Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
29/07/2015 07h49
COMEÇA A VIDA...

            Deus sempre está em contato conosco das mais diversas formas, basta termos ouvidos para ouvir e olhos para ver. O próprio Jesus, o espírito mais perfeito que esteve entre nós, mostrou a intimidade que tinha com o Pai, e certamente absorveu nos seus estudos tudo que iria aplicar em sua vida para assim fazer a vontade de Deus. Dessa forma, Deus espera que cada um desperte da letargia que a vida material nos leva, e que é importante para manter a sobrevivência da carne, mas precisamos viver enquanto adultos principalmente em outra dimensão, com interesses diferentes da matéria e com o objetivo de fazer o Céu descer para a Terra. Somente quando acontecer esse despertar e a pessoa estiver disposta a seguir a Lei de Deus, é que verdadeiramente a vida começa.

            Estou sempre preocupado com esse despertar, acredito que já não esteja em sono profundo e que devo aplicar na prática o que já aprendi na teoria. Apesar de já ter começado muitas coisas, ainda imagino que estou esperando dar o primeiro passo na vida. Ao ler a “Fontes Franciscanas e Clareanas” uma pequena frase me chama a atenção, pois se encaixa nessas reflexões: “Termina o prólogo. Começa a vida do bem-aventurado Francisco”.

            Será que tudo que fiz até aqui nada mais é do que o prólogo daquilo que deverei realizar? Sei que devo submeter toda a ética divina a um controle experimental dentro do meu próprio comportamento, onde o juiz é a minha consciência, usando o mesmo método positivo da experimentação que a ciência usa para controlar a verdade das outras leis que irei descobrindo, e todas juntas, ao lado da ética divina, constituir a grande Lei de Deus que tudo rege.

            O objetivo deste diário é oferecer essas condições de experimentação, onde o meu comportamento é dirigido para o aperfeiçoamento de acordo com a Lei de Deus e os ensinamentos do Cristo. Ofereço aos meus leitores as reflexões que justificam o meu comportamento para que eles possam me ajudar a corrigir os erros que minha pobre sabedoria não conseguir distinguir. Devo tirar as conclusões dos segredos da vida, dos relacionamentos, da formação de sociedades com base nos agrupamentos familiares, a partir daquilo que submeto à minha própria vida; que eu estude na minha vida e na vida alheia que comigo se relacione as tendências inatas que justificam o prevalecimento de tanto egoísmo que até hoje inferniza a vida humana.

            Afinal, essas lições das leis divinas não são coisas novas, mas já foram ditas tanto no Evangelho quanto pelas religiões mais adiantadas que o mundo possui. De tudo isto devemos dar demonstração lógica e prova experimental. Explicar a necessidade de tomar a sério e viver o que o mundo está repetindo com palavras há milênios.

            A ética divina não somente me orienta no imenso mundo dos fenômenos em que vivo, como pode dirigir a minha conduta. Explica o que está acontecendo, a razão dos fatos que me cerca e os justifica no caso de sofrimentos. Esta ética responde as minhas perguntas e oferece uma solução razoável aos problemas da vida, ilumina o caminho a percorrer, de modo que possamos vê-lo e nele avançar não de olhos fechados, mas com as vantagens oferecidas pelo conhecimento da Lei e a certeza da sua justiça e bondade.

            Esta ética responde a uma necessidade do momento histórico atual. O Céu, contemplado, admirado e venerado na Terra, sempre de longe, como sonho praticamente irrealizável, não pode ser apenas teoria vivida por poucas exceções. Deve descer e realizar-se entre nós. Seria absurdo que os grandes ideais existissem para nada, como o homem preguiçoso e egoísta prefere. Apesar da indiferença, antipatia ou mesmo agressividade de muitos, ninguém pode paralisar as forças da evolução na realização do seu objetivo principal que é o progresso assentado numa sociedade justa e fraterna. Com o abrir-se da inteligência e o aumento do conhecimento por todos, vai aparecer também no terreno da ciência positiva, a verdadeira concepção de Deus e da Sua Lei. Ela sairá, então, das formas das religiões particulares em lutas entre si, da clausura das igrejas, do exclusivismo dos seus representantes. Então o homem, dessa forma mais consciente, perceberá a grande realidade que é Deus e, finalmente, para o bem de todos, se colocará, obediente, na ordem da Lei.

            Assim, começa a vida... por enquanto para alguns, mas com certeza, logo mais, para todos! Devo sair do prólogo e começar a minha.

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em 29/07/2015 às 07h49
 
28/07/2015 23h59
PROFECIA PARA O CRISTO

            Jesus também gostava de ler. Como não existiam muitas opções de leituras, os livros do antigo testamento eram os mais disponíveis e incentivados pela comunidade, principalmente pelos sacerdotes. Imagino que ele ficava horas e horas absorto nessas leituras e imaginando, fantasiando como eu fazia com meus gibis, aventuras e mais aventuras, sozinho, eu e meus pensamentos. Eu criava heróis que digladiavam com os bandidos, e muitas vezes eu levava a pior nos meus brinquedos, mas ficava triste, porém não alterava o resultado. Procurava ser justo com o resultado que a sorte apontava.

            Da mesma forma acredito que Jesus fazia quando criança que se envolvia com as leituras dos heróis do Antigo Testamento, dos profetas, juízes, reis, todos eles orquestrados pela vontade de Deus no meio da iniquidade. Jesus poderia assumir muito bem qualquer uma daquelas personalidades que eram informadas ou que eram indicadas pelos profetas, um dia surgir. Foi assim que ele assumiu logo cedo a condição de ser filho de Deus, e que estava na Terra para cumprir a Sua vontade. Com muita probabilidade, ao ler o texto de Isaias (53, 1-12), imagino que ele tenha encontrado a personalidade que iria assumir na vida adulta. Pois vejamos o que diz esse texto:

  1. Quem poderia acreditar nisso que ouvimos? A quem foi revelado o braço do Senhor?
  2. Cresceu diante dEle como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos.
  3. Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.
  4. Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado.
  5. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; e fomos curados graças as suas chagas.
  6. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós.
  7. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda na mão do tosquiador. (Ele não abriu a boca).
  8. Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo?
  9. Foi-lhe dada sepultura ao lado de facínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira.
  10. Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada.
  11. Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniquidades.
  12. Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si o pecado de muitos homens, e intercedendo pelos culpados.

Eis uma situação que imagino, eu como adolescente, na condição de Jesus, teria também fantasiado assumir a personalidade dessa figura profética. Mesmo que muito provavelmente eu não teria a coragem e a persistência de manter essa convicção e coragem até o fim, como Jesus fez.

Mas hoje, com todos os recursos que a ciência e tecnologia me proporciona, com a pressão da sobrevivência frente a tantas opções de trabalho e de estudo, mesmo assim continuo, muito após a adolescência, a imaginar a corporificação de personalidades também identificadas com o Pai e que procuram intencionalmente fazer a Sua vontade.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/07/2015 às 23h59
 
27/07/2015 00h01
REALIZAÇÃO DO REINO DE DEUS

            A informação que Jesus deixou de que o Reino de Deus já estava próximo, sempre leva à primeira impressão que é um Reino construído externamente, como acontece com todos os outros reinos que conhecemos. Mas devemos lembrar que Ele deixou também a lição que tudo começaria por dentro, por nossos próprios corações.

            A versão cristã preponderante que conhecemos quanto ao Reino de Deus, entende que Jesus apregoava um lugar alhures, no tempo e no espaço, apartado da intimidade humana, para onde o indivíduo irá ao futuro incerto, além da morte física. Isto se tiver a capacidade de, apenas em uma existência física, ter sido bom e correto o suficiente para merecer esse espaço paradisíaco.

            Essa é uma ideia que não satisfaz a razão e ao bom-senso, tendo em vista que nós estamos cheios de erros e defeitos, que uma só existência não é capaz de corrigir. Se essa ideia prevalecesse, o Reino de Deus estaria fadado a ficar desabitado, talvez por toda a eternidade, já que os pecadores iriam pagar suas penas também de caráter eterno em outros lugares definitivos, como purgatório e inferno.

            Mas, analisando a visão racional das lições do Cristo, e até interpretando com fidelidade o que Ele quis ensinar, entendo que esse ensinamento leva a uma introspecção do que eu sou, que leva ao conhecimento de mim mesmo. Isso faculta a realização do Reino de Deus dentro de minha intimidade, a qualquer tempo e situação, de maneira progressiva e contínua.

            Assim, sou o construtor do Reino de Deus a partir da reforma do meu coração. Quando eu passo a sentir que os desejos do mundo já não me afetam tanto, é porque estou trilhando o caminho correto. Cada vez mais percebo uma harmonia interna na sintonia do que Deus deseja para mim.

            O que ainda me deixa desconfortável é perceber que a maioria das pessoas não percebe essa dimensão espiritual, vivem quase que exclusivamente dentro dos interesses do mundo material, mesmo que algumas pessoas em alguns momentos, deixe entender que compreende os interesses do mundo espiritual e que vão se esforçar para vivenciá-lo, para construir dentro do coração delas também o Reino de Deus.

            Com essa percepção e construção de paradigmas a minha intenção e atenção se volta completamente para a conquista cada vez mais ampla deste Reino de Deus dentro de mim, e o reflexo do meu comportamento frente ao próximo deve ser sempre de compreensão e ajuda, de fazer por ele o que eu gostaria que fizessem por mim. Isso implica que quem estiver perto de mim, e funcionar dentro dos interesses do mundo material, com a prevalência dos sentimentos egoístas, vai sempre se incomodar com os meus cuidados com terceiros em detrimento dos cuidados que eu poderia ter para com quem estivesse no momento distante.

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em 27/07/2015 às 00h01
 
26/07/2015 23h36
DIA DOS AVÓS

            Hoje, dia dos santos Santa Ana e São Joaquim, também é considerado dia dos avós, por eles serem os pais de Maria e avós de Jesus. Fiz uma reunião com os parentes ontem e cada um colocou sua opinião sobre a relação com os avós ou também a sua condição de avô ou avó para quem já tenha atingido essa situação.

            Observei que os comentários feitos sobre a minha avó materna, aquela que me criou e educou, foram indiferentes ou negativos. Quando todos fizeram suas observações, fiz uma reflexão sobre essa avó específica.

            Disse que todos nós que estamos encarnados na Terra sempre desempenhamos algum papel na vida das pessoas que estão ao nosso redor. Essa avó que me criou teve um papel fundamental em minha vida, que refletiu na vida de todos que se relacionam comigo na atualidade. Ela era uma pessoa rígida, agressiva, tinha dificuldade de expressar o amor, se preocupava excessivamente com a sobrevivência, morava e trabalhava em ambiente hostil, com muita bebida, violência e prostituição. Foi dentro desse ambiente que ela me criou e colocou em boas escolas, além de ter exigido com disciplina militar que eu trabalhasse nos afazeres domésticos, mesmo sendo trabalhos de natureza feminina, e que também colaborasse nos trabalhos comerciais de natureza masculina, mesmo com pouca idade. Dentro de tudo isso ela exigia que eu não me misturasse com as outras crianças que eram criadas e educadas nesse ambiente, para que eu não me perdesse com drogas, prostituição ou vadiagem. Chegava a me espancar com cordas que guardava com esse objetivo para que meus desejos de criança não prevalecessem sobre as necessidades do trabalho ou do estudo. Assim a minha vida de criança e adolescência foi transcorrida dentro desses limites rígidos que me obrigavam a ser uma criança isolada e tímida. O meu mundo era permeado pelos livros da escola e pelas revistas em quadrinhos das quais me tornei um grande fã. Trabalhava a noite e nos vesperais dos domingos com um carrinho de balas na frente do cinema, e de forma indireta, pois apenas via os cartazes, também me tornei um grande fã dos filmes. Durante o dia eu arrumava e varria a casa, ou trabalhava entregando água das cisternas às casas de quem me contratava, levando duas latas de 20 litros nos ombros. No pouco tempo que me restava, por ser sozinho, não conviver com meus irmãos, eu brincava sozinho com tampas de garrafas construindo castelos e condições onde o bem que eu sempre personificava, geralmente ganhava do mal, como eu lia nas revistas em quadrinhos. Tinha meus sonhos de adolescências, até garotas que eu simpatizava e chegava até a amar, desejando tanto namorar, mas o medo que fora introjetado dentro de mim impedia qualquer ação minha nesse sentido.

            Esse foi o universo da minha infância/adolescência, tão cheio de trabalho e com tão pouco amor, que formou minha personalidade e cristalizou minhas intenções em direção ao bem e ao crescimento pessoal com sentimento de solidariedade ao próximo, de correção das injustiças que eu pudesse fazer. Quem capitaneava todo esse processo era a minha avó, mesmo sem nenhuma instrução, pois era uma pessoa rude, marcada pelo medo de não conseguir sobreviver na condição de mulher pobre, preta e analfabeta. Ela não conseguia expressar o amor, como a minha mãe sabia, pois talvez ela nunca tivesse tido a chance de aprender sobre isso. Ela pagou um preço altíssimo com relação a isso, pois eu, a criança que ela tanto investiu para eu ser “alguém” na vida, também não aprendeu a expressar o seu amor, principalmente com ela, a quem eu via mais como um comandante militar do que uma mãe, ou mesmo avó que na realidade ela era.  

            Foi assim que eu consegui ser “alguém” na vida, até mais do que ela esperava, mas, mesmo tendo o meu reconhecimento e sempre procurando lhe ajudar e ficar na sua companhia enquanto fosse possível, jamais fui capaz de lhe dar o amor com expressividade como eu chegava a fazer algumas vezes com minha mãe. Mas foi assim que eu consegui as condições de ajudar todos os meus parentes, e por isso eu tenho, por direito e por justiça, de resgatar esse trabalho que ela fez de proteção aos riscos que eu corria durante os meus primeiros momentos de formação, mesmo que de forma tão politicamente incorreta. Mas quem sou eu para a condenar? Que não sei a dimensão do seu sofrimento e da capacidade de sobrevivência? Sei apenas que devo destacar na sua vida as qualidades que ela tinha e que por isso me protegeu e fez-me chegar aonde estou. Por isso eu queria partilhar com todos, essa necessidade de reverenciar neste dia a esta avó, que de forma direta ou indireta todos nós tanto devemos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 26/07/2015 às 23h36
 
25/07/2015 00h01
MESSIAS, UMA FORMA DE VER

            Jesus veio ao mundo físico numa missão determinada pelo Pai, na condição de governador de nosso sistema solar. Vários profetas previram a vinda dEle e colocaram várias situações de características físicas, ambientais e psicológicas, como forma de nosso reconhecimento para figura tão importante para o nosso desenvolvimento material e espiritual. Tudo isso ficou registrado nos livros que compõem a Bíblia, que os sacerdotes deviam estudar e se preparar para essa recepção. Mas como existem distorções na forma da transmissão da vontade de Deus devido a fraqueza e excessiva dependência do pensamento humano aos imperativos corporais, expressos nas mais diversas formas de egoísmo, tanto os escritores dos livros sagrados, quanto os leitores, mesmo que sejam sacerdotes, colocam em suas ações os desvios instintivos que o egoísmo necessário à sobrevivência do organismo promove. Por isso é que encontramos tantas distorções e incoerências nos livros da Bíblia, e da mesma forma encontramos distorções na forma de compreender o que está escrito.

            Isso foi bem exemplificado no caso de Saulo de Tarso, que tinha uma visão completamente distorcida de como seria o Messias que ele esperava, e por isso atacava de forma tão brutal os seguidores de Jesus. Podemos ver isso num trecho do livro de Taylor Caldwell, “O grande amigo de Deus”, que diz assim:

            Dei-lhe minha própria arma, hem? Bem, você também falou da história do seu ladrão com o selvagem do deserto, que foi executado pelo rei Herodes. Encontrei-o uma vez lá. Um tal Iocanã (João Batista), filho de dois velhos galileus, um pequeno sacerdote chamado Zacarias e sua mulher, Isabel. Fiquei convencido de que era louco, apesar de sua voz e eloquência de feiticeiro, que enganou até o meu amigo, José de Arimatéia, que me levou a vê-lo. Confesso que ele tinha o aspecto de um jovem profeta, uma forma de falar dominadora, não era ignorante, apesar de Galileu, tinha instrução, intimidade com o Pentateuco e todas as outras escrituras, às quais citava.

            Fascinou-me como fez com os outros, e depois ofendeu-me. Ou talvez eu não tenha compreendido o seu tom rude, embora José não tivesse falado nisso. Ele deixou implícito que o Messias já havia nascido! ‘Entre nós uma criança nasceu, entre nós um filho foi dado!’ Ora, isso é blasfêmia. Se o Messias tivesse nascido, Jerusalém teria sido alçada às maiores alturas, num círculo de glória e luz, brilhando ao sol. A santidade abundaria na terra; a verdade, a justiça, amor, vida eterna e paz teriam estabelecido seu reino num simples respirar. As portas de Jerusalém teriam ficado repentinamente incrustadas de joias cintilantes, cegando com seu esplendor. Não haveria mais trabalho; os ventos e as chuvas teriam plantado e colhido, cidades teriam sido construídas num segundo, à simples ordem de uma voz. O Messias teria edificado Seu novo Templo entre uma respiração e outra, e nele restaurado, imediatamente, a Arca, com fogo celeste nos altares, o Candelabro de Ouro, e teria havido nesse templo o Sheshinah e serafins, para que todos vissem. As nações do mundo, ouvindo essas maravilhas, tendo sido informadas delas e da ressurreição dos mortos, de acordo com as profecias, teriam convergido dos quatro cantos para Jerusalém, anunciadas por vozes de anjos. E Israel teria absorvido o mundo, numa infinita beatitude de amor, e não haveria mais nenhuma nação. Aconteceu alguma coisa dessas?

            Eis a forma de ver a vinda de um Messias, de um salvador da humanidade. Forma de ver de um alto membro da cristandade, como Paulo de Tarso. Assim se comporta o pensamento humano ao longo do tempo. A compreensão do mundo espiritual toma características diferentes na mente de cada pessoa e devido a isso o comportamento torna-se muito variado. Por outro lado, o estímulo para o entendimento do mundo material em primeiro plano sempre é feito desde o nascimento, pois os instintos biológicos prevalecem e a escola se preocupa em ensinar a melhor forma de se adaptar e evoluir dentro dos padrões materiais conduzidos pela ciência. As informações espirituais muitas vezes são omitidas e outras vezes distorcidas. Depende muito da vocação e tendência inata de cada à procura da verdade espiritual e se desviando dos obstáculos preconceituosos ou dogmáticos que vai encontrar pelo caminho.

            Posso me incluir na minoria que procura descobrir e seguir essa verdade espiritual, colocando-a em primeiro plano e tentando disciplinar minha vontade e atenção para aquilo que entendo ser a vontade de Deus. É neste estágio que me encontro e sabendo que ainda tenho que ajustar muito do meu comportamento para me sentir pleno dentro da vontade de Deus. Procuro ajustar ao máximo a minha compreensão e comportamento aos caminhos indicados pelo Messias, assim como procuro compreender com a maior fidedignidade Suas lições. É como se eu estivesse num campo de olimpíada onde procuro receber o bastão do meu antecessor e correr com ele para passar adiante. Por isso não posso me equivocar de quem seja o Messias, como Paulo se equivocou no início, e a meu ver durante o seu trabalho apostólico também ensinava questões equivocadas que não estavam ao nível de sua compreensão. Espero que eu possa superar essas dificuldades e passar ensinamentos mais fidedignos com relação à verdade, com relação à missão do Messias.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 25/07/2015 às 00h01
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