Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
02/05/2020 00h29
DE ONDE VEM “CRISTO”?

            A denominação “Cristo”, recebida por Jesus, não é uma designação familiar, senão os seus pais seriam José Cristo e Maria Cristo. Percebemos assim que “Cristo” não é o sobrenome de Jesus. 

Os tradutores às vezes escolhem traduzir pelo som semelhante no lugar do significado, em especial para nomes e títulos. Esta ação é conhecida por transliteração. Para a Bíblia, os tradutores precisaram escolher se suas palavras (em especial nomes e títulos) ficariam melhores na língua traduzida através da tradução (por significado) ou através da transliteração (pelo som). Não existe uma regra especifica.

A Bíblia foi primeiramente traduzida em 250 A.C. quando o Antigo Testamento hebraico foi traduzido para o grego. Esta tradução é a Septuaginta (ou LXX) e ela ainda é utilizada hoje em dia. Uma vez que o Novo Testamento foi escrito 300 anos mais tarde em grego, seus escritores citavam a Septuaginta grega em vez de o Antigo Testamento hebraico. Isso afeta as traduções para as Bíblias contemporâneas.

A palavra hebraica “Cristo” no Antigo Testamento era ‘mashiyach’ que o dicionário hebraico define como uma pessoa ‘ungida ou consagrada’. Reis hebreus eram ungidos (cerimonialmente esfregados com óleo) antes que se tornassem reis, consequentemente, eles eram os ungidos ou mashiyach.  O Antigo Testamento também profetizou acerca de um mashiyach especifico. Para a Septuaginta, seus tradutores escolheram uma palavra em grego com um significado semelhante – Χριστός (cujo som se parece como Christos), que vinha de chrio, que significa esfregar cerimonialmente com óleo. Portanto, Christos foi traduzido por significado (e não transliterado por som) a partir do termo hebraico original ‘mashiyach’ na Septuaginta grega. Os escritores neotestamentários continuaram a utilizar a palavra Christos ‘ em seus escritos para identificar Jesus como o mashiyach.

Na Bíblia em português, o termo hebraico Mashiyach do Antigo Testamento é comumente traduzido como ‘o ungido’ e as vezes transliterado como o ‘Messias’. O termo Christos do Novo Testamento é transliterado como ‘Cristo’. A palavra ‘Cristo’ é muito especifica, derivada por tradução a partir do hebraico para o grego, e então transliteração do grego para o português.

Porque não vemos prontamente a palavra ‘Cristo’ no Antigo Testamento de hoje esta relação com o Antigo Testamento é difícil de ser vista. Mas a partir desta analise nós sabemos que na Bíblia o termo ‘Cristo’=’Messias’=’O Ungido’ e que este termo era um titulo específico.

            Quando perguntamos ao espírito Ramatis, se foi registrado qualquer acontecimento na vida de Jesus, capaz de explicar a sua conjunção direta com o Cristo Planetário da Terra, ele responde:

As tradições religiosas podem comprovar-vos que a missão de Jesus teve o seu clímax durante os últimos três anos de sua vida, após ter ele completado 30 anos de idade. O acontecimento que quereis conhecer está evidenciado pelo seguinte significativo simbolismo bíblico: João Batista interpela Jesus e afirma que ele é o Messias. Jesus, pela primeira vez, responde que realmente o era. De outra feita, após o batismo, que define o propósito iniciático de o homem terráqueo se redimir, e que é realizado por João Batista, os apóstolos assinalam, na vidência, que uma pomba imaculada desce sobre Jesus e o inunda de luz do Espírito Santo. Para aqueles que estão familiarizados com as figuras simbólicas de que os Mentores Siderais costumam utilizar-se na projeção, sobre o mundo de formas, de sinais identificadores de determinadas situações importantes no labor messiânico, a "pomba branca" é o símbolo máximo empregado para notificar a ação do Arcanjo Planetário operando na modificação dos grandes ciclos de renovações espirituais.

            O acontecido com Jesus quer dizer que, exatamente naquele momento, o Cristo Planetário pudera vibrar mais diretamente na carne do seu Divino Médium e que, portanto, dali por diante manter-se-ia em contato mais eficiente com a sua consciência. Na realidade, é da ocasião do batismo em diante que se repetem as constantes afirmações de Jesus, assegurando, sem qualquer vacilação: "Eu e meu Pai somos um" ou "Ninguém vai ao Pai senão por mim".

            Na figura de Médium Consciente, ele entregara-se, então, ao indescritível "transe crístico", exsudando o permanente e sublime Amor que o inundava, projetado no Cristo Planetário! Conhecedor profundo da escadaria hierárquica sideral, reconhecendo-se uma consciência ainda ligada ao mundo de formas, o Messias guardava profunda ternura para com o Espírito do Cristo Planetário, que vivia em sua alma, situado hierárquica e imediatamente acima de sua individualidade sideral; sabia o caminho exato para a criatura tomar contato mais direto com o Criador dos Mundos! Como excelso espírito missionário descido à carne, Jesus era o prolongamento vivo do Cristo Planetário da Terra; o "degrau" sideral para a jornada humana em busca da Eterna Ventura Espiritual.

            Portanto, o Cristo escrito e traduzido por diversas Bíblias, pode ter um significado mais amplo, planetário, o que é consistente com os fatos e a compreensão lógica, fazendo de uma certa parábola o entendimento de uma realidade universal.

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em 02/05/2020 às 00h29
 
01/05/2020 00h29
ORAÇÃO MAIO 2020 

            Pai, peço-Te coragem e determinação para colocar a vida a Teu serviço, como este é o meu desejo, a minha intenção.

            Devo aproveitar a oportunidade de falar aos quatro cantos, em alta voz, em textos, e principalmente com o exemplo pessoal.

            Ressaltar os princípios ensinados pelo Mestre Jesus que estão esquecidos ou ignorados por nossos irmãos, que estão como se dormissem, dominados por uma força estranha que os impede de ver as iniquidades ao redor, de enxergar, de compreender.

            Sei que correrei riscos, Pai, pois permites aos meus irmãos o exercício do livre arbítrio, mesmo que estejam equivocados. Mas não posso esconder-me sabendo de tudo que Tu me proporcionastes, e fique a esperar que um dia eu seja alcançado e silenciado pelos atores das iniquidades, que me prendam e façam de mim o que quiserem, pois com certeza farão isso, caso percebam e decidam.

            Sim, Pai, minha vida terá mais valor se for empregada em algo de maior significado e mais utilidade. E que maior significado teria que colaborar para a construção da Família Universal, a construção do Teu Reino?

            Além do mais não estarei sozinho. Tenho sempre o Teu amparo e dos espíritos encarnados e desencarnados que colocas ao meu lado.

            Pois é isso, Pai, estarei sempre em Tua companhia, pois Te encontro por onde coloco o meu olhar, além da companhia dos teus enviados. Eles haverão de me guiar e orientar. Não tenho ainda a sensibilidade necessária para senti-los, desencarnados, perto de mim, mas sei, racionalmente, que eles aí estão.

            Enfim, Pai, como uma das minhas mais constates reclamações era que eu não sabia conversar contigo, vou escolher a pequena frase com a qual comecei esta oração, para servir para falar contigo diariamente, uma forma de mantra: “Pai, quero fazer a Tua vontade e não a minha. Dá-me inteligência rápida, coragem e sabedoria.”

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em 01/05/2020 às 00h29
 
30/04/2020 00h29
CESAROPAPISMO

            Foi tão forte a influência do Estado sobre a Igreja que justificou o conceito de Cesaropapismo. O chefe de Estado, o César, tinha a competência de regular a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã, que deveria ser papel do Papa. Exercia as funções imperiais e pontificiais que é o traço característico do Cesaropapismo, a subordinação da Igreja ao Estado.

A ideologia do cesaropapismo assenta-se na ideia imperial política bizantina de querer usurpar a autoridade conciliar e o poder papal sobre a Igreja, na qual a política secular e religião são entidades indissolúveis em que o sagrado é parte do temporal, de que o Imperador ("chefe de Estado") é chefe da Igreja.

O cesaropapismo tem suas origens na concepção romana do poder imperial. Desde Augusto (27 a.C. - 14 d.C.), o imperador era o chefe da religião romana. O culto imperial unia a comunidade dos habitantes do Império Romano em torno de orações pelo imperador, o que incluía cerimônias de sacrifícios. A lealdade política e a fé religiosa estavam ligadas, de modo que aqueles que recusam o culto imperial, como os cristãos, eram vistos como inimigos de Roma.

Paulo de Tarso, por meio da Epístola aos Romanos, determinou que as comunidades cristãs respeitassem as autoridades. Desse modo, os fiéis passaram a orar pelo imperador, considerado um instrumento da vontade divina. Mas os cristãos se recusam a adorar os imperadores, vivos ou mortos.

Em 313, o imperador Constantino decretou o Édito de Milão, que concedeu liberdade de culto ao cristianismo. Esse fenômeno levou Eusébio de Cesareia a descrever Constantino como protegido, amado e amigo de Deus, dotado de piedade e virtudes e que, como servo, fora usado para salvação geral ao ganhar os troféus da vitória sobre os ímpios.

A partir da conversão de Constantino, a Igreja passou a ser favorecida, mas foi colocada em situação de sujeição. Constantino passou a intervir em todos os assuntos da Igreja, convocando e presidindo conselhos, e ditando fórmulas de fé. As decisões conciliares passaram a ser apoiadas por leis imperiais. Constantino afirmava que a providência divina atuava em conjunto com ele, razão pela qual, como representante de Deus na terra, suas decisões seriam sagradas. Como resultado, para ele as decisões religiosas estariam sob sua autoridade. Por outro lado, esse entendimento foi regularmente contestado por dissidentes religiosos e por aqueles que questionam a fé pessoal do Imperador.

Nesse contexto, Constantino convocou o Primeiro Concílio de Niceia, em 325, para solucionar a questão do arianismo. Esse processo de confusão entre o poder temporal e espiritual se acentuou, como consequência, qualquer ataque à Igreja passou a ser equivalente a uma traição a Roma, o que gerou perseguições contra os judeus, praticantes de outras religiões e cristãos dissidentes. A heresia passou a ser um crime passível de ser julgado pelos tribunais civis do Império.

Em 27 de fevereiro de 380, o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Bizantino, por meio de Decreto do Imperador Teodósio I (Igreja estatal do Império Romano). A Queda do Império Romano do Ocidente interrompeu o processo de controle da Igreja pelo Estado no ocidente.

O imperador fazia valer seu poder sobre a Igreja emanando normas, sancionando decretos dos concílios ecumênicos, convocando os tribunais eclesiásticos e determinando sua competência, cuidando da exata aplicação das leis canônicas, controlando a correta administração dos bens da Igreja, nomeando os titulares dos ofícios eclesiásticos (patriarca, arcebispos, bispos, abades). No Ocidente, a Igreja tinha a obrigação de informar ao imperador ou a seu representante na Itália, o exarca (autoridade bizantina representante do imperador) de Ravena, o nome do papa eleito (quase sempre gregos ou sírios de nascimento), além de pagar um tributo correspondente.

No período compreendido entre a fim do Império Romano do Ocidente (476) até o século VIII, os imperadores bizantinos nomeavam os patriarcas dentre uma lista tríplice ou por sua livre vontade. A eles cabia julgar os titulares de cargos eclesiásticos podendo depô-los se assim quisesse (vários papas e patriarcas foram depostos pelo imperador).

            Desta forma o Cristianismo foi impregnado dos valores mundanos, do poder temporal, formando sua hierarquia e mantida até hoje. Saber quais são os ensinamentos de Jesus e aplica-los, é um desafio para o cristão que está dentro desta sociedade religiosa.

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em 30/04/2020 às 00h29
 
29/04/2020 00h27
ÉDITO DE TESSALÔNICA

            Após sair da clandestinidade, no império Romano, o cristianismo passou a se firmar com o apoio do imperador constantino, mas guardando questões como dogmas, que a racionalidade não podia penetrar. O próximo passo para fortalecer o cristianismo, mas carregado de dogmas e poderes, foi a sua oficialização. Para isso vamos observar o Édito de Tessalônica, como está mostrado na Wikipédia.

O Édito de Tessalônica ou Salonica, também conhecido como Cunctos Populos ou De Fide Catolica foi decretado pelo imperador romano Teodósio I a 27 de fevereiro de 380 d.C. pelo qual estabeleceu que o cristianismo tornar-se-ia, exclusivamente, a religião de estado, no Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas dentro do império e fechando templos pagãos.

O imperador Teodósio herdara um império dividido e sumido numa profunda crise. Após longos anos de desordem do século anterior, Diocleciano iniciara a divisão do império em uma metade oriental, mais rica e politicamente estável, e uma metade ocidental menos pujante na sua economia e acossada pela pressão dos povos bárbaros procedentes da Germânia. Apesar da reunificação de Constantino, a queda da metade ocidental e a perda nesta da autoridade imperial eram já iminentes.

O Édito de Tessalônica

A 24 de novembro de 380 d.C., fazia-se público o édito nos seguintes termos:

Édito dos imperadores Graciano, Valentiniano (II) e Teodósio Augusto, ao povo da cidade de Constantinopla.

"Queremos que todos os povos governados pela administração da nossa clemência professem a religião que o divino apóstolo Pedro deu aos romanos, que até hoje foi pregada como a pregou ele próprio, e que é evidente que professam o pontífice Dámaso e o bispo de Alexandria, Pedro, homem de santidade apostólica. Isto é, segundo a doutrina apostólica e a doutrina evangélica cremos na divindade única do Pai, do Filho e do Espírito Santo sob o conceito de igual majestade e da piedosa Trindade. Ordenamos que tenham o nome de cristãos católicos quem sigam esta norma, enquanto os demais os julgamos dementes e loucos sobre os quais pesará a infâmia da heresia. Os seus locais de reunião não receberão o nome de igrejas e serão objeto, primeiro da vingança divina, e depois serão castigados pela nossa própria iniciativa que adotaremos seguindo a vontade celestial. Dado o terceiro dia das Kalendas de março em Tessalônica, no quinto consulado de Graciano Augusto e primeiro de Teodósio Augusto.

Com este édito, o Império Romano na íntegra passava a ter uma nova religião oficial depois de 67 anos de liberdade de culto. O Panteão Romano fora complementado ao longo de muitos séculos com os deuses, deidades e lares domésticos, com o culto aos próprios antepassados e até mesmo com divindades pré-romanas que foram assimiladas durante o processo de romanização em muitos lugares do império. Tudo isto devia ser agora abandonado no culto a uma religião monoteísta e as normas morais que a acompanhavam.

A partir daí o cristianismo passa a se difundir por todos os países com essa vinculação ao Estado, cheio de poderes, orgulhos e vaidades por todo o clero. Isso gerou uma série de comportamentos contrários aos ensinamentos de Jesus, guerras santas e perseguições religiosas..., mas quem queria cumprir os ensinamentos evangélicos? Até hoje observamos as diversas igrejas de denominação cristã cumprindo esses rituais cheios de dogmas, orgulhos e vaidades, mas muito longe do cumprimento das lições do Cristo. Até quando?

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em 29/04/2020 às 00h27
 
28/04/2020 00h27
PRIMEIRO CONCÍLIO ECUMÊNICO

            Este primeiro concílio, motivado e facilitado por Constantino, movido por projetos de natureza material, egoísta, sob influencia de espíritos negativos (com relação a evolução espiritual), foi quem fez o desvio da rota que o Cristo ensinou.

            Vejamos o que diz a Wikipédia sobre o assunto:

O Concílio I de Nicéia é o primeiro Concílio Ecumênico, que significa universal, já que dele participaram bispos de todas as regiões onde havia cristãos. Teve lugar quando a Igreja já tinha conseguido a paz estável e dispunha de liberdade para reunir-se abertamente. Aconteceu do 20 de maio ao 25 de julho de 325. Dele participaram alguns bispos que ainda tinham no seu corpo os sinais dos castigos que tinham sofrido por serem fiéis nas perseguições passadas, que eram recentes.

Para essas datas o imperador Constantino, que ainda não tinha sido batizado, facilitou a participação dos Bispos, colocando à sua disposição os serviços do exercito imperial para as viagens e os translados e ofereceu seu palácio em Nicéia de Bítinia, que estava perto da sua residência de Nicomédia. De fato, ele considerava que era oportuna essa reunião, pois no ano de 324, depois da vitória contra Licínio, tinha conseguido unificar o império, e desejava que a Igreja também estivesse unida. Nesses momentos ela estava sofrendo as consequências da pregação de Ario, um padre que negava a verdadeira divindade de Jesus Cristo. Desde o ano de 318 Ário enfrentava-se com seu bispo Alexandre de Alexandria, e fora excomungado no sínodo de todos os bispos do Egito.

 Ário fugira e estava em Nicomédia, junto ao bispo Eusébio, que era seu amigo. Entre os Padres Conciliares encontravam-se as figuras eclesiais de maior importância no momento. Estava Osio, Bispo de Córdoba, que, ao que parece, foi quem presidiu as sessões. Assistiram também Alexandre de Alexandria, ajudado pelo diácono Atanásio, Marcelo de Ancira, Macário de Jerusalém, Leôncio de Cesárea de Capadócia, Eustácio de Antioquia, e alguns presbíteros representantes do Bispo de Roma, que não pode estar presente devido à idade avançada.

Além de Ário, também participaram seus amigos Eusébio de Cesárea, Eusébio de Nicomedia e outros. Em total participaram ao redor de 300 bispos.

Os partidários de Ário tinham a simpatia do imperador Constantino, pensavam que depois de expor seus motivos a assembleia concordaria. Mas quando Eusébio de Nicomédia tomou a palavra para dizer que Jesus Cristo nada mais era do que uma criatura, ainda que excelsa e eminente, e que não era de natureza divina, a imensa maioria dos participantes percebeu que essa doutrina atraiçoava a fé que tinham recebido dos Apóstolos. Os Padres Conciliares, para evitar as consequências de uma confusão tão grave, decidiram redigir, baseados no Credo batismal da Igreja de Cesaréia, um símbolo de fé que fosse o reflexo, de forma sintética e clara, da confissão genuína da fé recebida e admitida pelos cristãos desde as origens. Nele consta que Jesus Cristo é "da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado, homoousios tou Patrou (consubstancial ao Pai)". Todos os Padres Conciliares, menos os dois Bispos, no dia 19 de junho de 325, autenticaram esse Credo, que é o Símbolo de Niceno.

Além desta questão fundamental, em Nicéia fixou-se a celebração da Páscoa no primeiro domingo depois da primeira lua cheia da primavera, seguindo a práxis habitual na Igreja de Roma e em outras. Também foram tratadas algumas questões disciplinares de menor importância, pois eram referentes ao funcionamento interno da Igreja.

Quanto ao tema que era de maior importância, a crise ariana, depois de um tempo Eusébio de Nicomédia, com ajuda de Constantino, conseguiu voltar à sua diocese, e foi o próprio imperador quem ordenou ao Bispo de Constantinopla que admitisse Ário na comunhão. Entretanto, após a morte de Alexandre, Atanásio fora nomeado Bispo de Alexandria. Foi uma das maiores figuras da Igreja do séc. IV, pois soube defender a fé de Nicéia com grande altura intelectual e esse foi o motivo pelo qual o imperador o exilou.

O historiador Eusébio de Cesaréia, que simpatizava com as teses arianas, exagera nos seus escritos ao falar sobre a influência de Constantino no Concílio de Nicéia.

Se somente existisse essa fonte, seria possível pensar que o Imperador, além de pronunciar as palavras de abertura no começo das sessões, teve um protagonismo ao tentar reconciliar os adversários e restaurar a concórdia, impondo suas opiniões nas questões doutrinais por cima dos bispos que participaram do Concílio. Trata-se de uma versão parcial da realidade. Tendo em conta todas as fontes sabe-se que Constantino, com certeza, propiciou da realização do Concílio de Nicéia e teve influência dando todo seu apoio. Porém, o estudo dos documentos mostra que o imperador não influenciou na formulação de fé que foi feita no Credo, já que não tinha capacidade teológica para dominar as questões que ali estavam sendo debatidas, e sobretudo porque as fórmulas que foram aprovadas não coincidem com suas inclinações pessoais que eram na linha ariana, isto é, considerar que Jesus Cristo não é Deus, mas uma criatura excelsa.

BIBLIOGRAFIA

GRILLMEIER, Alois. Cristo en la tradición cristiana: desde el tiempo apostólico hasta el concilio de Calcedonia (451), Sígueme, Salamanca 1997.

PAREDES, Javier (ed.) et al. Diccionario de los Papas y concilios, Ariel, Barcelona 1998.

            Colocando-me dentro desse Concílio como uma das pessoas em condições de refletir e decidir pela questão, sinto-me mais inclinado a seguir a opinião do padre Ário. Não posso compreender Jesus como a mesma identidade de Deus, pelo próprio comportamento de Jesus. Se ele fosse o próprio Deus, por que seria necessário ele orar com tanta frequência ao Pai? Por que sempre dizia que foi o Pai que o enviou? Que repreendia o “pai adotivo” quando dizia que estava no Templo cuidando dos interesses do seu Pai? Tudo isso indica que Jesus não era consubstanciado com Deus, mas um ente excelso, bastante evoluído espiritualmente, que estava aqui cumprindo uma missão determinada por ente mais superior. A maioria dos padres formaram suas opiniões, seguindo as informações dadas pelos apóstolos que não tinham uma boa compreensão de quem era Jesus. Mostra isso a pergunta que o próprio Jesus fez para eles: quem vocês acham que sou? Somente Pedro se aproximou da resposta correta: tú és o Messias, filho de Deus. Jesus aprovou e disse que ele havia sido intuído para responder corretamente.

            São essas informações que fazem eu pensar assim, de forma racional. Os padres participantes do I Concílio de Niceia, absorveram as informações apostólicas com a fé exclusiva. Porém, isso não é o mais importante, e sim as lições que o Mestre deixou, sendo ele o Filho de Deus mais evoluído entre nós ou o próprio Deus. Se todos os padres presentes no Concílio tivessem seguindo essas lições e não se deixassem envolver pelo orgulho ou vaidade, certamente uma solução conciliatória mais apropriada teria sido encontrada, como pretendia o imperador Constantino. Por exemplo, deixar as duas formas de compreender a situação dentro de uma forma de receptáculo divino, onde cada padre podia acessar sem condenação, aceitando que nossa sabedoria é insuficiente para encontrar a verdade definitiva. O importante seria o cumprimento honesto das lições de Jesus, construir a família universal e, consequentemente, o Reino de Deus. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/04/2020 às 00h27
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