O coração não sabe falar, por isso não devo me preocupar, em dizer o nome da pessoa por quem choro... também ele não sabe pensar, só sabe sentir. A mente é quem se faz de intrometida, quer saber o nome da pessoa, por onde anda, o que faz, com quem está... se por acaso se lembra de mim...
Não, aconselho, não deixa a boca dizer o que a mente pensa que o coração sente. Não são as lágrimas quentes que banham meu rosto, motivo suficiente para a mente, detetive, querer descobrir a culpada...
Não existe culpadas... existem também pessoas que sofrem e talvez mais do que eu, por não ter sido pra elas o que elas esperavam de mim...
Fui ferido pelas palavras de acusações? Pelas ameaças? Pelas decepções jogadas no meu rosto? Até mesmo por momentos de pura agressividade, de violência, de atacar o meu corpo com unhas, dentes e tapas?
Não posso considerar meus carrascos como torturadores sem piedade, pois ao fazerem isso elas sofriam por dentro as mais intensas dores... dores no coração!
Assim como Átila deixava um rastro de destruição por onde passava, que nenhum capim nascia nos rastros do seu cavalo, também deixo um rastro de corações destroçados por quem penetro nos sentimentos, que nenhuma esperança deixo nos corações que ficam sozinhos.
E esta é minha natureza. Não posso deixar de agir assim enquanto sentir bater o coração, enquanto ele dirigir minhas motivações, enquanto ele perceber em cada pessoa que Deus envia o que existe de bondade e como cultivar os bons sentimentos, como um jardineiro responsável por diversos jardins, que não pode ficar exclusivamente para um somente.
Sei que o Pai enviará outras pessoas para que eu cultive o coração com as flores do Amor, mesmo que mais adiante quando elas tiverem radiantes e mais exigentes de atenção, eu tenha que cuidar de outras e não tenha todo o tempo disponível.
As dores de sofrer por minha ausência provoca também em mim as minhas lágrimas, mas como eu poderei dizer por quem seja? Quem no passado? Quem no futuro? Não posso individualizar...
Não posso dizer por quem choro!
Jesus ensina numa parábola o devido valor das palavras, intenções e ações. Disse que um pai tinha dois filhos e os manda trabalhar na vinha. O primeiro diz que irá, mas não vai. O segundo diz que não quer ir, mas termina indo. Jesus conclui a parábola perguntando: “Qual dos dois filhos fez a vontade do Pai?”
Com isso Ele demonstra que o importante não são as palavras, nem as intenções. O primeiro falou que ia, mas não foi. O segundo disse que não queria ir, não tinha intenção de ir, mas terminou indo. Então, prevaleceu a ação. O segundo filho fez a vontade do Pai.
Também tem aquela parábola das 10 virgens onde 5 delas esperam o noivo à noite com sua lâmpadas abastecidas de óleo, enquanto as outras 5 não cuidaram desse abastecimento. Com o decorrer da noite faltou o óleo daquelas que não se precaveram, que não agiram para deixar também suas lâmpadas abastecidas. Em vão pediram as colegas o óleo necessário, pois elas não iriam ficar desabastecidas à espera de evento tão significativo. Elas tiveram que ir em busca do óleo e quando chegaram o noivo havia chegado e estava com suas colegas.
Esta é outra lição que demonstra a importância da ação, e que cada pessoa deve agir para se capacitar a receber a devida honraria espiritual. Ninguém que faz suas ações e se torna capacitado, pode transferir essa capacitação a quem não agiu.
Julgamos as outras pessoas pelas obras, pelo o que fazem ou deixam de fazer, pelo que dizem ou deixam de dizer, mas nós mesmos, nos julgamos, só pelas intenções e quase sempre nos justificamos.
O padre Rodrigo Hurtado, diz que Santo Inácio desenvolve este tema numa meditação chamada “três binários” (que nós diríamos hoje dos três caminhos). É uma meditação termômetro, para medir como está nosso amor para com Cristo, nossa decisão de segui-lo.
A ideia é a seguinte: “se você quer seguir Jesus, tem que desempoeirar algo que recebeu lá no seu batizado faz muito tempo”. Ou seja, reavivar a sua capacidade de discernimento entre o bem e o mal e o amor por Deus, acima de qualquer outra coisa no mundo. Isso porque, com o passar do tempo, nosso coração encontra “outros amores” e nossa capacidade de discernimento vai se nublando.
Santo Inácio apresenta nessa meditação três cenários, nos quais pode se encontrar nossa vontade.
O primeiro cenário é aquele que ele chama de “covardes”. São aqueles que não se atrevem ainda a tomar uma decisão por Cristo. Até gostariam, mas esse “gostaria” não é ainda um “quero”. É um estado de desejo ambíguo. Quer querer, mas ainda não quer.
O segundo cenário é aquele das pessoas que tomaram a decisão de lutar contra o vício ou de mudar alguma conduta de pecado, mas querem mudar de tal jeito que o pecado continue. Poderíamos dizer que eles querem o objetivo: se livrar do vício do álcool, por exemplo, mas não querem os meios para alcançar esse objetivo, ou seja, se encontrar com os amigos que sempre bebem com ele, frequentar os Alcoólicos Anônimos, evitar ficar perto de bebidas alcoólicas, etc. É a luta pelo desprendimento. Queremos deixar algo mas estamos apegado aquilo. Santo Inácio chama este grupo de “trapaceiros”. Querem fazer a vontade do Pai, mas também a vontade deles. E isso não é possível. Este é o grupo dos que tentam muitas vezes deixar o pecado e voltam continuamente a repeti-lo. Querem o objetivo, mas não os meios.
Em terceiro lugar está o cenário dos “comprometidos”. São aqueles que querem desprender-se do pecado e estão dispostos a utilizar-se de todos os meios que sejam necessários para alcançar este objetivo. Esses têm um amor verdadeiro por Jesus. Esses são os que conseguem testemunhar com os fatos, com obras, suas boas intenções.
Esta é uma boa classificação para enquadrarmos aqueles que já conhecem as lições do Mestre e pensam em segui-las. Do meu lado, fazendo uma auto avaliação, posso ver que tenho uma classificação no geral e outra no particular, com cada um dos pecados que reconheço e que desejo enfrentar. Por exemplo, a gula e a preguiça. Já tomei a decisão de lutar contra eles, de mudar a conduta, mas continuo a agir de forma que eles continuam. Posso ser considerado como um trapaceiro. Por outro lado, o ciúme, que um dia eu exibia, hoje não existe nenhum vestígio. Aqui posso me considerar como comprometido.
Então, fazendo um tipo de retrospecto de tudo que faço ou deixo de fazer no meu repertório comportamental dirigido às ações ensinadas pelo Cristo, me considero situado entre trapaceiro e comprometido, me esforçando a cada dia para deixar de ser trapaceiro e me tornar totalmente comprometido. O estágio de pureza espiritual. Sei que uma só encarnação não será possível atingir esse estágio, mas lutarei persistentemente em cada encarnação que o Pai me oferecer.
Somos seres de carne e osso cujo consumo no tempo dá uma luz resplandecente que chamamos sentimentos. Tais sentimentos tem seu fulgor máximo naquilo que chamamos de romantismo, uma atração muitas vezes inevitável, inexplicável e algumas vezes inadequado de um ser por outro. Uma das formas desse sentimento se expandir e ser sentido por diversas outras pessoas, á através das canções. Tenho o exemplo de uma, não tão famosas como algumas outras, mas que estava ao meu alcance quando me veio a inspiração para produzir este texto: “São tantas coisas”, interpretada por Roberta Miranda. Colocarei os meus sentimentos masculinos à serviço dos sentimentos femininos da cantora, na interpretação das estrofes.
Irei interpretar o sentimento de uma das mulheres que tentou conviver comigo, que sabia quem eu era e mesmo assim decidiu enfrentar uma convivência, que para ela não podia ser mais conjugal, mas iria tentar como amigos, mesmo assim...
São tantas coisas
Só nós sabemos o que envolve o sentimento.
Sim, apenas duas pessoas que estão envolvidas podem avaliar o que envolve o sentimento de ambos, e assim mesmo com desníveis. Jamais um e outro irá saber com profundidade o que o outro sente a respeito de si. Podem imaginar que não são amados(as) e na verdade são... profundamente! Mas, vale o que cada um sente e não o que imagina o que o outro sente ou chega a dizer.
O nosso amor está magoado, mas eu tento
Dar a minha vida que entreguei em suas mãos
Sim, o meu amor está magoado, sempre sonhei com um companheiro que fosse só meu, que não tivesse que dividir o seu amor com mais ninguém. Sabia que ele não era assim, mas mesmo assim entreguei a minha vida em suas mãos, pensava que o meu amor iria lhe transformar, que ele não tivesse mais necessidade de amar a mais ninguém.
Nossos momentos
As nossas brigas
O nosso louco juramento
Lembro dos nossos momentos felizes, inesquecíveis... também lembro das nossas brigas que ele nunca queria ter, mas que não conseguia se comportar de modo que eu não precisasse brigar. Procuramos evitar tanto desgastes com brigas, procuramos um louco juramento de viver como amigos, de deitar na mesma cama e não aproximar os nossos corpos, mesmo que tivessem ardendo em desejos.
Este medo de perder você que amo
Me faz tão fria, indiferente às situações
Sim, tinha medo de perder você que amo... com tantas pessoas você a namorar, e eu, fria, sem ter ninguém pra me consolar nas suas ausências... fiquei indiferente as situações, às pessoas que diziam te ver a passear, a namorar com tantas outras... belas ou nem tanto!...
Vou confessar
Renunciei você de tanto louco amor
Sim, de tanto te amar tive de renunciar... me sentia usada quando chegavas perto de mim, que me cobrias com o teu corpo, sabendo que estavas com outra pessoa... será que fazia isso comigo por dever? Por compaixão? Por necessidade fisiológica? Disse que me sentia usada, como um objeto, que renunciava você... meu amor, louco por exclusividade, não consentia a divisão... você entendeu, me respeitou... nunca mais me cobriu com o seu calor... nunca mais me tocou nas minhas intimidades...
Mesmo morrendo sufoquei a minha dor
Num quarto escuro do meu ego sem respostas
Cometi o suicídio emocional. Senti a morte, mas sufoquei a minha dor. Ele não via lágrimas nos meus olhos, não ouvia reclamações. Eu me recolhi neste quarto escuro do meu ego, não tinha respostas. Nem Deus conseguia aliviar o meu sofrer, minhas orações caiam no vazio
Não acredito, que conheci você acaso do destino
Foi Deus que trouxe e te pôs no meu caminho
Pra me mostrar que não sou nada sem você
Passei a desconfiar de Deus. Não foi simplesmente o acaso do destino eu ter conhecido você. Ainda era uma menina. Você adulto e casado. O que Deus queria com isso? Mostrar que eu era nada sem você? Que Pai perverso é esse, que me mostra o príncipe encantado para logo em seguida eu perceber que era um sapo enfeitiçado? Que para eu ter o príncipe era necessário ter que beijar o sapo? Que nessa lagoa da vida eu não era nada sem o sapo ou o príncipe?
São tantas coisas
Temos até plateia contra e a favor
Apostadores da nossa grande dor
Metade amigos que aplaude e nos devora
O mundo continua a girar apesar de nossa dor... sim, vejo também nos seus olhos enxutos e nos lábios sorridentes, uma sombra de dor... não sou apenas eu que sofro, devo ser honesta com o que percebo. A plateia ao nosso redor também percebe, e chega a aplaudir a dor que nos devora, da mesma forma como no passado eram aplaudidos aqueles que morriam sob as presas dos leões, nos circos romanos... vou morrer como eles... cantando a minha dor!.
Só mesmo o amor
De corpo e alma pra vencer esta batalha
Seguirmos juntos e quebrar esta muralha
Eu falhei... somente o amor de corpo e alma poderia vencer essa batalha, e seguirmos juntos pra quebrar esta muralha... mas, expulsei você de minha vida! Seguimos agora separados, continuo cada vez mais desconfiada, mas sinto a força do seu amor, por mais longe que esteja... e me vem uma dúvida cada vez mais forte: joguei fora o grande presente de Deus para mim?
O posicionamento do autor, Dan Brown, no seu livro “Origem”, mesmo parecendo ateu, traz uma compreensão de Deus muito parecida com a que desenvolvo. Vejamos como ele coloca a questão no diálogo abaixo que o seu personagem, Robert Langdon, desenvolve com Ambra:
- Códigos e padrões são coisas bem diferentes. E muitas pessoas confundem as duas. No meu campo de estudos é crucial entender a diferença fundamental entre elas.
- E qual é?
Langdon parou de andar e se virou para Ambra.
- Um padrão é uma sequência nitidamente organizada. Os padrões acontecem em toda parte na Natureza: a espiral das sementes de girassol, as células hexagonais de um favo de mel, as ondulações circulares num lago quando um peixe salta, etc.
- Certo. E os códigos?
- Os códigos são especiais – disse Langdon, aumentando o volume da voz. – Por definição os códigos devem carregar informação. Devem fazer mais do que simplesmente formar um padrão; devem transmitir dados e significado. Alguns exemplos de códigos são a linguagem escrita, a notação musical, as equações matemáticas, a linguagem de computador e até símbolos simples como o crucifixo. Todos esses exemplos podem transmitir significado ou informação de um modo que as espirais dos girassóis não podem.
Ambra captou o conceito, mas não como ele se relacionava com Deus.
- A outra diferença entre códigos e padrões – continuou Langdon – é que os códigos não ocorrem naturalmente no mundo. A notação musical não brota de árvores e os símbolos não se desenham sozinhos na areia. Os códigos são invenções deliberadas de consciências inteligentes.
Ambra assentiu.
- Então os códigos sempre têm uma intenção ou uma percepção por trás.
- Exato. Os códigos não aparecem organizadamente. Devem ser criados.
Ambra o examinou por um longo momento.
- E o DNA?
Um sorriso professoral apareceu nos lábios de Langdon.
- Bingo – disse ele. – O código genético. Esse é o paradoxo.
Ambra sentiu uma empolgação. O código genético obviamente carregava dados, instruções específicas sobre como construir organismos. Segundo a lógica de Langdon, isso só poderia significar uma coisa.
- Você acha que o DNA foi criado por uma inteligência!
Langdon levantou a mão fingindo se defender.
- Ei, vamos com calma! – disse rindo. – Você está pisando em terreno perigoso. Só me permita dizer o seguinte. Desde que eu era criança, sempre tive uma sensação profunda de que há uma consciência por trás do Universo. Quando testemunho a precisão da matemática, a confiabilidade da física e as simetrias do cosmo, não me sinto observando a ciência fria. Sinto que estou vendo uma pegada... a sombra de alguma força maior que está fora do nosso alcance.
Ambra podia sentir o poder das palavras dele.
- Eu gostaria que todo mundo pensasse como você – disse finalmente. – Parece que brigamos muito por causa de Deus. Todo mundo tem uma versão diferente da verdade.
- E é por isso que Edmundo esperava que a ciência pudesse um dia nos unificar. Nas palavras dele: “Se todos adorássemos a gravidade, não haveria discordância sobre para que lado ela puxava.”
Pois é... este é o meu pensamento descrito de outra maneira, mas bastante próxima. Esta “sombra de alguma força maior” que está fora do nosso alcance, já está designado como um dos diversos nomes de Deus: Força Maior, Poder Superior, Alá, Jeová, Krishna, etc. Tenho apenas um reparo a fazer. Dan Brown tem a sensação que esta força está por trás do Universo; eu entendo que ela está por trás e em qualquer lugar, inclusive dentro de nós.
Encontrei na leitura do livro de Dan Brown, “Origem”, um trecho que me trouxe fortes reflexões:
- Robert, posso fazer uma pergunta pessoal?
- Claro!
Ela hesitou.
- Para você. Pessoalmente... as leis da física bastam?
Langdon a encarou como se tivesse esperado uma pergunta totalmente diferente.
- Bastam em que sentido?
- Espiritualmente. Basta viver num Universo cujas leis criam a vida espontaneamente? Ou você prefere... Deus?
Esta pergunta redirecionei para mim. Por isso o título deste texto está desta forma. A resposta... Deus, com uma interrogação, reflete o nível de dúvidas que eu tinha muito forte no passado e que ainda perdura com bem menos intensidade. Pois hoje a minha certeza da existência de Deus é muito forte, por isso as três exclamações.
A interrogação ainda tem espaço pra ela, pois a minha forte certeza da existência de Deus não anula a crítica e a consideração de argumentos contrários
Após emergir de tantas dúvidas sobre a existência de Deus, vivendo dentro de um mundo material, segui determinadas informações, preenchidas com a mais coerente lógica, impecável, que deve existir. Onde a explicação materialista para por falta de argumentos científicos que expliquem determinado problema, vejo de imediato a solução oferecida por Deus.
Tenho a conceituação de que Deus existe na forma de energia que permeia tudo, está em volta de tudo, é tudo. Esta energia, cheia de sabedoria e poder, como está em tudo que existe na Natureza, detectável ou não por meus sentidos ou instrumentos, também está em mim, faz parte de mim.
Acontece que tenho uma consciência que permite a expressão da inteligência e do livre arbítrio. Este livre arbítrio pode direcionar a minha inteligência para aceitar argumentos que considere mais poderosos na afirmação de uma convicção, mesmo que isso seja errada. Não é o meu caso, mas sei de muitas pessoas que agem assim, principalmente no meio político.
O comportamento de políticos corruptos, que mesmo dizendo ser cristãos e tementes a Deus, mostra na realidade que sua convicção da existência de Deus, se tal existir, está totalmente voltada para vantagens no mundo material, onde a mentira é o recurso mais constantemente usada para atingir os seus fins. Esta, é mais uma crença utilitária da existência de Deus, do que uma real aceitação da Sua presença e a procura por seguir a Sua vontade.