Mais uma vez tenho a intuição que Deus fala comigo, me orienta no que devo fazer. Já disse mais de uma vez a Ele da minha dificuldade em colocar na prática os princípios evangélicos dentro dos eventos da comunidade. Mesmo sendo um evento de natureza evangélica, como São João e Natal, sempre as ações de cunho mundano terminam por predominar frente ao evangélico. E sempre fico incomodado por não ter condições de evitar isso.
Então, por “coincidência”, resolvi assistir a um filme na NETFLIX que sempre ficava curioso com ele, mas nunca me destinava a assisti-lo. Pois dessa vez eu resolvi ver e tive uma grata surpresa. Não era um filme de natureza mundana com rótulo evangélico, como cheguei a pensar. Era sobre um evento que se passou em Los Angeles, Estados Unidos. Não era um filme, musical, teatro ou poderia ser tudo isso.
Foi um evento parecido com um show conduzido por cantores. Foi montado um palco bem direcionado numa praça pública, com um apresentador que orientava todos os passos do espetáculo. Dizia que iria reproduzir os momentos da paixão do Cristo, na voz de cantores jovens que interpretavam nas ruas os passos que Jesus deu em Jerusalém. Essas cenas eram filmadas, as reuniões de Jesus com seus apóstolos, em momentos significativos, como a última ceia, a oração no Jardim do Getsemani, o julgamento, a prisão, a ressureição. Todas as cenas eram filmadas e passadas no telão que foi montado por trás dos local onde os cantores se apresentavam.
Enquanto isso acontecia no palco, os cantores cantavam os momentos significativos da Paixão, sob os comentários do apresentador, existia uma paixão que se arrastava pelos arredores, conduzido uma grande cruz iluminada, seguida por uma multidão de pessoas, entre moradores da cidade ou turistas. Existia uma apresentadora no meio da multidão que caminhava em direção ao palco conduzindo essa cruz iluminada, que fazia entrevista aos participantes da caminhada. Finalmente a cruz chega no local do evento e fica colocada entre os dois palcos, significando o momento da crucificação. A cantora que se portava como a mãe de Jesus, ficou ao lado da cruz cantando as canções pertinentes ao momento da crucificação, da dor da perda, do sacrifício por testemunhar tanto suplício para seu filho.
Finalmente o momento apoteótico, o cantor que representa Jesus ressuscitado aparece sobre um dos prédios mais altos do entorno, cabelos esvoaçantes pelo vento forte que lhe atingia o corpo, assim como uma luz incandescente que resplandecia suas vestes brancas. Cantava de forma intensa sobre o Amor Incondicional.
Finalmente todos os atores chegaram no palco para cumprimentar e receber o aplauso dos presentes.
Fiquei maravilhado com a beleza do espetáculo, e mais ainda, por ter se desenvolvido totalmente sobre a luz do evangelho, mesmo que ambientado na modernidade.
Acredito que possamos fazer algo parecido na Praia do Meio, com a participação da AMA-PM junto às diversas igrejas. Talvez para o próximo ano, durante a época da paixão não seja mais possível, pois um evento da envergadura desse, deve gastar no mínimo um ano para a sua programação. Mas pelo menos uma espécie de balão de ensaio nós podemos fazer para ver como se comportará nossos moradores e voluntários organizadores do evento.
Os pais de G voltaram ao consultório sem a filha, pediram um encaixe e foram ambos até lá. Disseram que a filha vai bem, que ela segue tomando a medicação que eu prescrevi sem que ela tenha conhecimento disso, toma dentro da alimentação.
Perguntam se esse procedimento está correto, se eles podem continuar a agir assim, pois sentem que ela vai bem, assumiu todas as suas responsabilidades profissionais, viaja sozinha de um município a outro, distando 280 km, sem problemas durante a viagem ou durante o período que fica nesse município sem tomar a medicação.
Eu respondo que isso não é o correto, que o paciente deve ter conhecimento da doença que tem e do remédio que toma, e de outras providências, no caso dela, a psicoterapia. Mas como ela não aceita que tem nenhum transtorno mental, que suas dificuldades são de ordem física ou sócio profissional. Se eu fosse seguir com rigor a técnica terapêutica, não iria permitir que o paciente tomasse remédio escondido. Iria dizer que ela faz uso do remédio na alimentação, que os seus pais é quem tomam essa atitude para proteger do risco da exacerbação dos sintomas e talvez com uma evolução patológica que implicasse na necessidade de uma internação.
Expliquei tudo isso aos pais da paciente, e confirmei que não tomo a atitude técnica, porque considero que na comparação de um esclarecimento da situação que implique no estresse de uma internação psiquiátrica, prefiro ficar mantendo um tratamento clandestino para a paciente, desde que ela se encontra estabilizada emocionalmente.
Apesar de tudo, sei que essa é uma prática muito comum, de orientarmos a família de nosso pacientes para administrarem o remédio na alimentação quando houver a rejeição. Mas geralmente os pacientes sabem que estão indo à consulta médica, sabem que está sendo prescrita a medicação, sabem que as pessoas ao redor compreendem que eles tem um problema mental. Essa paciente foge desse perfil, pois compreende que não está em tratamento psiquiátrico, que está desenvolvendo a sua vida sem necessidade de nenhuma medicação. Esse é o aspecto mais complicado, pois não existe a possibilidade de indicar outros procedimentos necessários, como é o caso da psicoterapia, pois a paciente se considera livre dessa necessidade, por ser uma pessoa psiquicamente saudável.
Com esse perfil de G eu considero apenas uma outra paciente, idosa, que sofre de distimia, também não se considera portadora de transtorno mental e faz uso da medicação necessária porque algumas das filhas aplicam, um remédios que ela toma pensando ser útil para outra dificuldade de natureza física.
Essas pessoas sempre irão depender de outras que convivam consigo para conter os seus sintomas e nada é feito no sentido de melhorar a doença de forma mais global, principalmente com o uso da psicoterapia.
“Não perguntes por quem dobram os sinos; chores, pois eles dobram também por ti”. Esta frase colocada no livro “Por quem os sinos dobram”, de Ernest Hemingway, sempre tocou minha alma. Diz respeito ao que se passa na guerra civil espanhola, mas pode se aplicar em qualquer lugar do mundo onde vidas sejam ceifadas e haja alguém para prantear, pois é assim que sente a minha alma quando vê as notícias do atentado na França, em Nice, balneário da Côte D’Azur. Um motorista assassino deixou um rastro de 80 mortos entre outros acidentados, de todas as cores, de todas as idades.
Sei que esse homem, assassino, dever ter os seus motivos, que a sua consciência considera como justa cometer tamanha atrocidade. Mas será que os argumentos usados tem a coerência frente aos princípios humanitários? Como pode uma pessoa matar outras 80 pessoas, que não eram seus inimigos, e ainda encontrar argumentos na consciência para livrá-lo da culpa?
Faço um esforço para me colocar no lugar dele, para responder a questão que eu mesmo fiz: o que justifica tu matar tantos inocentes? Então ele poderia me responder: por que tu me condenas com olhar lacrimoso, porque eu matei 80 pessoas atropeladas? Por acaso o teu presidente, que você votou nele para elegê-lo, não permitiu o roubo de bilhões de cruzados, dinheiro que evitaria a morte de milhares de pessoas pelos hospitais desabastecidos do pais ou polícias desaparelhadas para conter a violência? Será que a estatística dessas mortes são inferiores as 80 que matei? E o principal chefe de tamanha perversidade não continua livre e defendido tanto pela elite acadêmica quanto pela massa de manobra dos sindicatos pelegos ou associações aparelhadas?
Então, sensível humanista, tens razão de chorar pelas 80 mortes que causei e que os sinos repicam ao redor do mundo, mas inclua no meio de tuas lágrimas aqueles que morrem no anonimato, ao teu lado, sem repicar de sinos; acusas também esses criminosos de colarinho branco, cujas canetas deixam um rastro de mortes muito maior do que os pneus do meu caminhão. Pelo menos eu tenho um atenuante, fui abatido no ato, por balas de policiais que nem demandou os custos da justiça, enquanto seus criminosos são elogiados no congresso, recebem títulos honoríficos e são protegidos pela alta corte.
Sim, sensível humanista, talvez suas lágrimas sejam mais necessárias aí onde estás, pois no pequeno intervalo que escrevestes este texto, mais de 80 morreram no teu país, vítimas da corrupção.
Sonhos de menino, sonhos de adulto... por onde vão as convicções? Que deseja o adulto na frente do tempo? O menino ou o velho? O moço ou o idoso? O sábio ou o ignorante? O menino e o tempo. Quando Deus está no comando tudo segue como Sua vontade, e tu, homem, não sabes interpretar para onde o vento sopra, para onde vai o espírito. A Terra é cheia de miséria como erva daninha, mas que podes fazer? Que tu podes reparar? Vai, caminha, a Seara está aberta, o Senhor precisa de mãos, de braços, de pernas e tudo o mais. Deixa a preguiça e a vergonha, abandona o orgulho, vai à Seara também, a lida é tua, é chegada a hora de produzir e não tentar absorver... vais também, é tua responsabilidade de pegar no arado. As estrela brilham no Céu, porque tu também não brilhas no lodo? Não tens luz para tanto? Vais investigar e anda a produzir o que a Terra quer e pretende. Não és o instrumento de Deus? Pois é isso que Deus quer, que a Sua terra seja fecundada, que és tu que tens as sementes, afinal já colhestes demais, de tantas almas benditas que por aí já espalharam suas sementes, e também pode cultivar a tuas, em torno de Deus nosso Pai.
O tempo passa, não perdoa, não castiga, simplesmente passa e tu não podes ficar aí, somente a orar, a meditar e filosofar... tens que pegar no arado sem olhar para trás. Vai, agora é tua vez, como antes já foram as vezes de tantos. Vais sozinho ou acompanhado, tens que seguir, o caminho está aberto, por que não vais? Quem te impede, o amor que esperas? Mas, não é o amor de Deus o mais importante? Será que é outro tipo de amor? De uma mulher? Será que a boa noite vem e o dia vai, e logo tudo se inverte, e tu aí parado... o tempo passa e daqui a pouco tuas sementes secaram e nada vingou, morreu antes de nascer... é isso que queres?
Oh, noite linda nos seus mistérios, mistérios de quem não pode ver, porque tudo está escuro, pois tudo é noite.
Não és o filho da luz? Então, não te misturas com as sombras, pelo contrário, tens a obrigação de dissipar as trevas e não ser envolvido por elas...
És tu que está na berlinda, não o marginal, ou o bandido, ou a meretriz... és tu que estás aí, absorvido nos livros e não consegues agir como o Pai deseja. Não é isso que queres fazer, a vontade do Pai?
Eu sou o teu chicote, a tua provação, o advogado do diabo, que vai em tua defesa, do mal do egoísmo, da displicência... és o que queira que eu te defenda, não queres ser o instrumento de Deus? Pois o Deus que veneras é o Amor em essência, é quem está com a charrua e te chama e te chama para arar, vem, pois Ele te espera. Não sabes falar com ele? Então faz a Sua vontade, pois tu já sabe que é para lá que vais embora... já dei o meu recado, já fiz a minha parte como instrumento do Pai, pois isso é o que Ele quer que soubésseis. Eu vou embora, não sabes meu nome, não reconheces quem sou? Diogo de tal...
Ondas de amor eterno agora chegam e vão... para onde vão os sonhos, para além do norte ou do sul.
Para além de Passárgada, do poeta enviesado.
Onde estão vocês, ou nós, ou tu?
Onde está o velho que fala ou o moço que cala?
Onde estão os sonhos que não vingam, não prosperam na terra ressequida do egoísmo?
No processo da evolução o despertar da consciência é o pano de fundo por onde a compreensão da realidade de si mesmo, os objetivos da existência corporal e as ações são realizadas para o implemento movimento ascensional do espírito.
O autoconhecimento é importante para se ter a dimensão do desafio a ser vencido com esforço tenaz, identificando os recursos intelecto-morais e também os prejuízos comportamentais que já foram ultrapassados, como vícios (drogas, sexo, etc.) ou paixões primitivas.
Com o autoconhecimento a pessoa reconhece as ricas possibilidades que possui para o avanço evolutivo, tem a ampliação do discernimento, e aumenta as opções para a libertação dos atavismos perniciosos. Mas, o estímulo para o avanço ocorre mesmo com sacrifícios. Isso significa que irá ocorrer sofrimento, infelizmente muitos não querem se submeter a esse tipo de sofrimento que leva ao movimento ascensional, preferem ficar na roda viva, do sofrimento em busca do prazer supérfluo e passageiro, que não dignifica.
É preciso que haja um esforço tenaz, como um desafio a ser vencido em busca do autoconhecimento. É preciso que haja a identificação dos recursos intelectuais e morais que todos nós possuímos, que saibamos dos prejuízos que o nosso comportamento nos trouxe, como os vícios na forma do uso de drogas, do sexo, da alimentação descontrolada, das paixões primitivas, pois só assim podemos fazer o enfrentamento.
Conhecer os nossos limites íntimos é fundamental, saber das nossas ricas possibilidades de desenvolver o bem, da ampliação do discernimento sobre o que é certo ou errado, sobre o bem e o mal. Isso contribuirá para aumentar nossas possibilidades de libertação dos atavismos perniciosos. Essas condições irão servir de motivação para o avanço em nossa evolução, mesmo que isso implique em sacrifícios, em sofrimento, mas já sabemos que o sofrimento é uma das principais formas de evoluirmos.
De posse desses recursos psicológicos, já podemos fazer uma avaliação diagnóstica mais coerente de nossos caminhos e possibilidades, observar com mais clareza quais são os obstáculos impeditivos ao crescimento íntimo. Então, investir com coragem e decisão a fim de extirpar a inferioridade que produz sensação de prazer, mas que gera infortúnio, tormento, insatisfação, ansiedade... um sofrimento sem valor edificante.
A depuração dos resíduos enfermiços implica numa harmonização dos chakras energéticos, alterados pelas fixações perversas, sentimentos servis, e choques de brutalidade. Assim fazendo surgem as condições do idealismo purificador, com emoções sutis, novos contingentes mentais, e esperança nas virtudes.
Em todo esse processo está presente a seiva do amor, que enfrenta a energia vigorosa no corpo, como o instinto de posse, uso do prazer egoísta, sensação impetuosa e satisfação dos instintos. Faz a sublimação na conquista da luz, com lucidez, o despertar da consciência e a aquisição do vai-e-vem, como gozo-cansaço, prazer-arrependimento... um tormento incessante.
O avanço iluminativo que se conquista nos leva a insatisfações sistemáticas e abre a possibilidade para outras formas de bem-estar, como amizade, serviço fraternal e interesse comunitário.
A reencarnação é outra possibilidade de avanço iluminativo, pois traz o impulso de crescimento espiritual após o cansaço das perturbações, com a vivência de diversos princípios morais e as transmutações pessoais.
Podemos assim, observar para o amor em seus três estágios: o inicial, é a transmutação pessoal; o medial, que robustece os impulsos de elevação, se espraia sem exigências, é todo doação, e exala um perfume no ar de origem desconhecida; na fase superior, o amor leva a paz íntima, não necessita de retribuição, não se entorpece pelas chuvas de ingratidão, é enternecedor, agente anônimo da felicidade dos outros, rico de harmonia, e promove emoções transcendentais que dispensam o contato físico, a presença, a relação interpessoal.
Finalmente, o amor mostra o seu poder criador nas obras humanitárias, nos impulsos ideológicos, alenta o indivíduo e amadurece a psique, acalma e dulcifica, é equânime e libera dos instintos, tem origem com Deus e inicia em nós com o auto-amor.