Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
28/12/2018 02h01
TROTSKY (05) – MUDANÇA DE IDENTIDADE

               A cena se desloca para 1902, Irkutsk, exílio para perseguidos políticos. No início do século XIX, muitos artistas russos, oficiais e nobres foram enviados para o exílio na Sibéria por sua parte na revolta Decembrista contra o czar Nicolau I. Irkutsk tornou-se o grande centro da vida intelectual e social para esses exilados, e grande parte do patrimônio cultural da cidade vem deles, assim como muitas de suas casas de madeira, enfeitadas com ornamentos talhados à mão, que hoje sobrevivem em forte contraste com o padrão de blocos de apartamentos soviéticos que os cercam. As ruas largas, arquitetura e ornamentação continental levaram Irkutsk a ser apelidada a "Paris da Sibéria", embora os viajantes de hoje tendam a não se importar muito. Durante a guerra civil que eclodiu depois da Revolução Bolchevique, Irkutsk tornou-se o local de muitos confrontos furiosos, sangrentos entre os "brancos" (czaristas) e os "vermelhos" (bolcheviques), e uma série de marcos históricos daquela época permanece na cidade. Em 1920, Kolchak, o outrora temido comandante do maior contingente de forças antibolcheviques, foi aqui executado, o que efetivamente destruiu a resistência antibolchevique. Hoje, Irkutsk é uma das maiores cidades da Sibéria, com uma população crescente de mais de 590.000 pessoas. É o lar de diversas universidades e um ramo importante da Academia de Ciências da Rússia, graças a sua proximidade com o Lago Baikal.

               Vê-se Bronstein se aproximando de um casebre humilde onde é acolhido para se proteger do frio. É-lhe oferecido roupas melhores para não morrer no caminho.

               - B. Não precisa. Vou receber os documentos?

               - R. Faremos tudo direitinho. Vai ficar perfeito. Só escolha um sobrenome. Petrov ou Stepanov?

               Ecoa na mente de Bronstein o diálogo que tivera com Trótsky: “Não pode decidir o destino das pessoas e continuar sendo humano. Está ouvindo isso de mim, Nikolai Trótsky”

               - B. Trótski. Trótski é meu sobrenome.

               Volta a cena para o México, e o Jornalista pergunta:

               - J. Pegou o sobrenome do chefe da guarda?

               - T, Não só peguei. Eu o imortalizei. Eu o esfolei e vesti a pele dele. Como alguns caçadores fazem. E quem é o caçador? É um monstro que derrota outro monstro. Não mais. Em 1918 tive que me tornar o monstro mais temido. E fiz isso.

               - J. Isso justifica o que Stalin precisa fazer agora.

               - T. Os monstros estão divididos em duas categorias: alguns se tornam monstros pelo bem maior, outros porque gostam.

               Esta frase abre a compreensão para o conteúdo da revolução russa. De um lado a intenção saudável de libertar o povo do jugo da escravidão, de trabalho sem descanso, sem direitos, para garantir as mordomias da elite dirigente; do outro lado as ações monstruosas com o objetivo de garantir o poder dos dirigentes e tendo o povo como mero instrumento.

               - J. Sabe o que eu acabei de ouvir? Uma acusação de um leão ferido contra um adversário mais forte. Porque foi Stalin que construiu o mundo que todos sonhavam. Ele conseguiu, e você falhou.  

               - Natália, esposa de Trótski. Querido, é hora do seu remédio.

               - T. Natália, não quero tomar. Estou ótimo.

               - N. Leon, não discuta. Sabe que não adianta.

               - T. Viu, Jacson? Não é só você que não reconhece minha autoridade.

               - J. Acho que sua esposa o vê como um homem comum que precisa dormir, comer e tomar remédio.

               - T. Está enganado. Tenho certeza de que sou para ela muito mais que um homem comum.

            Trótski não desenvolve falsa modéstia. Não conseguimos ver pessoas em busca do poder para ajudar de verdade a humanidade. Mesmo que os discursos sejam nesse sentido, a prática de quando se assume o poder muda radicalmente, como pudemos observar nos 13 anos de governo do PT e seus associados, que quase destruíram o Brasil e destroçaram suas instituições, financeiras, políticas e jurídicas.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/12/2018 às 02h01
 
27/12/2018 02h01
ABRAÇOS

               Um abraço aproxima dois corações... relembra duas histórias... renova duas emoções... ninguém sabe o que isso provoca em cada mente, por onde voam os pensamentos. Será que o aconchego de segundos que o abraço provoca, leva a mente à memória de dias de aconchegos contínuos, quando a paixão incendiava as correntes sanguíneas cheias de adrenalina e tudo se sublimava na permuta de fluidos misturado com a lubrificação do suor na fricção dos corpos?

               O coração agora bate feliz com a migalha dos sentimentos que recebe hoje, pois não tem mais a esperança de concretizar o que só existe na memória. Tenta lembrar agora o que fez desviar do caminho, porque uma paixão tão forte, que criou tão esplendoroso amor dentro do peito, de alguma forma se esvaiu... sangrou em hemorragia das lágrimas internas, que ninguém via, e que nem ele mesmo sentia...

               A mente agora faz acrobacias para deixar registrado no maior tempo possível uma faísca do que um dia foi labareda. O tempo, senhor do destino, carrasco de sonhos, se mostra incorruptível e decreta sem nem mesmo dar a oportunidade de ser pedido: nada será como antes!

               Não se pode apagar os erros e reconstruir o passado. O que se pode é pegar o presente e construir um novo futuro, um novo sonho. Pode se pegar cada abraço que se consiga no presente, por mais fugaz e frágil que seja, como tijolos sentimentais. Serão guardados no coração com a argamassa da tolerância e da paciência.

               Quando o tempo destruir o corpo, o espirito levará consigo toda a energia sentimental que acumulou, mesmo que não possa dar o abraço material, não possa sentir a excitação dos instintos. Será guiado pela vibração do amor e no momento oportuno a simbiose fluídica será alcançada, agora, sem as exigências da carne. O abraço, dentro deste contexto, será sutil, cada alma se complementa uma na outra e como um par de asas se desloca pelo universo. A curiosidade de um será alimentada pela ousadia do outro. A ignorância de ambos irá em busca dos oceanos de conhecimento. Desde os sóis crepitantes nas galáxias mais distantes, até a fofura das nuvens que cobrem a Terra, de formatos enigmáticos, a força da semente que empurra seu caule em direção da luz, a criança que ri, o velho que chora...

               Sentem-se agora mergulhados dentro de Deus, que o brilho de ambos afasta as trevas e constrói novos mundos, e cada fagulha de amor guardadas dentro de si criam novos seres espirituais, que se desenvolverão e um dia estarão como eles um dia foram, apaixonados na roupagem da carne, cometendo erros e procurando abraços.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/12/2018 às 02h01
 
26/12/2018 02h01
TROTSKY (04) – CONFRONTO DE IDEIAS

               A cena volta ao México. Trotsky continua a conversa com o jornalista.

               -T. Você pode até considerar minhas ações muito cruéis, mas eu não queria apenas disciplina, eu buscava a maior expressão de amor. Sim! Você ouviu bem, amor. O inimigo era um poder fatal. Enquanto eu era um poder que podia punir, mas também podia perdoar.

               -F. Queria ser um segundo Deus para os seus soldados?

               -T. Segundo? Não, Jacson. Pense grande. Eu precisava substituí-lo. Deus é uma convenção. Ninguém nunca o viu. E eu estava próximo dessas pessoas, no mesmo nível. Era mais fácil acreditar em mim. E acreditaram.

               -J. E se virassem as baionetas contra você?

               -T. Havia essa possibilidade. No entanto, fizeram o contrário. Mataram nosso inimigo.

               -J. Não entendo.

               -T. Eu também não entendia. Até que conheci o homem que me explicou.

               A cena recua no tempo. Odessa, maio de 1898. Trotsky está na prisão. Um companheiro é jogado brutalmente para dentro da cela. Cai sobre a mesa... ferido... inconsciente. Bronstein, um dos prisioneiros, se aproxima do homem, agasalha sua cabeça ferida com o chapéu. Murmura, - Desgraçados! Pega sua caneca e fica batendo ritmado na mesa. Os colegas timidamente vão se aliando ao toque. Trotsky se dirige à porta, batendo com a caneca e exigindo: - Queremos Trótsky! Trótsky! Trótsky! Trótsky! O murmúrio se transforma cada vez mais em alarido: Trótsky! Trótsky! Os guardas surgem, e como não conseguem controlar os revoltosos, o oficial manda buscar Trótsky. (Nicolai Trótsky – Chefe da Guarda da Prisão de Odessa em 1898) Informa o soldado Demidov ao chefe Trótsky que os prisioneiros parecem cães raivosos. E sincronizados como um relógio!

               - T. Calma, Demidov. Calma. Quem é o líder?

               - D. O judeu do 17º, Bronstein.

               - T. Político?

               - D. Sim, senhor.

               O chefe da guarda manda abrir o portão e fica frente a frente com Bronstein. Entra sem falar com ninguém. Os prisioneiros também abrem passagem, todos calados, atemorizados.

               - T. Por que esse barulho todo?

               - B. Exigimos que parem de bater nos presos. Exigimos atendimento médico imediato para o companheiro Sivoronov. Exigimos que punam os culpados. Além disso...

               - T. Um judeu?

               - B. Para nossas exigências isso é irrelevante.

               - T. Deve jogar xadrez.

               - B. Para nossas exigências...

               - T. Faça-me um favor... jogue uma partida comigo.

               Os soldados levam Bronstein com brutalidade para a sala de Trótsky. Este fala enquanto arruma as peças no tabuleiro.

               - T. Estou cercado de medíocres. Não tenho com quem praticar raciocínio lógico.

               Trótsky, pega duas peças do tabuleiro, uma branca e outra preta para fazer o sorteio de quem iria sair primeiro no jogo. Trótsky manobra para ficar com as peças brancas, pois tem a vantagem do primeiro lance. Puxa conversa com Bronstein.

               - T. Bronstein, você é um fenômeno. É verdade, meu amigo. Um fenômeno. Em 27 anos trabalhando em prisões russas, não lembro de ter visto um judeu insignificante organizar uma rebelião de ladrões russos. Sabe que atrocidades seu querido Sivoronov cometeu?

               - B. Sr. Trótsky, não importa qual foi o crime dele. Tanto faz. Ele é um ser humano. Ele tem direitos. E vocês o oprimem. E todos os oprimidos lutam por liberdade e justiça.

               Este diálogo é fundamental para o esclarecimento do raciocínio lógico entre Trótsky e Bronstein. Trótsky tenta justificar o espancamento de Sivoronov pelo grau de crime cometido e assim pela periculosidade em potencial. Bronstein nivela-o a todos que estão na prisão, que devem ter os mesmos direitos, pois é um ser humano como todos, que tem direitos, que não pode ser oprimido, e se for oprimido deve lutar por liberdade e justiça. Então, um crime grave deve ter o mesmo nível de punição de um crime leve? A prisão é um local de garantia de direitos quando o criminoso está ali por não ter respeitado o direito do próximo? Essa linha de raciocínio é a mesma linha dos Direitos Humanos que garante ao preso no Brasil um salário, onde, por outro lado, sua vítima não é acolhida e passa por dificuldades, inclusive financeira. O cidadão comum que paga seus impostos, custeia essa remuneração para o criminoso que um dia foi seu algoz. Parece que a lógica, a ética, a moral e principalmente a justiça foram escanteadas... em favor de que? 

               - T. De fato, vocês, judeus e revolucionários, não conhecem o povo russo, mas continuam tentando salvá-lo e libertá-lo. O povo russo não pode ser libertado. Ou sua alma desencadeará uma escuridão que devorará o mundo. Mas primeiro os libertadores. Os russos só podem ser controlados, para o próprio bem deles.

               Esse pensamento destoa da moral cristã. Qualquer ser humano pode ser libertado de sua ignorância, desde que ele deseje e tenha quem o ajude. Mantê-lo eternamente na condição de escravidão não é justo, ainda mais porque isso garante o bem-estar dos seus carrascos, o suor dos seus sacrifícios garante a mordomia de suas elites. As lições do Cristo servem para o homem controlar os seus instintos, sair da condição plena de animal e ser preparado para sair das correntes da escravidão, não como um animal o que atemoriza Trótsky, mas como um ser humano como imagina Bronstein. Só que Bronstein não considera a educação previa desse homem, animalizado e escravizado.

               - B. Mesmo que isso seja verdade, por que bater nele? Por que bater num homem que já foi preso e que está cumprindo sua sentença?

               - T. Como mais poderia controla-los?

               - B. Como? Pelo exemplo. Conduzindo-os aos ideais de justiça...

               - T. Você é débil mental? Se você com essa atitude, conseguir viver mais cinco anos, verá que só é possível controlar as pessoas através do medo. Medo é a base de qualquer ordem. Bater num homem inocente na frente dos outros é melhor do que bater em todos que perdem o medo e causam caos.

               Realmente é difícil a educação de um homem animalizado dentro de uma prisão, onde se espera se concentrarem os piores. Temos visto exemplos aqui no Brasil, inclusive no Rio Grande do Norte, dentro das prisões. Quantas missões evangélicas chegam dentro dos presídios, transformam alguns poucos, mas a maioria, brutalizada, não se mostram acessíveis, e até roubam e podem colocar como reféns a esses evangelizadores.

               - B. Não acha que isso é desumano?

               - T. É claro. Tenho muito poder. Não pode decidir o destino das pessoas e continuar sendo humano. É jovem e ingênuo demais se acha que o mundo estará disposto a segui-lo por empatia aos seus sonhos utópicos. Mas daqui a dois anos, sua ingenuidade desaparecerá e a sede de poder permanecerá. Posso ver isso em seus olhos, Bronstein.

               Verdade, como Trótsky podia ser humano tendo que punir um criminoso de características animais, mas de aparência humana. Para punir o animal na pele de humano, teria que ser visto como desumano, pelos humanos que estão testemunhando. A argumentação sobre a ética e moral não consegue transformar pessoas tão incrustadas na ignorância, desde a infância, acostumada com todo tipo de crime para a sobrevivência e manutenção de prazeres escusos.      

               - B. Suas palavras são bonitas, mas são desmentidas por tudo que está acontecendo. E você, por conta do seu fanatismo chauvinista, não consegue perceber. Bateu em Sivoronov para assustar os outros. E daí? Conseguiu o oposto. As pessoas se uniram e estão exigindo justiça.

               - T. Não estão mais. Escute.

               - B. Mas vão exigir. Pode ter certeza. Não fique surpreso quando a ira das pessoas o varrer e o colocar onde merece: no lixão da história.

               - T. Disso eu tenho certeza. Dai a César o que é de César. E nós, cães imundos, só podemos uivar e implorar por um osso. É a vida. No século 21, sob os gritos de uma multidão em júbilo, um camponês, um pobre coitado com um estilete na mão irá até o rosto esplêndido da Madona Sistina e desfigurará seu rosto em nome da igualdade e fraternidade. Também tem essa visão?

               - B. Não. Essa é a sua visão do século 21. É seu modo de pensar de policial que só consegue pensar no pior, vendo todos como peões. Respirando quando mandam, obedecendo a ordens, essa é a visão

               - T. As palavras sobre o século 21 não são minhas. São de Dostoiévski. Ele também vai para o lixo? Bem, Sr. Bronstein... eu estava errado. Achei que havia algo verdadeiro em você, mas não. Você é só retórica. (arte da eloquência, de argumentar, de falar). Xeque-mate.

               Trótsky termina o jogo com sua vitória, chama o guarda e manda colocar o prisioneiro na solitária. O tempo passa... Bronstein sozinho, dentro das quatro paredes da solitária, aspecto de perplexidade, cai ao chão, sujo, rosto colado no solo... pensa alto... “Não sou ninguém, e quando eu derreter sob o quadrado de luz do céu, terei morrido sem nenhuma sentença e surgirei como prisioneiro de novo. E dia como noite, e noite para sempre. Mas tenho fé na humanidade, a única coisa que me mantém são”. Invade a sua mente as palavras de Trótsky e o alarido dos colegas de prisão, imagens da infância, de abandono: “Só é possível controlar as pessoas através do medo, Trótsky! Trótsky! Trótsky!” Volta à mente as suas reflexões acompanhadas por imagens de escorpiões e serpentes... “...e surgirei como prisioneiro de novo. E dia como noite, e noite para sempre. Mas tenho fé na humanidade, a única coisa que me mantém são.”

               - B. Pai, é você?

               - T. Sou eu. Quem mais seria? Então, Bronstein? Aprendeu a lição?

               - B. Aprendi. Eu juro que sairei daqui e destruirei seu mundo imundo.

               - T. Isso não vai acontecer. O mundo imundo está dentro de você. Lembre-se disso, Leiba. Está ouvindo isso de mim, Nikolai Trótsky, que pode acabar com você agora mesmo.

               Os dois estão com a verdade, tanto Trótsky que podia acabar com a vida de Bronstein dentro daquela solitária, quanto Bronstein que disse que aprendera uma lição capaz de destruir o mundo de pessoas como Trótsky.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 26/12/2018 às 02h01
 
25/12/2018 02h01
POR QUEM JESUS SOFREU

Quando olho na cruz aquele homem

Machucado, sofrido, humilhado

Coberto de sangue e suor

Descoberto de roupa, quase nu

 

Pergunto, o que houve? O que é isso?

Que tal crime foi por ele cometido

Qual barbárie foi por ele conduzida

Para a justiça punir com tão dureza?

 

Logo alguém me explica paciente

Esse homem não queria ter riqueza

Curava ou ensinava qualquer um

E amava sem querer nada em troca

 

Não entendi porque isso era crime

Não entendi porque isso ele fazia

Seria louco? Pensei, mas era douto

Meditei... meditei... e encuquei!

 

Ao ler no Evangelho suas obras

Entendi o que antes não sabia

Foi o Pai que pediu pra ele vir

E ensinar como era o Seu reino

 

Hoje que sinto meu peito construindo

Este reino que Jesus nos ensinou

Chego enfim a tardia conclusão

Foi por mim que também ele sofreu

 

E como posso agradecer tal benefício

Neste dia que festeja o seu nascer?

Amar a todos que de mim se aproxima

Como a ele fosse dado o meu amor

Publicado por Sióstio de Lapa
em 25/12/2018 às 02h01
 
24/12/2018 02h01
AVISO DA ESPIRITUALIDADE SUPERIOR

               Cuidado quanto as queixas constantes das nossas dores. Se desejamos a cura espiritual devemos aprender a não falar excessivamente de nós mesmos, nem comentar a própria dor, pois lamentação é enfermidade mental de tratamento difícil. Devemos disciplinar nossa língua, pois quanto mais falamos das coisas dolorosas que nos aflige, mais duros se formarão os laços que nos prenderão a lembranças mesquinhas.

               Devemos ter a família nuclear como sagrada construção, mas sem esquecer que ela é apenas uma parcela da família universal que está sob a direção divina.

               O Espírito Santo está sempre pronto para colaborar na resolução de nossas dificuldades atuais e na construção do futuro, mas não dispõe de tempo para ouvir lamentações.

               Todos temos o compromisso com o trabalho árduo como bênção de realização. Se desejamos avançar na evolução espiritual, temos que aprender a pensar com justeza. O Pai já nos proporcionou boas situações, a família que precisamos, uma base monetária suficiente, recursos lícitos para estender os benefícios aos entes amados, e aos mais próximos. A dor constitui possibilidade de enriquecer a alma e a luta é caminho divino para a realização espiritual. As almas fracas, ante o serviço, se queixam, as fortes o abraçam como patrimônio sagrado para o caminho da perfeição.

               A saudade é o amor que fica, é sentimento justo e sublime, mas o pranto de desesperação não edifica o bem. Se amamos a família adquiramos bom ânimo, para lhe ser útil. Entendamos que dentro da família existem problemas, como existem dentro de nossa individualidade. Até mesmo os pais, pessoas mais próximas de nós, têm os seus problemas e que muitas vezes nos atingem. Como devemos reagir? Com atitudes de amor ou de ódio? Queremos a ajuda de quem? Das trevas ou da luz?

               Se aprendemos que o nosso Pai é Luz e que sua essência é o amor, não podemos sair desse caminho se alguém ao nosso lado ou à distância desviou e cometeu os seus pecados. E para essa pessoa, quanto mais próxima de nós, mais merece o nosso perdão, compreensão das suas fraquezas e objetivo de nossas orações. Quando nos dirigimos ao Criador de coração aberto, sem ódio, sem sentimentos de vingança, mas com compaixão e fraternidade, pela oração sempre receberemos a ajuda que precisamos, para nós e para quem se mostre merecedor.

               Agradecemos neste dia, véspera do aniversário do nosso Mestre Jesus, por essas lições que Ele nos deixou, mesmo com todo sofrimento que nossa ignorância fez Ele passar, mas nunca nos abandonou, sempre nos perdoou... sigamos o Seu exemplo, como bons alunos que queremos ser.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/12/2018 às 02h01
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