Deus nos criou, deu as condições de crescermos, de aprendermos a caminhar com nossos próprios pés em direção a Ele. Criou dentro do nosso psiquismo e dentro das relações sociais, mais íntimas e/ou mais externas, as condições adequadas para que sentíssemos o seu chamado dentro do coração e o nosso livre arbítrio decidir por segui-lo, por entendermos que dali emanava a grande luz.
É nesse contexto que hoje sentimos a convocação de Deus para assumirmos algum grau de responsabilidade no trabalho de recuperação do grande grau de deterioração social que observamos ao redor e que chega a ameaçar literalmente as nossas vidas na forma de violência. Por mais pequeno que seja esse trabalho frente a dimensão do problema, não podemos nos intimidar, pois se é a vontade de Deus, muito será útil para todos.
Tudo começou com a exclamação de duas colegas do Hospital João Machado, aterrorizadas com a escalada da violência: meu Deus, que podemos fazer para combater a violência?! Esse grito de angústia subiu ao Pai e se espalhou por Suas criaturas que estavam em condições de ouvir. Uma dessas criaturas fui eu. Logo me coloquei à disposição do que elas pensavam fazer, pois senti a convocação do Pai. Como não havia nada determinado, combinamos nos reunir no próprio Hospital João Machado para elaborar algum tipo de ação. Fizemos a primeira reunião no dia 03-02-14 com 2 pessoas e a segunda reunião na semana seguinte, dia 10-02-14 no mesmo local e horário com 3 pessoas. Combinamos então em eleger uma comunidade e fazer a próxima reunião dentro dela, explicando aos interessados os objetivos de “Combate à Violência” e a motivação divina que nos impulsionava. Aos que fossem tocados também por Deus, seriam acolhidos como voluntários e explicar com detalhes nossas intenções na construção de um projeto com a participação de todos que foram convocados no íntimo dos seus corações. Foi decidido procurar a liderança da comunidade da Praia do Meio, por ter muita carência e por estar situada no entorno do Hospital Universitário Onofre Lopes que pode se tornar uma base operacional importante para o projeto.
Fizemos a terceira reunião e a primeira reunião do projeto que estávamos tentando elaborar com a temática: “Combate a violência: que podemos fazer?” dentro da comunidade. Esta reunião foi realizada no Shopping do Artesanato “Mãos de Arte”, no dia 17-02-14 e contou com 11 pessoas. Nesta reunião, com líderes da comunidade, apresentei em data show a temática do que pretendíamos fazer. Durante a discussão foi visto que a faixa etária mais apropriada para o início desse trabalho seria com as crianças e adolescentes e o local mais adequado seria na escola da comunidade. Com essas diretrizes o colega Tiago construiu os 10 princípios que deveriam nortear os trabalho do grupo, baseados nos grupos de mútua ajuda, e submeti um projeto de Extensão Universitária com o título FOCO DE LUZ no período de 17-03-14 a 17-03-15. A liderança comunitária escolheu a Escola Estadual Olda Marinho como o local da próxima reunião.
No dia 24-02-14, segunda-feira, reunimos na Escola Estadual Olda Marinho com a presença de 22 pessoas, entre voluntários, professores e alunos. Voltamos a colocar a filosofia do Projeto que estávamos querendo elaborar com a participação efetiva da Escola. Foram colocadas as diversas dificuldades da Escola e as diversas ações que o grupo poderia realizar dentro do voluntariado de cada um. Marcamos uma reunião menor, apenas com os responsáveis pelas ações que poderíamos começar a colocar em prática, no Hospital Onofre Lopes, dentro da mesma semana, dia 27-02-14, quinta-feira, que contou com a presença de 4 pessoas.
Nessa reunião do Hospital Onofre Lopes foram recebidas as cópias de seis projetos que poderiam ser operacionalizados na comunidade: 1) Guarda Mirim Ambiental; 2) Oficina de Reforço Escolar; 3) Oficina de Música; 4) Oficina de Esportes; 5) Oficina de Artes; e 6) Oficina de Hotelaria. Fizemos também um ofício em nome do Projeto de Extensão FOCO DE LUZ para ser entregue a direção da escola, informando que estamos organizando um projeto de combate à violência por meio de educação e apoio comunitário aos pais e demais parentes, contando com o apoio da escola e dos professores/funcionários.
Na semana seguinte foi o carnaval e a próxima reunião foi marcada para a quinta feira, dia 06-13-14 após os festejos de Momo, na Escola Olda Marinho. Contamos com a presença de cinco pessoas e montamos a pauta da semana seguinte para listar os problemas da escola como forma de verificar a possibilidade de resolvermos alguns com os nossos próprios recursos e apresentar o projeto da comunidade para o Hotel Reis Magos que hoje é motivo de conflito na cidade. Ficamos de nos reunir regularmente nas quintas feiras as 18h nesta mesma escola, como forma de viabilizar a participação do pessoal do Hospital João Machado que tem dificuldades de sair nas segundas-feiras de 16h.
A próxima reunião ficou marcada para o dia 13-03-14 na Escola Olda Marinho, as 18h, mas como caiu forte chuva em toda Natal, achamos conveniente adiar para a semana seguinte, dia 20-03-14. Felizmente o trabalho não ficou parado, pois eu havia aceitado o convite do Dr. Marcos Fulco em ser entrevistado pela TV União, canal 26, 126 e 800 sobre este projeto na terça-feira, dia 11-03-14. O programa foi ao ar na quinta-feira e no domingo, respectivamente dias 13 e 16-03-14. Foi reprisado mais uma vez nos dias 27 e 30-03-14. O telefone e e-mail foram disponibilizados para os telespectadores e recebi retorno de quatro pessoas até agora, que se sentiram convocadas por Deus para participar do projeto como voluntárias.
No dia 20-03-14 a escola estava saindo de uma greve e os professores não iam poder participar. Mesmo assim reunimos com a comunidade e verificamos a necessidade de ativar a Associação de Moradores e Amigos de Praia do Meio, como forma da comunidade ter um veículo oficial de veicular sua opinião. O funcionário que estava presente na reunião ficou de listar as necessidades da escola.
No dia 27-03-14, quinta-feira, as 18h fizemos a 8ª reunião do projeto com a participação de 13 pessoas. Foi visto que há um custo de 236,00 reais para o resgate dos documentos da Associação de Moradores que está desativada e que será rateado pelos que puderem contribuir. Foi visto também a possibilidade de ativar o Grupo de Defesa da Infância e Adolescência (GDIA) que também se encontra desativado. Foi combinado o convite a todas as lideranças da comunidade para a próxima reunião, no sentido da leitura de um documento que já está sendo elaborado sobre o destino do antigo Hotel Reis Magos, para servir como carta de intenções da comunidade frente a opinião pública. Foi também discutido a forma de participarmos de uma “Bicicletada” que vai haver no dia 18-05-14 do bairro de Felipe Camarão até a Praia do Meio/Brasília Teimosa com material de divulgação que possa unir a Zona Oeste a Zona leste, incluindo a temática do combate a violência.
Dessa forma encerramos o primeiro trimestre do ano e achamos conveniente fazer esse histórico para todos poderem se situar no andamento dos nossos trabalhos.
Com muita luz!
Eu tenho o sonho de um dia ser o juiz de uma disputa onde o vencedor seja premiado por Deus. Essa disputa tem que ser necessariamente muito diferente, diametralmente oposta as disputas que observamos constantemente na mídia.
Nessas disputas os adversários, contendores que disputam a vitória, cada um procura exercer o que melhor há em si para atacar as fraquezas do oponente, fragilizá-lo e derrotá-lo. Observamos essa estratégia em cada disputa organizada como lazer do ser humano. O vencedor é premiado pelos homens e acredito que Deus fica apenas de longe, observando de “camarote”, mas sem se envolver por quem quer que seja.
O jogo no qual Deus pode se envolver e premiar o vencedor com todo entusiasmo (condição característica de Deus: entusiasmo = estar cheio de Deus) deve ter as seguintes características:
Primeiro, os concorrentes devem se reconhecer e considerar como filhos de Deus, e dentro dessa condição cumprir os dois principais aspectos da lei, citados por Jesus: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo;
Segundo, cada um dos contendores no próprio momento da disputa, mesmo assim continua a ver ser adversário como o próximo que deve ser amado e respeitado; e
Terceiro, durante o desenrolar do combate, cada adversário procurará mostrar e realçar o lado positivo do outro, suas virtudes, enquanto expõe suas próprias fragilidades, seus pecados.
Para se credenciar como combatentes, as duas pessoas devem na vida real desejarem um mesmo objeto ou condição, para a partir daí ser gerado o contraditório, a busca de fatores negativos que visam desqualificar o outro. Apesar disso estão dispostas a se defrontarem de forma inversa ao que sentem.
Eu terei o grato prazer de atuar como juiz nessa disputa tão diferente e talvez inédita na história da humanidade. Irei avaliar a condição psicológica e advertir a cada um dos adversários dos limites de suas ações durante o jogo.
Verificarei o esforço que cada um irá fazer para citar as virtudes que o adversário possui, falar das suas próprias fraquezas e pedir perdão pelos erros que cometeu e que prejudicou o adversário. Irei notar o esforço que ele fará também no sentido de reprimir a denúncia sobre o de errado que o adversário possui.
Além de anotar o desempenho de cada um quanto o conteúdo de suas palavras, a forma da expressão de cada frase na expressão do pensamento também serão especialmente analisadas. A forma emocional na expressão das palavras é um bom elemento para se perceber a honestidade do que se diz.
Esse esforço de cada um dos contendores de mostrar as qualidades positivas do outro e, por outro lado, se mostrar inferiorizado por reconhecer a totalidade dos seus defeitos que o outro não conhece, tende a caracterizar o outro como o vencedor. Só que ao conseguir isso ele é quem se torna o vencedor, seguindo a máxima do Cristo, “os humilhados serão exaltados” e “os últimos serão os primeiros”.
O derrotado dessa batalha será reconhecido como vencedor e talvez com muita propriedade, pois o seu adversário conseguiu lhe mostrar as suas virtudes e que brilharam mais no confronto.
Ao derrotado, aquele que fez ver a todos que o seu adversário era superior, é a esse que irei levantar o braço como vencedor e esperar que o Pai lhe dê o merecido prêmio.
É norma dos benfeitores da espiritualidade não esmorecer nos trabalhos que realizam em favor do bem comum. Os Seareiros do Bem procuram desativar as sombras para que se cumpra a vontade de Deus quanto às criaturas da Terra.
Nós que estamos encarnados no atual estágio de vida, necessitamos do conhecimento das leis e do trabalho espiritual para que possamos aplicar em nossas atividades no mundo material. Enquanto encarnados nós temos responsabilidade de dar a continuidade do trabalho que inicia no mundo espiritual.
É dentro desta perspectiva que eu procuro sintonizar os meus pensamentos, sentimentos e ações. É interessante que sem perceber ou ter uma direção clara do ponto que irei atingir, de repente estou trilhando uma estrada que nem poderia imaginar que fosse acontecer.
Dentro da ação do bem a qual sempre me propus a atuar desde criança, reconheço agora a força do mundo espiritual nos meus paradigmas de vida. Isso fez com que a minha vida tivesse assumido compromissos inadiáveis e incontornáveis com os objetivos espirituais ligados diretamente à vontade do Criador.
Tenho um propósito íntimo de construir a família ampliada, mais próxima da família universal, do Reino de Deus. Esse propósito entra em confronto direto com o amor romântico que é aliado dos interesses biológicos através dos instintos da sexualidade.
Deus colocou na minha consciência, com toda a sabedoria que vem dEle, uma verdade que pode confundir os próprios sábios e autoridades acadêmicas e eclesiásticas do mundo, pela boca e ações de uma pessoa do mundo, sem perspectivas pastorais, políticas ou empresariais.
Se é o bem que quero para a coletividade, nada posso fazer a ela que não queira para mim mesmo. Não estou querendo traçar regras para um ministério eclesiástico, mas mostrar a esse ministério que já existe que nem sempre devemos seguir os critérios dos nossos ancestrais, porque o tempo deles já passou e estamos vivendo em outro que nos pede mudanças, para que o bem seja mais dinâmico e se faça justiça, dando a cada um segundo as suas necessidades.
Não tenho a intenção de ferir ninguém nem desejo nada que não me pertença. Só peço atenção, porque tudo o que falo e procuro agir, ouvi e senti da parte do meu Pai e que existe a necessidade de ser construído o Seu Reino como Jesus já nos advertiu. Se os corações permanecerem endurecidos a dor sobrevirá, pois a lei do progresso não pode deixar de ser cumprida.
Sou cordato, tenho amor e desejo para todos muita paz. Não preciso, para viver, das dádivas dos templos nem de acordos com políticos. Se o meu Pai quer que eu realize um trabalho, Ele sabe o alimento que me é necessário, como faz com os pássaros e os peixes.
Estou agora em plena Quaresma, procurando limitar o acesso de alimentos para o corpo, controlar os pensamentos inadequados para a harmonia da alma. Sigo o exemplo de Jesus que passou 40 dias no deserto sujeito a todas as tentações. Ele é o nosso supremo comandante nas ações do bem, a quem devemos prestar conta das lições aplicadas, procurando sempre fazer a corrigenda do meu comportamento quando percebo os erros que cometi.
Este foi o tema que se tornou central que fazemos hoje, sempre nas sextas feiras: o perdão. Esta é uma das armas do soldado do bem, ao lado do Amor. O Amor é sua espada, o perdão o seu escudo.
Um colega colocou a sua visão quanto essa questão na relação com seu pai. Disse que tinha lido um livro o qual mostrava duas facetas do perdão. A primeira era o aspecto da vingança, que quem perdoa abre mão da vingança e que ele concorda. O segundo é com o aspecto de eximir de culpa aquele que nos fez mal, e que ele não concorda com isso. Colocou o exemplo do seu pai que foi muito perverso na educação que lhe deu, que lhe causou tanta dor na alma e que espera que ele pague por isso. Todos do grupo discordaram desse pensamento. Eu fiz a comparação com o comportamento do meu pai com relação a mim.
Eu disse que enquanto ele teve um pai que lhe educou com tanto rigor e que tantas marcas causou em sua alma, eu tive um pai com o comportamento ao contrário. Era uma pessoa omissa, centrada mais em seus desejos corporais. Minha mãe não suportou esse comportamento dele e foi morar em outra cidade me levando com ela. Eu tinha cinco anos de idade nessa época. Não consegui nem ao menos fixar o rosto dele na minha memória. Ele não colaborou em nada com a minha educação nem com a minha criação. Minha mãe sem recursos, teve que deixar minha avó me criar e educar na sua casa que era também o seu local de trabalho. Eu tive que trabalhar logo cedo com ela em várias atividades, desde varrer e arrumar a casa, até empurrar um carrinho de confeitos toda a noite para a porta do cinema. Além da sua rigidez na minha educação e que também me deixou marcas no psiquismo. Ela não queria que eu brincasse com meus colegas fora de casa, ficava eu sozinho dentro de casa brincando com tampas de garrafas, criando um mundo de fantasias. Em pleno vigor da adolescência, ela ridicularizava minhas motivações para namorar as garotas. Se eu brigasse lá fora, sempre eu era o culpado quando chegava em casa. Isso formou na minha personalidade um forte contexto inibitório que realçava a minha introspecção. O meu pai não surgiu em nenhum momento desses da minha vida. Nem mesmo de foram anônima, a distancia, através de carta ou de telefonemas. Não ouvia o som da sua voz, muito menos a sua imagem, os seus toques ou a cor do seu dinheiro.
Tudo isso seria motivo para que eu não perdoasse os erros do meu pai. Mas perdoei, e, confesso, não tive nenhuma dificuldade. Parece que essa capacidade de perdoar eu já a desenvolvi em outras vivências e que agora eu só faço a sua aplicação sem maiores problemas na consciência. Não tenho desejos de vingança contra ele ou exijo que ele pague por sua culpa. Sei que existe uma lei divina da qual ninguém pode escapar. O nosso papel aqui neste mundo material é aprender a arte de amar e dentro dela está o perdão. O papel de juiz fica para Deus que sempre mostra na Natureza a forma daquele devedor pagar por suas culpas. Isso não é de minha responsabilidade, julgar ou fazer pagar.
Também fiz uma consideração com os meus próprios erros para mostrar que mesmo com o perdão a pessoa não se exime da obrigatoriedade de pagar por isso. Assim que terminei o curso médico, eu pensava que a mulher tinha o direito total do seu corpo e por isso podia fazer o que quisesse com ele, até desalojar uma criança indesejada através do aborto. Cheguei a aconselhar e apoiar diversas mulheres com esse propósito. Tenho diversos abortos registrados na minha história. Depois que aprendi um pouco mais sobre a vida, percebi que eu estava errado, que a mulher tem o direito ao seu corpo, mas deve respeitar a vida que foi gerada dentro de si. Então, com a mesma facilidade que eu perdôo a quem me tem ofendido, eu também me perdoei. Mas isso não me eximiu da culpa, do erro que cometi, da necessidade de corrigir. Assim, também desenvolvo atividades voluntárias onde procuro colocar todo o Amor que eu aprendi em prática. Estou engajado em diversas ações em nome de Deus, são projetos que Ele colocou em minha consciência e que eu procuro cumprir sempre com afeto, pois aprendi também que o Amor cobre uma multidão de pecados.
A minha consciência mostra que esse meu engajamento em projetos tão fortes que o Pai coloca na minha frente, serve mais como uma convocação para o cumprimento de um dever, mesmo que isso me deixe na condição que me encontro hoje, como um nômade do destino, um paladino do amor, sem ter uma pessoa a me esperar quando eu chegar em casa, mas com tantas casas dispostas a me abrigar com afeto por onde eu andar. Estou pleno do que faço em nome de Deus, pois sei que são as oportunidades que Ele me oferece para corrigir na minha alma as marcas dos erros que cometi.
Em continuação ao trabalho e pensamento de Steven Pinker, colocareis agora os “demônios”, “anjos” e “forças históricas” que ele considerou.
Os cinco “demônios” interiores compõem os vários sistemas psicológicos que diferem em seus desencadeadores ambientais, em sua lógica interna, em sua base neurobiológica e em sua distribuição social. A violência predatória ou instrumental é simplesmente a violência usada como um meio prático visando a um fim. A dominância é a ânsia de autoridade, prestígio, glória e poder, seja na forma de uma postura agressiva entre indivíduos do sexo masculino, seja nas disputas por supremacia entre grupos raciais, étnicos, religiosos ou nacionais. A vingança alimenta o impulso moralista de retaliação, punição e justiça. O sadismo é o prazer obtido com o sofrimento do outro. E a ideologia é um sistema compartilhado de crença, geralmente envolvendo uma visão utópica, que justifica a violência ilimitada na busca pelo bem ilimitado.
Na consideração sobre os quatro “anjos” bons é reconhecido que os seres humanos não têm bondade nem maldade inata, mas já vêm equipados com motivações que podem orientá-los para longe da violência e em direção à cooperação e ao altruísmo. A empatia, no sentido do interesse solidário, nos impele a sentir a dor do outro e alinhar os interesses dele com os nossos. O autocontrole nos permite prever as conseqüências de agir com base em nossos impulsos e tentar inibi-los quando necessário. O senso moral santifica um conjunto de normas e tabus que governam as interações entre as pessoas numa cultura. E com a faculdade da razão podemos nos desvencilhar de pontos de vista tacanhos, refletir sobre os modos como vivemos nossa vida, deduzir os meios para melhorá-la e guiar a aplicação dos outros anjos bons da nossa natureza.
Na consideração das cinco “forças históricas” Steven Pinker tenta juntar a psicologia e a história, identificando forças exógenas que favorecem nossos motivos pacíficos e que pautaram os múltiplos declínios da violência. O Leviatã, um Estado e poder judiciário que tem o monopólio do uso legítimo da força, pode desativar a tentação do ataque oportunista, inibir o impulso de vingança e contornar os vieses do interesse próprio que fazem todas as partes acreditarem estar do lado dos anjos. O comércio é um jogo de soma positiva no qual todos podem ganhar. À medida que o progresso tecnológico vai permitindo a troca de mercadorias e idéias por longas distâncias e entre grupos maiores de parceiros comerciais, as outras pessoas tornam-se mais valiosas vivas do que mortas, o que diminui a probabilidade de serem alvos de demonização e desumanização. A feminização é o processo no qual as culturas aumentaram seu respeito pelos interesses e valores das mulheres. Como a violência é um passatempo principalmente masculino, as culturas que dão voz ativa às mulheres tendem a afastar-se do enaltecimento da violência e a diminuir sua probabilidade de gerar perigosas subculturas de homens jovens sem raízes. As forças do cosmopolitismo, como a alfabetização, a mobilidade e os meios de comunicação de massa, podem levar as pessoas a assumir a perspectiva dos que são diferentes delas e a expandir seu círculo de afinidades para inseri-las. Finalmente, uma aplicação cada vez mais intensa do conhecimento e da racionalidade nos assuntos humanos, a escada rolante da razão, pode forçar as pessoas a reconhecer a futilidade dos ciclos de violência, a privilegiar menos os seus próprios interesses quando isso prejudica os demais e a reinterpretar a violência como um problema a ser resolvido em vez de uma disputa a ser ganha.
Com a exposição desse trabalho, o autor afirma que quando nos apercebemos do declínio da violência, passamos a ver o mundo de forma diferente. O passado parece menos inocente; o presente, menos sinistro. Começamos a apreciar as dádivas da coexistência que para nossos ancestrais pareceriam utópicas: a família inter-racial brincando no parque, os países que recuam de uma crise em vez de ir para a guerra. A mudança não é em direção ao comodismo: desfrutamos a paz que encontramos hoje porque as pessoas de gerações passadas se horrorizaram com a violência em sua época e se empenharam em reduzi-la; por isso devemos trabalhar para reduzir a violência que resta em nosso tempo.
O fator espiritual, o mundo espiritual e a sua progressão moral não foi considerado pelo autor. Certamente ele não tem conhecimento deste aspecto da Natureza, senão o teria incluído nas suas considerações. Mas isso não retira o valor do seu trabalho, pois é muito bom saber que a violência da qual estamos tão refém nos dias atuais, ela foi muito pior no passado. Os anjos e demônios que foram citados no trabalho, não deixam de ter um referencial no mundo espiritual, a batalha entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que se refletem no mundo material. Temos o nosso comandante espiritual, Jesus Cristo, que já nos deu as instruções necessárias para participar desse combate ao lado das forças do bem, reforçando os anjos e enfraquecendo os demônios que existem dentro de nós. Esta é a compreensão que faltou ao juízo de Steven Pinker, mas que muito agradecemos ao seu trabalho de trazer luz a uma realidade que poucos percebem, que o nosso trabalho intelectual e racional ao longo do tempo mostra que nós estamos vencendo a violência, as forças do mal, ao invés de nos sentimos derrotados por ficarmos presos dentro de casa com medo da violência que nos rodeia.
Serve de incentivo para não ficarmos acomodados, de sairmos para a comunidade de posse do saber acadêmico e colocar os nossos anjos para funcionar, sob o comando do nosso Mestre e autorização do nosso Pai.