Hoje é dia de comemoração internacional dos direitos humanos. Uma data que deveria ser observada por todos que lutam pela justiça, pelos direitos humanos. No entanto, não vejo nenhuma manifestação da sociedade a esse respeito. Nem mesmo dentro de setores bem esclarecidos da sociedade, como o Departamento de Medicina Clínica do qual faço parte. Durante a reunião plenária que é realizada mensalmente na segunda quarta feira do mês, ninguém se lembrou de citar a importância do dia. Pode ter que tivesse alguém como eu, que sabia do significado do dia, mas que não manifestou a lembrança.
Outro fato aconteceu dentro da reunião plenária que na minha avaliação agrediu o direito humano de quatro professores, no que se refere à justiça e que vou tentar explicar como ocorreu.
A secretaria do Departamento estava sempre lembrando aos professores de levarem presentes à reunião para depois serem sorteados na forma de amigo secreto. No entanto, apenas quatro professores levaram os presentes. Eu fiquei entre a maioria que não levou. Os quatro presentes foram colocados sobre a mesa e o chefe do departamento pegou o envelope com o nome dos professores presentes para o sorteio. Uma das professoras que levou presente disse que assim não era justo, que o sorteio devia ser feito somente entre as pessoas que levaram presentes. O chefe do departamento resolveu colocar em votação as duas sugestões e antes disso acontecer surgiu nova proposta: que os quatro presentes fosse sorteado entre os funcionários. O chefe acatou e colocou as três propostas em votação.
A primeira proposta, dos presentes serem sorteados com todos não teve nenhum voto; a segunda proposta teve voto de poucas pessoas; venceu com grande maioria a proposta de deixar os presentes para os funcionários.
Após ter saído o resultado chamei a atenção dos meus colegas com um viés político. Disse que o que acabara de acontecer na sala foi um retrato do que estava acontecendo em todo o Brasil. Em nome da Fraternidade com os mais pobres não se pratica a Justiça com quem produz. O governo distribui fartamente as bolsas-famílias por todo o país sem ouvir quem produziu para comprar essas bolsas, mas como foi eleito de forma democrática se acha no direito de fazer assim.
Aqui na sala aconteceu fato semelhante, continuei. Por uma questão de Justiça quem não comprou presente devia ter se abstido de votar para doar os presentes que eles não compraram para terceiros. Sei que levantar essa questão numa votação num clima natalino como esse onde prevalece o sentimento de Fraternidade, pode parecer uma posição de Egoísmo, de não querer ajudar os mais fracos. Foi assim que aconteceu nas últimas eleições no Brasil, usaram o dinheiro de quem trabalhou para ajudar os mais pobres e com o uso da mentira fez com que a democracia referendasse a injustiça.
Logo mais a noite participei de uma reunião política e fiquei encarregado de elaborar uma nota para ser publicada nos jornais sobre o que aconteceu na última votação no Congresso Nacional e que transcrevo abaixo na íntegra:
NOTA À POPULAÇÃO NORTE-RIOGRANDENSE
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff (PT), não cumpriu a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e gastou além do permitido, que é um crime já consumado. Para se livrar da punição mandou ao Congresso um Projeto (PLN-36) que torna legal o que é ilegal. Além disso, condicionou a aprovação do Decreto que amplia em R$ 748,7 mil o limite de gasto de emendas por parlamentar. Tornou ainda mais vergonhosa essa aprovação. Dessa forma nos congratulamos com o voto NÃO do deputado Felipe Maia (DEM). Repudiamos o voto SIM dos deputados Henrique Alves (PMDB), Betinho Rosado (PP), João Maia (PR), Fábio Faria (PSD), Fátima Bezerra (PT), Paulo Wagner (PV) e da senadora Ivonete Dantas (PMDB). Entendemos como correta a posição do senador Agripino Maia (DEM) e Paulo Davim (PV) que não compareceram a votação na tentativa de não dar quorum, mas o presidente do Congresso, Renan Calheiros, completou consigo mesmo, o que não é usual. Finalmente, deixamos uma menção honrosa ao deputado Tiririca que faz o povo rir, mas não o trata como palhaço!
Ass. Unidos Pela Liberdade / Força Democrática
Essas são as consequências quando não se tem a responsabilidade de cumprir a Lei em nome de uma fraternidade mascarada pelos interesses egoístas: ser punido pela justiça. Infelizmente a Justiça termina com os olhos vendados sem conseguir interferir nas manobras para fugir da sua teia, quando o poder é exercido sem ética.
O Símbolo é um elemento essencial no processo de comunicação encontrando-se difundido pelo cotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. Podem ser reconhecidos internacionalmente ou dentro de determinados grupos ou contextos.
A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo que o receptor, que pode ser uma pessoa ou grupo específico de pessoas, consigam fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação.
O símbolo da AMA-PM foi criado pelo editor do “Panfleto do Bairro” a partir da ideia colocada na camisa do “Foco de Luz” que destacava a pomba branca e a Paz. No novo visual para a AMA-PM foi colocado o contexto de duas pombas elevando uma placa de mármore com o nome AMA-PM. Por trás se vê dois coqueiros e entre eles o brilho do sol, dentro de um círculo, e fora dele o nome por extenso: Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio.
Os coqueiros pertencem à família das palmeiras e símbolo da energia geradora da vida, que os indianos chamam de Kundalini e os chineses de Chi. O Coqueiro é a árvore da energia. Sua altura elevada representa o elo do ser humano com o céu. São frequentes nas praias do Rio Grande do Norte, e por nosso bairro ser uma praia pode ter a sua representatividade. As pombas brancas representam a Paz e o Espírito Santo e a colocação das duas no nosso símbolo evoca o trabalho coletivo de base cristã, a importância da solidariedade onde o esforço conjunto levanta a placa de mármore onde está escrito a sigla AMA-PM que representa a comunidade. Lembrando sempre: que é no mármore que devemos escrever todo o bem que os irmãos fizerem uns pelos outros para que o tempo não destrua essas memórias; que é nas areias da praia que devemos escrever todo o mal que os irmãos ainda ignorantes fizerem uns aos outros para que o vento, o sol e as marés as apaguem de nossa memória. O sol colocado no centro representa a divindade que tudo ilumina, Deus, e que Sua vontade é aplicada por cada pessoa que atende ao chamado em seu coração e assim atuam como focos da luz divina, embasados nas lições do Evangelho ensinado por Jesus, o filho mais amado, e que foi conduzido inicialmente por pescadores na praia de Cafarnaum.
O cristianismo primitivo tinha como símbolo a figura do peixe, e o cristianismo moderno a figura da cruz. O nosso símbolo, subordinado a estes dois, ilustra os três reinos da Natureza, mineral, vegetal e animal, tem a seguinte representação: voluntários que se agregam num trabalho prático, solidário, inspirado pelo Evangelho no sentido de construir em uma comunidade fraterna na praia natalense, um modelo do quarto reino e mais importante, o Reino de Deus ensinado por Jesus.
Com este símbolo podemos potencializar o que ele significa, de recuperar, aplicar e desenvolver o mistério de Deus em nossos corações, a experiência de fazer a vontade dEle assim como a sentimos em nossa alma, na inteligência do que Jesus nos ensinou.
Necessitamos renovar a nossa fé continuamente, abrir a nossa mente para o mistério da Graça de Deus, aceitar a Verdade e o Caminho que o Cristo nos ensinou como a Vida que podemos viver aqui e no mundo espiritual. O símbolo funciona como a senha para nossa mente penetrar automaticamente no mistério de Deus, sem precisar ler nenhum texto ou ouvir qualquer preleção.
Depois de ter feito o texto de ontem e avaliar o que escrevi, inclusive a dúvida sobre o que Deus queria me ensinar com tantas alterações no que foi planejado durante o fim de semana, percebi que aconteceu um fato interessante no contexto geral. As minhas três companheiras foram envolvidas no problema, como pode ser lido no texto do dia anterior. Será que isso é o que Deus queria que eu fizesse, uma reflexão? Queria que eu avaliasse o tipo de família ampliada que eu quero construir com base no Amor Incondicional?
Existe o projeto dessa família ampliada na minha consciência, que acredito que o Pai está de acordo. Imagino que ela funcione com todos os envolvidos vivendo em harmonia, que tenham ou não intimidades sexuais, isso só diz respeito aos dois envolvidos. O sexo é simplesmente uma ferramenta da Natureza para a aproximação dos corpos, pode ou não existir, não é obrigatória a sua existência. A convivência pode ser feita em casas separadas, uma vez que o comportamento emocional não suporte a presença de outra pessoa de características íntimas no mesmo espaço físico. Nenhum terceiro pode exigir que o seu parceiro não se envolva com alguém, quando esse assim considerar conveniente. Se acaso o fato o deixa incomodado, para não gerar conflitos ou sofrimentos emocionais, não deve nem ser conhecido, a caixa preta deve funcionar para que seja evitado sofrimento ou geração de desarmonia no relacionamento. E quando a pessoa souber de um relacionamento íntimo com outra pessoa a partir de terceiros, compreender que isso é um fato que ela já entendia que podia acontecer, que não é uma traição, que faz parte de um acordo prévio para uma convivência familiar em outro molde, que não é motivo para nenhuma crise de desarmonia por mais forte que seja o sofrimento que isso provoque. Estou pronto para assumir a evolução dessa nova forma de construção da família ampliada, acolhendo com afeto e harmonia todos os possíveis companheiros que minhas companheiras considerem conveniente incluir.
Esta é a minha compreensão sobre esse tipo de relacionamento que caracteriza a família ampliada e para o qual já possuo o devido preparo intelectual e emocional. O transtorno do fim de semana foi a forma do Pai mostrar que tipo de relacionamento existe atualmente e o quão distante ainda se encontra do ideal que imagino. Também para verificar se tenho inteligência para identificar as falhas e forças para corrigi-las.
Minhas três companheiras apresentam fortes dificuldades em assumir com franqueza e harmonia, de coração sintonizado com a solidariedade mútua, esse tipo de relacionamento. Sabem com clareza todo os paradigmas desse tipo de relacionamento familiar e tentam se adaptar a ele, mas os instintos egoístas associados à cultura que vivemos impedem a harmonia desejada e necessária.
As minhas amigas de Caicó podiam ter me dado um apoio mais eficiente se eu tivesse disposição de procurá-las, de interagir com elas; a minha amiga de Brasília que estava em Natal, não fiz um esforço maior para estar com ela e interagir inclusive na discussão teórica do Amor, assunto que ela desenvolve em sua tese acadêmica; ficar com qualquer amiga minha em meu apartamento sem ter que prestar contas de exclusividade a ninguém. Talvez tenha sido isso que o Pai tenha querido me mostrar, que eu devo ser mais forte na defesa dos princípios que eu já apresentei pra Ele, para eu não corra o risco de ficar enredado em desejos egoísticos que estão presentes em todas as mulheres do meu relacionamento. Mesmo que elas se aproximem de mim devido as características da família ampliada, do amor inclusivo, ao sentirem que estão acobertadas por esse amor tentam isolar as outras e garantir algum tipo de exclusividade. Nenhuma delas até agora ouviu o que tanto eu digo, fazem apenas escutar. Nenhuma procura amar as outras como irmãs especiais, pois amam a mesma pessoa que também é objeto do seu amor. Pelo contrário, deixam desenvolver em seus corações uma raiva súbita, crescente e destruidora da harmonia e da fraternidade.
Esta é a família ampliada que o Pai mostrou que eu construí. Uma família corrompida pela raiva e desarmonia de uma companheira com as outras; que não conseguem ficar harmonicamente juntas as três; que não conseguem tolerar a introdução de quantas outras cheguem enviadas pelo Pai (Natureza) com intenções de seguir pelos caminhos que elas já seguem.
Isto foi o que o Pai mostrou para mim e fica agora a pergunta dEle em minha consciência: consegues corrigir tudo isso, Francisco?
Hoje foi o dia de trabalho duro na Seara do Senhor, escolhida como tal na Praia do Meio. Resolvi deixar todas atividades que eu poderia fazer nesse dia para me engajar na atividade do Bazar promovido pela minha companheira da Cidade Satélite, dentro da AMA-PM..
De início fiquei com a forte impressão que o Pai queria me ensinar alguma coisa ou me testar de alguma maneira neste fim de semana. Tudo começou com o registro que fiz ontem e que terminei na hora que sai do Posto de Saúde, em Caicó, às 14h, para esperar a Van que vinha me pegar de volta para Natal. Logo que a secretária me viu sair da sala de atendimento para sentar no banco do lado de fora do prédio do Posto, ela foi até o portão e tirou o cadeado. Não atentei no momento para as consequências disso. Fiquei a aguardar a vinda da Van e por volta das 14:30h resolvi telefonar, pois estava alem do esperado. Não consegui ligar o celular. Ele mostrou uma imagem paralisada e logo depois apagou definitivamente. O celular alternativo que tinha estava sem credito. A secretária tentou ligar com o motorista, mas não conseguiu. Fui a pé até o escritório e a moça falou com o motorista que já estava em Jardim do Seridó. Não tinha como voltar para me apanhar. Explicou que foi até o Posto onde iria me pegar, mas que estava fechado no cadeado. Tentou ligar para o meu celular, mas não conseguiu. Foi então que eu percebi a consequência daquele cadeado colocado no portão. Não tinha mais o que fazer, fui até a rodoviária e comprei a passagem no ônibus pinga-pinga que iria sair as 15:30h com previsão de chegada em Natal por volta da 21:30h.
Durante o trajeto de volta tentei mais uma vez ligar o celular e consegui. Tentei falar com a minha amiga de Brasília que tinha combinado ir jantar comigo na casa da minha irmã, mas não consegui. Minha irmã conseguiu falar comigo e através da minha companheira de Ceará-Mirim e cancelei o aniversário que ela já havia combinado de irmos quando eu chegasse, pois devido o adiantado da hora ficava inconveniente. Iria pegar o bolo que havia combinado para doar ao bazar logo amanhã cedo.
Cheguei de fato após as 21h. tentei falar mais uma vez com minha colega de Brasília para reprogramarmos nosso encontro, mas não foi possível. Vi que a minha mensagem saia, entrava no celular dela, mas não era lido.
Dessa forma o final do dia de ontem foi totalmente transformado. Comecei o dia de hoje indo pegar o bolo na casa da minha irmã para chegar ao Bazar no início, as 8h, como combinei. Perguntei a minha companheira de Santa Catarina se podia voltar comigo, já que ela está “presa” dentro de casa devido cuidar da tia que caiu e se machucou. Como ela não podia, pois tinha que fazer algumas atividades antes de sair, eu voltei sozinho com o bolo e me engajei no trabalho do Bazar dentro do horário. Mesmo assim já havia começado o Bazar, muita gente comprando e poucas pessoas da Associação para ajudar. Fiquei com a responsabilidade de receber o pagamento. Orientei para ser colocado uma caixa de som para que pudéssemos colocar informações. Um companheiro ficou com o microfone perto do portão, no sol, e tivemos que arrastar uma tenda até o local para protegê-lo. Fui buscar o videokê para animar ainda mais o evento, mas percebi que o cabo HDMI não estava e, portanto, não foi possível.
Saí antecipado do Bazar, as 14h, para levar a minha filha a um tratamento espiritual em Parnamirim, na comunidade do Novo Amanhecer. Ao terminar cerca das 19h, voltei a casa do presidente da AMA-PM para prestar contas do dinheiro que eu tinha em meus bolsos com o que eles tinham conseguido vender após minha saída. Foi apurado o valor líquido de 2.163,00 reais, um resultado muito bom e que nos deixa com caixa para avançar em nossos empreendimentos. Voltei para a Zona Norte para deixar minha irmã e fiquei jogando com ela e meus outros dois irmãos até as 2h do dia seguinte.
Cheguei em casa por volta das 3h sem compreender ainda o que o Pai quis me ensinar com todas essas mudanças e atropelos de última hora que vivi nesse fim de semana.
Parece que a Paz é uma utopia difícil de alcançar, desde que a vida parece oferecer diversos campos de batalha. Para onde eu olho vejo um tipo de disputa, um tipo de guerra... Dentro do meu próprio corpo sei que existe uma batalha incessante, os vírus e bactérias que querem dominar os cem trilhões de células que administro; que elas se organizam fora do meu campo consciencial, produzem anticorpos, aumentam a temperatura, promovem tosse, coriza, etc. No campo dos relacionamentos humanos vejo a luta dos indivíduos em acumular bens e poder e assim provocar subserviência nos outros e cada vez mais provoca maior contraste entre ricos e pobres pela concentração de renda. No campo dos relacionamentos íntimos também existe uma luta surda entre os sexos, cada um querendo se aproveitar do parceiro no que diz respeito à capacidade de reprodução dos gens e a garantia superior da sobrevivência do filho.
A consciência educada com conhecimentos suficiente da mecânica da vida, tanto material como espiritual, pode ser um elemento vigoroso para a conquista da Paz, levando à Justiça amparada pelo Amor em todos os campos da batalha.
No primeiro campo de batalha que corresponde à luta do meu corpo contra os agressores do meio ambiente, devo administrar os meus desejos de prazer com a gula e a preguiça e proporcionar uma alimentação saudável tanto em quantidade como em qualidade. Essa luta depende apenas de meu comportamento, e no entanto eu não obtenho tanta vitória quanto poderia já ter obtido. Não estou numa situação de derrota, sei que ainda estou no campo de batalha lutando para vencer os desejos inadequados para a minha saúde corporal. Estou com sobrepeso, perto do limite da obesidade, e diversos trabalhos que poderiam ser concluídos estão se arrastando com a desculpa simplória da falta de tempo. Sei que realmente sou muito atarefado, mas também sei que algum tempo seria possível desviar para concluir algumas tarefas importantes.
No segundo campo de batalha, dos relacionamentos humanos, eu já consigo contabilizar algumas vitórias. O desejo de acumular bens, aumentar o meu patrimônio, não está assumindo o controle da minha consciência. Pelo contrário, minha consciência está vinculada às lições do Mestre Jesus e todo recurso adicional que conquisto com o meu trabalho, coloco à disposição dos irmãos ao redor e que precisam. Participo de atividades comunitárias onde o trabalho que faço não tem nenhuma remuneração, pelo contrário, coloco o meu dinheiro para ajudar na organização da comunidade e na construção de uma sociedade mais parecida com o Reino de Deus.
No terceiro campo de batalha também considero que estou vencendo os confrontos que surgem. Neste campo de batalha são os meus instintos animais que se defrontam com a minha ética espiritual; são os desejos da carne, de realizar o sexo, de reproduzir, que estão subordinados aos princípios espirituais, de ver sempre em primeiro lugar os interesses do próximo, de não usar a minha força intelectual, financeira ou política para subjugar quem quer que seja a adquirir assim os prazeres desejados. Consigo colocar a motivação que os desejos provocam na aproximação com algumas pessoas e que firmam uma simpatia, a serviço do amor Incondicional. Não é que a possibilidade da evolução desse tipo de comportamento chegar até a intimidade, ao relacionamento sexual e talvez um companheirismo nas bases do amor inclusivo, seja descartado como proibido ou uma forma de tabu. Quem está no comando dessa avaliação, diagnóstico e decisão é a consciência sintonizada com o Amor Incondicional. Caso ela perceba o benefício que o aprofundamento da relação trará aos dois envolvidos, então nenhuma outra barreira terá forças para se impor e evitar esse fluxo do Amor.
Parece que o Plano Divino proporcionou hoje as circunstâncias necessárias para que eu fizesse estas reflexões. Como eu faltei ao trabalho em Caicó na semana passada, hoje sabia que haveria muito paciente para eu atender e que talvez não desse para eu voltar de meio dia, no ônibus executivo. Para reforçar essa ideia a Van que eu viajava baixou o pneu e perdemos quase uma hora nessa troca. Ainda tinha que falar com o dono da Clínica que eu poderei trabalhar a partir de janeiro, foi mais um atraso. Com tudo isso eu não comprei a passagem de ônibus de meio dia e reservei a volta com a mesma Van que sai de 14h. Durante o atendimento chegou uma paciente coma qual desenvolvemos uma simpatia mútua. Ela apresentava uma necessidade e pedia que eu a ajudasse financeiramente, como já fiz de outras vezes. Após ter-lhe atendido e dado um abraço fraterno, sem nenhum tipo de outras intenções, ela olha em meus olhos e pergunta de forma direta:
- O que voce espera de mim, me ajudando assim?
Eu sabia que nessa sua pergunta estava existindo a necessidade de uma confirmação do meu desejo pelo seu corpo. Realmente existe, ela é uma pessoa bem mais jovem, atraente, bonita, simpática e acessível. Mas o que ela não sabia é da existência dos valores espirituais que dominam a minha mente e jamais iria dar uma resposta que ela se sentisse como uma meretriz. Se eu insinuasse qualquer ação sexual, libidinosa, em função dessa ajuda que ela acabara de receber, eu estaria propondo que ela pagasse com o seu corpo o benefício recebido. Mas, no entanto, ela queria uma resposta, não aceitava um tipo de ajuda dessa que ela recebe de mim quase sempre que manifesta suas necessidades, sem algum tipo de contrapartida. Deixei os meus instintos recolhidos no fundo da minha mente e permiti a expressão do meu espírito, assumindo a força do desejo, mas com o controle do Amor Incondicional, e respondi:
- Espero que você ajude alguma pessoa dessa mesma forma, quando no futuro voce tiver condições para tal.
Ela fixou seu olhar em mim, como para perceber se não era uma brincadeira que eu fazia com ela. Quando percebeu que eu falava sério, disse simplesmente um “você não existe” e foi embora.
Como fiquei com tempo suficiente no Posto de Saúde à espera da Van que só vem às 14h, deu tempo de fazer essas reflexões com todos os fatos fresquinhos na memória. Talvez seja essa reflexão que o Pai queria que eu fizesse com este caso.
Qual terá sido o sentimento que minha amiga saiu com aquela resposta que dei para ela? Será que ela se sentiu humilhada por eu não ter valorizado a sua sensualidade, e que tudo que eu estava fazendo ela poderia pagar simplesmente com a entrega do seu corpo para meu prazer? Será que ela se sentiu inferiorizada por não ter despertado desejos em mim, mesmo sentindo que esse desejo poderia haver pelo meu jeito de me comportar? Será que esta minha atitude a deixou mais humilhada que exaltada? Fiz bem ou fiz mal? Minha consciência diz que eu fiz certo. Mesmo que ela pense de forma sofrida, que se sinta humilhada por eu não ter cobrado o seu corpo para o meu prazer, sei que o tempo vai lhe dizer que este foi um dos poucos momentos que ela foi respeitada como um ser humano, e não como um objeto de prazer. Foi uma batalha importante no campo da minha alma, e que senti que venci.
Ao terminar este texto senti também o afago do Pai em minha cabeça enquanto os olhos pingavam de emoção.