Aprendi a ter um grande respeito por Dom Pedro II, o segundo Imperador do Brasil, como um rei ético, justo e inteligente, que levou o Brasil a um grande progresso, comparado às demais nações de sua época.
Mas sempre ficava uma espécie de nódoa em seu currículo, quando é mostrada a sua aproximação com a Maçonaria e o prejuízo que isso levava ao Cristianismo, ao papel que a Santa Igreja Católica desempenhou dentro do Brasil desde o seu descobrimento pelas caravelas de Pedro Álvares Cabral, que singrava os mares empunhando em suas velas a Cruz de Malta, emblema da Ordem de Cristo, que sucedeu aos Templários.
Foi com a leitura do livro “OBJEÇÕES E ERROS PROTESTANTES Com as Respectivas Respostas Irrefutáveis”, escrito pelo Pe. Júlio Maria De Lombaerd, e publicado pelo Centro Dom Bosco em 2024, em 3a. Edição, percebi com mais clareza de detalhes mais uma atitude do digno Imperador, que considero desastrada.
Havia na administração do Segundo Império (1840-1889) uma ação majoritariamente maçônica e anticlerical, que visava minar a influência da Igreja Católica no Brasil e submetê-lo ao poder político.
Dentre as ações persecutórias do governo, destacava-se a proibição de que noviços ingressassem nas ordens religiosas em 1855, e a de que brasileiros que tivessem feito o noviciado no exterior retornassem à pátria, em 1870. Os dois decretos obstruíam as tentativas de ordenação de novos religiosos, tanto em solo nacional quanto estrangeiro, condenando as ordens brasileiras á morte por inanição.
Os protestos católicos eclodiram na chamada Questão Religiosa (1872-1875), dos quais temos um exemplo no seguinte episódio: ao se insistir com Dom Pedro II que ele permitisse a reabertura do noviciado do Convento de Santo Antônio, o imperador retrucou aborrecido: “Qual? A época dos frades já passou!” Respondeu, então, Frei Fidelis d’Ávola: “Majestade, não diga assim, porque por aí andam também a dizer que já passou o tempo das testas coroadas...”
Esta foi uma resposta simples, respeitosa, mas cheia de profecia. O Frei já ouvia ao seu redor os murmúrios contra a Igreja e também contra a coroa. Tudo isso era divulgado pela Maçonaria na sua estratégia de sociedades secretas. Era ensinado a se respeitar um Deus amorfo, o Arquiteto do Universo, e que cada pessoa com inteligência podia o evocar sem necessidade de qualquer tipo respeito a uma tradição apostólica que vinha de período onde não existia a força da ciência e da tecnologia.
O Imperador era muito adepto da ciência, isso foi positivo, mas terminou por deixar o Cristianismo subordinado à ciência, à inteligência humana, e isso foi negativo. Ele não imaginava que a Inteligência humana, promotora da ciência, estava associada aos instintos animais próprios da natureza animal que nos constitui. Somente quem coloca freios nessa força instintiva que leva o egoísmo ao máximo, prejudicando o próximo sem qualquer pudor, é a força do Cristianismo, baseado na existência de um Criador, de um Pai universal e que exige dos seus filhos o amor incondicional, amar ao próximo como a si mesmo.
Foi esse detalhe que o Imperador não percebeu e deixou que o projeto da Maçonaria criasse corpo com seus rituais secretos até que chegasse o momento de dar o bote, derrubasse a monarquia de forma covarde, através de um golpe militar longe de qualquer participação popular.
Felizmente o rei, imprudente, perdeu a coroa, mas permaneceu com a cabeça, diferente do que aconteceu na Revolução Francesa, mais um empreendimento da Maçonaria onde cabeças coroadas ou preladas rolaram nas guilhotinas e o sangue corria pelas valetas da cidade.
Esta era a bandeira empunhada pelos revolucionários na França, que provocou a mudança na forma de governo e um banho de sangue para todos os envolvidos. Como é possível que temas tão justos e fraternos possam desenvolver forma tão macabra de governo e que gere sementes revolucionárias que se reproduzem pelo mundo todo com o mesmo perfil?
Para que a aplicação correta dos preceitos de Igualdade, Fraternidade e Liberdade tenham força de lei para corrigir os erros de nossa forma de agir, é necessário que a maioria das pessoas envolvidas estejam penetradas da mesma força moral para conseguir o fim correto do objetivo proposto. É necessário que a espiritualidade esteja muito acima da materialidade e que esta se encontre livre de todas as deprimentes formas de agir para a manutenção do corpo. Essas pessoas não podem estar dominadas pelo apego à vida material, devem se manter superior ao Behemoth interno, dominando as sete principais cabeças desse monstro energético, instintivo, que procura conservar o corpo indo em busca de todas as atrações, gostos e desejos da vida dos sentidos.
A lei de Deus, em sua expressão mais pura, não pode ser posta em prática senão por espíritos perfeitos, que se encontrem em um meio também perfeito.
Quando Jesus, um espírito perfeito, dentro de um mundo imperfeito, dizia que “Todos os homens são iguais e devem repartir entre si os bens da terra”, era considerado um mau espírito pelos gananciosos, poderosos, que não queriam dividir sua vida com ninguém. Mesmo assim, Jesus tinha que cumprir essa missão, de ensinar esse Caminho de Verdade e Vida eterna em ambiente tão hostil, para influenciar as poucas pessoas de bom coração e começar o seu movimento ideológico do Cristianismo.
A missão do Cristo foi cumprida, mas o mundo permanece com o mal prevalecendo sobre o bem, que chega até a manipular palavras tão significativas quando ditas por Jesus, por levarem consigo o germe da maldade, perversidade e ganância como aconteceu na Revolução Francesa.
Nós, que queremos o desenvolvimento da humanidade, não devemos determinar ações com teorias não apropriadas à inteligência dos membros dessa comunidade. Façamos primeiro resplandecer na solidão de nossa alma o foco de luz que há de iluminar todas as almas, apontando para a felicidade possível com uma chama que não deve ser apagada pelos vendavais das emoções desenfreadas.
O futuro começa na hora seguinte, vamos saber medir bem a parte de cada momento. Não confiemos nossos tesouros sem saber antes a quem os entregamos. Não introduzamos no mundo a confusão das línguas, da maneira de falar; falemos de conciliação e de esperança a todos, porém, falemos de liberdade com as pessoas mais purificadas. A fraternidade sem a luz da fé é impossível. O amor não pode estar separado da fraternidade universal, pois se torna apenas um arremedo de amor.
Quando descobrimos a Deus, o saberemos adorar. Caminhando na trilha de Jesus, amaremos uns aos outros e Deus nos amará.
Vamos primeiro refletir sobre a moral que se deduz da lei de Deus e as armas homicidas não serão mais necessárias para serem levadas com o tema de liberdade, igualdade e fraternidade.
Como expressar algo que não posso ver, ouvir, degustar, sentir, cheirar? Que só existe no fervilhar da minha mente, nas elucubrações do pensamento, no clarear da consciência? Algo que não posso ensinar nas bancadas dos laboratórios, apenas que posso dizer... olha eu creio assim, eu sinto assim, isso me deixa equilibrado, forte, lúcido, imortal. Procuro respaldo nos relatos, nos feitos que são produzidos e me sinto coerente com a verdade da sua existência, mesmo que não passe por nenhum portal dos 5 sentidos.
A minha fé não se extingue apenar no ato de afirmar que a possuo, mas ela é capaz de produzir frutos como este texto, pois se não fosse por ela eu não estaria à vontade e satisfeito escrevendo, estaria procurando me divertir, ter prazer, conquistar coisas materiais que satisfizessem os meus sentidos.
Tenho acesso às realidades trazidas pela fé como os inúmeros livros que possuo, falando das diversas formas de fé, coerentes ou não, usando as minhas próprias formulações de fé.
Através da minha forma de pensar, participo de grupos com a mesma sintonia, faço projetos e executo trabalhos, todos alicerçados na fé que possuo.
Fazendo tudo isso dentro da realidade, como dizer que a fé não existe? Pode ser até uma fé perniciosa, mal construída, mas todos possuem uma fé. Isto não quer dizer que estou acreditando em determinada fórmula, como aquelas que eram engendradas para se construir uma determinada condição como transformar algum minério em ouro. Acredito na realidade que ela expressa e que pode qualquer um dos meus 5 sentidos.
O meu ato de fé não para no enunciado, mas chega até a realidade anunciada. Foi devido a isso que elaborei o projeto de extensão universitária Foco de Luz, que gerou a Associação Cristã de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM), onde vivencio em comunidade para assimilar os ensinamentos de Jesus e vivenciá-los na prática, fortalecendo-os cada vez mais.
Li a história de um homem que há 2.000 anos ensinou que temos um Pai universal, que criou tudo que existe e que devemos fazer a Sua vontade pelo Caminho da Verdade que vai nos levar à Vida eterna quando este corpo que opera o meu espírito nesta dimensão material não for mais necessário.
A aceitação deste ensinamento como um produto da fé, de uma realidade onde estou inserido dentro dela, é o que considero como o principal construto de fé dentro do meu psiquismo, e que aponta o caminho a seguir. Vejo como produto desta fé dentro da sociedade a existência da Igreja Católica diversificada na atualidade em muitas outras igrejas derivada para que os seus crentes pratiquem a mesma fé com suas discordâncias em alguns pontos.
Esta é a linguagem da fé por onde estou no Caminho, dentro da realidade material na expectativa de alcançar o mundo espiritual e permanecer nele, sem necessidade de novo retorno.
Eu posso estar enganado, concordo com essa possibilidade, pois não sou o dono da verdade em nada. Uso a minha pobre razão, fraca inteligência, pouca sabedoria, para compreender um pouco da verdade dita por pessoas mais sábias. Entre essas pessoas, a que considero mais sábia de todas é Jesus de Nazaré, o que se tornou Cristo para todos nós.
Cristo ensinou que a maior lei, acima de qualquer outra, era amar a Deus acima de qualquer coisa, com toda energia, com toda a compreensão e amar ao próximo como se fosse a si mesmo. A primeira parte é essencialmente subjetiva, está dentro da nossa mente, nos nossos sentimentos; a segunda parte é objetiva, pois diz respeito ao nosso relacionamento com o próximo.
A primeira parte da lei maior é comigo e com Deus, pois Ele sonda o meu coração e verifica se o que digo corresponde a verdade. A segunda parte também pode ser comprovada por Deus, pois nada despercebido por Ele, mas também passa pela racionalidade de todos os meus irmãos que leem o Evangelho e tiram suas próprias conclusões sobre a lei maior e sua aplicação.
Devido a essa responsabilidade de cada pessoa usar o seu racional para interpretar a lei maior e aplicá-la dentro dos nossos relacionamentos, desenvolvi uma compreensão muito particular, pois vai de encontro a conclusão que a maioria das pessoas fazem, e fazem suas leis secundárias a partir de suas conclusões, que constrói a cultura onde ficamos inseridos.
Interessante que essa lei maior já era evocada por vários povos muitos séculos antes da vinda do Cristo.
Diziam os gregos: Não façais ao próximo aquilo que não desejais receber dele.
Afirmavam os persas: Fazei como quereis que se vos faça.
Declaravam os chineses: O que não desejais para vós, não façais a outrem.
Recomendavam os egípcios: Deixai passar aquele que fez aos outros o que desejava para si.
Doutrinavam os hebreus: O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo.
Insistiam os romanos: A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo.
Essas orientações se perdiam muito no campo das orientações, dentro dos templos, mas com o Cristo houve o ensino e a exemplificação, na plenitude do trabalho, abnegação e amor.
Acatei este ensinamento do Cristo como verdade suprema e procuro segui-lo em toda a profundidade e honestidade: Fazer ao próximo aquilo que eu gostaria que se fizesse a mim se eu estivesse no lugar dele.
Foi com essa compreensão e procurando agir com dedicação a lei maior e perante Deus que entrei em conflito com meus irmãos e com a cultura dominante, no que diz respeito a fidelidade do casamento.
Se eu, casado, encontro uma pessoa que quer partilhar afetos comigo, e se eu estivesse no lugar dela, gostaria que isso acontecesse, desde que eu também tivesse esse desejo, então a lei maior devia ser aplicada. E como ficaria o compromisso de fidelidade que é parte importante do casamento?
Onde está a prioridade, na lei maior ou na lei conjugal? Parece claro que a lei maior deve ser respeitada como hierarquicamente superior. A lei conjugal deve ser ajustada!
Na Bíblia está escrito que o homem pode deixar sua casa, sua mãe e irmãos e se unirá a mulher, fará com ela um só corpo, carne da mesma carne, sendo o homem o cabeça do casal. Esta é uma missão difícil de ser cumprida, pois não depende da vontade, pensamentos e motivações de uma só pessoa, e sim de duas.
Eu me esforcei bastante para cumprir essa orientação bíblica, chegando ao cúmulo de quebrar o meu tradicional preconceito machista e me sentir bem permitindo a minha companheira sair para encontros afetivos com outras pessoas, pois isso era o que ela queria e o que a fazia sentir bem, e o que eu fazia também. Como ela era carne da minha carne, eu tinha que sentir o mesmo prazer que ela estava sentindo, mesmo que os meus instintos protestassem e fizessem pressão psicológica no campo mental para eu não permitir tamanho agravo à minha posição de macho e de respeitabilidade dentro da comunidade. Mas o meu espírito resistia, sintonizado com a coerência bíblica. Acontece que minhas companheiras não tinham essa mesma perspectiva bíblica, deixavam se levar pela raiva instintiva quando percebiam que eu estava trocando afetos com outras pessoas. Eu não conseguia deixar de me comportar da forma que eu considerava correta e de acordo com a vontade de Deus, e elas não conseguiam tolerar o meu comportamento, instigada pelos instintos e pela pressão social quando os parentes e amigos as criticavam quando percebiam o que estava acontecendo.
Dessa forma fui expulso da casa que construí para morar com elas, de forma violenta, inclusive, mesmo eu sendo pacífico e jamais as tendo agredido com palavras ou atos. Aceitava o meu destino e ia pelo mundo cumprindo o meu destino. Devido a minha índole pacata, solidária e afetiva, logo chegavam outras pessoas se sentindo bem ao meu lado e querendo consolidar uma nova união. Mas eu já estava “escaldado” com duas, talvez três ou quatro experiências malsucedidas de manter uma união estável.
Não deixo que ninguém que se aproxime de mim fique enganada sobre a minha forma de pensar e agir. Mesmo que alguém pense e confirme que vai me entender e tolerar a minha forma de manter esse comportamento que afirmo ser irredutível, pois está associado aquilo que imagino ser a vontade de Deus para mim. Mas será justo que eu afaste quem garante que vai me suportar e chegar ao nível que eu cheguei, de ser uma só carne, sentindo o prazer que eu sinto quando troco afetos com outras pessoas?
Pode existir interesses materiais com a formalização dessa união estável. Para mim não importa perder bens materiais quando a união é rompida. Posso sair pelo mundo novamente como Jesus andava, sem ter um teto para lhe acolher, uma conta bancária para lhe sustentar. O que importa para mim é a missão espiritual, de amar sem barreiras, sem preconceitos mundanos. A minha fidelidade prioritária é com o amor à Deus, de fazer a Sua vontade, e de nenhuma outra pessoa neste mundo material ou espiritual. Não quero andar escondido, mantendo falsas aparências, quando sinto que estou no Caminho da Verdade que o Cristo ensinou.
Será que a pessoa que quer formalizar comigo mais uma união estável está pronta para enfrentar um desafio tão forte, capaz de resistir as críticas externas de parentes e amigos e ainda por cima os seus próprios instintos animais de posse? Posso pensar em duas possibilidades para que ela demonstre que sua decisão de ser carne da minha carne dentro de uma união estável formalizada: a primeira, a união estável seria formalizada com completa transparência para parentes e amigos. Não quero cometer os mesmos erros que cometi antes, vivendo em uma união estável formalizada, mas com todos pensando que eu estava obedecendo aos mesmos princípios culturais, de manter uma fidelidade afetiva dentro da relação, e me considerando traidor quando percebiam que a realidade era outra; a segunda possibilidade seria a de formalizar a união estável dentro de um segredo que cabe apenas a nós dois, que todos saibam que temos a liberdade de fazermos o que achar mais importante, independente da vontade do outro, pois não existe um contrato formal.
Estas são as duas formas que eu me sentiria mais confortável, pois não estaria fazendo coisas erradas, como dividir o meu amor com outras pessoas e trair uma relação que implica na fidelidade comportamental.
Resumindo, se formalizo a união estável de forma pública, os votos devem ser também públicos, para ninguém cobrar de mim o que não posso fazer; e segundo, se formalizo a união estável de forma privada, os votos não são necessários ser públicos. Mas, a qualquer momento que se queira publicar a união estável, também deve ser publicado os votos. Acredito que desta forma a justiça está sendo feita, e se eu for, mais uma vez expulso da união, pelo menos não sairei com o carimbo de traidor, que nunca mereci.