Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
10/12/2019 00h09
AA SERVIÇO

            A recuperação do alcoólico dentro da irmandade de Alcoólicos Anônimos (AA) tem como base seguir os doze passos, de preferência auxiliado por um padrinho. É como se a pessoa ao ingressar em AA tivesse nascido para uma nova vida. Como todo recém-nascido precisa de uma série de cuidados para sobreviver, inclusive uma dependência muito forte dos pais, assim o alcoólico recém-chegado precisa de uma assistência muito presente da sua mãe, a irmandade, auxiliado por um padrinho que ele escolheu.

            Logo que o alcoólico começa a abrir os olhos para a realidade do novo mundo onde ele nasceu de novo, vai precisar ser educado no cumprimento dos doze passos para recompor sua vida, superando os erros do passado, até chegar no 12º passo: Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

            Este 12º passo vai ser viabilizado com a prática do Serviço, desde a abertura regular de uma sala de AA até os seminários e conferências em todos os níveis, envolvendo os membros e os amigos, os profissionais que passam a conhecer, divulgar e aconselhar a participação em AA dos alcoólicos e seus familiares em sofrimento.

            Enquanto médico e amigo de AA, estou engajado nos serviços, pois sei que aqueles meus pacientes alcoólicos, se forem conhecer o AA e permanecerem cumprindo a programação, estão bem mais protegidos contra as recaídas do que aqueles que não se envolvem com a Irmandade.

            Sendo o alcoolismo uma das doenças mentais, e sabendo que as doenças mentais na sua essência não possuem cura e sim controle da sua manifestação, vejo a Irmandade de AA como uma grande parceira para que eu possa atingir meus objetivos médicos, de cuidar dos meus pacientes.

            Sei que o alcoólico ao ingressar em AA e cumprir sua programação, passa a ser um cidadão de melhor qualidade ética, de melhor relacionamento interpessoal e espiritual do que era antes, e geralmente um cidadão acima da média humana. Até mesmo nós, profissionais das mais diversas áreas, podemos aplicar os conceitos em outros diagnósticos e situações e até em nós mesmos, com sucesso significativo. E tudo isso só é possível porque o Serviço em AA está funcionando, portanto, não poderemos deixar de dar a nossa parcela de contribuição, de “dar de graça o que de graça eu recebemos”.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 10/12/2019 às 00h09
 
09/12/2019 00h08
TRABALHADOR ESPÍRITA

            Reconheço a Doutrina Espírita bastante coerente com nossos propósitos de vida, que nos dá compreensão sobre os diversos problemas que passamos ou vemos os outros passarem. A consequência dessa compreensão é procurar dar de graça o que de graça recebemos, o conhecimento que agora nos fortalece. Uma forma de fazer isso é se engajar nos trabalhos de uma casa espírita, se transformar num trabalhador espírita.

            Tenho um trabalho regular dentro da Cruzada dos Militares Espíritas, um Centro Espírita bastante organizado em suas tarefas. Recentemente fui chamado de Trabalhador desta casa por ter sido adicionado no grupo do whatsapp desses trabalhadores. Argumentei que tinha sido colocado no grupo apenas como forma de divulgar o trabalho que faço semanalmente no Centro, um estudo sobre as lições do Cristo, e não me envolver nas diversas tarefas, pois não tenho tempo para tal.  

            Depois dessa resposta e da leitura do livro de Hermínio Corrêa de Miranda, Diálogo com as Sombras, fiquei a refletir na minha condição de Trabalhador Espírita. Realmente, sou um trabalhador espírita?

            Hermínio diz que cada um de nós sabe de si e das suas motivações. Que é preciso, entretanto, examinar de perto essa posição e ver o que contém ela de legítima, não apenas no interesse da doutrina que professamos, mas também no interesse de cada um. De fato, há alguns problemas ligados à frequência de trabalhos mediúnicos. O primeiro deles – e dos mais sérios – é a própria mediunidade, essa estranha faculdade humana sobre a qual ainda há muito o que estudar. Outra dificuldade ponderável é a organização de um bom grupo que se incumba, com regularidade e seriedade, das tarefas a que se propõe.

            Tenho minhas convicções e motivação. Acredito que esteja agindo dentro de minhas convicções, de ajudar na construção do Reino de Deus, e da minha motivação no pequeno trabalho que faço dentro do Centro Espírita. Agora, como é a particularidade do meu trabalho espiritual? Não está concentrado em um lugar. Tenho atividade regular na sexta feira na Cruzada dos Militares Espíritas, na terça feira um estudo espiritual na Associação Médica, sou coordenador da disciplina opcional de Medicina, Saúde e Espiritualidade, do Departamento de Medicina Clínica da UFRN. Também na Universidade Federal do Rio Grande do Norte coordeno o projeto de extensão universitária, Foco de Luz, cuja ação dentro da comunidade próxima ao Hospital Universitário Onofre Lopes, foi criar a Associação Cristã de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM). Nos domingos participo das reuniões de Alcoólicos Anônimos na cidade de Ceará-Mirim/RN onde dou prioridade ao Poder Superior.

            Essa ampla atividade espiritual não pode se encaixar dentro das ações tradicionais de um Centro Espírita. Meu trabalho na Cruzada dos Militares Espíritas explora a minha mediunidade diferente que é absorver o trabalho realizado pelos médiuns ostensivos, principalmente na produção de livros que repassam os conhecimentos de espíritos de maior envergadura moral, como o próprio Jesus Cristo, por exemplo.

            A frequência nas minhas atividades está indo bem, agora preciso mais investir na organização. Nesse caso, tenho que preparar com brevidade a renovação do Projeto de Extensão Universitária Foco de Luz onde colocarei dentro dele a formação de um canal do Youtube voltado à construção do Reino de Deus, cuja meta será organizar tanto os meus trabalhos espirituais como o trabalho de todos os companheiros, de qualquer tipo de religião. Um trabalho que irá contribuir para a organização do Bem.

            Eis a minha característica de trabalhador espírita, bastante diversificada que impede a concentração dos trabalhos em um só lugar. Espero que os companheiros entendam a minha forma de pensar e agir, respeitando o livre arbítrio de cada individualidade, como é uma das propostas da Doutrina Espírita.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 09/12/2019 às 00h08
 
08/12/2019 00h07
CAMINHO DO MEIO

O Buda já pensou sobre a melhor forma de caminhar: pelo Meio. Jesus disse que era o caminho. A forma de Jesus agir, fazendo o Bem a quem dele necessitasse e tivesse merecimento, também não mostra nenhuma preferência pela Direita ou pela Esquerda, bastava que a pessoa tivesse bom coração e não cometesse iniquidades voluntária e conscientemente.

Este Caminho do Meio parece ser a forma mais apropriada para caminharmos em direção ao Pai, surfando na evolução positiva. Como podemos fazer essa caminhada pelo meio nos dias atuais, usando a sabedoria do Buda e os ensinamentos do Cristo?

Jesus já nos ensinou o principal mandamento da lei a qual devemos seguir para não sofrer desvios: Amar ao Pai sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Cumprir essa lei na primeira parte, parece não ser tão difícil, pois o Pai está presente em toda a Natureza, inclusive em nós que também pertencemos à Natureza. Agora, a segunda parte, amar ao próximo como a nós mesmos parece mais difícil dentro de um planeta que ainda está contaminado majoritariamente pelo Mal, que nós possuímos dentro de nós forças atávicas que são bem mais fortes que a nossa gerência espiritual, e que as vezes nem nos apercebemos da existência do espírito, o nosso Eu imortal.

Apesar de todas essas dificuldades, nós que conhecemos o Evangelho e queremos praticá-lo assim como nos foi ensinado, temos que iniciar a caminhada. O importante agora é olhar para a frente e ver quais os caminhos colocados à nossa disposição. Olho e vejo quatro caminhos: um à esquerda e outro a direita; outro associado à Misericórdia cujo condutor é o Mestre Jesus, por onde caminham aqueles pecadores arrependidos e os discípulos honestos, e outro associado à Justiça cujo condutor é o Arcanjo Miguel, por onde caminham os desonestos empertigados, maldosos renitentes, hipócritas corruptos de todos os matizes, que não se arrependem dos seus atos e são fustigados pela espada incorruptível do poder divino.

Olhando esses quatro caminhos, percebo que caminhei bastante tempo pelos trilhos da Esquerda, sem saber da essência do que era praticado. Ao perceber as iniquidades que eu estava defendendo sem ter a consciência de era simples elemento que compunha uma massa de manobra para conquistar interesses que rapidamente se mostravam egoístas, corruptíveis e corruptores. Pulei fora e a tendência que tive era ir para a Direita, mas lá também existem os apelos do mundo material, do egoísmo fratricida e, eu estando mais esperto, procurei não me contaminar novamente com o vírus da iniquidade agora sob nova cor. Então, esses dois caminhos fortemente associados ao mundo material, não mais me provocavam atrativos. Restaram agora os dois caminhos associados ao mundo espiritual: da Misericórdia e da Justiça.

Apesar de ser forte defensor do trabalho do Arcanjo Miguel, de já ter ido às ruas com milhões de brasileiros, lutar por Justiça em nosso país, sou mais inclinado a caminhar pela trilha do Mestre Jesus, da Misericórdia com todos aqueles pecadores que se reconhecem no erro, se arrependem e procuram pagar pelo que fez de errado. Fico mais confortável no trabalho de semear as sementes do Mestre na forma do Evangelho, aprender a cada dia suas lições que o Pai disponibiliza pela mediunidade literária, seja nos livros, filmes ou canções.

Este é o caminho do Meio para mim, não estou nem à Direita nem à Esquerda, estou no Centro, dentro das lições cósmicas do Amor ensinadas por Jesus, amparando a todos que despertam da ignorância ou do hipnotismo que o Mal provocou em suas consciências. Aqueles que permanecem praticando o Mal, sem aceitarem a voz da razão que lhes aponta a Luz, não perco meu tempo com eles. Bato minhas chinelas como o Cristo ensinou e sigo adiante, pois lá na frente existem muitos outros que talvez esperem a oportunidade de sentirem a luz. É como diz aquele ditado, um pouco adaptado: “Enquanto a caravana passa, alguns passageiros ficam”.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/12/2019 às 00h07
 
07/12/2019 01h01
O PODER DOS MILAGRES – 3 – AS PRAGAS

            Continuando a ver o documentário na Netflix, “A História de Deus”, no 6º capítulo que fala de “O Poder dos Milagres”, para nossa reflexão.

            Para os cristãos, milagres são prova de que não é aleatório. Acreditam que Deus intervêm no mundo por um motivo. Os judeus também creem no poder dos milagres. Sua fé foi fundamentada na intervenção divina. Eu vim a Jerusalém para ver como os judeus celebram os milagres do êxodo do Egito. Numa noite que é diferente de todas

            - Sou Aviva, bem-vindo a minha casa.

            - Sou Rabina Mya.

            - Que maravilha.

Mya Lebeutch é a primeira mulher nascida em Israel a se torna rabina.

- Conheci vários rabinos, nunca uma mulher.

- Espero que goste da ceia, faremos o possível.

- Se tiver comida, ótimo.

- Claro. Prove isto e decida. Se sinta como se estivesse bêbado. Tem vinho suficiente?

- Para ser sincero, sim.

- Eu também acho.

- Anfitrião - Pessoal, o Seder de Pessach está começando. Vamos, sentem-se. Uma das tradições mais importantes do judaísmo e nossos ancestrais nos deram a ordem: “Vós não falareis ao celular durante o Seder”. Por isso temos essa cesta.

- Mya - Os monges que saíram do Egito, são chamados pelos hebreus de “Nesang” que vem da palavra “nesing” que significa milagres. São os monges dos milagres, o que simboliza o povo judeu e o povo enquanto entidade.

- Anfitrião - No Seder, nós lemos a Hagadá, e o Morgan, como convidado, comece com o pão da aflição. Ele vai ler o trecho do Pão da Aflição.

- Este é o pão da aflição que nossos pais comeram no Egito. Que entrem todos os que têm fome e comam e que venham celebrar a Páscoa. Este ano somos escravos, no próximo ano haveremos de ser livres.

A ceia de Páscoa celebra a ligação dos judeus com Deus. É uma ocasião para as crianças aprenderem a fundação da fé judaica. O Seder conta como os judeus fugiram da escravidão, com Deus combatendo os egípcios com uma série de 10 pragas.

- Rabina?

- Sim.

- A que se refere a palavra “páscoa”?

- na décima praga, a morte dos primogênitos, Deus mandou os israelitas colocarem sangue em suas soleiras. E o anjo da morte passou reto pelas casas dos hebreus e só levou o primogênito dos egípcios.

Muitos judeus acreditam que por Deus ter poupado os filhos deles era a prova de que são o povo escolhido. Mas esse não foi o único sinal divino.

- Mya - A fuga do Egito foi seguida do milagre da abertura do mar. Foram dois milagres: o mar se abrir diante dos hebreus e fechar para os egípcios. Deus quer que nos lembremos dos egípcios como filhos dele também. Ao por gotas de vinho em nossos pratos, estamos pondo gotas de pesar porque Deus perdeu tantos filhos enquanto salvava outros.

O reconhecimento que os milagres do Êxodo não beneficiaram a todos, me lembra Alcides Moreno. A vontade divina não é fácil de entender.

- O que pensa da ideia de uma serie de milagres?

- Mya – Não acho que o mar seria aberto para nós hoje. Quem me dera nos trouxessem a paz, mas a Bíblia não é um livro de história. É um livro de ideias. Mas podemos aprender com ela? O que podemos tirar dela? É uma forma de agradecer. De ensinar as crianças que nada é garantido, que é preciso agradecer. É bom ter pais, ter um teto sobre a cabeça.

- Provavelmente, o maior milagre de todos, é os judeus continuarem aqui.

- Mya – Quero que acreditem que milagres podem acontecer. Essa é a história.

Os israelitas viram a paz e os milagres como prova de que Deus se importava com eles. Nem todo judeu moderno crê nos milagres da Páscoa, mas estas histórias ainda os define como povo e essa tradição profunda e força moral os sustentou por milhares de anos, os fez superar tempos difíceis

Parece que os milagres de ontem são bem diferentes dos milagres de hoje. Esses grandes milagres registrados na Bíblia, como o sol parar, o mar se abrir, um peixe engolir um homem e depois o liberar vivo, parece que ninguém espera que isso possa acontecer.

O máximo que podemos esperar de um milagre nos dias de hoje, é a eleição de uma pessoa num país tão corrompido quanto o nosso, vencer sem nenhum apoio tradicional, sem o apoio da mídia ou do capital da corrupção.

Isso nos faz reforçar ideia de que o mundo espiritual está presente em nossas vidas e que de lá partem as definições para ser feita a vontade de Deus, conosco, pessoas que pretendem fazer o bem e seguir a verdade, como seus instrumentos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/12/2019 às 01h01
 
06/12/2019 00h05
VIVER (33)

Simão era membro dos zelotes, seita e partido político judaico fundado por Judas, o galileu, na Galiléia. Desencadeou a revolta da Judeia à época de Tito (imperador romano, 79-81). Os zelotes constituíam a ala radical dos fariseus e preconizavam Deus como o único dirigente, o soberano da nação judaica, opondo-se à dominação romana. Seus sentimentos se aproximavam mais de um interesse coletivo, sem que o seu próprio interesse fosse notado.

Simão via o sofrimento do povo sob o peso exorbitante dos impostos, que gerava revolta nos corações. O Partido da situação vendo nisso um perigo, montou uma armadilha, exterminando o general das ideias, Judas, o galileu. Após isso, as linhas de conduta tomaram outros caminhos, chegando a subversão ser o foco. Dessa forma, Simão, o cananeu, passou a se desinteressar por esse movimento que antes lhe tocava o coração.

Conhecia muitas leis que asseguravam a vida em muitas nações. Procurava ir às sinagogas para ficar à parte de todos os movimentos políticos-religiosos. Ouvira falar do Cristo, mas logo imaginou que ele seria mais um a ser destruído como fora Judas: “morreu o chefe, desfaz-se as ideias”. Considerou Jesus da mesma linha de muitos.

Mais algumas semanas passaram, Simão ouviu falar novamente do Mestre, e a curiosidade fê-lo inteirar-se de sua doutrina. Sentiu que suplantava todas as outras já conhecidas por ele. Era um homem inteligente que sabia medir conceitos e analisar fatos.

Simão era consciente que sua missão era de defesa dos fracos e oprimidos. Defender a vida dos que sofriam. Antes precisava saber o que significava “Viver” – e para que Viver, pois pretendia entregar sua própria vida em favor dessa ideia, se não fosse realmente uma loucura. Ele se integrou no maior partido que jamais conhecera, por se apoiar em conceitos universais e se basear em ideias que favoreciam a liberdade de todas as criaturas, mostrando direitos e, na mesma sequência deveres de uns aos outros. Tinha qualidades que eram úteis ao Mestre, fazendo chegar o Evangelho a lugares em que somente a coragem e a astúcia educada o poderiam levar, sem o desrespeito das próprias leis. Antes de conhecer Jesus, a meditação lhe fazia mal por enxergar em tudo destruição, ataque dos fortes vencendo os fracos. Tudo lhe causava imensa revolta, impacientando-o ainda mais com relação aos seus objetivos. Temia que Roma destruísse aquele homem de Deus, mas depois refletia: mas se Deus está com ele... E assim se entregou de corpo e alma no apostolado.

Chegando à Betsaída, Simão teve oportunidade de perguntar:

- Mestre, quem pensa como eu, precisa saber de certas coisas que as vezes param nosso raciocínio. Às vezes tomamos uma defesa sem saber ao certo o que estamos defendendo. Eu me sinto no dever de defender a vida, seja qual for, mas ainda não entendo o que é Viver, e para que estamos vivendo. Sou o mais necessitado de ouvir a tua fala a esse respeito...

Jesus pensou alguns instantes na pergunta do discípulo, e respondeu:

- Simão, a vida, na sua profundidade não pode ter uma definição repentina. Toda definição de vida nós transferimos para Deus. Deus é vida. Tudo na criação é vida, mesmo estando aparentemente morto. O Senhor do Universo está em tudo e tudo vive com Ele. Nós nos enganamos muito pensando e falando que a vida somente existe onde se manifesta instinto e inteligência, pois ela vibra em tudo, e está permanentemente onde foi criada. Querer saber sobre a vida na sua maior expressão é querer conhecer a Deus na sua essência genealógica, é impossível. Contudo, não devemos parar de aprender, o aprendizado é infinito e um dos nossos deveres é trabalhar para aprender mais do que sabemos. Nunca o Pai nos fecha a porta do saber, desde que esse saber se compare com a nossa estatura espiritual.

‘Simão, o que podes saber é que a vida é movimento. Tudo que se move, vive, nada está na inércia. E se queres viver mais intensamente, movimenta-te mais, desde que esse movimento obedeça às leis divinas. Sentir a vida, Simão, é um princípio de reconhecer Deus como o único doador universal da existência. Já pensaste em uma das menores formigas que existe, quase não alcançada por nossa vista? Pois ela sabe o que fazer e cumpre sempre o seu dever, nunca parando de trabalhar em benefício dela e das outras, que também fazem o mesmo. Isso é vida, isso é Viver. Por enquanto, é bom que não cogitemos sobre isso, mas existem outras vidas trabalhando por toda parte, muito mais, muito menores que a menor formiga, quase invisíveis; mesmo invisíveis por cima da Terra, permanecem com grandes objetivos.

‘Se o teu maior interesse é lutar pela vida e pelas vidas, é bom e justo que não esqueças que somente quem dá a vida é Deus. Se Ele é a Verdade, não precisa, de certo modo, das nossas preocupações para que viva. Temos um campo enorme de trabalho, mas não em criar, nem tampouco em ter medo de que essas vidas possam vir a perecer. Foi para isso e para coisas similares que desci à Terra, trazendo meios mais fáceis de refletir a Verdade para todos vós, de modo que compreendais os vossos deveres mais de perto, para que possais ajudar sem sofrer, consolar sem perturbar, amar sem paixão.

‘Para mostrar o que poderemos fazer, notemos uma simples sementinha de mostarda, quase invisível aos nossos olhos e de difícil apalpação. Verdadeiramente vos digo que, nem juntando todos os sábios do mundo poderiam fazê-la com a vida que tem. E mesmo desse tamanho, ela cresce na terra e se multiplica à vista dos céus e das estrelas. Esse segredo está nas mãos do Criador e nós vamos avançando para Ele gradativamente.

‘Já pensastes que quando éreis criança sabíeis muito menos que agora? Pois de agora em diante podereis aprender mais, num aprendizado que tem os caminhos do infinito, esticando até Deus.

Simão, se a vida, na verdade, necessitasse da nossa defesa para prosseguir, ela já não existiria desde a sua criação, nem Deus seria Deus. Já meditaste, meu filho, no que podes fazer por ti mesmo? Já procuraste estudar o que tens feito até hoje pela tua própria defesa? Se ainda estás em dúvida sobre quase tudo, por que se apresentar como defensor de uma coisa que ainda não entendes? Defender o que? Se não tens consciência de um simples buraco onde resvala o pé? Queres proteger a vida dos outros, quando a tua, por vezes, está ameaçada por inúmeras irreverências que a tua mente engendra por não saberes o certo para ti mesmo? Se fores à guerra, tens o general que comanda, porque não sabes o que fazer. Pois bem, o nosso general maior é Deus, criador de tudo.

‘Deus é quem nos dirige em todos os pormenores e é Ele mesmo que sabe preservar a vida que criou. Nós somos Seus filhos, carecendo do Seu amparo para continuar a Viver. Ainda somos inconscientes na arte de criar. Aqueles que despertaram para o Amor, esses servem de instrumentos nas mãos da sabedoria espiritual, para ajudar os da retaguarda a aprenderem a andar, a andar para servir, a servir para melhorar, e para melhorar acordando em si todos os dons da vida, para que Deus, essa força universal se faça explodir dentro das criaturas e elas possam entender os princípios da vida, mesmo que não possam ou não saibam dar explicações sobre o que é Viver. Eis que estamos todos juntos, por vontade de Deus, e é de nosso dever saber Viver bem, compreendendo os ensinamentos da Boa Nova do Reino, da qual nos fazemos portadores para a Terra. Ela constitui semente de valor maior, competindo a nós semear e dar assistência, nos moldes da Natureza, porque seu nascimento, crescimento e frutos pertencem Àquele que criou a própria vida universal: Deus. Viver, Simão, é amar, pois o Senhor nos fez por amor.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/12/2019 às 00h05
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