Vamos verificar a condição espiritual que estamos dentro dela há muito tempo, que é a Batalha Espiritual entre a humanidade e as forças das trevas. Deus, querendo que essa Batalha fosse encaminhada ao nosso favor e não para o lado dos demônios, mandou a Luz para a Terra, para nos iluminar, na forma de Jesus, o seu filho mais aperfeiçoado. Mas desde a Sua vinda, não faltou atribulações ao Seu redor. Foi nascer em Belém num dia que a cidade estava lotada, não conseguia os seus pais um lugar para ficar, com muito esforço foi cedido uma estrebaria. Nasceu entre os animais e logo teve que fugir para o Egito para se salvar do massacre das crianças promovido por Herodes. Depois que voltou para a Galiléia aprendeu o ofício do pai e o ajudava até completar os 30 anos, quando sentiu que devia cumprir sua missão. Foi até o Jordão onde João Batista profetizava para ser batizado por ele e logo em seguida foi para o deserto onde ficou 40 dias sendo provado a sua firmeza, recebendo constantes tentações do demônio.
A Luz estava enfim, chegando ao homem e nestes três anos de lições que Jesus nos legou, vou ressaltar uma delas, a que foi dada no final, no seu último dia entre nós. Jesus sentindo que iria ser preso e passar por todo aquele sofrimento físico, entrou em forte angústia e procurou sair para orar e meditar. Escolheu para ir com Ele os discípulos mais próximos: João, Tiago e Pedro. Chegaram ao pé do monte e Jesus pediu para os três ficarem orando e vigiando enquanto Ele subia para o Horto das Oliveiras. Após seu angustioso momento de oração, Jesus desceu e viu que os três discípulos estavam dormindo. Reclamou da situação e disse que precisava voltar mais uma vez para completar suas orações. Os discípulos se desculparam e disseram que isso não iria se repetir, eles ficariam orando e vigiando como o Mestre orientou. Porém, mais uma vez os discípulos não conseguiram cumprir o que prometeram. Antes que pudessem se justificar outra vez frente ao Mestre, eis que chegam os soldados tendo a frente Judas, que com um beijo sinaliza quem era aquele que os soldados deviam levar preso.
João, o mais sensível e dedicado dos apóstolos, assumiu uma culpa enorme em sua consciência, tanto assim que ela venceu o medo que afastou todos os discípulos da proximidade com o Mestre nos momentos cruciais da crucificação. Somente João estava presente ao lado de Maria, a mãe do ironizado “Rei dos Judeus”.
Uma noite em que João em sua cama se debatia com os remorsos da culpa, Jesus apareceu em seus sonhos. Pediu para ele rever todo o processo dramático daquele momento da crucificação, quando ele podia ter fugido, mas permaneceu firme e sozinho, e parecia ouvir a voz do Mestre mais uma vez dentro da sua mente: “Olha, João, nenhum dos que tanto ajudei e curei, ninguém dos que ouviram minhas lições estavam comigo... Eu tive que enfrentar sozinho o auge de minha decisão de cumprir a vontade do Pai. Mesmo Eu desejando que os amigos ficassem orando e vigiando, o Pai fez vocês dormirem, Eu teria que sozinho ser capaz de cumprir a minha determinação, sem ser “empurrado” por ninguém.”
Então, temos que compreender isso aqui em AA... nós devemos evoluir com a ajuda de todos, claro, como Jesus teve ajuda para implementar o seu ministério. Mas chega um momento crucial onde nossa decisão, pessoal, individual, solitária, é importante para o seguimento de nossa evolução. Eu tenho que decidir para onde eu quero ir, e ninguém pode fazer isso por mim, nem me “empurrar” para onde eu ainda não queira ir.
Estamos neste ponto da Batalha Espiritual: Jesus espalhou a Luz a partir da Galiléia e as trevas encontraram outra estratégia para ocultar a Luz. Criou o alcoolismo, a partir de uma droga fácil de encontrar e fácil de entorpecer os sentidos e o raciocínio do homem. Porém, Deus vendo o sofrimento do Homem dentro dessa prisão do alcoolismo, intuiu que duas pessoas alcoólicas pudessem conversar sobre o problema e sentirem o surgimento de Seu poder entre eles, o Poder Superior. Bill e Bob perceberam que ali estava a “luz no fim do túnel” e criaram a irmandade de Alcoólicos Anônimos. Cada sala de AA que existe ao redor do mundo, corresponde a um farol de luz pronto para guiar quem navega na escuridão. Agora, quem está operando este farol? Somos nós! Se nós não estivermos aqui para abrir a sala, quem estiver lá fora, perdido no mar das trevas, não vai se salvar. Esta responsabilidade é grande. Deus faz sua vontade acontecer através dos homens de boa vontade. Portanto, nós somos instrumentos de Deus, aqui nesta sala para fazer com que a oração de tantos pais, mães, filhos, esposas, maridos, possam fazer com que seus entes queridos que estão à deriva do mar trevoso, consigam ver a Luz, o alcoólico chegar na sala e tomar sua decisão. Aí, companheiros, não cabe mais a nós participar dessa decisão de não mais tomar o “primeiro gole” e de ser um membro efetivo da irmandade. É responsabilidade individual, solitária, e a pessoa assumir as suas consequências.
Fui escolhido pela graça divina para nascer de um casal que iria ter filho pela primeira vez. Quando cheguei ao útero e a mãe sentiu os primeiros sintomas, foi grande a alegria quando os testes confirmaram a gravidez. Os pais, os avós, amigos e até a bisavó, todos entraram no planejamento de grandes festas. Mas, infelizmente cometi um erro bioquímico... percebi que minhas estruturas biológicas não estavam se desenvolvendo como havia planejado a engenharia divina, e logo adverti ao Pai e roguei que Ele me fizesse nascer de novo, eu não merecia viver com aquele aleijão e nem os meus pais também mereciam passar por tais provações durante toda minha vida. O Pai viu que eu tinha razão e acolheu o meu pedido. Sem esperar, nem saber o que estava acontecendo, a minha mãe observou o sangramento e a minha partida precoce. Ela não sabia o que se passou e a tristeza foi grande, tanto para ela quanto para todos que já participavam da alegria da minha vinda à luz. Portanto, pedi mais um favor ao Pai, para que de alguma forma eu pudesse mandar um recado ao mundo material, e Ele atendeu...
Mãe, pai, não fiquem tristes nem desesperados. O que aconteceu foi a vontade de Deus que aos meus rogos viu que não era justo todos nós passássemos por sofrimentos desnecessários. Permitiu que eu saísse do ventre e pudesse voltar em outro momento, e que eu fosse mais sábio para evitar o erro que aconteceu. Portanto, vendo que há sofrimento onde deveria haver alegria, o Pai permitiu que eu mandasse este recado. Mesmo porque, a tristeza de vocês termina por interferir na minha alegria pelo Pai ter atendido o meu pedido. Quero nascer novamente entre vocês, mas com condições de aprender, brincar e rezar... assim, minha mãe, desculpe o meu primeiro erro dentro de sua vida, e agradeçamos ao Pai a oportunidade que Ele está nos dando de eu nascer de novo. Este é o grande presente que recebemos do Pai, minha mãe, o dom da vida. Mas vida com saúde, com capacidade de perceber toda a beleza da natureza... esperem por mim!
UM texto que iremos reproduzir logo abaixo, circula nas redes colocando o COAF na berlinda. Manobras trevosas para manter as iniquidades ocorridas no Brasil e que querem se perpetuar, ou simplesmente a funcionalidade de um órgão que mostra o trabalho que faz? Cada leitor poderá tirar suas conclusões após a leitura.
A esperteza sórdida do COAF
2018-12-07 | Dirceu Pio
Eis que o COAF decidiu vencer as trevas onde foi mantido durante os 15 anos da Era PT para fazer uma primeira denúncia: um ex-assessor do filho do presidente eleito, Flávio Bolsonaro, também eleito senador pelo Rio de Janeiro por mais de 4 milhões de votos, movimentou em sua conta bancária pouco mais de um milhão de reais, valor incompatível com sua renda...
Antes que me acusem de proteger ladrões, digo que cabe ao jornalista denunciar qualquer tipo de irregularidade em qualquer tempo, atinja quem atingir, mas não dá para escrever sobre esse caso sem mencionar o que ele contém de sordidez.
Ao aceitar o convite para o super Ministério da Justiça, o juiz Sergio Moro reivindicou – e Bolsonaro aprovou imediatamente – que o Coaf migrasse da Fazenda para a Justiça.
Houve reações destemperadas contra, é claro...
ESTE É O COAF
Pra quem não sabe, o Coaf – Conselho de Controle de Atividades Financeiras foi criado no último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso (2003) sob inspiração das leis italianas de combate à corrupção...
Foi feito para funcionar assim: o sistema bancário identifica movimentações suspeitas – aqueles depósitos, por exemplo, de dinheiro graúdo por pessoas aparentemente sem renda ou nada que os justifiquem – e avisa o Coaf...Este recebe as denúncias, analisa e decide se investiga a origem do dinheiro ou não...
Na Itália, é sabido que o combate à corrupção ganhou corpo e eficácia após o funcionamento do Coaf...
NO LIMBO
No Brasil, espertamente, ambos os governos do PT dependuraram o Coaf no Ministério da Fazenda, primeiro sob as asas de Antônio Palocci Filho e depois sob as asas de Guido Mantega, ou seja, deixaram duas raposas tomando conta do galinheiro...
Ainda durante o governo Lula foram divulgados alguns balanços das atividades do Coaf: o volume de denúncias realizadas aqui durante um ano da atividade correspondia ao volume de algumas horas de funcionamento do Coaf italiano...
SORDIDEZ
O sórdido da história está no fato de um organismo que se manteve em estado de dormência durante 15 anos e enquanto se desenvolvia o período da corrupção mais ampla, deslavada e escancarada da história da República, desperta para revelar, com alarde, um caso suspeito de movimentação financeira...
E o faz quebrando todas as regras que estabelecem seu funcionamento: primeiro receber a denúncia; depois analisar cuidadosamente se é ou não o caso de ser investigada; depois investigar; por último, relatar ao ministro competente que, em nome da transparência, deve divulgá-la...
Três objetivos escusos só podem estar por trás dessa denúncia:
1) - trazer embaraços ao novo governo ainda em formação...
2) - desgastar o presidente eleito e sua família
3) - abortar a transferência do Coaf para a Justiça...
Pelo andar da carruagem, o Brasil não corre nenhum risco de dar certo!
Do meu ponto de vista, discordo apenas do autor quando é afirmativo ao dizer que o Brasil não corre nenhum risco de dar certo. Acredito que temos condições agora de dar certo, o novo governo tem boas intenções e resta a população fazer o enfrentamento nesse tipo de narrativa que tenta bombardear as ações que já começam a acontecer. Cada pessoa que recebe algum tipo de benefício antiético deve reconhecer a situação negativa em que está envolvido e procurar se situar dentro dos limites evangélicos, sabendo que se sua mente que estava envolvida em iniquidades não suporta uma conversão para sintonizar com o justo, e pensa que está dentro da lei, é engano. A justiça divina é superior e dessa ninguém escapa.
Como será essa virtude? Como podemos conservá-la intacta no coração? Será que somente os homens cultos podem conhece-la e mantê-la com todos seus benefícios? Ou será que basta a nossa vontade para que a confiança em Deus esteja viva em nós? Será que é uma virtude apenas para os que a desejam?
Jesus esclarece, dizendo que pertence, principalmente, aos que trabalham e confiam. Tê-la no coração é estar sempre pronto para Deus. Não importam a saúde ou enfermidade do corpo, não tem significação os infortúnios ou os sucessos felizes da vida material. A alma fiel trabalha confiante nos desígnios do Pai, que pode dar os bens, retirá-los e restituí-los em tempo oportuno, e caminha sempre com serenidade e amor, por todas as sendas pelas quais as mãos generosas do Senhor a queira conduzir.
Mas, como discernir a vontade de Deus, naquilo que nos acontece? Há muitos criminosos que atribuem à Providência os seus feitos delituosos e também uma legião de pessoas inertes que classificam a preguiça como uma fatalidade divina.
Jesus explica que a vontade de Deus pode ser conhecida pelas palavras dos profetas, por meio dos conselhos sábios e das inclinações naturais para o bem. É também a que se manifesta a cada instante da vida, misturando as alegrias com as amarguras, concedendo a doçura ou retirando-a, para que a criatura possa colher a experiência mais luminosa no caminho mais espinhoso. Ter fé, portanto, é ser fiel a essa vontade, em todas as circunstâncias, executando o bem que ela nos determina e seguindo-lhe o roteiro sagrado, nas menores curvas da estrada que nos compete percorrer.
Acredito que estou desenvolvendo essa fé, pois tudo que acontece eu compreendo que seja a vontade de Deus se manifestando em minha vida. Da mesma forma, toda pessoa de fé será, agora ou mais tarde, o irmão querido, de sabedoria e de sentimento, uma qualidade de lealdade ao Pai.
Sei que não somos perfeitos e não posso julgar a fé de ninguém. Podemos encontra-la no peito exausto dos mais infelizes ou desclassificados do mundo.
Também podemos refletir colocando dúvidas na fé: onde estava aquele Deus amoroso e bom que oferecia ao filho dileto apenas uma cruz? Por que motivo Ele não rasgou as cortinas do horizonte para que Suas legiões de anjos salvassem do crime da multidão inconsciente e furiosa o Mestre amado? Que Providência era aquela que não se manifestava no momento oportuno? Deus guarda todo o poder sobre o mundo, e como explicar Ele tolerar todo espetáculo sangrento sobre o Seu Enviado, amorável e carinhoso, conduzido para o madeiro infame sob impropérios e pedradas? O prêmio do Cristo foi somente aquele monte da desolação reservado aos criminosos? Podemos imaginar... aquelas mãos que haviam semeado o bem e o amor, agora agarradas à cruz como duas rosas ensanguentadas. A fronte coroada de espinhos era uma ironia para a figura sublime e respeitável do Mestre. Seu peito trêmulo, ofegante, seus ombros pisados e doloridos... valera a pena haver distribuído, entre os homens, tantas graças do Céu? O malfeitor que assalta o próximo, de todas as maneiras, parece ter maiores e mais duradouras compensações.
Ninguém a quem tanto ajudou estava próximo do Mestre, solidário com suas dores. Aqueles leprosos que haviam recuperado o dom precioso da saúde, os cegos que conseguiram ver os quadros coloridos da vida, os aleijados que haviam cantado hosanas à cura de seus corpos defeituosos, estavam agora ausentes, fugiam ao testemunho. Valera a pena praticar o bem?
Quem havia sido mais fiel ao Pai que Jesus? Entretanto, a sua recompensa era a cruz do martírio! Como ter fé em tais circunstâncias? Se pudéssemos dar um zoom naquela cena última da crucificação, veríamos com surpresa que o Messias lançava um olhar enternecido sobre um dos ladrões que o fitava afetuosamente. Teríamos percebido que a voz débil do bandido se elevava para o Mestre:
- Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino!...
O olhar caricioso do Mestre podia dizer sem palavras:
Vês, incrédulos de todos os tempos? Quando todos os homens da lei, doutores, acadêmicos, nobreza e sacerdotes não me compreenderam, e quando todos que ajudei e os meus próprios discípulos me abandonaram, eis que encontro a confiança leal no peito de um ladrão!...
Esta é uma lição profunda que consigo entender somente a superfície, mais sei que tem ainda maior conteúdo a conhecer sobre a fé. Por enquanto fico satisfeito com o nível em que me encontro, sabendo que tenho que me esforçar ainda mais para adquirir racionalmente mais conteúdo sobre essa virtude.
Uma das lições evangélicas que vim compreender agora foi a da indiferença dos entes queridos com o aceite que fazemos de nossa missão frente ao Pai.
Jesus subiu ao Monte das Oliveiras para meditar, na companhia de Pedro, Tiago e João. O Mestre disse que essa era sua derradeira hora com eles. Pediu que eles orassem e vigiassem consigo para que Ele tivesse a glorificação de Deus no supremo testemunho.
Assim dizendo afastou-se, a pequena distância, onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar. Pedro, João e Tiago estavam profundamente tocados pelo que viam e ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou:
- Oremos e vigiemos de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se Ele aqui nos trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a grandeza da sua confiança em nosso auxílio.
Puseram a meditar silenciosamente. Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no decurso da oração.
Passados alguns minutos, acordaram, ouvindo o Mestre que lhes observava:
- Despertai! Não vos recomendei que vigiásseis? Não podereis velar comigo, um minuto?
João e os companheiros esfregaram os olhos, reconhecendo a própria falta. Então, Jesus, cujo olhar parecia iluminado por estranho fulgor, lhes contou que fora visitado por um anjo de Deus, que o confortara para o martírio supremo. Mais uma vez lhes pediu que orassem com o coração e novamente se afastou. Contudo, os discípulos, insensivelmente, cedendo aos imperativos do corpo e esquecendo as necessidades do espírito, de novo adormeceram em meio da meditação. Despertaram com o Mestre a lhes repetir:
- Não conseguistes, então, orar comigo?
Os três discípulos acordaram envergonhados. Antes, porém, que pudessem justificar de novo a falta, um grupo de soldados e populares aproximam-se, vindo Judas à frente, que avançou e depôs na fronte do Mestre o beijo combinado, ao passo que Jesus sem denotar nenhuma fraqueza e deixando a lição de sua coragem e de seu afeto aos companheiros, perguntou:
- Amigo, a que vieste?
A sua interrogação, todavia, não recebeu qualquer resposta. Os mensageiros dos sacerdotes prenderam-no e lhe amarraram as mãos, como se tivessem tratando com um bandido comum.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba diminuíram o entusiasmo e o devotamento dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte de Pilatos ao Palácio de Herodes, viu-se o condenado exposto ao insulto e a zombaria. Com a exceção de João, que se conservou ao lado de Maria o último instante, todos os que integravam o reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição, alguns se ocultavam nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais, seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor.
O Messias, no entanto, coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem qualquer queixa, deixando-se sacrificar, sem qualquer reprovação aos que haviam o abandonado na hora última. Conhecendo que cada criatura tem o seu instante de testemunho, no caminho da redenção da existência, observou as mulheres piedosas que o cercavam, banhadas em lágrimas.
Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente o decisão do Céu, sem que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora.
Apesar da demonstração de heroísmo e invencível amor, que ofereceu do alto da cruz, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo medo.
João, em suas meditações acerca do Messias, entrou a refletir maduramente sobre a oração do Horto das Oliveiras, perguntando a si próprio a razão daquele sono inesperado, quando desejava atender ao desejo de Jesus, orando em seu espírito até o fim das provas ríspidas. Por que dormira ele que tanto o amava, no momento em que seu coração amoroso mais necessitava de assistência e afeto? Por que não acompanhara Jesus naquela prece derradeira, onde sua alma parecia apunhalada por intraduzível angústia, nas mais dolorosas expectativas? A visão do Cristo ressuscitado veio encontra-lo absorto nesses amargurados pensamentos. Em oração silenciosa, João se dirigia muitas vezes ao Mestre adorado, quase em lágrimas, implorando-lhe perdoasse o seu descuido na hora extrema.
O tempo passou, sem que João conseguisse esquecer a falta de vigilância na véspera do martírio.
Certa noite, após as reflexões costumeiras, sentiu ele que um sono brando lhe anestesiava. Como se tivesse vivendo um sonho, verificou que o Mestre se aproximava. Toda sua figura se destacava na sombra, com divino resplendor. Com palavras serenas e sorriso dos tempos passados, disse-lhe Jesus:
- João, a minha solidão no Horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados. Com essa lição, o discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem que ser solitária, uma vez que seus familiares e companheiros de confiança se entregam ao “sono da indiferença”! doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar!...
Entendo assim, com a lição, que os discípulos não tiveram culpa. Eles quiseram ficar atentos, vigiar e orar como Jesus pedira, mas o Pai enviou uma sonolência para que o Mestre ficasse sozinho, pois Ele deveria exemplificar a lição.
Agora entendo que nos momentos de minha solidão, quando sinto que estou fazendo a vontade do Pai e sou expulso de tantos relacionamentos, é porque esta é uma condição para a minha ascenção.