

            Os sonhos começam a ser construídos na adolescência, com mais detalhes, desenvoltura e firmeza. É uma viagem mental que começa a ser construída. No início ainda não é realidade, está dentro dos intricados caminhos da imaginação. A cada dia somos instados a decidir por uma ou outra coisa, por um caminho ou outro.

            São essas diversas decisões que tomamos que podem nos levar a um intricado labirinto, sem saber como sair dele. Não podemos recuar, seguindo nossos próprios passos, pois o tempo apagou todos eles.

            Como fazer um vestibular para uma área desejada, se perdi essa chance há tanto tempo e agora ela não nos encontra com as energias que se tinha antes?

            Como encontrar uma forma de manter um relacionamento que tanto afagava o coração, que não houve a competência de fazer isso e agora o tempo não dá a mesma chance?

            Como voltar, conceber e receber um filho que tanto assustava no passado e que agora tanta falta faz?

            Como olhar com amor para a mãe e irmãos se foi deixado que o tempo deteriorasse a relação com essas pessoas e agora o abismo que foi cavado, de tanto caminhar por uma trilha de afastamento, isolamento, recalcamento?

            E agora? A pessoa se sente perdida num espaço mental que ninguém conhece e que nem ela mesma pode explicar como é, para que alguém possa lhe dá a mão e lhe puxar para fora. A psicoterapia não alcança a real posição dessa pessoa, talvez por não se saber explicar, ninguém possa ajudar.

            Outra tábua de salvação seria a religião, mas como se valer dela se a pessoa não acredita no Deus que é agraciado?

            Assim pode-se ficar, perdidos no espaço mental, num contexto tão complexo e fora da realidade, que nem ao menos a pessoa pode elaborar com detalhes onde se encontra, como acontece na ficção científica.

             Essa pessoa pode sentir o coração bater, mas seu raquitismo ou entupimento de gorduras, não deixa a percepção de nem um pinguinho de afeto que no passado foi capaz de construir.

            A penumbra em pleno sol é tão forte que a pessoa não ver um palmo à sua frente, não pode optar por outros caminhos, pois agora não tem a percepção deles.

            Cada dia é um capítulo diferente dessa série mental, dos labirintos trevosos no qual se está tateando, sentindo dores, derramando lágrimas.

            Com todas as minhas experiência como terapeuta, não consigo tirar essas almas perdidas no seu campo mental; elas não compreendem minhas palavras, apesar de escutar minha voz; meus medicamentos, tranquilizantes ou ansiolíticos, antidepressivos ou antipsicóticos, entram em adaptação com o organismo, com o tempo, e deixam de dar o alívio inicial que antes proporcionavam.

            Que posso fazer por meus pacientes perdidos no espaço mental se não consigo encontra-los?

            Estou aprendendo que o benefício que posso trazer para esses pacientes, é de prevenção, de evitar que eles penetrem nesse labirinto mental, levados pela cólera, ira, raiva, mágoas, baixa autoestima, medo, vingança... Posso atenuar no momento as suas dores com minha química, redirecionar seus pensamentos com minhas palavras, mostrando o livro texto básico para a nova caminhada em busca da normalidade, da integridade mental e emocional: o Evangelho.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/05/2018 às 01h20
 
15/05/2018 18h43
AVALIAÇÃO DA ESQUERDA

            Encontrei um artigo publicado em 15-05-17 por Stephen Kanitz, em http://blog. Kanitz.com.br, que faz uma avaliação sobre as ações políticas classificadas de Esquerda e que serve para nossa reflexão:

            A ESQUERDA ACABOU. SAIBA POR QUÊ

            A Esquerda sempre precisou de dinheiro, de muito dinheiro para se sustentar. A Direita por sua vez, não. Isso porque a direita é composta de adolescentes que estudaram quando estudantes, trabalharam quando jovens, pouparam quando adultos, e portanto se sustentar não é um grande problema.

            A Direita progride, enquanto a Esquerda protesta nas ONGs e nos cafés filosóficos. Esquerda sempre viveu do dinheiro dos outros. Karl Marx é o seu maior exemplo, sempre viveu às custas de amigos, heranças e do companheiro Friedrich Engels.

            Não conheço um esquerdista que não viva às custas do Estado, inclusive os empresários esquerdistas que votam no PT e PSDB e vivem às custas do BNDES. Nos tempos áureos a Esquerda tomou para si até países inteiros. China, União Soviética, Cuba, por exemplo, onde a Esquerda se locupletou anos a fio com Dachas e Caviar.

            Essa Esquerda gananciosa foi lentamente sugando a totalidade do Capital Inicial usurpado da sua Direita, até virar pó. Foi essa a verdadeira razão do fim do muro de Berlim. A Esquerda faliu os governos que eles apoderaram.

            No Brasil, a Esquerda também aparelhou e tomou Estados e Municípios, e também conseguiu quebra-los. Socialistas Fabianos como Delfim Netto, Maria da Conceição Tavares ainda vivem às custas do Estado com duas ou mais aposentadorias totalmente imorais. Só que o dinheiro grátis acabou.

            Sem dinheiro a Esquerda brasileira começou a roubar, roubar e roubar co uma volúpia jamais vista numa democracia. Mas graças a Sérgio Moro, até esse canal se fechou para a Esquerda brasileira. Sem a Petrobrás, as Estatais, o BNDES, o Ministério da Previdência, o Ministério da Educação, a Esquerda brasileira não tem mais quem a sustente.

            O problema da Esquerda hoje é outro muito mais sério. Como esquerdistas irão se sustentar daqui para a frente? Como artistas plásticos, professores de Filosofia e Estudos de Gênero da FFLCH, apadrinhados políticos, vão se sustentar sem saberem como produzir bens e produtos que a população queira comprar?

            Que triste fim para todos vocês que se orgulhavam de pertencer à Esquerda brasileira!

            Os argumentos são válidos, podemos observar que isso acontece. Porém, a Direita, baseada no capitalismo, termina usando a democracia e os recursos que consegue acumular para alcançar mais poder, político e econômico. Nesse processo de crescimento, consegue ajudar muitas pessoas através de empregos, mas termina desviando da ajuda para a exploração, em nome do Capital. Esta distorção de um capitalismo cristão, que procura ajudar o próximo com a acumulação honesta e fraterna, termina degenerando num capitalismo selvagem que consome o ser humano sem piedade. É nesse momento que a consciência crítica se levanta em protesto e cria os movimentos de Esquerda, para corrigir as injustiças do sistema capitalista. Portanto, termina angariando a simpatia das massas ignorantes que sobrevivem sem dignidade em busca de um pedaço de pão, sem compreenderem as duplas intenções por trás dos benefícios.

            Esta crítica à Esquerda que é feita nesse texto de Stephen Kanitz, não considera a condição dos trabalhadores que produzem e que recebem uma miséria para a sua sobrevivência, e por isso, qualquer cidadão de bons sentimentos, logo se engaja nas diversas causas da Esquerda. Porém, como o texto coloca muito bem, a Esquerda tem os seus “pecados” que logo traz prejuízos, muitas vezes bem maiores, no lugar dos benefícios que queria trazer.

            Observamos isso no Brasil atual.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/05/2018 às 18h43
 
14/05/2018 00h01
MÃE, AMOR NA SOLIDÃO

            O segundo domingo de maio é dedicado à homenagem às mães. Todos tem mães, apesar de alguns não as conhecerem, outros as conhecem mas não tiveram tanto convívio. Estou incluído neste grupo. Não tive o convívio que a maioria teve com suas mães, mas sei que não foi culpa dela, nós não tínhamos condições de ficar juntos, iríamos passar fome juntos e assim, seu coração materno resolveu que era melhor suportar a dor de uma separação, deixando eu ir morar com minha avó, em uma casa distante, do que me ver a pedir um pão e não ter para me dar...

            Foi assim que eu sai do seu convívio aos cinco anos de idade. Nem lembro como foi que isso aconteceu. Sei que quando eu dei por mim, já estava morando sozinho com minha avó, e minha mãe e meus irmãos morando distante, em outro bairro.

            A minha avó, coitada, era uma batalhadora pela sobrevivência. Trabalhava dia e noite com os recursos que tinha à sua disposição. Eu passei a ser mais um desses recursos. Aprendi a trabalhar duro logo cedo, tinha que ajuda-la na luta pela sobrevivência, e como bônus eu teria o direito de estudar, pois seria o futuro dela. A minha mãe não estava dentro desses projetos que a minha avó fazia para mim, pelo menos a prioridade seria dela.

            Mas eu sentia como se tivesse um imã dentro do meu coração que me fazia aproximar da casa da minha mãe, em qualquer oportunidade. Não importava que ao chegar na casa dela a encontrava trabalhando numa mesa de bolos, de roscas, de raivas, de suspiros... um forno a queimar lenha e a assar os doces que logo iriam para as mercearias e para a venda nas ruas por meu irmão que havia ficado com ela. Eu não me incomodava com isso, nem mesmo com o calor do forno que me fazia suar, pois eu sentia o calor do amor de minha mãe, que não tinha tempo de me afagar com os braços ocupados, mas o fazia com o olhar, quando o tempo permitia dela tirar os olhos dos assados.

            Engraçado, não lembro de ter ouvido dela palavras de carinho dirigidas pra mim, e sim para orientar os meus irmãos que brincavam sem cuidados com os produtos que ela logo iria vender, com a ajuda que aqui e acolá ela precisava. Eu era uma criança quietinha, ela não tinha tanta preocupação comigo, talvez vigiando para que eu não me queimasse na ajuda que eu queria fazer, mas sem saber. Como pode o amor florescer assim? Ela atarefada sem tempo para se dedicar a mim, nos poucos momentos que eu estava com ela; eu, sem jeito de chegar perto, pois ela não parava de se movimentar e eu não sabia bem o que fazer para lhe ajudar... mas o amor criou raízes entre nós, como uma flor do deserto, que resiste ao sol inclemente, a falta de chuva, a falta de adubo, e mesmo assim floresce mostrando a beleza de sua seiva.

            Mesmo assim era eu, a flor do deserto gerada por minha mãe, que tinha em meu sangue a sua seiva, que eu nunca iria exigir dela o adubo de seus carinhos, nem mesmo a agua de suas lágrimas que ela não deixava eu ver. Foi isso que ela percebeu ao deixar eu sair de sua casa aos cinco anos, que eu era uma flor do deserto, capaz de resistir à solidão de um carinho, de um amor tão importante quanto o amor de mãe. Ela sabia que eu iria crescer, fortalecer minhas raízes dentro do Evangelho e trazer a beleza do Pai ao meu redor, com minhas flores de todas as cores.

            Sim, mãe, tu era sábia, nunca exigiu nada de mim, pois sabia que eu precisava fortalecer minhas raízes para produzir minha flores...

            Lembro quando tu fostes para bem mais longe, para um estado distante, Rio de Janeiro, e eu ficava em Natal, dentro de uma farda militar, olhando com nostalgia sua figura se afastando levando consigo todos meus irmãos, como retirantes que fogem da seca...  eu sabia, com saudades, que tu estavas morando nos morros favelados de Niterói, que saia para trabalhar com meus irmãos no Rio de Janeiro na madrugada da segunda feira e só voltava à noite do sábado. As crianças pequenas ficavam em casa sendo cuidadas pela criança maior...

            Finalmente, minha raiz criou sustança, me formei em medicina e dei a minha primeira flor. Ofereci a minha mãe, a chamei para morar comigo em Natal. Ela não vacilou um só instante, veio com meus irmãos para meu lado e atenuou a saudade que eu sentia dela desde os cinco anos.

            Infelizmente, os conhecimentos médicos que adquiri não foram suficientes para a livrar da doença que a levou para o túmulo. Mas ela foi sábia até nisso, ela me ensinou a ama-la na distância, e hoje continuo a ama-la da mesma forma que a amava quando ela fazia os bolos, quando trabalhava como empregada doméstica... hoje o seu corpo não está mais entre nós, mas eu sinto sua essência dentro de mim, assim como sentia o seu olhar cuidadoso sobre mim quando eu ia quando criança em sua casa.

            Agora mesmo, ao escrever este texto, sinto que lágrimas caem dos meus olhos como se não fossem minhas, e minha mãe envergonhada, por deixar pela primeira vez eu sentir suas lágrimas, sai de imediato de minha presença, mas com sua energia ativa o alarme do meu carro. Vou até fora para verificar, a madrugada está fria, o jardim silencioso, e parece que cada flor, no sereno da noite, olha para mim como olhava a minha mãe.

            Sim, mãe, obrigado, tu me ensinou a amar na solidão, pois a distância pode afastar dois olhos, mas jamais afastará dois corações.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/05/2018 às 00h01
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