Feita a interpretação do relatório feito por um pai que tem o filho internado em hospital psiquiátrico.
A demonstração de E de que não deveria ter nascido, reflete uma falta de adaptação com o mundo que foi crescendo e gerando a timidez e dificuldade de relacionamento emocional, afetivo, apesar dele ser inteligente na cognição (excelente desempenho nos estudos) e no corporal (jogava muito futebol).
Ter amigos no colégio e no condomínio e nunca ter namoradas, mostra a dificuldade de conexão afetiva (se sentir incapaz de amar ou ser merecedor do amor).
Passou a frequentar Centros Espíritas e recebeu a versão espiritual do que se passava relacionadas as diversas vivências passadas que justificavam os sintomas que passou a apresentar, cada vez com maior intensidade.
A intensa desarmonia emocional que ia acontecendo na psique interferiu no desempenho cognitivo, sendo reprovado no colégio. Essa desarmonia diminuía com a mudança de colégio, um sinal da atenuação da crise emocional e da geração de novas expectativas, mas sem voltar ao desempenho excelente do passado.
A partir de 2020 o problema se agravou, surgiram os sintomas de obsessão com violência, quebradeira e total perturbação externa. Foi tratado na psiquiatria com medicamentos e internamentos e psicoterapia, inclusive diversos tratamentos em diversos centros espirituais, inclusive retomando vivências passadas, conduzidas pela mãe, todos sem uma resolução prática para o caso.
Aqui entra em foco o esgarçamento afetivo dos pais, com base nos diferentes enfoques que cada um passou a ter do problema e que indica a introdução da psicoterapia de casal, seguida de terapia familiar, inicialmente sem a inclusão do E.
O relato mostra o pensamento do pai contrário ao pensamento da mãe que conduz o tratamento espiritual do filho, com firmeza (soberba).
O pai reconhece as falhas por não ter esse conhecimento espiritual e procura estudar, mas sem convicção, sem interesse. Sabe que existe o mundo espiritual, respeita e pede perdão por suas dificuldades de aceitação. Reflete o sofrimento e decepção que está sofrendo e que perdoa tudo, pois ama o filho. Não admite mais quebradeiras ou violência de nenhuma espécie.
Esta também é a conduta terapêutica da equipe e que mantem o filho internado, tratando a forma de prevenir ou resolver de imediato qualquer forma de agressão que seja considerado sintoma inadmissível.
A família está esfacelada, desunida, provocado pelo comportamento do filho, mas ainda existe o amor, o cimento que une todas as rachaduras ou fraturas. É este o papel da psicoterapia em todas as dimensões.
O alívio por ele está fora de casa traz de imediato a tristeza pelo mesmo motivo, a saudade dele. A terapia não está focada em gerar culpas em ninguém. Todos, inclusive os terapeutas, têm suas dificuldades emocionais e cognitivas, vícios e defeitos. O que importa é que nós, terapeutas, temos a nossa habilidade profissional e aprendemos a deixar os pontos que não interessam à distância.
O que importa neste momento é alcançar a harmonia familiar, considerando as características de cada um, e o que cada um pode fazer para alcançar essa harmonia, sem procurar culpas em ninguém. O que esperamos é que cada um reconheça suas dificuldades cognitivas e emocionais, e que, para alcançar essa harmonia, que em nenhum momento se tenha a perspectiva de incluir agressão, violência, quebradeira por parte de ninguém.
O relato mostra a qualidade do pai, não encontro ressalvas negativas. Se mostra cansado e abalado com tudo que acontece há anos. É compreensível. A solução de tudo que nos acontece está dentro de nós, com o potencial que temos para resolver.
Se todos tivéssemos o mesmo potencial, o que eu posso fazer, eu diria que qualquer pessoa também poderia. Mas não é isso que acontece. Nós percebemos que todos somos diferentes, mesmo que sejamos gêmeos idênticos. É esse potencial que cada um tem, que devemos saber qual é, e como podemos direcionar para alcançar a harmonia familiar que é a nossa meta, mesmo cada um sabendo de suas facilidades e dificuldades, mas que cada um possa colaborar na forma de ajuda mútua.
Lembrar da oração da serenidade: “Deus, concedei-me a serenidade necessária, para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para perceber a diferença.”
Tudo isso respeitando a lição máxima do mestre Jesus: “Amar ao próximo como a si mesmo.” Isto é, o amor está focado em nós, que devemos nos respeitar e amar , para poder respeitar e amar ao próximo. Se deixarmos a nossa integridade física, moral ou emocional seja atingida sem a defender, estamos cometendo um pecado contra nós mesmo, contra o próximo e contra Deus.
Tudo isso é parte da psicoterapia. Vamos avante!
A semelhança do que acontece na Ressonância Magnética (RM) que é um tipo de exame para ver as estruturas anatômicas do corpo humano, sem precisar realizar procedimentos cirúrgicos ou mais invasivos, podemos usar a memória para ver os impasses e conflitos cognitivos que estão dentro da mente. Este procedimento é a base da psicoterapia que pode ser realizada com vários formatos técnicos: psicanálise, cognitivo-comportamental, humanista, gestalt, behaviorismo, transpessoal, etc.
A psicoterapia se realiza frente ao cliente, de forma presencial ou on-line, como uma conversa tecnicamente dirigida. Podemos pedir também ao cliente para fazer o relato escrito do que acontece, dos problemas que o trouxe ao consultório. É este relato que apresentado ao terapeuta, corresponde a RM. Podemos dizer que é uma Ressonância Mental Mnemônica (RMM).
A psicoterapia clássica tem a vantagem que os dados da memória são solicitados de imediato e as respostas também são feitas de imediato. A RMM tem a vantagem que o cliente faz o relato escrito das partes que mais considera importante de forma mais reflexiva e o terapeuta tem oportunidade de estudar o relato em outro momento e pontuar o que considera mais importante para futuras conexões e encaminhamentos.
Quando a pessoa usa a memória para os devidos processos cognitivos que tentam entender ou justificar os problemas, irá fazer ressonância com outras formas de pensamentos que estão diretas ou indiretamente relacionados com os seus problemas. É neste ponto que o terapeuta pode observar distorções cognitivas que precisam de correção.
Quando se aponta as distorções cognitivas que levam às desarmonias existenciais, o cliente pode avaliar essa realidade e verificar a sua capacidade ou interesse de corrigir o que for de sua competência.
Cada pessoa tem seus paradigmas de vida, que nunca são iguais de uns para os outros. O pensamento, a emoção e o sentimento que cada um desenvolve em função dos fatos comuns, termina por reverberar de forma positiva ou negativa sobre quem está próximo. É esta ressonância negativa o objetivo da busca terapêutica para a correção.
Quando as pessoas avaliadas possuem um psiquismo íntegro, o processo terapêutico é realizado com mais simplicidade.
Quando, pelo menos uma das pessoas envolvidas apresenta um transtorno ou doença mental, o processo terapêutico se torna mais difícil. A pessoa com transtorno vai apresentar menor capacidade de resiliência ou mesmo capacidade cognitiva de entender o problema e não demonstrar potencial para sua correção. Neste caso, a ressonância mental exerce maior efeito negativo em todos os envolvidos e que dificulta a harmonia na convivência familiar e social.
A família tem a maior responsabilidade de desenvolver resiliência, a capacidade de manter a harmonia, se adaptar às situações difíceis, às fontes significativas de estresse, de utilizar a força interior para se recuperar da pressão.
Dentro de uma família, todos os processos de ressonância mental devem ser avaliados em causas e consequências, considerando todos os aspectos, físico, mental e espiritual, procurando orientar a direção da vontade naquilo que for mais consistente para a harmonia de todos.
Oi, Tio.
Estou aqui. Vim logo que me chamaste. Estou sempre por perto, pois minha mãe sempre está me chamando. Eu também gosto de ficar ao lado dela.
Gosto, tio, de suas orientações de não procurar por vingança do que aconteceu comigo, do meu assassinato, e de todos procurarmos seguir as lições do nosso mestre Jesus.
Aqui ainda me sinto muito perdido, mas tenho uma luz colocada no peito, aquele adesivo com uma cruz que você colocou sobre o meu corpo antes dele descer no sepulcro.
Sei que tenho uma missão, pois minha mãe recebeu a mesma cruz e você disse que isso iria fazer parte do trabalho que agora iríamos termos juntos. Uma missão ligada a você, minha mãe e a todos que eu tanto gosto, inclusive Luna (cadela da raça Fox Paulistinha que estava sempre com ele) que também visito.
Estou percebendo que tu queres colocar para funcionar a lanchonete que eu trabalhava com minha mãe, com outro serviço dirigido também as pessoas, dessa vez de forma mais nobre, tanto para alimentar e proteger o corpo e a mente, como de alimentar a alma com o pão da vida oferecido pelo próprio Jesus, e isto é o mais importante.
Eu posso ajudar nesse projeto daqui onde estou, pois apesar de ainda não ter uma boa compreensão do que acontece, sei que tem almas como eu, que não tem o apoio e orientações que eu tenho e que precisam de ajuda.
Nisso eu posso ajudar, até mais do que eu ajudava antes, quando eu tinha mais dificuldade pelo grande interesse que eu tinha na erva. Aqui ainda sinto o desejo de usar, mas prefiro ir para perto da minha mãe do que ir à procura de “bocas” ou de pessoas que têm o mesmo desejo que eu, e que possam fumar por mim.
Quero que você mostre aos meus parentes, Carlinhos, Laura, e principalmente ao meu irmão Flávio, que nunca pensei que ele me amasse tanto quanto ele demonstrou com a minha passagem para esta dimensão onde estou.
Enfim, estou muito satisfeito com tudo que está ocorrendo. Diga a minha mãe que não derrame tantas lágrimas, pois o afastamento do corpo físico jamais pode afastar as almas que se amam. E é esse amor que sempre desejei ter, até procurava exercer com vocês todos, fazendo as comidas que eu sabia que vocês gostavam, principalmente com Luna, pois sentia que com ela o meu amor não sofria nenhum tipo de recriminação.
Agora, neste lugar espiritual que me encontro, vejo com mais clareza os meus erros. Sei que posso continuar ajudando muito mais do que eu fazia quando estava ai, presente no corpo, com vocês.
Sei também que logo mais todos vocês estarão comigo, portanto, por que o choro de desespero? Por mais que eu consiga entender, são apenas nossas lágrimas de saudades, do que fazíamos juntos, mas isso é de um tempo que passou. Temos que obedecer a lei da evolução que a todos nos leva em direção à Deus, por mais que percamos tempo dentro dos erros.
Fiquemos em paz e trabalhemos, vocês por aí e eu por aqui, sempre envolvidos com o amor que emana de Deus, e que podemos alcançar, nos proteger e servir a quem precisa mais do que nós.
Fabinho.
Tive acesso a uma carta escrita pela pastora Ellen G. White que se mostra muito útil a nossa reflexão, inclusive a minha, pois no texto que escrevi ontem posso também colocar como uma tentação frequente do diabo sobre meu comportamento. Vejamos:
Resistir ao diabo
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Tiago 4:7.
Apanhar o fruto da árvore proibida pareceu a Eva uma questão insignificante; o fruto era agradável à vista, e o sabor parecia desejável para tornar alguém sábio.
Mas que terríveis resultados! Não era assunto insignificante perder assim sua lealdade a Deus. Isso abriu as barreiras do sofrimento para nosso mundo.
Que quantidade de males resulta de um único passo em falso! Nossos olhos não devem se fixar na Terra, mas acima, no Céu. Precisamos atravessar perigos e dificuldades, avançando a cada passo, obtendo vitórias em todo conflito, e ainda subindo mais e mais. O ar se torna mais puro ao ser a alma levada para mais perto do Céu.
A Terra agora não apresenta atrações.
O cenário celestial abre-se com luz e beleza.
O cristão vê a coroa, a veste branca, a harpa, o ramo de palmeira da vitória; a imortalidade está ao alcance da mão. Agora a Terra desaparece de vista. [...] Se perdermos tudo o mais, deveríamos manter a consciência pura e sensível. Quando impelidos a ir aonde haja o menor perigo de ofender a Deus, fazendo o que não deve fazer com uma consciência pura, não tenha medo nem hesite. Enfrente o tentador firmemente e diga: “Não porei minha alma em perigo pelas atrações mundanas. Amo e temo a Deus. Não me aventurarei a desonrá-Lo ou desobedecer-Lhe pelas riquezas do mundo ou o amor e favor de uma hoste de parentes mundanos.
Eu amo a Jesus, que morreu por mim. Ele me comprou. Sou a aquisição de Seu sangue. Serei fiel às Suas reivindicações, e meu exemplo nunca será uma desculpa para alguém se desviar do caminho reto do dever. Não serei servo de Satanás nem do pecado.
Minha vida será de tal natureza que deixará uma trilha luminosa na direção do Céu.” Uma simples palavra para Deus, uma resistência firme, silenciosa até, salvaria não somente vocês, mas centenas de outros também. [...] Chegou o tempo em que toda pessoa deve permanecer em pé ou cair segundo as próprias virtudes. Uns poucos atos religiosos, uns poucos bons impulsos podem ser apresentados à mente como evidências de retidão, mas Deus requer o coração inteiro. Ele não aceitará afeições divididas. Todo o ser deve ser entregue a Ele ou a oferta não será recebida pelo Céu. Precisamos estar agora aprendendo as lições de fé, se quisermos permanecer firmes no tempo de angústia que se aproxima sobre todo o mundo para provar aqueles que habitam sobre a face da Terra. Precisamos ter a coragem de heróis e a fé de mártires (Carta 14, 1884).
Posso focar minhas reflexões nos primeiros parágrafos da carta, entendendo meus desejos instintivos como a tentação do diabo. Tenho na minha consciência a lei de Deus e com ela formulei meus paradigmas com os quais sigo meu caminho. Apanhar o fruto proibido (meu desejo sexual) não está em minhas cogitações. Mas sei que a tentação é grande e é aqui que está o foco do meu desempenho: resistir ao diabo e me sujeitar a Deus. Não considero ceder a tentação como um fato insignificante, daí estar minha diferença com relação a Eva. Mesmo que aqui, no meu espaço de tempo, tenho a orientação de Jesus, de como conhecer o Caminho, a Verdade e a Vida, coisa que o casal adâmico não teve.
A minha missão de vida, conforme a vontade que o meu livre arbítrio decidiu, de fazer a vontade de Deus e não a minha, é que tenho que agir fraternalmente, com a bússola comportamental do Mestre para construir a família universal (daqueles que se comportam como filhos de Deus) acima da família nuclear (mesmo não perdendo a responsabilidade que tenho com ela) e construir o Reino dos Céus entre nós.
Sempre estarei dentro dessa tensão, entre fazer a minha vontade impulsionada pelo Ego ou fazer a vontade do Pai impulsionado pelo Espírito. Nesta semana fiquei dentro desta batalha comportamental. Senti os desejos da carne dentro do relacionamento interpessoal com uma mulher e o compromisso que tenho com o Pai através do Espírito. Procurei agir em todos os momentos com a bússola comportamental do Mestre, “não fazer ao outro aquilo que não queremos para nós”. Tudo que fiz com ela foi justamente aquilo que eu gostaria que fizessem comigo, se eu estivesse no lugar dela.
Portanto, minha consciência está tranquila, não acusa nenhuma culpa, continuo fazendo a vontade do Pai, mesmo entendendo que há uma grande motivação dos meus instintos. Isso eu considero importante. É importante essa motivação instintiva para que o corpo se torne mais dinâmico em suas ações. A questão é ver até onde posso ir sem sair dessa trilha estreita que é a vontade do Pai. Da minha parte eu me sinto livre para agir com a bússola do Cristo. Os meus paradigmas de vida são conhecidos por quem está perto de mim, não constitui traição aquilo que todos sabem que pode acontecer, o que posso fazer com terceiros. Mas não sei quais são os limites que existem do outro lado, com a outra pessoa. Sem ter esse conhecimento, posso dar um passo fora da rota que a bússola aponta. Como aconteceu de outras vezes, chega o momento que é necessário o esclarecimento. Ter consciência de como funciona a mente da pessoa desejada, quais são os seus paradigmas, se eles se adequam às exigências da bússola cristã.
Aqui, este momento, funciona como uma encruzilhada onde eu tenha que caminhar sozinho, perdendo esta expectativa que tenho agora de atender aos meus desejos. Caso a pessoa mostre que seus paradigmas de vida não correspondem aos meus e que a possibilidade de atender ao meu desejo é negativa para ela, isso implica em que eu impeça a sua manifestação.
Este é o motivo de eu ter procrastinado esse momento por tanto tempo. Pois enquanto isso não acontece, existe um jogo de sedução, que atende aos meus desejos masculinos e aos desejos de toda mulher, desde que seja feito de forma respeitosa e solidária como acontece. Estamos dentro da fraternidade universal ensinada por Jesus. Isso não traz o prazer completo desejado pelos instintos (Ego), mas mantém uma perspectiva de alcance, o que pode ser destruída por uma conversa franca.
Mas, não podemos ficar com esse jogo indefinidamente, não contribui para o nosso processo evolutivo. A conversa esclarecedora deve existir à nível da amizade que é o sentimento básico dentro da fraternidade. E qualquer que seja a decisão advinda desse esclarecimento, os pilares da amizade não podem ser abalados, mas sim os pilares da sedução de ambas as partes.
Será importante ler este texto para ela antes de começarmos a nossa conversa, e depois, qualquer que seja o resultado, ser feito um novo texto com este mesmo sentido, de orientar aos meus leitores os caminhos que são postos à nossa frente pela providência divina e em quais deles nos engajamos conforme o nível e comprometimento de nossa consciência.