Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
31/05/2016 23h53
A LUZ DE JESUS

            Quando Jesus estava entre nós tinha uma missão clara para cumprir frente à vontade do Pai. Ensinar a livrar os espíritos das tentações da carne e seguir a lei de Amor e de justiça. Procurava fazer as preces com o pensamento e com a prática dos deveres que se impunham. Ele orava em todos os momentos do dia, quando oferecia ao Pai o sacrifício da Sua vida material, para semear com o seu sangue a Terra prometida à humanidade do futuro, o Reino de Deus.

            Ele orava a toda hora para aliviar Sua alma, que sempre procurava deixar sintonizada com a vontade do Pai; para purificar Seu espírito das emanações terrestres, biológicas, instintivas; para formular assuntos de moral e às explicações da nova lei do Amor que deveria substituir a antiga lei do olho-por-olho, dente-por dente, lei de Talião.

            A nova lei que Ele queria inculcar tinha seus fundamentos nas máximas que havia recolhido sobre o trabalho do próprio espírito quando percorria as esferas da espiritualidade diante das verdades divinas. A nova lei elevava o Amor universal e abolia todos os sacrifícios de sangue ou vingança pelas ofensas; favorecia o desenvolvimento de todas as faculdades individuais para que concorressem para o bem geral, e honrava os homens ensinando-lhes:

            “Sede iguais diante de Deus. O poder dos homens não dura mais do que um momento, ao passo que a justiça divina é eterna”.

            “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros, para dar esplendor a esta justiça”.

            “A pobreza dá sua vez às riquezas, no processo de aprendizagem. Felizes os que são pobres voluntariamente para cumprir a vontade de Deus (Francisco de Assis, por exemplo)”.

            “A escravidão será banida da Terra, porque a mulher é igual ao homem, e o servo vale tanto quanto o senhor, diante da sabedoria divina”.

            “Esta sabedoria é a que rege os destinos, recompensa e castiga, envia a palavra de paz no meio de todas as humilhações, no meio de todos os sofrimentos, de todas as torturas das alma, do espírito e do corpo”.

            Jesus estava tão intimamente unido com essa verdade que estava sempre ao lado dos deserdados do mundo material, dos pobres, que chegava a dizer que eles eram seus membros. Falava e agia com tanta convicção que a vergonha surgia entre os deserdados e desencantados para evocar a esperança da purificação. Foi assim que mulheres consideradas de má vida, vagabundos de toda a laia, converteram-se no cortejo permanente da Sua pregação durante o Seu período missionário.

            Jesus estava certo que a morte lhe esperava em Jerusalém e queria valorizá-la de tal maneira que Seus apóstolos guardassem dela a recordação vibrante de Sua atitude, de Suas palavras, de Suas demonstrações de Amor, dos atos de humildade e, principalmente, a Sua resignação diante de todos os insultos e de todas as ferocidades.

            Era necessário que Ele mostrasse a grandeza de Sua doutrina do Amor e explicasse Sua força de espírito no meio dos acusadores e dos verdugos, para morrer com as honras do êxito.

            Eis aí porque Ele misturava no projeto dessa missão tantos estremecimentos generosos do coração, com tantas amarguras do pensamento; tantas emoções felizes com tantas energias em estigmatizar a covardia e o abandono; tão agradáveis e persuasivas lições com tão duras e ameaçadoras profecias; tanta ternura no sorriso e tanta tristeza no olhar.   

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em 31/05/2016 às 23h53
 
30/05/2016 01h17
CASO CLÍNICO ABC (04) – AÇÃO PATERNA

            G continua com resistência em fazer o tratamento psiquiátrico, não reconhece a doença psíquica, cujo principal sintoma é a preocupação com alguma doença física que os médicos já sabem que existe, mas que não querem lhe dizer. Todas as suas ações fisiológicas são examinandas com esse olhar crítico e enviesado à procura de sinais que confirmem suas suspeitas, inclusive dizendo de um mal cheiro ao seu redor ou do medo de contaminar as pessoas que estão por perto.

            A sua irmã, K, que também se trata comigo, mas segue com rigor as orientações que recebe, foi quem fez a aproximação de G comigo, pensando talvez a irmã iria ter uma consciência tão clara como a dela. Acontece que o diagnóstico de G é diferente do dela, tem um componente psicótico mais forte, e isso é quem favorece a não adesão ao tratamento.

            K já demonstra cansaço e medo de adoecer se ficar dentro de constante estresse. Mesmo porque, segundo ela, percebeu também a resistência dos pais sobre o tratamento farmacológico, uma vez que eles são espíritas e dão maior ênfase na influência e no tratamento espiritual. Se afastou um tanto do caso e deixou que os pais tomassem a iniciativa do tratamento psiquiátrico.

            Foi isso que aconteceu. Os pais me procuraram para falar da dificuldade que estão tendo com G. ela continua sem aceitar o tratamento farmacológico, chega a jogar fora de forma clara os comprimidos. Mesmo assim, eles acharam que o remédio estava ajudando e passaram a colocar escondido na alimentação. Acontece que a paciente não tem a consciência que a melhora que apresenta em alguns momentos é porque nesses momentos ela está fazendo uso da medicação.

            Combinamos para os pais irem com ela na próxima terça feira no consultório. Senti eles estão deveras preocupados com a filha e que irão oferecer todo apoio que o caso exigir. Falei do caso da internação hospitalar involuntária que é uma possibilidade, caso continue avançando o quadro clínico da filha. Isso sem contar no risco de suicídio que ela pode apresentar se mantiver a atual situação.

            Terminamos a reunião com todos sentindo a grave situação que o caso parece ir se deslocando. Manterei meus canais de atendimento sempre abertos para eles.

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em 30/05/2016 às 01h17
 
29/05/2016 22h55
GRUPO F20 (01) – SENSIBILIZAÇÃO

            Tenho quatro pacientes com o diagnóstico F20 (esquizofrenia) que podem interagir entre si na formação de um grupo envolvendo os seus pais, com o foco de procurar uma atividade na qual a patologia seja considerada como um fator limitante, mas não paralisante.

            Existem pelo menos três formas de terapia para os portadores de patologias psi: ambulatório (consultório), CAPS (grupos) e hospital (clínicas). A nível nacional existem grupos como o Projeto Fênix que atuam com as pessoas portadoras de doenças mentais, famílias e profissionais, que é uma boa referência para se iniciar o trabalho com objetividade e apoio que necessitamos.

            A ideia já circulava por minha mente, mas foi motivada com mais ênfase a partir da consulta feita a mãe de J que colocou as dificuldades que tem na relação com ele. Convidei-a para participar do curso de Autodescobrimento que realizo na Cruzada dos Militares Espíritas. Seria a oportunidade de falar com I que é portador da doença e muito interessado em participar de uma atividade grupal e que sempre está investigando na internet novas possibilidades terapêuticas e diagnósticas.

            Também falei de R mãe de paciente esquizofrênico, com muita experiência na área de educação e que também tem interesse em participar de uma atividade que integre essa comunidade dentro da sociedade.

            O outro paciente que pensei foi U, o mais comprometido, que esteve recentemente internado, mas que voltou para casa com boa melhora. Os pais são espíritas e muito interessados em seu caso, colocam muita ênfase na influência espiritual e os dados que eles apresentam realmente mostram que essa influência existe e que o tratamento pode ser fortalecido com a psicofarmacologia e o envolvimento em trabalhos de grupo que sejam mais direcionados para o problema da cada um, vamos dizer mais personalizado. Isso porque o CAPS se propõe a fazer esse serviço, mas de forma genérica. O trabalho que pensamos iniciar tem um potencial de adesão maior, pois estarão presentes os pais dentro das atividades com uma consultoria permanente de profissionais com experiência na área.

            O primeiro contato não foi possível, pois apesar de J e seus pais terem ido ao curso, I não compareceu. R também disse que não poderia comparecer neste dia porque já estava comprometida com outra atividade, mas garantiu que poderia se fazer presente na próxima aula do curso. Resta agora avisar a I para que não falte na próxima aula e aos pais de U para ver se eles podem estar presentes também.

            Iremos ver se na próxima semana este grupo já esteja com a sua formação iniciada, por enquanto ¾ já estão sensibilizados.

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em 29/05/2016 às 22h55
 
28/05/2016 23h59
TERAPIA FAMILIAR AMPLIADA (22) – A AMIZADE

            O tema da reunião deste dia foi “Amizade”, a leitura de uma lenda árabe sobre dois amigos que caminham no deserto, e um deles registra o que de ruim o amigo faz na areia, e o que de bom é feito na pedra, com o sentido de esquecer o que de ruim o amigo fez consigo, e de sempre lembrar o que de bom foi feito. Após a leitura foi solicitado a cada um dos presentes relatar o que ficou gravado de mais importante fez si. Como o foco ficou difícil para cada um encontrar o foco da resposta, F fez a inversão da ordem, ficando do mais experiente para o mais jovem. Então F falou de quando criança, tinha por volta dos sete anos, quando foi advertido por um amigo que era errado tirar dinheiro de qualquer lugar que não fosse seu. Essa atitude simples, educativa, sem alarde, ninguém ficou sabendo, ficou marcada em pedra na sua memória. M falou de um amigo que sempre lhe ajudava, e que hoje lhe incomoda, mas que ficou gravado na pedra de sua memória o que foi feito de bom. So relata que ficou registrada na pedra da sua memória a ação de proteção que uma vizinha fazia tanto para ela quanto para toda sua família quando seu pai chegava embriagado ameaçando a todos. L diz que foi a conversa que teve com uma amiga na escola e que quebrou o gelo que existia entre elas que ficou marcada na pedra de sua memória. Ce diz que foi o esforço que seu cunhado fez para retirá-la da situação precária em que caiu no quintal de sua casa. Co diz que foi a atitude de F em facilitar o transporte de Ce para outro hospital para ser cuidada melhor. A diz que foi o esforço que o seu pai fez para comprar o seu computador. Cl diz que é o esforço que os seus pais fazem para lhe dar uma boa educação. Si diz que foi a ação de Nt que foi à sua procura em Nossa Senhora do Bom Conselho e que ficou cuidando de si até a sua recuperação eu ficou registrada na pedra da sua memória. D comenta que foram os cuidados que teve durante os conflitos com N que ficou registrado na pedra da sua memória. N coloca que foi o comportamento de D no seu casamento que ficou registrado na pedra de sua memória, pois ele atendeu todas as necessidades que sua família não podia arcar. Todos os relatos foram colocados com muita emoção e de forma positiva. Mas pequenas contrariedades mostram que os relatos principalmente de N estão na superficialidade com relação a D. Apesar de ter havido uma evolução para um relacionamento mais harmônico, de não existir de forma tão ameaçadora a possibilidade de um suicídio, mesmo assim a falta de harmonia é um fator que desestabiliza o bem estar de ambos e dos filhos.

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em 28/05/2016 às 23h59
 
27/05/2016 23h59
AUTODESCOBRIMENTO (11) – CONSCIÊNCIA E SOFRIMENTO

            O desabrochar da consciência é um processo lento e contínuo, processo que acontece de dentro para fora, com a vontade concentrada em busca da meta essencial.

            No caminhar evolutivo iremos um dia alcançar a plenitude. Por enquanto ainda estamos longe, mas já estamos obtendo a consciência do processo. Devemos lembrar o que acontece com as plantas. No início é uma semente e essa terá que morrer para que a planta possa existir. Assim é como ocorre com a nossa plenitude espiritual. De início ocupamos corpos que devem morrer após servir a nossa instrução e cada vez mais iremos adquirindo a plenitude consciencial até não haver mais necessidade de ocupar nossa semente corporal.

            O sofrimento é um fator importante nessa jornada evolutiva. Como somos criados na forma de espíritos simples e ignorantes, iremos fatalmente cometer erros devido o nosso grau de ignorância. Para a correção desses erros é que vai existir a necessidade do sofrimento e a repetição da experiência na carne enquanto for preciso. Esse é o processo de maturação e libertação espiritual dos instintos egoístas da carne.

            O indivíduo na fase primitiva da sua emersão da condição animal para humana, não tem a consciência para compreender o sofrimento. Sua consciência é amorfa, coletiva, sujeita aos instintos primitivos, as paixões primárias. Vive como se estivesse num sono sem sonhos, sem auto identificação, sem conhecimento da realidade espiritual.

            Para o espirito sair desse estado bruto é necessário ficar livre das impurezas adquiridas no percurso de sua evolução pelos diversos reinos materiais. Da mesma forma que acontece quando encontramos uma pedra preciosa e precisamos lapidar para retirar as impurezas e assim adquirir o valor real.

            A evolução da consciência do espirito vai necessitar passar pelo buril do sofrimento, quer seja físico, psicológico ou moral, para se livrar das impurezas. Lembremos daquela passagem do Evangelho na qual a mulher ia ser punida pelo apedrejamento por ter adulterado. Este sofrimento imposto como o cumprimento de uma lei, serve para limpar a mácula do pecado. Isso acontece muito frequentemente em nossos relacionamentos, na cultura, no processamento da justiça. Acontece que muitos dos acusadores, dos juízes, dos carrascos, terem os mesmos pecados ou talvez piores. Foi essa incoerência que o Mestre Jesus fez vir a consciência de cada um e aquelas pessoas largaram as pedras e foram para suas casas.

            É importante que a pessoa tenha a perspectiva da necessidade do sofrimento para seguir evoluindo. Quando não tem essa consciência o sofrimento o torna agressivo, brutal, revoltado ou alucinado. Quando é consciente da importância do sofrimento fica com a sensibilidade aprimorada, profunda e vai crescendo e se transformando em direção à meta.

            O ser quando se encontra embrutecido, está mergulhado nas sombras, não tem a identificação de si mesmo, não tem aspirações éticas nem estéticas e sempre perturbado em busca de suas necessidades básicas. Ele deve sair dessa condição, da mesma forma que a semente emerge da terra. Para isso acontecer o sofrimento vai sempre operar, é inevitável, como um parto a se realizar para que a vida real possa se concretizar.

            O espirito encarnado deve estar sempre vigilante nesse processo, como o Mestre já advertia, “orai e vigiai”. Cada ato que é realizado gera um efeito equivalente, uma influenciação no grupo social. Os erros cometidos podem gerar sofrimentos coletivos, uma repercussão social, e o indivíduo que o comete fica estacionado no seu processo evolutivo. Só há progresso se os erros forem corrigidos e se o bem é aplicado.

            Cada um deve ter bem claro na consciência que é o próprio arquiteto de si. Que a lei da vida implica na necessidade de diversas reencarnações como condição impositiva, inevitável. A pessoa deve usar o livre arbítrio para operar a vontade focada para conseguir a ascensão, que ainda pode ser considerada rápida ou lenta.

            A função da consciência é se abrir para a luz, para o que deve ou não fazer, aplicar com correção os impulsos biológicos que chegam na mente, transformando-os como força motriz para a aplicação do amor incondicional, conseguindo assim a harmonia e evitando o sentimento de culpa. A luz do espírito ao chegar no cérebro abre um espectro do que já adquiriu na sua jornada, na forma das personalidades, tendências, gostos, inteligências, aptidões, etc., da mesma forma que se comporta a luz quando chega no prisma, se decompondo em diversas cores.

            Devemos compreender que o sofrimento estrutura-se na consciência conforme o nível de lucidez da pessoa. Se brutalizada, torna-se algo automático, grosseiro, instintivo; se espiritualizado, torna-se mais abnegado, profundo, racional, responsável, reparador.

            Algumas pessoas procuram aliviar o sofrimento com o uso de drogas, como o álcool principalmente. Sente um efeito imediato, mas logo em seguida o alívio desaparece e a dor ressurge com mais força. Então, o desvio para a geladeira ou o bar não é produtivo, inteligente. É preciso que o dependente químico descubra, se o atalho fosse melhor, para que existiria o caminho?

            A consciência de culpa que a pessoa adquire em função dos erros cometidos é transferido para a diversas reencarnações que ela vai ter que cumprir, sofrendo os distúrbios psicológicos, as anomalias congênitas e enfermidades mutiladoras devido as lesões no perispírito que lesou o Modelo Organizador Biológico, responsável pelo desenho harmónico da estrutura orgânica que o espirito devedor irá gerenciar. Até mesmo as lesões mais perturbadoras podem surgir, aquelas que levam a aflições morais, financeiras e sociais, aos carmas mais perturbadoras.

            O Amor deve ser usado na forma de um antídoto universal, com o objetivo de prevenir, diminuir ou mudar a estrutura psicológica do sofrimento. Essa ação irá vincular a criatura ao Criador, irá deslocar o sentimento do amor do queixo para baixo, onde ele começa e se confunde com os desejo e paixões, para ficar do queixo para cima, se tornando altruísta e superando o egoísmo.

            É importante que todos saibamos que podemos mudar a estrutura dos painéis do sofrimento, que podemos prevenir, diminuir ou liberar os seus efeitos conforme exija a ação do Amor. Podemos mudar a expressão do sofrimento e deixa-lo totalmente como instrumento do próprio Amor. Ele pode ser aceito pela pessoa, para que ela possa ensinar coragem, resignação e valor moral.

            Analisemos a vida e ensinamentos de Jesus, e vejamos que o sofrimento que Ele experimentou estava totalmente voltado para ensinar justamente isso: paciência, abnegação, compreensão, perdão... enfim, o Amor!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/05/2016 às 23h59
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