Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/04/2015 00h01
PROJETO SEMÁFORO

            Como já tenho observado, ideias surgem na minha mente e se desenvolvem dentro de uma coerência perfeita, que imagino seja devido à ação dos bons espíritos, iguais a mim, imagino, só que na dimensão espiritual. Então eu imagino que o Criador atendendo aos meus pedidos, aciona os espíritos do mundo astral que mais se sintonizam comigo para passar as mensagens e orientações que eu preciso em determinado momento. É assim que imagino que aconteça aqui no mundo material, onde o meu espírito que eu classifico como bom e que procura seguir a vontade do Senhor, vai de encontro às pessoas que sofrem ou necessitam de algo que eu possa oferecer, quando essas pessoas pedem a Deus e são merecedoras de ser atendidas. Eu sirvo nesse caso de instrumento da vontade de Deus.

            Assim, surgiu enquanto eu dirigia uma ideia completa de como eu fazer para dar assistência às crianças e adolescentes que trabalham lavando os para-brisas dos carros nos semáforos, muitas vezes hostilizados pelos motoristas ou vice-versa. Para não esquecer, anotei na minha caderneta o título deste texto, para que assim que eu tivesse oportunidade o descrever para operacionar logo que fosse possível. Seria feito da seguinte forma:

            Eu iria com mais uma ou duas pessoas fazer a abordagem das crianças e adolescentes que trabalham no semáforo do Hospital Onofre Lopes. Convidaria a todas que estivessem trabalhando naquele momento para meia hora de conversa. Para eles não se sentirem prejudicados, cada um receberia cinco reais pela meia hora de conversa.

Informaria a eles que fazemos parte de uma Associação, AMA-PM, que desenvolve um trabalho cristão dentro da comunidade, de preferência no cuidado preventivo de crianças e jovens. O projeto que queremos realizar com a ajuda deles seria manter o mesmo trabalho que eles já fazem, mas de forma organizada e direcionada para o aperfeiçoamento financeiro e espiritual de cada membro. Cada pessoa receberia uma camisa de identificação do Projeto da seguinte forma: em letras grandes na frente e atrás da camisa teria o tema da Campanha da Fraternidade deste ano na igreja católica: EU VIM PARA SERVIR. Logo abaixo teria a sigla da AMA-PM. Mais abaixo ainda teria a pergunta: Posso limpar o seu vidro? Não é obrigatório pagar – Mas sua oferta é bem-vinda!

Teria uma equipe com baldes e rodos, e outra com uma caixa vedada com cadeado onde seriam colocadas as ofertas. Todos os participantes seriam treinados para a abordagem do motorista e seus passageiros de forma educada e fraterna. Seria entregue a cada carro um panfleto informando o objetivo desse projeto:

Caro motorista.

Estamos desenvolvendo um Projeto de caráter cristão, desenvolvido pela Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio – AMA-PM. Todos nós somos cadastrados pela Associação e nos comprometemos a estudar. Podemos participar das diversas atividades promovidas pela AMA-PM, como curso de xadrez, de violão, de flauta, de futebol de salão, de evangelização, de reforço escolar. Ao final do mês as caixas de ofertas serão abertas na sede da AMA-PM, durante a primeira reunião do mês e que se realizam sempre numa quinta-feira, na Escola Olda Marinho, de 19 as 20:30h. Você é nosso convidado. O valor arrecadado no mês será repartido por todos proporcionalmente as horas trabalhadas. Será feito um boletim financeiro dessa arrecadação e sua aplicação para a divulgação no semáforo, inclusive com o nome e endereço de cada participante, caso o motorista se sinta inspirado por Deus para dar sua contribuição extra individual junto aquela família.

Assina: AMA-PM (Telefone e email da direção para sugestões e apoio)

A ideia é que a família desse participante do projeto também seja assistida quanto a orientação cidadã. Cada participante do projeto receberá duas camisas para que possa sempre comparecer limpos e apresentáveis ao trabalho. Ensinaremos o valor da oração em cada início e fim do dia.

Aguardarei o momento adequado para colocar na prática essa ideia vinda do Pai.

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em 08/04/2015 às 00h01
 
07/04/2015 00h01
RESSURREIÇÃO?

            Essa questão da ressurreição até hoje é colocada como uma verdade inconteste para a Igreja Católica, um fato realizado e testemunhado por diversas pessoas. Para a ciência, no atual estágio de conhecimentos, é uma possibilidade impossível, um corpo que passou pela morte ter novamente suas células vitalizadas e surgir para uma nova vida. Nem mesmo o caso de Jesus se aplica esse conceito, pois o seu corpo ressuscitado parecia muito diferente daquele corpo que ele usava antes da crucificação. Era um corpo que ele advertiu a Maria Madalena para que não o tocasse, pois ainda não estava pronto e foi esse corpo que venceu a lei da gravidade e ascendeu para o céu.

            Mas esse questionamento não foi feito, de que natureza era esse corpo que se imaginava e parecia ressuscitado. Será que era composto das mesmas células do corpo antes da morte? Que necessitava de ser alimentado, podia se reproduzir ou sangrava se fosse ferido? Que teria de surgir e desaparecer com o uso dos próprios pés e que poderíamos acompanhar esse processo com nossos olhos?

            Não foi assim. O inusitado de se ver novamente uma pessoa que todos sabiam que havia morrido, fez logo a crença funcionar na base de que todas as células foram revigoradas e aquele corpo voltava a possuir sua fisiologia original sem nenhuma alteração. A crença dos primeiros apóstolos estava alicerçada nessa ideia e a todos procuraram informar e ensinar da forma que imaginavam ser a verdade. É tanto que o próprio Paulo, apóstolo que não chegou a ver o Cristo, e que era doutor na sinagoga, também se deixou contaminar por essa ideia e a divulgá-la pelo mundo dos gentios. Ele dizia em suas cartas que “Se Cristo não foi ressuscitado, nós não temos nada para anunciar e vocês não tem nada para crer. (...) Se Cristo não foi ressuscitado, a fé que vocês têm é uma ilusão. (...) Se Cristo não ressuscitou, os que morreram crendo nele estão perdidos. (...) Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo.” (Revista Veja, 8-04-15).

            Monsenhor Antonio Luiz Catelan Ferrera, teólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, diz que o cristianismo conquistou o paganismo romano com a promessa da vida eterna, de mãos dadas com Cristo ressuscitado. O filósofo marxista alemão Ernst Bloch (1885-1997) dizia que “Não foi a moralidade do Sermão da Montanha que permitiu ao cristianismo conquistar o paganismo romano, e si a crença de que Jesus se erguera dos mortos – o cristianismo competia pela vida eterna e não pela moralidade”.

            Na minha forma de ver, a mecânica desse processo de ressurreição pelo qual deve passar todos os seres humanos que viveram e morreram neste planeta, não possui qualquer lógica. Como sei, a deterioração dos corpos leva a reutilização por outros seres vivos que são gerados a cada momento na face da terra. Dessa forma, um átomo ou uma molécula pode ser utilizada por mais de um corpo. Como então isso seria no dia do Juízo Final, quando todos terão que ressuscitar para serem julgados? Uma molécula ou átomo poderia pertencer a mais de um corpo? Como seria essa fisiologia? Mesmo que isso fosse possível por mecanismos que eu não conheça, esses corpos serão muito diferentes daqueles que eu conheço hoje.

            Mas enfim, não é essa questão da ressurreição, da vida eterna representada por este corpo que hoje digita este texto, que me atrai ao cristianismo e de me esforçar em ser um discípulo do Cristo. O que me atrai são justamente os elementos morais, do Amor Incondicional, e que foram ignorados no passado e que me parece até hoje também. Quando eu festejo junto com meus irmãos o dia da Páscoa, da ressurreição do Cristo, não é aquele falecido que foi sepultado na tumba da família de José de Arimatéia. A ressurreição de Jesus significa que posso alcançar um novo tipo de vida após a morte do meu corpo físico, de acordo com o bem que eu tenha condições de praticar ao meu redor, ficando cada vez mais próximo do Pai, como Jesus ensinou.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/04/2015 às 00h01
 
06/04/2015 00h01
VENHA COMIGO

            “Venha comigo, Pedro, Eu lhe darei uma nova vida, deixarás de ser pescador de peixes para ser pescador de homens. Iremos mudar o mundo!”

            Esse convite feito por Jesus a um pescador no Mar da Galiléia há 2000 anos, continua a ecoar nos ouvidos do mundo, a quem essa voz alcança, a quem tem condições de escutar além de ouvir.

            Esse convite chegou aos meus ouvidos e me atrevi a escutar. Primeiro procurei saber de quem partia esse convite cheio de tanta presunção. Por que Pedro aceitara esse convite, sem saber quem era esse homem. Fiquei a imaginar a situação. Pedro acabava de voltar do mar com o seu barco vazio, sua rede não conseguiu pegar uma simples piaba. O mar não tinha peixes, explicou pra aquele Nazareno de barba e cabelos compridos que perguntava se podia ajudar. Ajudar como, explicava Pedro, se o barco estava vazio? Mesmo assim Jesus entrou n’água, pediu ajuda para subir no barco e disse com uma autoridade serena para içar velas e jogar novamente a rede ao mar. Pedro, descrente, não queria ser grosseiro com aquele estrangeiro tão delicado e disposto a servir. Fez o barco novamente ao mar e jogou com enfado mais uma vez a rede. Sentiu um ligeiro tremor na corda que prendia a rede e começou a puxar. A rede era cada vez mais pesada e ele necessitava realmente da ajuda daquele desconhecido para subir com a rede e encher os seus sextos as diversas vezes que a lançava no mar. Cansado por tanto esforço, olhando os seus sextos abarrotados de peixes, ele lança um olhar de admiração e faz a pergunta: Quem és tu? Jesus responde com o convite.

            Agora, eu me coloco no lugar de Pedro. Que faria eu numa situação dessa? Ao ser beneficiado dessa forma? Ao ser ajudado sem nenhum acordo de recompensa? Ao ter na minha frente uma pessoa que me envolvia de um sentimento casto, harmônico, suave, embriagador? Que prometia mudar minha vida para um projeto mirabolante de pescar homens para mudar o mundo?

            Por mais que eu procure sentir o que Pedro sentiu nessa ocasião, sei que não atingirei a sua realidade naquele momento, pois não tenho comigo agora a presença do Mestre, como ele tinha. Por isso a minha mente racional não acompanha a decisão de Pedro. A minha mente pergunta por que eu deva seguir alguém que não conheço para uma mudança de vida que não sei como será, num projeto que eu sei que está muito além do meu alcance, tanto físico quanto psicológico. Não, eu não aceitaria o convite!

            Mas continuei a estudar a vida desse Nazareno e a refletir em Suas lições. Ele dizia que era o Filho bem amado de Deus, o nosso irmão maior, filho do mesmo Pai de toda a humanidade, de toda a criação. Disse que veio para cá enviado pelo Pai para ensinar como seria a forma de amar mais pura, sem a contaminação dos condicionamentos egoístas, o Amor Incondicional. Ensinava e praticava com sabedoria e coragem. Chegou ao ápice de toda a sabedoria e coragem com a crucificação. Não observei nenhuma incoerência em Suas lições. Eu não teria nem coragem nem sabedoria para fazer o que Ele fez, de cumprir uma missão para mim impossível.

            Com todas essas informações aquele Nazareno deixou de ser desconhecido para mim. Ele entrava agora no meu dia a dia, fazia comparações dos meus atos com os atos que Ele praticaria se estivesse no meu lugar. Notei que muitas pessoas se transformaram porque tentavam seguir suas lições, e com isso o próprio mundo estava mudando. Eu também estava mudando. Sem querer aceitar o seu convite, mesmo assim eu estava mudando!

            Refleti mais uma vez sobre o convite e senti que eu era, como o Mestre ensinou, um dos trabalhadores da última hora. Então, aquela lição que me pareceu na primeira vez que ouvi ter muita injustiça, um trabalhador que trabalhara o dia todo receber o mesmo salário daquele que trabalhou somente na última hora, agora me parecia cheia de sentido. Assim, comecei a trabalhar em Sua seara!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/04/2015 às 00h01
 
05/04/2015 00h01
FOCO DE LUZ (47)

            A reunião desta semana da AMA-PM e Projeto Foco de luz foi feita no dia 03-04-15, sexta-feira da Paixão, na rua do Motor, com início as 19h. Estava presentes os convidados e as seguintes pessoas que participam com mais assiduidade nas nossas reuniões: 1. Ana Paula 2. Ezequiel 3. Costa 4. Nivaldo 5. Luzimar 6. Rawllison 7. Netinha 8. Damares 9. Edinólia 10. Radha 11. Sued 12. Francisco. Inicialmente estava programado ser projetado um filme sobre a vida de Jesus, mas como o DVD estava com muita falha, foi projetado um filme sobre Tomé. O filme centrava sobre a falta de fé de Tomé e tinha como destaque mais dois personagens: o centurião Longinus e José de Arimatéia.

            Longinus, pouca gente conhece. Foi o centurião que chefiou a patrulha que levou Jesus até o calvário, que supervisionou o pregamento dos seus membros superiores e inferiores, e lancetou o lado para verificar Sua morte.

            José de Arimatéia foi o rico comerciante judeu e cidadão de Roma, que pediu e obteve a permissão de Pilatos para recolher o corpo de Jesus e sepultá-lo na tumba de sua família.

            O filme mostra a peregrinação de Tomé em busca do corpo de Jesus que havia desaparecido. Ele acredita que devido o grande amor que tinha pelo Mestre não podia deixar que o Seu corpo fosse permanecer em Jerusalém, na tumba de um amigo dos romanos. Nessa busca obsessiva, Tomé se envolve em muitas dificuldades.

            Primeiro ele reclama dos seus colegas e amigos de ter deixado o Mestre sozinhos, de tê-lo abandonado. Agora vai a busca do corpo e tem o primeiro contato com José de Arimatéia. Desconfiado, vai com ele falar com o Sumo Sacerdote, Caifás, para que interceda junto a Pilatos e assim os discípulos possam levar o corpo do Mestre. Aparentemente Caifás concorda, mas depois termina por denunciar José de Arimatéia perante Pilatos e depois do interrogatório é levado para a prisão.

            Depois Tomé vai à procura de Caios, soldado malicioso da guarda romana que tenta lhe enganar vendendo um corpo que está apodrecendo nas catacumbas como se fosse o corpo de Jesus. Mas depois, arrependido por ter sido salvo por Tomé, aquele que ele estava tentando enganar ou até prender, ensina onde se encontra Longinus, que pode dizer onde se encontra o corpo de Jesus, como pensa Tomé.

            Tomé encontra Longinus no deserto, cego e colocado no meio dos loucos. Tomé leva-o para a comunidade dos essênios para ser cuidado. Longinus diz o que aconteceu na tumba, que uma luz muito forte lhe ofuscou, que tirou a pedra do lugar e que vinha do céu. Depois ele foi de joelhos até o local e não encontrou mais o corpo. Diz que tudo passou a fazer sentido, pois ouvira Jesus dizer na hora da morte que entregava o seu espírito ao Pai. Ele se arrependia de ter castigado o filho de Deus, de ter ferido o seu corpo com a lança. Mas agora ele tinha a fé que Ele era tudo o que dizia e passou para Tomé a ponta da lança que ferira seu Mestre.

            Decepcionado e envergonhado, Tomé volta ao encontro dos demais discípulos. Encontra Maria Madalena que disse ter visto Jesus pela primeira vez. Mais uma vez Tomé falha, pois não consegue acreditar como o seu Mestre aparece pela primeira vez a uma prostituta e não a sua mãe ou qualquer um dos seus colegas, ou mesmo a ele que tão desesperadamente procura pelo seu corpo. Diz abertamente que não consegue acreditar em nada que todos dizem, que todos os seus amigos já conseguiram ver e falar com Jesus, mas ele só acreditará quando conseguir tocar nos ferimentos do seu Mestre.

            Foi nesse momento de descrença plena que surge o Mestre e com voz compassiva chama o nome do seu discípulo sem fé. Com humildade pede para Tomé vir comprovar a realidade da Sua existência, que ele pode vir tocar em Suas feridas. Tomé envergonhado vai até o Mestre e toca em todas Suas feridas.

Jesus então ensina mais uma lição que dessa vez tem importância para todos nós que não convivemos com Ele nem tivemos a oportunidade de vê-lo de qualquer forma. Diz a Tomé que ele acreditou porque o viu e tocou, mas bem aventurados são aqueles que acreditam nEle sem ver ou tocar.

Então, bem-aventurados somos todos nós desta Associação que acreditamos no Cristo sem necessidade de ver ou tocar no Seu corpo ou nas Suas chagas. Bem-aventurados somos todos nós que estudamos suas lições e procuramos colocar em prática. Luzimar, Nivaldo, Ezequiel e Damares falaram da importância da atividade no dia de hoje, na sexta feira da paixão do Mestre de todos nós.

Concluímos com a apresentação da produção de um vídeo das atividades da Associação, produzido sob a direção de Ana Paula. Costa disse do valor espiritual do evento, e conduziu a oração do Pai Nosso; Luzimar conduziu a oração do coração e encerramos a atividade. Despedimos-nos com abraços fraternos.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/04/2015 às 00h01
 
04/04/2015 00h01
TESTANDO A GARANTIA

            Voltei a hidroginástica na aula seguinte. Refiz os mesmos passos daquele fatídico dia que poluí a praia. Ainda tinha certo temor na alma, de que o Pai me pusesse à prova em outro teste de igual sofrimento. Não, Ele não apresentou nenhum teste dolorido para mim dessa vez, mas Ele observava meu comportamento como se tivesse testando a garantia do que eu havia prometido naquele dia. Da mesma forma que o comprador de qualquer objeto tem um determinado tempo de garantia para que se não for atendido naquilo que foi prometido possamos devolvê-lo, o Pai também estava testando a garantia do perdão que eu disse que tinha aprendido com a lição que me foi dada. Vim perceber isso no justo momento que estava caminhando de volta para casa.

            Vi novamente fezes, principalmente de animais no trajeto, mas não despertou em mim nenhuma revolta como antes. A crítica revoltada que se instalava de automático na minha consciência havia sido substituído por uma procura do que eu poderia fazer para atenuar a situação. Mais adiante vi um senhor conduzido o cão pela coleira e este tentando se agachar para defecar. Vi que o senhor não estava conduzindo nada que pudesse limpar a sujeira, e seria mais um monte de fezes no trajeto da praia. Não senti nenhuma revolta por aquela pessoa permitir isso, mas sim compaixão pela ignorância do mal que ele estava fazendo. Usei a minha inteligência para ver como eu poderia ajudá-lo a compreender o mal que estava sendo feito, sem ofender a sua honra de cidadão até mais idoso do que eu. Refleti que eu poderia comprar saquinhos plásticos de recolhimento de fezes, como eu já faço com a compra de saquinhos de biscoitos para cães e levo sempre que lembro um ou dois para dar a cadela vizinha do meu apartamento que está sempre grávida ou em aleitamento. Também eu poderia sair com esses saquinhos de recolhimentos de fezes e numa situação como essa eu poderia chegar perto do dono do cão e oferecer, com educação e respeito, um saquinho ou dois para ele recolher as fezes do seu animal e depositar no local apropriado.

            Sei que vai ser mais um aprofundamento das minhas lições espirituais que o Pai está intuindo em minha mente, deixando que ela trabalhe com essas reflexões, pois Ele sabe da minha dificuldade de comunicação, do quanto eu tenho bloqueio de dizer um simples bom-dia a um transeunte desconhecido que cruza comigo na caminhada. Agora está sendo proposto eu abordar um cidadão que não conheço, falar com educação e respeito sobre um assunto que pode lhe ofender; vai ser necessário mais um esforço da minha alma.

            Parece até que essa hidroginástica que procuro fazer com regularidade para melhorar o meu corpo está se tornando também outro campo de exercícios, dessa vez exercícios espirituais para melhorar a minha alma. Da mesma forma que acontece dentro d’água onde os exercícios vão ficando cada vez mais complexos e exigentes, a minha alma cada vez mais vai sendo exigida para domesticar os valores egóicos do meu corpo.

            Enfim, acredito que eu tenha passado no teste de garantia que o Pai estava verificando quanto a qualidade da minha capacidade de perdoar. Vejo agora os erros dos irmãos sem as murmurações de antes, e a vontade de ajudar, de atenuar o mal que foi feito sem jogar críticas ao ar, prevalece. Talvez seja um tipo de promessa que minha alma está engendrando, o pagamento não por uma graça recebida, mas de uma culpa perdoada.

            Com tudo isso que aconteceu não consigo explicar bem claro os meus sentimentos quanto este comportamento de exposição de minha caixa preta. Minha alma não quer glória e o meu ego não quer desonra. Então, parece que minha exposição nesse episódio não atende nem a um nem a outro. No entanto sinto ter alcançado um grau maior de espiritualidade com esse sacrifício da minha honra. Adquiri uma melhor qualidade de perdoar que antes era ainda muito cheia de murmurações contra os atos errados dos meus irmãos. Peço apenas a quem tenha tido oportunidade de ler esse texto que se esforcem acima de qualquer sentimento negativo ou positivo que lhes venham à mente, que tenham compaixão do meu ego, aviltado pelo que meu espírito me obrigou a fazer. Não tenho coragem de ler para ninguém esse texto como fiz com outro parecido, onde também fui humilhado, mas que não prejudiquei a ninguém, e pude até usar o humor com a sua descrição. Dessa vez foi diferente, eu poluí a praia, causei dano à Natureza e a qualquer pessoa pelo simples fato de observar o mal que foi feito. Que seja o Pai que conduza a quem precise ou mereça a leitura desse texto, antes que mais adiante ele integre o livro que pretendo publicar. Mas nesse caso o tempo terá atenuado o peso da minha culpa. O mais importante de tudo isso, acima da vergonha, ignorância e covardia que ainda tenho é que me sinto em sintonia com o Pai.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/04/2015 às 00h01
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