É norma dos benfeitores da espiritualidade não esmorecer nos trabalhos que realizam em favor do bem comum. Os Seareiros do Bem procuram desativar as sombras para que se cumpra a vontade de Deus quanto às criaturas da Terra.
Nós que estamos encarnados no atual estágio de vida, necessitamos do conhecimento das leis e do trabalho espiritual para que possamos aplicar em nossas atividades no mundo material. Enquanto encarnados nós temos responsabilidade de dar a continuidade do trabalho que inicia no mundo espiritual.
É dentro desta perspectiva que eu procuro sintonizar os meus pensamentos, sentimentos e ações. É interessante que sem perceber ou ter uma direção clara do ponto que irei atingir, de repente estou trilhando uma estrada que nem poderia imaginar que fosse acontecer.
Dentro da ação do bem a qual sempre me propus a atuar desde criança, reconheço agora a força do mundo espiritual nos meus paradigmas de vida. Isso fez com que a minha vida tivesse assumido compromissos inadiáveis e incontornáveis com os objetivos espirituais ligados diretamente à vontade do Criador.
Tenho um propósito íntimo de construir a família ampliada, mais próxima da família universal, do Reino de Deus. Esse propósito entra em confronto direto com o amor romântico que é aliado dos interesses biológicos através dos instintos da sexualidade.
Deus colocou na minha consciência, com toda a sabedoria que vem dEle, uma verdade que pode confundir os próprios sábios e autoridades acadêmicas e eclesiásticas do mundo, pela boca e ações de uma pessoa do mundo, sem perspectivas pastorais, políticas ou empresariais.
Se é o bem que quero para a coletividade, nada posso fazer a ela que não queira para mim mesmo. Não estou querendo traçar regras para um ministério eclesiástico, mas mostrar a esse ministério que já existe que nem sempre devemos seguir os critérios dos nossos ancestrais, porque o tempo deles já passou e estamos vivendo em outro que nos pede mudanças, para que o bem seja mais dinâmico e se faça justiça, dando a cada um segundo as suas necessidades.
Não tenho a intenção de ferir ninguém nem desejo nada que não me pertença. Só peço atenção, porque tudo o que falo e procuro agir, ouvi e senti da parte do meu Pai e que existe a necessidade de ser construído o Seu Reino como Jesus já nos advertiu. Se os corações permanecerem endurecidos a dor sobrevirá, pois a lei do progresso não pode deixar de ser cumprida.
Sou cordato, tenho amor e desejo para todos muita paz. Não preciso, para viver, das dádivas dos templos nem de acordos com políticos. Se o meu Pai quer que eu realize um trabalho, Ele sabe o alimento que me é necessário, como faz com os pássaros e os peixes.
Estou agora em plena Quaresma, procurando limitar o acesso de alimentos para o corpo, controlar os pensamentos inadequados para a harmonia da alma. Sigo o exemplo de Jesus que passou 40 dias no deserto sujeito a todas as tentações. Ele é o nosso supremo comandante nas ações do bem, a quem devemos prestar conta das lições aplicadas, procurando sempre fazer a corrigenda do meu comportamento quando percebo os erros que cometi.
Este foi o tema que se tornou central que fazemos hoje, sempre nas sextas feiras: o perdão. Esta é uma das armas do soldado do bem, ao lado do Amor. O Amor é sua espada, o perdão o seu escudo.
Um colega colocou a sua visão quanto essa questão na relação com seu pai. Disse que tinha lido um livro o qual mostrava duas facetas do perdão. A primeira era o aspecto da vingança, que quem perdoa abre mão da vingança e que ele concorda. O segundo é com o aspecto de eximir de culpa aquele que nos fez mal, e que ele não concorda com isso. Colocou o exemplo do seu pai que foi muito perverso na educação que lhe deu, que lhe causou tanta dor na alma e que espera que ele pague por isso. Todos do grupo discordaram desse pensamento. Eu fiz a comparação com o comportamento do meu pai com relação a mim.
Eu disse que enquanto ele teve um pai que lhe educou com tanto rigor e que tantas marcas causou em sua alma, eu tive um pai com o comportamento ao contrário. Era uma pessoa omissa, centrada mais em seus desejos corporais. Minha mãe não suportou esse comportamento dele e foi morar em outra cidade me levando com ela. Eu tinha cinco anos de idade nessa época. Não consegui nem ao menos fixar o rosto dele na minha memória. Ele não colaborou em nada com a minha educação nem com a minha criação. Minha mãe sem recursos, teve que deixar minha avó me criar e educar na sua casa que era também o seu local de trabalho. Eu tive que trabalhar logo cedo com ela em várias atividades, desde varrer e arrumar a casa, até empurrar um carrinho de confeitos toda a noite para a porta do cinema. Além da sua rigidez na minha educação e que também me deixou marcas no psiquismo. Ela não queria que eu brincasse com meus colegas fora de casa, ficava eu sozinho dentro de casa brincando com tampas de garrafas, criando um mundo de fantasias. Em pleno vigor da adolescência, ela ridicularizava minhas motivações para namorar as garotas. Se eu brigasse lá fora, sempre eu era o culpado quando chegava em casa. Isso formou na minha personalidade um forte contexto inibitório que realçava a minha introspecção. O meu pai não surgiu em nenhum momento desses da minha vida. Nem mesmo de foram anônima, a distancia, através de carta ou de telefonemas. Não ouvia o som da sua voz, muito menos a sua imagem, os seus toques ou a cor do seu dinheiro.
Tudo isso seria motivo para que eu não perdoasse os erros do meu pai. Mas perdoei, e, confesso, não tive nenhuma dificuldade. Parece que essa capacidade de perdoar eu já a desenvolvi em outras vivências e que agora eu só faço a sua aplicação sem maiores problemas na consciência. Não tenho desejos de vingança contra ele ou exijo que ele pague por sua culpa. Sei que existe uma lei divina da qual ninguém pode escapar. O nosso papel aqui neste mundo material é aprender a arte de amar e dentro dela está o perdão. O papel de juiz fica para Deus que sempre mostra na Natureza a forma daquele devedor pagar por suas culpas. Isso não é de minha responsabilidade, julgar ou fazer pagar.
Também fiz uma consideração com os meus próprios erros para mostrar que mesmo com o perdão a pessoa não se exime da obrigatoriedade de pagar por isso. Assim que terminei o curso médico, eu pensava que a mulher tinha o direito total do seu corpo e por isso podia fazer o que quisesse com ele, até desalojar uma criança indesejada através do aborto. Cheguei a aconselhar e apoiar diversas mulheres com esse propósito. Tenho diversos abortos registrados na minha história. Depois que aprendi um pouco mais sobre a vida, percebi que eu estava errado, que a mulher tem o direito ao seu corpo, mas deve respeitar a vida que foi gerada dentro de si. Então, com a mesma facilidade que eu perdôo a quem me tem ofendido, eu também me perdoei. Mas isso não me eximiu da culpa, do erro que cometi, da necessidade de corrigir. Assim, também desenvolvo atividades voluntárias onde procuro colocar todo o Amor que eu aprendi em prática. Estou engajado em diversas ações em nome de Deus, são projetos que Ele colocou em minha consciência e que eu procuro cumprir sempre com afeto, pois aprendi também que o Amor cobre uma multidão de pecados.
A minha consciência mostra que esse meu engajamento em projetos tão fortes que o Pai coloca na minha frente, serve mais como uma convocação para o cumprimento de um dever, mesmo que isso me deixe na condição que me encontro hoje, como um nômade do destino, um paladino do amor, sem ter uma pessoa a me esperar quando eu chegar em casa, mas com tantas casas dispostas a me abrigar com afeto por onde eu andar. Estou pleno do que faço em nome de Deus, pois sei que são as oportunidades que Ele me oferece para corrigir na minha alma as marcas dos erros que cometi.
Em continuação ao trabalho e pensamento de Steven Pinker, colocareis agora os “demônios”, “anjos” e “forças históricas” que ele considerou.
Os cinco “demônios” interiores compõem os vários sistemas psicológicos que diferem em seus desencadeadores ambientais, em sua lógica interna, em sua base neurobiológica e em sua distribuição social. A violência predatória ou instrumental é simplesmente a violência usada como um meio prático visando a um fim. A dominância é a ânsia de autoridade, prestígio, glória e poder, seja na forma de uma postura agressiva entre indivíduos do sexo masculino, seja nas disputas por supremacia entre grupos raciais, étnicos, religiosos ou nacionais. A vingança alimenta o impulso moralista de retaliação, punição e justiça. O sadismo é o prazer obtido com o sofrimento do outro. E a ideologia é um sistema compartilhado de crença, geralmente envolvendo uma visão utópica, que justifica a violência ilimitada na busca pelo bem ilimitado.
Na consideração sobre os quatro “anjos” bons é reconhecido que os seres humanos não têm bondade nem maldade inata, mas já vêm equipados com motivações que podem orientá-los para longe da violência e em direção à cooperação e ao altruísmo. A empatia, no sentido do interesse solidário, nos impele a sentir a dor do outro e alinhar os interesses dele com os nossos. O autocontrole nos permite prever as conseqüências de agir com base em nossos impulsos e tentar inibi-los quando necessário. O senso moral santifica um conjunto de normas e tabus que governam as interações entre as pessoas numa cultura. E com a faculdade da razão podemos nos desvencilhar de pontos de vista tacanhos, refletir sobre os modos como vivemos nossa vida, deduzir os meios para melhorá-la e guiar a aplicação dos outros anjos bons da nossa natureza.
Na consideração das cinco “forças históricas” Steven Pinker tenta juntar a psicologia e a história, identificando forças exógenas que favorecem nossos motivos pacíficos e que pautaram os múltiplos declínios da violência. O Leviatã, um Estado e poder judiciário que tem o monopólio do uso legítimo da força, pode desativar a tentação do ataque oportunista, inibir o impulso de vingança e contornar os vieses do interesse próprio que fazem todas as partes acreditarem estar do lado dos anjos. O comércio é um jogo de soma positiva no qual todos podem ganhar. À medida que o progresso tecnológico vai permitindo a troca de mercadorias e idéias por longas distâncias e entre grupos maiores de parceiros comerciais, as outras pessoas tornam-se mais valiosas vivas do que mortas, o que diminui a probabilidade de serem alvos de demonização e desumanização. A feminização é o processo no qual as culturas aumentaram seu respeito pelos interesses e valores das mulheres. Como a violência é um passatempo principalmente masculino, as culturas que dão voz ativa às mulheres tendem a afastar-se do enaltecimento da violência e a diminuir sua probabilidade de gerar perigosas subculturas de homens jovens sem raízes. As forças do cosmopolitismo, como a alfabetização, a mobilidade e os meios de comunicação de massa, podem levar as pessoas a assumir a perspectiva dos que são diferentes delas e a expandir seu círculo de afinidades para inseri-las. Finalmente, uma aplicação cada vez mais intensa do conhecimento e da racionalidade nos assuntos humanos, a escada rolante da razão, pode forçar as pessoas a reconhecer a futilidade dos ciclos de violência, a privilegiar menos os seus próprios interesses quando isso prejudica os demais e a reinterpretar a violência como um problema a ser resolvido em vez de uma disputa a ser ganha.
Com a exposição desse trabalho, o autor afirma que quando nos apercebemos do declínio da violência, passamos a ver o mundo de forma diferente. O passado parece menos inocente; o presente, menos sinistro. Começamos a apreciar as dádivas da coexistência que para nossos ancestrais pareceriam utópicas: a família inter-racial brincando no parque, os países que recuam de uma crise em vez de ir para a guerra. A mudança não é em direção ao comodismo: desfrutamos a paz que encontramos hoje porque as pessoas de gerações passadas se horrorizaram com a violência em sua época e se empenharam em reduzi-la; por isso devemos trabalhar para reduzir a violência que resta em nosso tempo.
O fator espiritual, o mundo espiritual e a sua progressão moral não foi considerado pelo autor. Certamente ele não tem conhecimento deste aspecto da Natureza, senão o teria incluído nas suas considerações. Mas isso não retira o valor do seu trabalho, pois é muito bom saber que a violência da qual estamos tão refém nos dias atuais, ela foi muito pior no passado. Os anjos e demônios que foram citados no trabalho, não deixam de ter um referencial no mundo espiritual, a batalha entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que se refletem no mundo material. Temos o nosso comandante espiritual, Jesus Cristo, que já nos deu as instruções necessárias para participar desse combate ao lado das forças do bem, reforçando os anjos e enfraquecendo os demônios que existem dentro de nós. Esta é a compreensão que faltou ao juízo de Steven Pinker, mas que muito agradecemos ao seu trabalho de trazer luz a uma realidade que poucos percebem, que o nosso trabalho intelectual e racional ao longo do tempo mostra que nós estamos vencendo a violência, as forças do mal, ao invés de nos sentimos derrotados por ficarmos presos dentro de casa com medo da violência que nos rodeia.
Serve de incentivo para não ficarmos acomodados, de sairmos para a comunidade de posse do saber acadêmico e colocar os nossos anjos para funcionar, sob o comando do nosso Mestre e autorização do nosso Pai.
Enquanto nós observamos um aumento da violência que é registrada diariamente pelos órgãos de comunicação e que se refletem nas estatísticas, o psicólogo Steven Pinker, um dos principais cientistas do mundo, ex-diretor do Centro de Neurociência Cognitiva do MIT aborda o problema em seu livro “Os anjos bons da nossa natureza” partindo da premissa que ainda não parece ser o senso comum: a taxa de violência está se reduzindo no mundo. Existe um corpo de dados mostrando que isso é verdade em quase todas as sociedades, em quase todas as escalas de tempo. Fósseis humanos de 50.000 anos mostram que as agressões eram uma forma de morte muito mais comum do que em civilizações de 5 mil anos atrás. Do mesmo modo, analisando as taxas de homicídios em sociedades medievais também se constatou que elas eram muito maiores que as estatísticas criminais de cinco anos atrás. Com esses dados vem em seguida a pergunta: estaria a humanidade numa trajetória positiva rumo à erradicação da violência? Num mundo ainda castigado por guerras e conflitos, pode ser difícil acreditar nisso, mas os dados reunidos por cientistas políticos e historiadores sugerem que sim. Essa constatação permite agora a psicologia estudar a violência de forma retroativa: o que conduziu o processo de pacificação observado na trajetória da espécie humana?
Essa é a empreitada que Steven Pinker toma para si nesse livro: persuadir os incrédulos da perspectiva otimista, para depois mostrar como os “anjos” da mente humana aplacaram seus “demônios”. Pode a empatia inibir a impulsividade? A lógica da colaboração anula os incentivos para o conflito? Numa detalhada análise multidisciplinar ele mostra como o sucesso dos humanos em reduzir grande parte da violência que se praticava antes aponta agora um caminho para neutralizar o que resta dela. Para fazer isso ele vai desenvolver o seu trabalho em seis tendências, cinco demônios interiores, quatro anjos bons e cinco forças históricas.
A primeira tendência aconteceu na escala milenar, foi a transição da anarquia das sociedades caçadoras, coletoras e horticultoras para as civilizações agrícolas com cidades e governos, iniciadas por volta de 5 mil anos atrás. Com essa mudança veio uma redução nos ataques e rixas crônicas que caracterizavam a vida num estado natural e uma diminuição de aproximadamente cinco vezes nas taxas de mortes violentas. Foi chamada essa imposição da paz, Processo de Pacificação.
A segunda tendência abrangeu mais de meio milênio, entre o final da Idade Média e o século XX, quando os países europeus tiveram um declínio de dez a vinte vezes em suas taxas de homicídio. Credita-se esse efeito a consolidação de territórios feudais em grandes reinos com autoridade centralizada e uma infraestrutura de comércio e conhecida como Processo Civilizador.
A terceira tendência teve início na Idade da Razão e do Iluminismo europeu nos séculos XVII e XVIII com movimentos organizados para abolir formas de violência socialmente sancionadas como o despotismo, a escravidão, o duelo, a tortura judicial, a execução supersticiosa, as punições sádicas e a crueldade com os animais. Foi chamada de Revolução Humanitária.
A quarta tendência deu-se após a Segunda Guerra Mundial quando as grandes potências e os Estados desenvolvidos pararam de guerrear entre si. Esse estado de coisas foi chamado de Longa Paz.
A quinta tendência também diz respeito ao combate armado, porém é mais sutil. Desde o fim da Guerra Fria em 1989 todos os tipos de conflito organizado, como guerras civis, genocídios, repressão por governos autocráticos e ataques terroristas, diminuíram no mundo todo. A esse avanço foi chamado de Nova Paz.
Finalmente, a era pós-guerra, inaugurada simbolicamente pela Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, testemunhou uma crescente repulsa pela agressão em escalas menores, por exemplo, na violência contra minorias étnicas, mulheres, crianças, homossexuais e animais. Esses desdobramentos do conceito de direitos humanos – direitos civis, direitos das mulheres, direitos das crianças, direitos dos homossexuais e direitos dos animais – vêm sendo defendidos em uma cascata de movimentos a partir dos anos 1950 até os nossos dias, que podem ser chamados de Revoluções dos Direitos.
Esse trabalho do Steven Pinker, bastante extenso e acadêmico, parece não considerar o aspecto espiritual, apesar falar em anjos e demônios, mas parece com um tom meramente ilustrativo dos aspectos biopsicológicos que ele quer considerar, e não a interferência do mundo espiritual como eu conheço. No próximo texto irei abordar os demais aspectos do seu estudo e tentar acoplar o meu conhecimento espiritual no contexto acadêmico levantado.
Todo processo de transformação começa pela iniciativa que uma única pessoa toma para fazer alguma coisa. Foi assim que aconteceu com Moisés, que vivia isolado, desterrado longe de onde nascera e que foi chamado por Deus para libertar o seu povo do jugo do Egito onde viviam como escravos. Moisés sabia de suas dificuldades pessoais, nem falar direito ele sabia. Colocou essa verdade para Deus, mesmo assim Deus lhe ofereceu as condições necessárias para o desenvolvimento do Seu projeto. Colocou o seu irmão, Aarão, ao seu lado para que fosse o porta voz de Sua palavra vinda através de Moisés.
Começamos a perceber assim como é a estratégia de Deus para que Sua vontade seja realizada entre nós. Ele convoca uma pessoa, ou melhor, coloca para essa pessoa que Ele considera capaz, apesar de suas limitações, o projeto necessário naquele momento. Caso a pessoa resolva aceitar realizar esse projeto, apesar das limitações conhecidas por ambos, o Senhor passa agora a colocar as pessoas importantes para a realização desse projeto. Mesmo que haja a possibilidade de desvios, de tropeços, de quedas por parte de todos os convocados para essa tarefa divina, se houver o arrependimento e persistirem no coração de todos os convocados a firme convicção de continuar no trabalho iniciado, com certeza Deus perdoará, pois sabe que aquele pecador vai ter no erro uma grande lição para não voltar a cometê-lo. Aarão teve um grande desvio do projeto de Deus, quando permitiu a construção de um bezerro de ouro. Apesar da ira de Moisés e da admoestação de Deus, Aarão continuou dentro do projeto de Deus, na companhia de Moisés como foi no começo.
Dessa forma Deus vai criando uma hierarquia de serviços e de pessoas para ser atingida a Sua vontade última aqui na Terra, a construção do Seu Reino. Posso ver o início desse grande projeto de Deus com a escolha de um determinado povo, através de Abraão, para reverenciar um Deus único, sabendo focar com precisão a figura maior da hierarquia espiritual e global, o Criador dos mundos, da Natureza. Em seguida veio Moisés entregar o decálogo, o código de leis necessárias para a disciplina dos instintos animais que estão intrinsecamente associados à nossa alma. Finalmente veio Jesus, a entidade espiritual mais elevada que chegou a este mundo material, para ensinar a lei do Amor como o sinalizador para a criação do Reino de Deus. Através da disseminação do Seu evangelho por todo o mundo, onde diversas pessoas doaram suas vidas nessa missão, estamos preparados para a aplicação prática do que muito estudamos na teoria dos livros sagrados.
Dentro desse contexto, das diversas escolhas que fiz durante a vida, eu sinto a convocação do Pai para a realização de mais um detalhe na construção de Sua vontade para a coletividade terrena. Sei também que Ele vai colocar as pessoas certas para o desenvolvimento das ações necessárias, tanto colegas de trabalho, de estudo, familiares e principalmente as companheiras. Como o projeto que foi configurado para mim tem como objetivo criar um modelo de família ampliada que possa ser apresentada com vantagens sobre o modelo de família nuclear que atualmente está em vigor, tenho recebido ao longo da vida pessoas destinadas a ser minhas companheiras, mesmo antes que eu tivesse a compreensão que tenho hoje. Como esse projeto divino vai de encontro a natureza animal que todos possuímos, existe a necessidade de um grande esforço para tirar essa motivação egoísta da nossa forma de agir. Essa é a grande pedra de tropeço colocada em nosso caminho. Cada um deve fazer um esforço enorme para tirar essa pedra do caminho ou então desviar dela sem perder a rota.
Assim cada um, mesmo sabendo ser uma única pessoa, sabe também que está associado a uma cadeia de outras pessoas dentro de uma hierarquia facilitada por Deus para o cumprimento da Sua vontade. Cada pessoa tem o direito de discordar e de não fazer parte desse projeto, mas se decidir aceitar não pode dentro dele querer modificar os seus princípios e objetivos. O que pode ser tolerado são os deslizes que cada um pode cometer, inclusive e principalmente eu, que devo ser o mais coerente possível, aplicando a justiça que a lei do Amor exige. Isso implica que cada pessoa que Deus coloca ao meu lado deverá demonstrar por suas ações práticas a excelência desse Amor Incondicional que é capaz de praticar, cuja essência é servir ao próximo independente das condições afetivas, financeiras ou sociais desse próximo.