Domingo de lazer em Touros-RN. Chegamos no sábado a noite na casa de amigos e ficamos até às 17 horas do domingo. Ampliamos o nosso circulo de amizades. Ficou acertado o retorno em outro momento inclusive para a casa de outra pessoa que firmamos amizade depois de um trabalho técnico. Foi um momento muito agradável para todos, adultos e crianças, visitantes e todos que já estavam na praia à nossa espera. Da mesma forma que ampliamos assim as nossas amizades, podemos fazer também a ampliação nossas famílias, com amizade e amor, inclusive íntimo se for o caso. Nada há que deva servir de obstáculo ao livro curso do amor, pois o amor não visa o prejuízo de ninguém, pelo contrário, visa o cuidado, a evolução, o crescimento por todos os ângulos de todos os envolvidos.
Interessante, como descobrimos erros em nosso comportamento quando decidimos os procurar. A cada dia tenho uma proposta de ser melhor do que no dia anterior. Isso me leva a descobrir o que fiz de errado no fim do dia para corrigi-lo no dia seguinte. Coisa aterradora! Descubro a cada dia erros que identifico como tais e que antes passavam despercebidos. E pior do que isso, a proposta de corrigi-los no dia seguinte não é assim tão fácil. Nem no dia seguinte, nem no outro, no outro... sei não, acho que estou dentro de uma guerra onde cada batalha até agora eu sou perdedor... Mas tenho um trunfo comigo: a esperança!
Estou enfrentando um tratamento dentário e isso também me traz reflexões. Noto que a biologia sofreu uma significativa alteração nesses 59 anos de vida que tenho. A tecnologia que existe a meu dispor ajuda a corrigir esses efeitos e manter uma estética aproximada da juventude. Será que esses efeitos, desde que não interviessem na funcionalidade, não deveriam ser respeitados? Parece que estou sendo excessivamente rigoroso nessa analise do tratamento dentário, quando existem outras áreas corretivas como nádegas, bustos, cinturas onde fervilham as intervenções para corrigir os efeitos do tempo, onde a funcionalidade em nada era alterada. Claro que eu não penso em corrigir nem um desses itens e até faço a crítica sobre isso. Deve ser por isso quando agora, me deparo com uma correção estética, procuro ver se a crítica que faço em outros setores do organismo não se aplica também aqui.
Vem a lembrança também aquela obra literária, “O retrato de Dorian Gray”, onde toda a maldade do sujeito era representada no seu retrato, enquanto ele permanecia sempre jovem e saudável. A tecnologia não termina por fazer isso por nós. A nossa imagem é constantemente corrigida e não deixa a visão real do tempo sobre nós ser vista por todos, nem mesmo por nós. É um avanço com relação a ficção.
O convívio entre os seres humanos é marcado pela disputa, geralmente envolvendo interesses materiais. Participei de uma reunião de condomínio onde cerca de 15 pessoas se reuniram para avaliar o comportamento do síndico que representa 360 pessoas, aproximadamente. Todos insatisfeitos com o comportamento do tal, mas com dificuldades de encaminhar propostas para solucionar o problema, pois antes de uma solução ser proposta já se colocavam empecilhos para sua realização.
Ficou então a reflexão. Por mais que os ensinamentos cristãos estejam à nossa disposição, que os estudemos, que os aceitemos como verdade e caminho para vivermos num mundo mais harmonizado, mesmo assim os interesses materiais e egoístas prevalecem e no calor da disputa nem uma vírgula dos evangelhos é praticada. Faço um esforço para lembrar de tudo isso quando estou dentro da discussão, mas não vejo como colocar os princípios cristãos dentro de uma discussão tão acalorada. Sei que é mais uma falha minha. O verbo cristão que está dentro da minha consciência deve se expressar nessas circunstâncias, inclusive, pois então para que serviria? Só para o meu crescimento individual? Não seria mais uma forma de egoísmo? Tenho que me preparar para isso. Na verdade não é tão fácil quanto dizer vou fazer e logo praticar. Mas vou me aquecer com leituras, preces e práticas nos relacionamentos interpessoais, para no momento oportuno...
Tenho a sensação de que cumpri o meu dever hoje, mas no entanto a consciência diz que não foi tão completa assim o dia. Fiz uma série de atividades, mas todas dentro dos compromissos materiais. As atividades espirituais não foram cumpridas no mesmo nível. O máximo que fiz foi tentar observar os atos de caridade sem o policiamento da razão. Fiquei dividido. Em algumas ocasiões fazia a caridade, mas em outras a razão encontrava razões para não dar a tão procurada moeda. Era a racionalização de que aquele serviço que queriam prestar já fora prestado há pouco tempo; que aquela bala que era vendida era para alimentar a escravização daquela criança por algum adulto inescrupuloso; que aquele outro que pedia já devia ganhar do estado alguma quantia que saia dos impostos que eu pagava de forma pesada. Assim, a sensação de dever cumprido que procura se instalar na minha consciência termina por sofrer esse rechaço da própria consciência.