Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
18/11/2015 00h59
FOCO DE LUZ (77)

            Reunião realizada na Escola Estadual Olda Marinho, no dia 12-11-15, as 19h, com a presença das seguintes pessoas: 01. Paulo 02. Radha 03. Jaqueline 04. Washington 05. Carlos Eduardo 06. Nivaldo 07. Nívea 08. Francisco 09. Ezequiel 10. Silvana. Justificaram a ausência: Ronan, Edinólia, Luzimar, Clarisse, Damares. Foi lido o preâmbulo espiritual com o título “Estejamos Contentes” a partir de uma frase do Apóstolo Paulo. Foi lida a ata da reunião anterior que foi aprovada por unanimidade. COMUNICAÇÕES: Francisco diz que a mega-sena comunitária ficará sob a responsabilidade de Carlos Eduardo que ficará com 10% da arrecadação na condição de vendedor e 10% continuará com a Associação. Procuraremos vender as apostas para ver se o ganhador será divulgado na festa natalina. Os números sorteados a partir deste concursos serão considerados os repetidos, como forma de acelerar o resultado. Paulo informa que o HUOL negou a cessão do terreno ao lado do estacionamento por não ser da sua competência e sim da União. A SEMSUR também respondeu negativamente a construção de uma sede na praça e que depende de um projeto de lei a ser apresentado na câmara municipal. Ficou se ser feito o contato com o vereador Ubaldo para verificar essa possibilidade através do seu mandato. Coloca a proposta de colocar Luzinete (Netinha) como promotora da arrecadação das contribuições dos sócios recebendo uma bolsa de 10% dessa arrecadação. Tem a finalidade de deixar mais ágil a arrecadação lembrando aos sócios dessa contribuição, pois muitos não pagam porque esquecem. Foi aprovado por todos. Radha colocou que a sala para a sede provisória da Associação no Shopping Mãos de Arte foi aprovada pela administração e combina com Nivaldo a ida no local e confeccionar as chaves. Washington ficou de verificar uma sala na Escola Municipal Laura Maia para a guarda e etiquetação do material do Bazar que deverá ser realizado no dia 06-12-15, possivelmente na praça Maria Cerzideira. Nivaldo comunica que o problema do lixão da praça está bastante atenuado e que o vereador Ubaldo deu um carro de som para dar o apoio nessa ação comunitária. Também foi apresentado os seguintes nomes para receberem acesso ao HUOL pela rua do Motor: Raimunda Pereira, Nazareno, Nivaldo Targino de Brito, Luci Alves e Ana Gomes do Nascimento. Carlos Eduardo lembra da caminhada pelo clima a ser realizada no dia 28-11-15 e que será feita uma prévia no dia 15-11-15, promovida por Miltão, que concluirá com uma hidroginástica coletiva. Lembra também da Festa do Natal e na discussão ficou acertado que será realizada na Praça Maria Cerzideira, oferecida a toda a população do bairro, mas que todos seriam convocados a trazer um prato para colocar na mesa comunitária e a Associação fará uma espécie de retaguarda com arroz, risoto, estrogonofe, refrigerantes, para suprir eventual desabastecimento. A árvore do Natal será construída também nesse espaço com a coordenação de Jaqueline. Será pedido à SEMSUR apoio técnico e material para a construção dessa árvore. Para encerrar os assuntos foi elaborada a escala de responsáveis pelo lanche do término da reunião, que ficou da seguinte forma: 19-11 – Francisco Rodrigues; 26-11 – AMA-PM (lanche dos aniversariantes); 03-12 – Washington; 10-12 – Carlos Eduardo; 17-12 – Paulo; 07-01-16 – Nivaldo (aniversariante do dia). As 20:30h foi encerrada a reunião, Radha conduziu a oração do Pai Nosso, todos posaram para a foto oficial e degustamos o lanche da noite.  

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em 18/11/2015 às 00h59
 
17/11/2015 00h59
RECADÃO DA LUZ

            Recebi a mensagem com o título acima, que por sua vez foi recebida pelo espiritualista paulista Wagner Borges em 13-11-15 e divulgada hoje no site Consciencial de Dalton Roque, espiritualista de Curitiba. Achei interessante tal recado, dirigido Para Quem Quer Crescer e Ser Feliz, cheio de humor e linguagem regional, que resolvi reproduzi-lo na íntegra para partilhá-lo também com meus leitores:

            Uai, sô!

            Vocês aí do mundo são muito complicados.

            É um tal de misturar emoções com paçoca de azedume...

            Valha-me, Nosso Senhor!

            Vocês amam e brigam, brigam e amam...

            E se lambuzam de coisa ruim no processo.

            Vocês não tem vergonha na cara, não?

            Vocês são filhos de Deus, se esqueceram disso?

            Volta e meia arrumam confusão, para que?

            Então, o trem da obsessão para na estação de suas vidas...

            E, aí, os coisas ruim descem e atazanam vocês tudo.

            Isso é o mesmo que enfiar o pé na jaca, sô!

            Quando vocês estiverem enfezados, pensem nisso.

            Pelo Amor de Nosso Senhor, não deem entrada para os coisas ruins.

            Porque eles adoram briga e se comprazem explorando quem é besta.

            Dá um dó danado de quem se deixa humilhar assim.

            Tem gente que briga na frente dos filhos, e isso é mal exemplo.

            E outros bebem aguardente demais, e depois vão explodir em casa com a família.

            E ainda há aqueles bestas que discutem dentro do carro, enquanto dirigem...

            É fogo na barra! E confusão à vista... e os coisas ruins só se aproveitando de tudo.

            Ô trem ruim, sô! E vocês que estão aqui, ponham as barbas de molho!

            E tratem de se consertar por dentro. Nada de comer paçoca de confusão...

            Não são os espíritos que são estranhos, são vocês mesmos aí na Terra.

            Nosso Senhor ensinou o “Orai e Vigiai”, não foi? Então, façam isso!

            Às vezes, é alguém simples que vem ensinar sabedoria para os homens da cidade.

            Por orgulho, vocês erram muito. Mas, não são fortes para pedir desculpas depois.

            Mesmo errados, vocês continuam brigando. E não gostam de dar o braço a torcer.

            E os coisas ruins também são assim, cheios de artimanhas e birrinhas feias.

            E eles também são boquirrotos deslavados e gostam de dizer que “comem” vocês.

            E é isso mesmo: eles vêm e exploram suas brigas... e ainda roubam suas energias.

            Ô, isso é uma vergonha para vocês! Se acertem e parem com isso...

            Não deixem os paruaras (bobos, palhaços) ruis grudarem em seus pescoços, nada disso.

            Vocês da cidade grande são ansiosos demais. Por isso brigam muito.

            Deem um jeito nisso, pois vocês são filhos de Deus, e merecem ser felizes.

            Revejam suas atitudes e posturas e não tenham medo de mudar o que for preciso.

            Os coisas ruins não suportam a Luz. E aí está a solução: nada de briga, só luz.

            Se permitam pelo menos pensar nisso tudo. E se acertem, pelo Amor de Deus!

 

P.S.: Nós somos espíritos simples, sem nenhuma pretensão de grandeza. E recebemos a incumbência de vir lavrar essas orientações para vocês. E é para quem está aqui, nessa noite, em Nome de Nosso Senhor. Sim, gente com vergonha na cara, que é capaz de pedir desculpas quando erra. E que também é capaz de desculpar os deslizes alheios. Gente que não quer mais discutir e brigar, mas, voltar a amar e viver plenamente. Porque amar é um trem muito bom!

 

            Esta é a mensagem na íntegra. Como estou trabalhando com um grupo familiar na base das reflexões espirituais com objetivo psicoterapêutico, entendi logo que esta foi mais uma intervenção do Pai para me instruir nessa tarefa. Usou os recursos mediúnicos desta vez, movimentando diversas pessoas, em diversos estados, para esta mensagem chegar com um encaixe tão bem aplicado nas necessidades de convivência desse grupo, cujo maior obstáculo são as brigas que se realizam regularmente, que tendem a se generalizar com riscos cada vez mais letais, como pode ser visto pelos textos anteriores que abordavam a Terapia Familiar.

            Devo fazer a leitura desse “Recadão” na nossa próxima reunião.

      

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em 17/11/2015 às 00h59
 
16/11/2015 00h59
TERAPIA FAMILIAR (5)

            O meu plano de dar uma aula durante a reunião do grupo familiar foi frustrado, pois o principal interessado, o homem considerado como o agressor, não compareceu. Eu iria falar sobre o Behemot, explicar como esse monstro considerado por Deus como Sua obra-prima e que Ele construiu dentro de nós, para explicar e justificar nossos comportamentos agressivos e egoístas de toda a natureza. Então, já que o principal interessado não veio, segui o procedimento da maioria dos encontros, de ler uma das histórias que Jesus contava quando estava à noite com seus discípulos e amigos, constante do livro “Jesus no Lar”. A história da sequência tinha o título “O dom esquecido” onde Jesus mostrava que não importa a pessoa receber de Deus todos os dons possíveis, se não tiver coragem para implementá-los de nada valerá. Eles se perderão e se degenerarão na condução do tempo. É importante que cada um de nós reconheça quais os principais dons que Deus nos deu e que criemos e usemos a coragem para coloca-los em ação. Foi quando surgiu na discussão a crise de violência dentro do grupo e achei conveniente explicar, mesmo aos presentes, a existência do Behemot dentro de nós.

            Fui pegar a Bíblia e li no livro de Jó, capítulo 40, quando Deus fala por intuição ao escritor, que fez esse monstro, obra-prima de Sua criação e o deixou dentro de nós. Expliquei que Deus nos fez Sua imagem e semelhança, mas era importante que tivesse um mecanismo para que nós tivéssemos motivação para fazer as necessidade que nosso corpo precisava para sua subsistência. Esse mecanismo nada mais foi do que o Behemot, e que nós identificamos na moderna psicologia como os instintos, os mais obscuros, definição bem aproximada feita por Jung que a denominou de “A Sombra”.

            Expliquei que esse monstro funciona dentro de nós desde que nascemos, com o primeiro choro, com o primeiro sugar do seio materno. Continua a funcionar dentro de nós se manifestando através dos diversos desejos que chegam na nossa mente. Cabe aos pais e à escola domesticar esse monstro para que seus desejos não atrapalhe a vida do próximo. Por isso foi necessária a vinda de Jesus ao nosso planeta em forma material, humana, portanto sendo construído com um monstro interno também. Ele ensinou teoricamente que o Amor Incondicional era a melhor forma de controlar esse monstro, com a sua melhor fórmula: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ensinou na prática como se domesticava o monstro, pois Ele, mesmo sofrendo as injustiças mais perversas, reconhecia a ignorância de quem lhe torturava e pedia ao Pai o perdão para esses atos.

            Mostrei que era isso que estava acontecendo nesse momento dentro do grupo. O monstro seguiu em frente dentro das duas pessoas mais comprometidas, exigindo prazeres e deveres um do outro, esquecido do direito, da justiça, do Amor. Chegou a um ponto onde os dois monstros se enfrentam de forma hostil e com ameaças de destruição até do próprio corpo ou do corpo do opositor. Mais do que nunca as lições de Jesus são importantes e necessárias. É necessário que o lado mais forte pratique o perdão, evitar a vingança, a retaliação. É necessário que o espírito mais forte consiga frear os ímpetos do monstro e tolerar com humildade o que parece ser humilhação, dar o outro lado da face quando for esbofeteado. Foi isso que Jesus fez. Sofreu todo tipo de humilhação sempre com amor no coração. Ele fez isso para nos ensinar como agir. Com certeza nenhum de nós irá chegar a esse nível de humilhação que Jesus passou, sem nenhum motivo. Mesmo assim ele não reagiu com violência contra ninguém, permaneceu com o seu monstro sob controle e sempre distribuindo Amor.

            Foi importante que essa lição tenha sido dada, mesmo sem a presença do principal interessado. Mas tive oportunidade de no dia seguinte sair sozinho com ele e conversar sobre o que aconteceu. Ele explicou os motivos de sua reação agressiva, confessa que se arrependeu do que fez, inclusive pediu perdão a ela sobre o ocorrido. Diz que vem sofrendo há muito tempo humilhações constantes, ela o trata com ironia, não o respeita. Infelizmente nesse dia ele perdeu o controle e a agrediu fisicamente. Mas alega que reconheceu a dificuldade da convivência que já está se preparando para sair de casa, já que ela alega que o que atrapalha a vida dela é a sua convivência com ele. Já alugou uma casa e está providenciando sua mudança para lá.

            Concordo com a sua providência, pois a convivência está muito difícil e perigosa, e que isso não significa que ele será excluído no nosso grupo familiar. Ele continuará a ser bem vindo as nossas reuniões, terá o meu apoio na sua nova vida de morar sozinho, afinal de contas eu também estou na mesma situação. Moro sozinho para não conviver com conflito com ninguém. Em outro momento conversei com a mulher, estilo terapia de casal, tentando entender as possibilidades de um retorno a convivência em harmonia ou se a separação já tem uma conotação definitiva. Me comprometi que, se até a próxima semana ele não tenha ainda saído de casa e o clima de hostilidade ainda permanecer, que eu iria abordar esse assunto com ele de forma mais objetiva.

            Até lá, seria importante que todos mantivessem a serenidade, evitando provocações. Deus está no comando e sempre Ele apresenta as condições mais favoráveis para seguirmos em harmonia.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/11/2015 às 00h59
 
15/11/2015 00h59
CONFLITO E HARMONIZAÇÃO

            Desde que aceitei viver o Amor Incondicional na sua essência e na prática de minha vida, como a vontade que Deus tem para minha existência, me desloquei do mundo material para o mundo espiritual. Mesmo que eu sinta os fortes efeitos do Behemot dentro do meu corpo material, que muitas vezes eu fraqueje ou ceda os prazeres que ele deseja, minha vontade principal é seguir a vontade do Senhor e deixar esses desejos carnais, egoísticos, em segundo plano. Essa minha determinação faz um conflito com aquelas pessoas que procuram seguir um caminho de amor exclusivo, como acontece com o desejo da grande maioria dos seres humanos. Pouquíssimas pessoas reconhecem o Amor Incondicional na sua essência e a incompatibilidade dele com o amor exclusivo, ou amor romântico. Por isso muitas pessoas quando me conhecem mais de perto ficam encantadas com a minha capacidade de amar e ao mesmo tempo decepcionadas pela minha incapacidade de ser exclusivo. Mesmo sabendo disso algumas pessoas (mulheres) querem manter uma convivência mais próxima comigo, um companheirismo, e passam a sofrer quando sentem na pele as inconveniências para elas do amor não exclusivo, do amor inclusivo, do Amor Incondicional. Tem ocasiões que eu sinto as alfinetadas em forma de ciúme, de queixas de rejeição, de abandono, de exclusão... Nada disso existiria se a pessoa absorvesse, como eu, a determinação de aplicar o Amor Incondicional em sua vida. Percebo assim a geração de conflitos dentro de um relacionamento que deveria ser harmonioso por natureza. Se isso não acontece é porque existe o desnível, eu penso de uma forma e a minha pretensa companheira pensa de outra forma. Eu penso com o Amor Incondicional, inclusivo; ela pensa com o Amor romântico, exclusivo. Se isso permanece, o conflito também permanece. E a minha natureza funcionando dentro do Amor Incondicional não consegue conviver com ninguém dentro de conflitos dessa espécie. Isso porque eu não deixarei jamais de aplicar na minha vida o Amor Incondicional, pois considero isso uma determinação de Deus para a minha vida. Não estou à procura de prazeres sexuais ou de qualquer natureza material, a minha motivação é fazer a vontade do Pai, mesmo com os prejuízos que isso possa acarretar na minha vida material. Não importa!

            Um sinal de que o relacionamento que eu tenho com alguém está deteriorando ou não apresenta condições de continuar, é quando começam a surgir os conflitos devido justamente essa forma de meu comportamento ser ajustado ao Amor Incondicional. Isso implica na minha solidão, de viver sozinho, apesar de existirem tantas pessoas que de bom grado viveriam comigo, se eu conseguisse ou quisesse viver um amor exclusivo.

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em 15/11/2015 às 00h59
 
14/11/2015 00h59
LÁGRIMAS DE MÃE

            Lembro de ter solicitado um pagamento inusitado de meu trabalho médico em Caicó há algum tempo. O pai de uma família foi acidentado na estrada, estava em coma em Natal, sem possibilidade de retorno à vida. Atendi a família que se encontrava traumatizada naquele momento, principalmente os filhos, e ao ser perguntado pelo pagamento eu condicionei à volta do pai, o que só seria possível com um milagre.

            Hoje eu tive a oportunidade mais uma vez de ser pago de forma inusitada.

            A mãe de um paciente que se encontra preso, com muita dificuldade de saúde, com risco da própria vida, me procurou no Hospital no horário que eu estava visitando os pacientes internados. Este paciente foi atendido pela primeira vez por mim, vindo algemado e escoltado da cadeia por policiais. Ficou na sala juntamente com a mãe e o policial que lhe fazia a guarda. Disse as suas queixas, examinei seu psiquismo e prescrevi a medicação para ser tomada regularmente.

            Cerca de 30 dias depois essa mãe me procura mais uma vez no consultório, depois que atendi os pacientes agendados, dizendo da dificuldade do filho na cadeia, que ela precisava de um documento solicitando a sua transferência da cadeia para o hospital, onde poderia se tratar de forma mais adequada. Como ele havia se consultado há pouco tempo comigo, como eu sabia que o seu estado psíquico justificava o pedido, atendi a mãe, sem cobrar nada.

            Agora, cerca de 15 dias depois que lhe dei a declaração médica gratuita para seu filho, ela vem fora do meu horário no consultório, estava me deslocando para cumprir atividades em outro local de trabalho, e ela me solicitava mais uma vez outra declaração, pois aquela o juiz não havia aceitado. Como seu filho continuava em situação precária, inclusive com sintomas de infecção, ela mais uma vez recorreu ao juiz mostrando a situação e a pertinência da transferência para um hospital, e ele exigiu que a mãe levasse outra declaração para ele. Por esse motivo ela estava mais uma vez pedindo esse documento. Mostrei a ela a inconveniência de fazer isso, que fazia mais de mês que eu o havia atendido, já havia dado há pouco tempo uma declaração nesse sentido, que eu estava me deslocando para outro serviço, que havia acabado de dispensar uma consulta naquele momento por falta de tempo, que eu necessitava ver o seu filho no consultório para efetuar novo procedimento. Ela argumentou que era difícil conseguir uma guarnição para seu filho voltar ao consultório, que isso poderia levar até mais de um mês e que o seu filho poderia morrer nesse período. Notei as lágrimas correrem no seu rosto e avaliei que o risco de agir fora dos princípios éticos do CRM, de atestar na presença do paciente, comparado com a possibilidade do paciente vir ao óbito por falta desse documento, considerei que a vida humana era mais importante. Não importava se algo desse errado e eu fosse interpelado pela comitê de ética do CRM sobre esse procedimento irregular, e viesse a ser punido.

            Fiz o documento e entreguei a mãe, que agradecida perguntou quanto era, que ela poderia passar na secretaria e fazer o pagamento. Eu disse que não precisava, poderia ir embora com o documento tão importante para ela.

            Depois fiquei a refletir porque havia agido dessa forma, se a mulher estava disposta a pagar por aquele serviço que eu ofereci de forma tão irregular, mas tão necessária para ela. Cheguei a conclusão que, diante da minha resistência de não fazer um trabalho fora da ética, ela ofereceu a moeda das lágrimas, e eu aceitei. Intuitivamente ela percebeu que a oferta do pagamento em dinheiro antes do serviço ser realizado não iria surtir efeito, pois eu estava alegando uma defesa ética para não fazer. Portanto, somente as lágrimas poderiam me demover da minha posição e foi isso que aconteceu. E foi confirmado com a minha negativa de receber o pagamento pecuniário, eu já me sentia pago.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/11/2015 às 00h59
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