Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/06/2016 23h59
FAMÍLIA AMPLIADA (25) – NOVAS PERSPECTIVAS

            Sinto que o leque de relacionamentos que podem ser caracterizados dentro de tal família ampliada está cada vez mais se abrindo. Uma dificuldade surge em função dessa ampliação, que não deixa de ser o objetivo a ser alcançado... surge a dificuldade de eu não poder estar em todos os lugares que tem pessoas caracterizadas como membro desta família. Isso poderia ser um elemento negativo nesse formato da família ampliada, pois na família nuclear a presença do outro é garantida.

            Acontece que existe uma pressão muito grande para os relacionamentos serem formados além da família nuclear, e isso termina acontecendo de forma clandestina, com a pecha do pecado ou culpa do adultério, tanto pelo homem quanto pela mulher.

            Esse tipo de relacionamento, nuclear mas com diversos encontros adúlteros, implícitos ou explícitos, é o que se observa como normalidade na sociedade. Então, para evitar essa situação de anomalia, devemos colocar esse comportamento adúltero que se tornou normalidade, dentro de um paradigma diferente, que dê dignidade ao homem e mulher que assim proceder.

            A construção desse paradigma, com base na honestidade e na verdade, irá construir a família ampliada, pois não será concebível que dentro de uma relação harmônica, o relacionamento sexual seja realizado sem um laço forte de afetividade. Sem isso estaríamos nivelado aos animais, infelizmente é o que se observa também com muita regularidade. Mas não posso entrar nesse campo da sexualidade instintiva sem respeito à dignidade do outro, pois estaria tratando com um animal travestido de humano.

            O que quero demonstrar aqui é a válvula de escape para os instintos sexuais serem realizados dentro da verdade, coerência com os interesses de todos os envolvidos, e alimentar o sentimento do Amor que foi desencadeado pela força da paixão. Por isso a família ampliada se torna necessária e se tudo correr dentro dos princípios do Amor, alcançaremos a família universal, e, enquanto espécie, a sociedade característica do Reino de Deus.

            O aspecto negativo da falta de uma pessoa específica junto da outra, pode ser compensada de forma ampla pelas diversas pessoas que giram em torno da amizade e afetividade, nesse círculo familiar. O sexo não pode ser considerado tabu, se ele está a serviço do Amor, mas tem que ser evitado se ele induz a exclusão de outras pessoas.

            Senti a necessidade de fazer este texto ressaltando as novas perspectivas dentro da família ampliada, porque vejo essa necessidade estar surgindo em diversos campos, mesmo além do envolvimento sexual, que antes era o principal fator. Desde uma pessoa que fez um benefício para mim no passado e deixou registrado no mármore da minha memória a gratidão, essa pessoa e seus descendentes e antecedentes devem ser considerados como membros da família; uma pessoa que no passado distante se envolveu sexualmente comigo e agora se aproxima com outras demandas, também está registrada no mármore de minha memória. Até mesmo um paciente, companheiro de trabalho ou aluno, que mostre afinidade pelo pensamento e afeto pelos participantes, tende a entrar também nessa família ampliada.

            Tudo isso acontece no campo da minha consciência e percebo diversos caminhos se abrindo, cada vez com mais diversidade. Chega a um ponto que fico confuso na forma de melhor administrar tudo isso, uma vez que o egoísmo ainda prevalece e tende a desarmonizar o conjunto. Mas deixo todas essas dificuldades nas mãos de Deus, pois sei que esse trabalho pertence a Ele, e sou apenas um simples instrumento.

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em 20/06/2016 às 23h59
 
19/06/2016 23h59
INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO

            As vezes sou confrontado com a ideia de que o casamento, como uma permissão que Deus faz de união entre o homem e a mulher, tem que ser indissolúvel, pois o que Deus une o homem não pode desunir. Isso implica dizer que eu não obedeci a Deus no primeiro casamento que eu realizei perante Ele no altar. Cometi esse erro e também outro, pois casei uma segunda vez e separei novamente.

            Mas fico a imaginar, por que essas separações aconteceram se eu estava sempre procurando cumprir a principal lei de Deus que é a lei do Amor Incondicional? Para ajudar nas minhas dúvidas, procurei ler novamente o Evangelho.

            “E chegaram-se a Ele os fariseus, tentando-o e dizendo: é porventura lícito a um homem repudiar a sua mulher, por qualquer causa? Ele respondendo, lhes disse: ‘Não tendes lido que quem criou o homem, desde o princípio os fez macho e fêmea? E disse: ‘Por isso, deixará o homem pai e mãe, e ajuntar-se-á com sua mulher, e serão dois numa só carne. Assim que já não são dois, mas uma só carne. Não separe logo o homem o que Deus ajuntou. (Mateus, XIX: 3-6).

            Vamos seguir então as lições do Mestre. Ele ensina que Deus criou o homem na forma de macho e fêmea, e que o homem/mulher deixará pai e mãe e ajuntar-se-á com sua/seu homem/mulher, e serão os dois uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, unidos assim conforme a vontade de Deus e os desejos humanos, não caberá a nenhum homem fazer essa separação.  

            As leis humanas baseadas no amor romântico reforçam esses ensinamentos. A união entre o homem e a mulher é feita na forma do casamento que visa construir uma família nuclear, voltada para os interesses da parentela em primeiro plano, e que o desvio desse compromisso leva o nome de adultério, um crime que chega à pena do apedrejamento em algumas culturas, inclusive naquela que o Mestre vivia. Inclusive foi Ele que impediu a morte por tal castigo de uma mulher flagrada em tal crime, simplesmente por evocar na consciência de cada um dos pretensos carrascos, se eles tinham moral para fazer o que pretendiam.

            Por outro lado, o Pai criou cada pessoa com instintos básicos de sobrevivência, entre eles um dos mais forte é o instinto de preservação da espécie, representado pelo desejo sexual entre homem e mulher. O homem honesto que queira seguir a Lei do Amor, obedecendo a bússola comportamental que o Cristo nos ensinou, de fazer ao próximo o que desejaríamos que fizessem conosco, vai se defrontar com a possibilidade de envolvimento afetivo/íntimo/sexual com outra pessoa, caracterizando o adultério. Fica então a decisão para essa pessoa ciosa de fazer a vontade de Deus no cumprimento da Lei do Amor: desenvolve o relacionamento extra conjugal com essa pessoa sentindo que está cumprindo a Lei de Deus, ou permanece firme na decisão de não se envolver sexualmente com outra pessoa, para não cometer adultério? Mesmo tendo a consciência que se mantiver a fidelidade ao casamento, perderá a fidelidade ao que Deus espera dele? Mas pelo menos terá o respeito de todos que o verão como uma pessoa honesta e respeitador das leis. Mas ele terá a mesma compreensão que Deus o verá assim?

            Mas vamos imaginar que tal pessoa queira fazer a vontade de Deus e seguir as lições do Cristo, o Seu filho mais evoluído que veio à matéria para nos ensinar. Então ele conclui que a união com sua mulher o transformou numa só carne com ela conforme a vontade de Deus. Se ele tem os desejos que Deus colocou na sua mente, se existe a oportunidade de relação sexual com outra pessoa na obediência da Lei do Amor, de fazer ao outro o que desejaria que fosse feito consigo, então a sua mulher, carne da sua carne, ao invés de se sentir agredida por tal ato, deveria se sentir gratificada por seu companheiro obedecer de forma tão precisa as determinações do Criador. Mesmo porque ela sabe que se tal oportunidade surgisse nos seus relacionamentos, de cumprir a Lei do Amor com outro homem, o seu companheiro estaria tendo a mesma compreensão e sentido o mesmo tipo de orgulho com sua mulher.

            Acontece que na prática, quando o homem toma tal atitude sentindo estar dentro da Lei de Deus, a mulher o esbofeteia e expulsa de casa. Dessa forma não foi ele que repudiou a esposa, foi ela que, sem compreender o alcance do seu comportamento, não tolerou o que para ela parecia uma agressão. Mesmo assim, sofrendo tais dissabores, tal homem cioso do cumprimento da vontade de Deus continua sem repudiar a sua mulher, mesmo tendo sido por ela expulso de sua casa e de seu coração. Ele continua a entender que ela continua sendo carne de sua carne, pois um dia juntos trocaram fluidos e seus corações dispararam juntos no êxtase do orgasmo cósmico. Continua a considera-la uma pessoa especial e cujo amor que um dia nutriu não deixa se extinguir de dentro do seu coração. Essa pessoa que o tempo pode levar à uma consideração mais próxima da verdade, volta a se relacionar de forma fraterna e solidária com o antigo marido que hoje é seu companheiro espiritual.

            Pronto! Por caminhos diferentes foi encontrada a indissolubilidade do casamento, sem este está presente na sua formalidade, mas que na essência os corações estão unidos como antes estavam na orgia da carne. Pode não ser uma só carne, se para isso é exigido ainda a troca de fluidos, mas com certeza pode ser um só espírito, tolerante com os desejos da carne e corajoso para assumir os caminhos que o Pai apresenta para a construção do Seu Reino.

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em 19/06/2016 às 23h59
 
18/06/2016 23h59
TERAPIA FAMILIAR AMPLIADA (24) – ARTE DE RESOLVER CONFLITOS

            Cada vez que o tempo avança e novas compreensões vão alcançando a consciência, dentro da lógica de “fazer a vontade de Deus” de acordo com os ensinamentos do Cristo, mudanças no modo de agir se tornam necessárias. Não teria nenhuma lógica se, tanto esforço para aprender fosse realizado e nenhuma mudança fosse feita, simplesmente porque se decidiu agir de determinada forma em alguma ocasião. O que não deve mudar, assim eu compreendo, é a meta original, a intenção de cumprir a vontade de Deus, usando o corpo que Ele nos deu como ferramenta. Se para atingir essa meta eu descubro que outro caminho é mais eficaz do que aquele que estou trilhando, é claro que eu deverei assumi-lo, sob ameaça de não assim fazendo eu não está sendo honesto com o Pai, de fazer a vontade dEle com a maior eficiência da minha parte, tentando superar os meus defeitos biológicos, instintivos, emocionais e racionais.

            Percebo que esse setor que passei a desenvolver há certo tempo, este é o 24º texto desta série, tem sofrido alterações na forma e no conteúdo. Mas, dentre todos os caminhos que estou trilhando na minha vida, profissional, voluntário, associativo, etc., este é o mais objetivo no que diz respeito a construir a família universal, a base coletiva onde deverá ser instalado o Reino do Pai.

            O que no início aparentava uma ação bem localizada e bem amarrada com uma só pessoa, lentamente percebo que vai existindo uma espécie de diluição. Essa localização cada vez se amplia mais, e isso é motivo de conflito com quem se aproxima mais de mim. Principalmente no campo afetivo com liberdade para a intimidade sexual.

            O sentido de cumprir a meta, cada vez mais se aproximar do Criador através da construção do Seu Reino de paz e Amor, leva a aproximação com pessoas com um apela cada vez mais generalizado. Se o que antes motivava essa aproximação era o apelo sexual, agora outros fatores se apresentam e mostram que também estão à serviço da fraternidade, da construção dessa Família Universal, sem necessariamente passar pela intimidade sexual. São pessoas que chegam com o motivo de formar uma relação, em qualquer formato, seja profissional, espiritual, comercial, lúdico, etc.. As justificativas são inúmeras e cada vez que isso acontece eu vejo que são caminhos que se abrem para a construção do Reino de Deus. O que parece exigir de minha racionalidade um esforço extra, como fazer para construir essa ligação onde todos se relacionem através de mim com o mesmo nível de solidariedade e fraternidade que tento desenvolver. Observo que a semente do egoísmo é muito mais forte que a semente de Deus que cada um possui.

            O trabalho que comecei a realizar na Polishop parece um bom exemplo para isso que estou querendo dizer neste texto. De repente eu percebo que esse trabalho, vindo através de uma pessoa do meu círculo de amizade mais próximo, parece demonstrar um potencial de aglutinar pessoas mais distantes, com mais facilidade com o apelo comercial.

            Dessa forma, onde quer que eu esteja, sozinho ou acompanhado, estou sempre sintonizado nessas opções que o Pai coloca ao meu alcance e tentando interpretar no que tal ação vai contribuir para o Reino que Ele espera de nós.  

            Fiz um texto há pouco tempo falando da dimensão dessa família ampliada que estou construindo como um protótipo da Família Universal, mas parece que tenho que fazer outro texto para atualizar aquele, falando das atuais dimensões da minha família ampliada. Talvez eu tenha que mudar o nome, retirar o “Terapia”, pois afinal de contas todos estamos nos tratando da ignorância que gera tanta doença quando deixa predominar nas ações o egoísmo. Seria conveniente tirar esse termo redundante e focar na família ampliada, fazendo considerações a cada setor.

            Neste texto que apresentei nesta reunião de hoje com o grupo de Ceará Mirim, “A arte de resolver conflitos”, a lição deixada foi que deve existir o diálogo afetivo como a forma mais eficiente de digerir os conflitos. O que não falta em nossas relações humanas são os conflitos, e dentro dos meus relacionamentos tão fora da cultura, esses conflitos se tornam mais difusos e mais frequentes. Mesmo que tudo esteja sendo construído para fazer a vontade de Deus, mesmo assim o egoísmo prevalece e constrói os conflitos de natureza individualista. Devo mais que ninguém que ouviu a lição, desenvolver esse diálogo, tanto individualmente, coletivamente ou através de textos como este que estão abertos à toda a humanidade

            Então, brevemente produzindo um texto com essas novas características – FAMÍLIA AMPLIADA (25) – NOVAS PERSPECTIVAS, mesmo que não cause grande impacto nas ações que estou desenvolvendo.

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em 18/06/2016 às 23h59
 
17/06/2016 23h59
AUTODESCOBRIMENTO (13) – O SUBCONSCIENTE

            O subconsciente é parte do inconsciente que pode aflorar à consciência com seus conteúdos alterando o comportamento do indivíduo. O subconsciente é o arquivo da mente, que começa desde o útero.

            Pode ser observada as seguinte características do subconsciente: 1. É um arquivo que é formado a partir das experiências cotidianas da pessoa; 2. Automático; 3. Irracional; 4. Estático; e 5. Vinculado à personalidade. Na mente humana pode ser entendido o consciente como a parte racional, onde é feita a análise dos fatos e a tomada de decisão. É o centro da fonte do raciocínio, da análise, dos prognósticos, comparação, justificação. O subconsciente é a parte mecânica, cartorial, registra de forma robotizada, tende a realizar o que nele está arquivado sem a preocupação do certo e do errado.

            Mesmo estando situado numa condição subalterna em relação ao consciente, o subconsciente pode se manifestar através de sonhos, neuroses e atos falhos. O consciente se restringe apenas ao presente. O subconsciente, além de abranger o presente, abrange o passado e o futuro. É um fiscal implacável de nossas vidas. A tudo registra, transformando em clichês etéreos que compõem nosso campo cognitivo ou campo de equilíbrio. É nesse escaninho maravilhoso da nossa mente que Deus está presente com mais influência em nossa consciência, com o Seu amor, com a Sua Justiça e com a Sua misericórdia.

            Os sonhos nem sempre dizem aquilo que pensamos através de sua simbolização. Eles são representados em fatores de sua complexidade e apresentam significados diferentes quando avaliados por seus detalhes. Lembro que assisti o filme “Avatar” onde existia uma arvore cheia de flores e que significava a força daquela comunidade. Pois bem, certa noite sonhei com aquela árvore e que caiam todas as suas flores. Não compreendi o que isso significava, até o momento que minha ex-segunda esposa me expulsou de casa e senti o mundo desabar ao meu redor.

            As neuroses são quadros psiquiátricos que caracterizam-se por dificuldade de adaptação por parte do indivíduo, embora este seja capaz de trabalhar e estudar, envolver-se emocionalmente e estar bem entrosado com a realidade. Na clínica psiquiátrica podem ser classificados da seguinte forma: transtornos fóbico-ansiosos, ansioso, histérico, obsessivo-compulsivo, e distimia.

            Os atos falhos são fugas de conteúdos reprimidos no subconsciente. O paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu ou reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o. Ele o reproduz não como lembrança, mas como ação. Repete-o, sem, naturalmente, saber o que está repetindo. Podemos ver esses atos falhos sendo constantemente repetidos no programa de humor do Chaves, onde ele usa em cima do ato falho o refrão: “Foi sem querer querendo”.

            É esse conteúdo que está arquivado no subconsciente na forma de pensamentos e atos, que irão programar a atitude e o comportamento. Isso reforça que a mente humana tem essas duas funções básicas, dentro do processo psíquico das funções mentais: o consciente e o subconsciente. O consciente é a parte racional e que distingue o homem dos outros animais. É o centro, a fonte do raciocínio, análise, tomada de decisões, comparação, justificação... é o que leva a pessoa do animal para o humano. O subconsciente é a parte mecânica, o registro, o robô, que só realiza as programações que nele estiver, sem a preocupação se é certo ou errado.

            Mesmo o subconsciente sendo mecânico, nem por isso deixa de influenciar o comportamento e atitude. Portanto, se arquivamos coisas negativas dentro do subconsciente vai surgir em função disso uma programação negativa. Sabendo dessa condição, e reconhecendo que estamos com uma programação negativa, podemos trabalhar para fazer uma reprogramação para mudar essa negatividade. Existem três leis que podemos usar para promover essa reprogramação: primeiro, a lei da repetição que deve ser praticada com treino, hábitos e condicionamentos; a segunda lei é a repetição, sabendo que no subconsciente não há diferenciação entre realidade e ficção. Então, devemos imaginar sempre coisas e situações boas; e terceiro, a lei da compreensão. Devemos aplicar a lógica e a coerência em tudo que fazemos, pois assim o nosso arquivo no subconsciente organiza as programações correspondentes e nossas ações nas interações passam a ser mais pragmáticas no sentido da harmonia.

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em 17/06/2016 às 23h59
 
16/06/2016 23h59
AUTOHEMOTERAPIA - ENTREVISTA

            Participei hoje de uma entrevista na TV Metropolitana para falar sobre a Autohemoterapia (AHT), uma técnica que não é de minha área de atuação em medicina, mas por envolver princípios filosóficos que eu defendo, não recusei o convite. Porém, ao receber a transcrição da entrevista, não fiquei satisfeito, vi que eu podia ter explicado bem melhor a questão, inclusive colocando erros de quantificação em desfavor da minha tese.

Por esse motivo resolvi fazer a reprodução dessa entrevista com o apresentador Jornalista Roberto Guedes, com os argumentos que eu tenho potencial para fazer.

            Apresentador (A) – Amigos, estamos de volta aqui com o nosso Primeira Página, e agora eu queria até fazer um apelo prá você, telespectador, prestar muita atenção sobre esta alternativa, esta possibilidade de buscar a cura através de um dispositivo, de um tratamento que não tem sido recomendado pela Medicina Oficial, pela Medicina Ocidental. É a Autohemoterapia. O nome sugere alguma coisa, mas como sou leigo eu vou pedir, dando bom dia e boas-vindas ao Doutor Francisco Rodrigues, médico que chefia o Departamento de Medicina Clínica do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e conhece bem da matéria, que explique, principalmente a você que está em casa e nos assiste, o que é Autohemoterapia e o que ela pode fazer por você ou por algum paciente que você tem na sal família. Dr. Francisco Rodrigues, muito bom dia, seja muito bem-vindo ao nosso programa, Primeira Página, na nossa TV Metropolitana.

            Entrevistado (E) – Bom dia Roberto Guedes, bom dia telespectadores. Primeiro peço licença para corrigir que a técnica está proibida dentro da Medicina Oficial Brasileira e que essa proibição não é observada de forma geral na Medicina Ocidental. E, segundo, que fui chamado a falar aqui não como especialista que conhece bem da matéria...

            A – Ainda não existe a especialidade, não é?

            E – Existe a especialidade da Hematologia onde a Autohemoterapia pode ser estudada e aplicada com mais profundidade. Eu sou do campo da psiquiatria, então estou um tanto distante da técnica. Mas u vim conversar mais sobre os princípios, porque acho importante discutir essa questão.

            A – Então, o que é auto-hemoterapia? Como ela pode ajudar as pessoas?

            E – Então, quero colocar inicialmente o conflito em que foi colocada a autohemoterapia no Brasil, de não poder ser aplicada legalmente, por não ter comprovação científica de sua eficácia. Por isso eu quero ir logo colocando essa questão, o que é a medicina? Uma ciência ou uma arte? A gente continua a ensinar na academia que a medicina continua sendo uma arte. A arte de curar, de cuidar do paciente. A ciência está ao nosso dispor, temos que olhar para a ciência, os recursos que a Ciência traz com muito cuidado, com muito respeito e humildade. Aceitar aquilo que vai beneficiar o paciente. Essa é a questão. A autohemoterapia surge nesse contexto.

            A – Ela vem de onde? Ela é alguma especialidade, algum tipo de tratamento oriundo da Ásia?

            E – Não, ela é uma observação que foi feita de que a aplicação do sangue do próprio indivíduo, retirado da veia e colocado diretamente no músculo, serve para estimular a produção de macrófagos que são as células sanguíneas responsáveis por fazer a limpeza do organismo. Isso é fisiologicamente detectado e reconhecido pela ciência e por todos os colegas que trabalham em qualquer área da medicina. Isso aí, também é do meu conhecimento essa questão. Então, esse macrófago tem essa finalidade de proteção, de vigilância, de cuidado do organismo.

            A – O macrófago é o que?

            E – É uma célula sanguínea que está atuando nos tecidos corporais em torno de 5%, originados dos monócitos presentes na corrente sanguínea, e que é produzida por nosso organismo na medula óssea.

            A – É o saneamento do sangue?

            E – É o saneamento, os camburões de lixo juntando em peso; os soldados e o lixo, fazem a defesa e a limpeza do organismo. Então essas células são importantíssimas para o nosso funcionamento. Você vê, a AIDS, por exemplo, que é uma infecção muito problemática e difícil de cuidar. Ela é tão perigosa assim porque ela atinge as células de defesa do nosso organismo, como os macrófagos, os linfócitos; eles se alojam nessas células e dificultam o tratamento, pois estão agindo na área de defesa. Então, essa técnica da autohemoterapia, foi observado que quando se faz isso, se retira sangue da veia e aplica de imediato no músculo, essa técnica consegue elevar os macrófagos além do seu nível normal. Então isso significa que o paciente naquele momento, tem um suporte de proteção e de limpeza do organismo excepcional, isso sem nenhum custo extravagante.

            A – Turbina a limpeza.

            E – Sim, e isso vai atingir todas as áreas do organismo.

            A – Isso é indicado como uma terapia preventiva ou ela é curativa?

            E – É curativa e preventiva. Se o indivíduo já tem uma doença instalada, e muitas vezes acontece isso, a pessoa vai a diversos médicos, se submete a diversas técnicas, vários medicamentos e não conseguem boa recuperação. Fica com a doença crônica e progressiva, sem outra solução oficial. Muitas vezes essa técnica da autohemoterapia consegue dar uma solução a essa pessoa. E muita gente vendo e sabendo assim desse procedimento, dessa técnica, como é que isso funciona, como é a fisiopatologia da doença e o que acontece no organismo depois da técnica, então se ele usa mesmo estando saudável, se usa essa técnica para aumentar suas defesas, então ele está prevenindo a ocorrência de alguma doença que possa surgir. Então tem essas duas funções, preventiva e curativa.

            A – Quais seriam as doenças que poderiam ser curadas ou que tem sido curadas com a autohemoterapia?

            E – Tem muitas doenças que podem ser tratadas ou prevenidas, e quem tiver interesse e curiosidade pode entrar na internet, no Google, e ver lá as indicações, as doenças que podem ser curadas com a autohemoterapia, doenças degenerativas, infecciosas, as mais diversas, relacionadas com as ações dos macrófagos. Eu não estou definindo aqui uma panaceia para ser usada em tudo, ou descartar os procedimentos médicos, farmacológicos, que existem e estão à nossa disposição para aderir exclusivamente à autohemoterapia. Não é isso. Tudo tem o seu espaço e pode ser usado com parcimônia e com critérios com relação a essa questão. Isso porque as vezes nós não temos nenhuma outra alternativa par um paciente que está definhando, está morrendo como vítima da doença que o acomete. As vezes comento essa questão dentro de uma perspectiva pessoal, pois a minha mãe foi acometida por um câncer cerebral e foi feito todos os recursos, da cirurgia à quimioterapia e nada resolvia. O câncer sempre estava voltando até que a morte aconteceu. Eu ainda não conhecia a técnica da autohemoterapia, pois seria mais uma alternativa que eu iria usar, pois as células do câncer...

            A – Se multiplicam rapidamente.

            E – Sim, são células agora sem controle dentro do organismo, mas que o sistema de defesa e limpeza pode combate-las. Há muitos relatos na internet sobre essa questão. Por isso, se eu soubesse que essa técnica existia, não vacilaria um só instante, aplicaria em minha mãe, porque seria mais uma alternativa que eu iria usar para tentar salvar a vida dela.

            A – Eu sei que algumas pessoas aqui em Natal, a partir do meu amigo e irmão Walter Medeiros, usam a autohemoterapia. Walter inclusive trava uma briga, uma guerra sem quartel em defesa da autohemoterapia. Eu sei que outras pessoas que não quero citar os nomes, pois nem todas concordariam com essa exposição.

            E – Sim.

            A – E usam autohemoterapia e até recomendam para outros amigos. Agora eu pergunto: quem pode aplicar a autohemoterapia, quais são as implicações legais e quais são as contraindicações da autohemoterapia?

            E – Olhe, o técnico mais capacitado para aplicar a autohemoterapia é aquele que está capacitado para aplicar as injeções normais

            A – Um enfermeiro.

            E – Sim, ou um técnico de enfermagem.

            A – Mas ele pode fazer sem prescrição médica?

            E – Todo procedimento teria que ter uma indicação por médico, para não ser considerado automedicação.

            A – Certo.

            E – Seria o correto uma indicação médica, mas no Brasil existe a proibição...

            A – Imposta pelo Conselho Regional de Medicina, ou Conselho Federal de Medicina.

            E – Conselho Federal de Medicina. A partir de um parecer solicitado, inclusive a um colega do nosso departamento, e esse parecer foi desfavorável porque não havia comprovação científica para a aplicação da técnica e por isso poderia causar mal ao paciente. Agora, a minha questão lógica é essa: de onde viria esse mal? Do produto que está sendo injetado? Não pode ser, pois o produto...

            A – Se é o próprio sangue.

            E – Sim, é o próprio sangue.

            A – Do paciente.

            E – Do sangue não teria problema. Seria o problema da técnica de ser aplicada uma injeção no músculo? Sim existe um risco, mas as injeções são aplicadas rotineiramente em todos o sistema de saúde, com os cuidados necessários para evitar os problemas. Então isso não poderia justificar a proibição. Então, onde está esse risco que a visão científica teme acontecer? E mais ainda, tem a questão das evidências. Nós hoje estamos muito orientados pelas evidências. Tudo bem. Evidências científicas, ótimo! Nada contra isso, pelo contrário. As evidências científicas apontam que a autohemoterapia é uma técnica má? Que vai produzir mal aos pacientes? Não! Não tem evidência científica nenhuma contra a técnica da autohemoterapia. Não tem evidência científica a favor, esse foi o parecer do nosso colega. Mas tem outras evidências, são os testemunhos de quem está usando a técnica. Então, se você entrar na internet, vai ver milhares de depoimentos e sites favoráveis a técnica, de pessoas que mesmo fora da legalidade, usam a técnica. Fica a pergunta: por que não liberar a técnica ao bom senso do médico que assiste o paciente?

            A – O senhor teria de memória algum endereço virtual para indicar aos telespectadores a fim de que eles procurem na internet?

            E – Basta colocar o termo autohemoterapia no google, vai abrir um monte de sites entre eles o oficial que fala tudo sobre o assunto, com depoimentos de usuários e inclusive com um vídeo do Dr. Luiz Moura, divulgador da técnica no Brasil. Também tem muitos textos do principal defensor da técnica no Rio Grande do Norte, Walter Pereira

            A – Walter Medeiros

            E – Walter Medeiros, sim, que é realmente um grande defensor da técnica, por entender, como muita gente entende, inclusive eu, que é uma técnica benéfica para os pacientes que a procuram, tanto do ponto de vista fisiológico/terapêutico quanto do ponto de vista de acessibilidade/financeiro. Uma das técnicas mais baratas que encontramos na medicina, só vai custar o trabalho de um técnico, uma seringa simples para realizar o procedimento, e o produto que é o próprio sangue do paciente, e portanto, sem custos.

            A – A matéria prima é o próprio corpo.

            E – Sim.

            A – Agora eu pergunto ao senhor o seguinte: o senhor conhece históricos de casos de pessoas que foram submetidas ao tratamento com a autohemoterapia, há histórico de insucesso ou de efeitos colaterais negativos?

                E – Não. Até agora minha experiência, pouca experiência no caso, volto a enfatizar, não sou especialista da área, eu não trabalho cotidianamente com esses pacientes. Mas com a pouca experiência que tenho, das pessoas que usaram essa técnica, todas são positivas. E todas me perguntam até quando a Universidade, os laboratórios irão fazer pesquisas para confirmar ou não essa eficácia, mostrar cientificamente as evidências que a população está mostrando.

            A – Quer dizer que o problema não é que os contrários tenham investido em pesquisas para mostrar que a autohemoterapia não é recomendada; é que eles nem sequer pesquisam.

            E – Isso, nem sequer pesquisam! Não existe nenhuma pesquisa para afirmar o contrário, não é? A Universidade tem uma parcela de culpa que também é minha enquanto sou professor universitário. Nós da universidade devemos desenvolver pesquisas no interesse da coletividade.

            A – A universidade devia ser a vanguarda.

            E – Devia ser a vanguarda. Os laboratórios que produzem medicamentos não tem nenhum interesse nisso, pelo contrário.

            A – Na hora que o próprio sangue do paciente substituir o comprimido, o remédio.

            E – Exatamente.

            A – Eles vão ter algum abalo financeiro.

            E – É um concorrente para suas atividades, não é? Então eles não tem interesse nenhum. Quem deve ter interesse é a universidade pública, que é paga com o dinheiro dos contribuintes e para os quais nós devemos dar uma resposta, e nós estamos aqui parados até agora. Vimos aqui a proibição de uma técnica usada com êxito pela população. A universidade devia mostrar: isso é verdade mesmo? Vamos em busca da verdade, fazer pesquisas para indicar isso. A  população vai ser prejudicada se essa técnica for liberada? Mas essas pesquisas não estão acontecendo, então é falha nossa. E enquanto professor universitário faço aqui a “mea culpa”, apesar de meus interesses dentro da Universidade está dirigido a outro foco. Mas a universidade deve fazer isso, é sua responsabilidade, e por isso fica acuada nesse processo. A população está esperando dela uma resposta.

            A – Certo, agora me diga uma coisa, se entre nossos telespectadores houver pessoas que depois de ouvi-lo com todas essas ponderações, manifestar interesse de recorrer à autohemoterapia, qual o caminho que se poderia informar para essas pessoas?

            E – Aqui em Natal, eu sugiro que essas pessoas conversem com seus médicos: “olhe doutro fulano de tal. Eu sei que tem uma técnica que é muito boa, muito útil, porque faz o aumento das defesas do organismo e que eu poderia me beneficiar. O senhor poderia me indicar?” Se ele disser que não conhece, então você pede para ele se informar e verificar se é conveniente para o seu caso. Esse seria o primeiro passo, ter uma sintonia com o médico que acompanha esse paciente e evitar fazer a automedicação.

            A – E se a medicina não aceitasse permanentemente experiências, nós não tínhamos chegado ao nível de cura que temos alcançado em vários seguimentos. E vou citar um caso: para algumas pessoas a cura do câncer foi possível nos anos noventa, final do século passado, através do uso de um remédio chamado Interferon. Teve um momento em que Interferon recebeu a mesma restrição das autoridades médicas no mundo dito desenvolvido, mas as empresas que fabricavam promoveram uma grande pesquisa, levando pessoas a se assumirem como cobaias e com isso obtiveram resultados que mostraram que o remédio era bom e convenceram os contrários a aceitarem o remédio. Foi institucionalizado. É preciso que haja com relação a um remédio tão barato quanto este, que é o próprio sangue da pessoa, uma compreensão da medicina convencional, que ela precisa sair dessa, desse seu espaço de conforto e aceitar o novo. É isso que eu imagino que o doutor Francisco vive dizendo aos seus colegas. Aí eu pergunto: o senhor não tem sofrido nenhuma admoestação dos conselhos federal, regional de medicina por conta dessa sua posição?

            E – Felizmente até agora não. Mesmo porque sempre estou colocando esses argumentos dentro da lógica, sem agredir autoridade de ninguém, nem mesmo do colega do meu departamento que elaborou o parecer que deu origem à proibição.

            A – Que deu o parecer contrário?

            E – Sim, e que foi aceito pelo Conselho Federal de Medicina. Não chego até ele e faço qualquer admoestação. Respeito o seu posicionamento, mas também espero que o meu seja também respeitado. Temos que ter cuidado com os argumentos levantados pela ciência, nem sempre correspondem a verdade. Na minha área, por exemplo, eu uso um medicamento classificado como antidepressivo. Inicialmente a proposta científica é que ele iria aumentar o nível de neurotransmissor Serotonina que estava diminuído nas pessoas deprimidas. Acontece que logo após a ingestão, o aumento da Serotonina era alcançado, mas a melhora clínica não. Somente depois de 8 a 15 dias era que a melhora clínica acontecia. Então o fator que melhorava não era simplesmente o aumento dos receptores. A teoria mais aceita atualmente é da diminuição dos receptores, uma baixa regulação. Mas nada nos assegura que este ainda seja o verdadeiro motivo.  

            A – Era o que eu ia dizer agora. Mas, amigos, estamos pressionados pelo tempo, na hora de encerrar o programa e a nossa conversa como doutor Francisco Rodrigues, a quem eu convido aqui a retornar em outras ocasiões aos nossos estúdios e ao nosso Primeira Página para focalizarmos novamente este tema que é muitíssimo interessante. Doutor Francisco, muito obrigado, e a casa é sua, viu? Venha sempre.

            E – Obrigado, e a todos os telespectadores.

            Enfim, esta foi à entrevista. Não gostei da forma como informei o assunto. Fui muito prolixo, sem objetividade. Corrigi bastante com esse texto o que falei ao vivo na televisão. O leitor que tiver curiosidade de confrontar esse texto com a entrevista, vai concordar com minha opinião. A essência do que eu disse é a mesma, mas a forma aqui está bastante melhorada. Afinal, reconheço, sou muito melhor escrevendo do que falando. A emoção costuma obnubilar meu raciocínio.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/06/2016 às 23h59
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