Paulo escreveu, em Tito, 2:1, “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Foi uma orientação que nos norteia até os dias atuais, devo prestar atenção a ela, eu que me considero cristão e quero seguir a doutrina do Cristo.
Sempre serei instigado a falar em todas as situações, pelos que desejam ser bons e os deliberadamente maus, os cegos das estradas sombrias e os caminhoneiros das sendas tortuosas.
Corações perturbados pretenderão arrancar-me expressões perturbadoras, reações agressivas, violentas, tirando-me da calma.
Caluniadores induzir-me-ão a caluniar, usando fake news como sinônimo de verdade, de fatos acontecidos, atingindo personalidades inocentes. Para evitar isso, devo ter compaixão de todos, culpados e inocentes. É melhor elogiar um culpado sem saber dos seus crimes, do que caluniar um inocente. Mas, é bem melhor evitar ambos comportamentos.
Mentirosos podem me levar a mentir, se eu acredito que o que eles dizem é verdade. Neste tempo de açodamento político, muitas calúnias são levantadas. Importante ter o cuidado de se colocar no lugar do outro e procurar distinguir a verdade por trás das aparências.
Levianos tentarão conduzir-me à leviandade, ao prejuízo do próximo sem vir à minha consciência que isso está acontecendo.
Ironistas buscarão localizar-me a alma no falso terreno do sarcasmo, na destruição da honra de pessoas distantes ou próximas, que ficam sem poder de reação.
Compreendo que procedam assim, porquanto são ignorantes, distraídos da iluminação espiritual, cuja fonte principal é o Evangelho, cujo Mestre mais capacitado é Jesus. Essas pessoas são cegas desditosas sem o saberem, vão de queda em queda, desastre a desastre, criando a desventura de si mesmos.
Eu, cristão, que conheço o que elas desconhecem, que cultivo na mente valores espirituais que elas ainda não cultivam, toma cuidado em usar o verbo, como convém ao Espírito do Cristo que nos rege os destinos. É muito fácil falar aos que nos interpelam, de maneira a satisfazê-los, e não é difícil replicar-lhes como convém aos nossos interesses e conveniências particulares; todavia, dirigirmo-nos aos outros, com a prudência amorosa e com a tolerância educativa, como convém à sã doutrina do Mestre, é tarefa complexa e enobrecedora, que requisita a ciência do bem no coração e o entendimento evangélico nos raciocínios.
Que os ignorantes e os cegos da alma falem desordenadamente, pois não sabem, nem veem... eu, porém, acautelo-me nas criações verbais, como quem não se esquece das contas naturais a serem acertadas no dia próximo.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no capítulo “O coração do mundo”, onde o Mestre estava descendo das esferas superiores. Conversa com Hilel, o seu sociólogo, chegando à descoberta da importância espiritual do Brasil e da necessidade dele encarnar em Portugal como o Infante Dom Henrique de Sagres, para acelerar a descoberta dessas novas terras.
Mãos erguidas para o Alto, como se invocasse a bênção de seu Pai para todos os elementos daquele solo extraordinário e opulento, exclama então Jesus:
— Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e de amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes céus serão entoados os hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial. Tu, Helil, te corporificarás na Terra, no seio do povo mais pobre e mais trabalhador do Ocidente; (entendendo essa informação como “a nação mais humilde da Europa”, Leonardo faz nova crítica: Em que sentido Portugal seria a nação mais humilde da Europa? Economicamente? Militarmente? Moralmente? É bem questionável tal afirmativa. Mais à frente, o texto acabará propondo sentenças contraditórias em relação a essa suposta liderança em termos de humildade.) instituirás um roteiro de coragem, para que sejam transpostas as imensidades desses oceanos perigosos e solitários, que separam o velho do novo mundo. Instalaremos aqui uma tenda de trabalho para a nação mais humilde da Europa, glorificando os seus esforços na oficina de Deus.
Aproveitaremos o elemento simples de bondade, o coração fraternal dos habitantes destas terras novas, e, mais tarde, ordenarei a reencarnação de muitos Espíritos já purificados no sentimento da humildade e da mansidão, entre as raças oprimidas e sofredoras das regiões africanas, para formarmos o pedestal de solidariedade do povo fraterno que aqui florescerá, no futuro, a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos gloriosos do porvir. Aqui, Helil, sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz, ficará localizado o coração do mundo!
Consoante a vontade piedosa do Senhor, todas as suas ordens foram cumpridas integralmente.
Daí a alguns anos, o seu mensageiro se estabelecia na Terra, em 1394, como filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, e foi o heróico Infante de Sagres, que operou a renovação das energias portuguesas, expandindo as suas possibilidades realizadoras para além dos mares. O elemento indígena foi chamado a colaborar na edificação da pátria nova; almas bem-aventuradas pelas suas renúncias se corporificaram nas costas da África flagelada e oprimida e, juntas a outros Espíritos em prova, formaram a falange abnegada que veio escrever na Terra de Santa Cruz, com os seus sacrifícios e com os seus sofrimentos, um dos mais belos poemas da raça negra em favor da humanidade.
Foi por isso que o Brasil, onde confraternizam hoje com todos os povos da Terra e onde será modelada a obra imortal do Evangelho do Cristo, muito antes do Tratado de Tordesilhas, que fincou as balizas das possessões espanholas, trazia já, em seus contornos, a forma geográfica do coração do mundo. (Leonardo faz crítica sobre isso: Trata-se de um comentário confuso. Ora, se analisarmos a costa oriental da América do Sul, que hoje constitui o litoral brasileiro, nós não teremos a forma aproximada de um coração. Isso só pode ser admitido com a expansão da América portuguesa para muito além dos limites portugueses estabelecidos pelo Tratado das Tordesilhas. Previamente, somente analisando a geografia da região, fica difícil visualizar “...em seus contornos, a forma geográfica do coração do mundo”, a não ser que o texto se refira a toda a América do Sul, mas o texto frisa, especificamente, “o Brasil”).
São detalhes que ao meu ver podem merecer a crítica, mas não suficiente para anular ou desviar o objetivo de instrução que é trazido pela produção do livro em estudo.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no capítulo “O coração do mundo”, onde o Mestre estava descendo das esferas superiores, conversando com Hilel e chegando à descoberta espiritual do Brasil.
E, como se a sua vista devassasse todos os mistérios do porvir, continuou:
— Infelizmente, não vejo senão o caminho do sofrimento para modificar tão desoladora situação. Aos feudos de agora, seguir-se-ão as coroas poderosas e, depois dessa concentração de autoridade e de poder, serão os embates da ambição e a carnificina da inveja e da felonia, pelo predomínio do mais forte.
A amargura divina empolgara toda a formosa assembléia de querubins e arcanjos. Foi quando Helil, para renovar a impressão ambiente, dirigiu-se a Jesus com brandura e humildade:
— Senhor, se esses povos infelizes, que procuram na grandeza material uma felicidade impossível, marcham irremediavelmente para os grandes infortúnios coletivos, visitemos os continentes ignorados, onde espíritos jovens e simples aguardam a semente de uma vida nova. Nessas terras, para além dos grandes oceanos, poderíeis instalar o pensamento cristão, dentro das doutrinas do amor e da liberdade.
E a caravana fulgurante, deixando um rastro de luz na imensidade dos espaços, encaminhou-se ao continente que seria, mais tarde, o mundo americano.
O Senhor abençoou aquelas matas virgens e misteriosas. Enquanto as aves lhe homenageavam a inefável presença com seus cantares harmoniosos, as flores se inclinavam nas árvores ciclópicas, aromatizando-lhe as eterizadas sendas. O perfume do mar casava-se ao oxigênio agreste da selva bravia, impregnando todas as coisas de um elemento de força desconhecida. No solo, eram os silvícolas humildes e simples, aguardando uma era nova, com o seu largo potencial de energia e bondade.
Cheio de esperanças, emocionasse o coração do Mestre, contemplando a beleza do sublimado espetáculo.
— Helil — pergunta ele — onde fica, nestas terras novas, o recanto planetário do qual se enxerga, no infinito, o símbolo da redenção humana? (Leonardo faz crítica: Jesus, segundo o texto, teria enfatizado que “o símbolo da redenção humana” é a cruz. Trata-se de comentário simbólico vazio e sem sentido para aquele que dois mil anos atrás combateu uma série de simbolismos e tradicionalismos religiosos. Já naquela época, Jesus achava que tínhamos condição de saber que “o Reino de Deus está dentro de vós”; “nem todos aqueles que dizem: “Senhor, senhor”, serão salvos! “. Além disso, Ele parece desconhecer a posição geográfica do Brasil. É claro que podemos considerar uma pergunta retórica).
— Esse lugar de doces encantos, Mestre, de onde se vêem, no mundo, as homenagens dos céus aos vossos martírios na Terra, fica mais para o sul.
E, quando no seio da paisagem repleta de aromas e de melodias, contemplavam as almas santificadas dos orbes felizes, na presença do Cordeiro, as maravilhas daquela terra nova, que seria mais tarde o Brasil, desenharam-se no firmamento, formado de estrelas rutilantes, no jardim das constelações de Deus, o mais imponente de todos os símbolos.
O Mestre faz perguntas no sentido de a pessoa colocar para fora o que sabe. É a técnica da maiêutica desenvolvida por Sócrates. Não é que ele seja ignorante na questão que coloca. Ele procura saber o quanto a pessoa sabe e de que forma naquilo que tem interesse. Como o Cristo participou da formação de todo o sistema solar, que guarda informações da evolução terrestre desde a sua formação, iria depender de alguém ara informar sobre a simples geografia? Esta é a minha forma de pensar que não afasta meu pensamento daquilo que se deseja transmitir, por meio de Humberto de Campos e respaldado por suas obras anteriores e pela disciplina férrea de Emmanuel que está sempre ao lado de Chico Xavier.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no capítulo “O coração do mundo”, onde o Mestre estava descendo das esferas superiores, conversando com Hilel.
— Todavia — replicou o emissário solícito, como se desejasse desfazer a impressão dolorosa e amarga do Mestre (Leonardo Marmo Moreira faz a seguinte crítica: Helil está tentando consolar Jesus? O texto dá a entender que Helil está tentando despertar uma visão mais positiva para o Mestre. Pode-se alegar, que Jesus está apenas “dando a oportunidade de Helil elaborar a discussão, o que, ele mesmo Jesus poderia fazer. É uma hipótese razoável. De qualquer maneira, vamos prosseguir para colher mais dados para nossa análise).
— Esses movimentos, Senhor, intensificaram as relações dos povos da Terra, aproximando o Oriente e o Ocidente, para aprenderem a lição da solidariedade nessas experiências penosas; novas utilidades da vida foram descobertas; o comércio progrediu além de todas as fronteiras, reunindo as pátrias do orbe. (Novamente Leonardo faz a crítica: Helil estava tentando explicar e justificar as Cruzadas para Jesus).
Sobretudo, devemos considerar que os príncipes cristãos, empreendendo as iniciativas daquela natureza, guardavam a nobre intenção de velar pela paisagem deliciosa dos Lugares Santos. (Leonardo volta à crítica: Em primeiro lugar, “Lugares santos” constitui expressão atípica ao Espiritismo. Entretanto, é difícil crer que os responsáveis pelas Cruzadas “...guardavam a nobre intenção...”. Como pode ser nobre uma intenção de matar um número incontável de pessoas por vários séculos para ter o controle de um local físico, ou porque queriam “...velar pela paisagem deliciosa dos lugares santos”?).
— Mas — retornou tristemente a voz compassiva do Cordeiro — qual o lugar da Terra que não é santo? Em todas as partes do mundo, por mais recônditas que sejam, paira a bênção de Deus, convertida na luz e no pão de todas as criaturas. Era preferível que Saladino guardasse, para sempre, todos os poderes temporais na Palestina, a que caísse um só dos fios de cabelo de um soldado, numa guerra incompreensível por minha causa, que, em todos os tempos, deve ser a do amor e da fraternidade universal.
Reconheço que qualquer pessoa possa fazer uma crítica sobre qualquer texto, colocando suas razões e tentando elucidar a verdade, se a pessoa age com honestidade, como acredito ser o caso de Leonardo Marmo. Porém, vejo que a descrição dos fatos espirituais feito pela pena de Humberto de Campos, um autor reconhecido por sua forma poética de se expressar, pode gerar desconfianças de sua veracidade. Aqui entra outro aspecto importante para se verificar a evolução do pensamento humano: a crença. Tenho a crença que gera a convicção que todos os autores, encarnados e desencarnados envolvidos na produção deste livro, são de uma confiança inquestionável. Portanto, não são figuras de linguagem que irá distorcer o foco do que está sendo proposto passar para a humanidade encarnada.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no capítulo “O coração do mundo”, onde o Mestre estava descendo das esferas superiores.
Embalde seus olhos compassivos procuraram o ninho doce do seu Evangelho; em vão procurou o Senhor os remanescentes da obra de um de seus últimos enviados à face do orbe terrestre. No coração da Umbria haviam cessado os cânticos de amor e de fraternidade cristã. De Francisco de Assis só haviam ficado as tradições de carinho e de bondade; os pecados do mundo, como novos lobos de Gúbio, haviam descido outra vez das selvas misteriosas das iniqüidades humanas, roubando às criaturas a paz e aniquilando-lhes a vida.
O Mestre procura ver onde se encontra praticado o seu Evangelho na face da Terra. Até mesmo a obra de Francisco de Assis, enviado para restaurar a igreja cristã, Ele não encontra. Ver apenas a disseminação dos pecados oriundos da natureza humana, deixando as pessoas sem paz e sem vida de qualidade.
— Helil — disse a voz suave e meiga do Mestre a um dos seus mensageiros, encarregado dos problemas sociológicos da Terra — meu coração se enche de profunda amargura, vendo a incompreensão dos homens, no que se refere às lições do meu Evangelho. Por toda parte é a luta fratricida, como polvo de infinitos tentáculos, a destruir todas as esperanças; recomendei-lhes que se amassem como irmãos, e vejo-os em movimentos impetuosos, aniquilando-se uns aos outros como Cains desvairados.
Rabino Hillel, o ancião (c. 60 a.C. - c. 9) é o nome de um conhecido líder religioso judeu, que viveu durante o reinado de Herodes, o Grande na época do Segundo Templo. Estudioso respeitado em seu tempo, Hillel é associado à diversos ensinamentos da Mishná e do Talmud, tendo fundado uma escola (Beit Hillel) para ensino de mestres no judaísmo.
Vejamos o que diz Celso Martins, na revista Reformador (FEB) Fevereiro 1981: 1. A palavra de Allan Kardec
Quando estudamos com afinco a Doutrina dos Espíritos, encontramos em O Evangelho segundo o Espiritismo, nas Notícias Históricas, inseridas na Introdução da mencionada obra básica, a informação de Allan Kardec de que, entre as seitas judaicas mais influentes, ao tempo de Jesus, sobressaía-se a dos fariseus, cuja origem remonta aos anos 180 ou 200 a.C. Apesar de duramente perseguidos, conseguiram manter-se no cenário religioso até o ano 70 da Era Cristã, quando desapareceram com a dispersão do povo judeu no mundo.
Informa ainda o insígne Codificador terem os fariseus exercido papel ativo nas controvérsias religiosas por observarem rigorosamente as práticas exteriores das cerimônias do culto. Na verdade, muitos deles, debaixo das aparências de meticulosa devoção, escondiam costumes dissolutos, excessivo desejo de dominação (tanto que eram poderosos em Jerusalém); e o povo, que não lhes conhecia o lado negativo das intenções, os tinha na conta de criaturas virtuosas. Jesus, no entanto, que lhes devassava os mais íntimos pensamentos, sabendo de sua hipocrisia, frequentemente os desmascarava em público, nascendo daí então a ligação dos referidos fariseus com os demais companheiros do Sinédrio, para levantar o povo contra o Mestre, e fazê-lo sacrificar.
Tudo isso aprendemos lendo a obra de Kardec. Pois bem, é ainda aí que aparece o nome de Hilel. Aparece como um chefe dos fariseus, na qualidade de um doutor judeu, nascido na Babilônia, fundador de uma célebre escola, onde - ainda consoante a informação de Kardec - se ensinava que a fé era dada pelas Escrituras.
2. A referência de Humberto de Campos
Posteriormente, o estudante das obras espíritas vai encontrar nova referência a Hilel (o mesmo Helil) na obra mediúnica Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, do Espírito de Humberto de Campos, através de psicografia de Francisco Cândido Xavier, livro que apareceu, em 1ª edição, em 1938. Esta nova citação aparece no capítulo inicial. O Cordeiro de Deus realizava ‘uma de suas visitas periódicas à Terra, a fim de observar os progressos de sua doutrina e de seus exemplos no coração dos homens.’ Uma corte maravilhosa de Espíritos Superiores o acompanhava nessa peregrinação, clarificando os caminhos cheios de trevas; Jesus contemplou então o planeta terreno que ‘lhe apresentava ainda aquelas mesmas veredas escuras, cheias da lama da impenitência e do orgulho das criaturas humanas, e repletas dos espinhos da ingratidão e do egoísmo. Embalde seus olhos compassivos procuraram o ninho doce do seu Evangelho; em vão procurou o Senhor os remanescentes da obra de um dos seus últimos enviados à face do orbe terrestre. No coração da Úmbria havia cessado os cânticos de amor e de fraternidade cristã. De Francisco de Assis só haviam ficado as tradições de carinho e de bondade; os pecados do mundo, como novos lobos de Gúbio, haviam descido outra vez das selvas misteriosas das iniqüidades humanas, roubando às criaturas a paz e aniquilando-lhes a vida.’
Nesta ocasião surge um emissário solícito que tentou alinhavar alguma desculpa, à guisa de explicação, como que desejando desfazer a penosa impressão do Mestre acerca das guerras religiosas que semeavam luto e dor sobre o mundo de então. Este emissário solícito que acompanhava Jesus - era Helil!
Em seguida, a caravana celestial procurou concentrar sua atenção em continentes ainda desconhecidos onde Espíritos jovens e simples aguardavam a semente de uma nova vida. Vieram, pois, visitar, além dos mares, as terras que, um pouco mais tarde, seriam consideradas o continente americano. E se detiveram no Brasil. Mãos erguidas para o alto, como que invocando as bênçãos de Deus para todos os elementos daquele solo extraordinário e opulento. Jesus, suave e mansamente assim se expressa:
- “Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e de amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes céus serão entoados os hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial. (...) Aqui, Helil, sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz, ficará localizado o coração do mundo!”
Nesta mesma ocasião, o Mestre designava para Helil uma nova vida corpórea ‘no seio do povo mais nobre e mais trabalhador do Ocidente’, onde seria instalada ‘uma tenda de trabalho para a nação mais humilde da Europa, glorificando os seus esforços na oficina de Deus”.
Com efeito, Hilel (o mesmo Helil) reencarnava em Portugal em 1394, na personalidade do infante Dom Henrique (ver Brasil, Mais Além!, de Duílio Lena Bérni, edição da FEB). Graças a seu denodado esforço, instituiu-se a famosa Escola de Sagres, concentrando-se aí todos os conhecimentos aperfeiçoadores da arte de navegar, atraindo sábios a geógrafos da época, bem como navegantes de nomeada, dando aos portugueses condições de se lançarem aos mares nunca dantes navegados (como cantou Camões) e de descobrirem novas paisagens na costa ocidental da África, o caminho marítimo para as índias e sobretudo o nosso Brasil, a 1500, por Pedro Álvares Cabral. Lançam-se assim os pródromos de uma nação, em cujo seio promissor os elementos indígenas, africano e português - as três raças tristes, na opinião de Ronald de Carvalho - haveriam de construir os fundamentos de uma nacionalidade para a germinação sublime da semente sacrossanta dos ensinamentos eternos de Jesus!
Ao lado dessas considerações, surge um estudo crítico da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier, por Leonardo Marmo Moreira, que é interessante colocarmos aqui para entrar em nossas reflexões.
É estranho que Jesus pareça amargurado, desanimado. Os Mentores espirituais de André Luiz, por exemplo, são sempre cuidadosos ao tratar dos mais complexos problemas com pensamento positivo, buscando não criar impressões negativas nos interlocutores e nos eventuais leitores. Já é tempo dos homens se compenetrarem de que não há nenhum ser humano em condições de radiografar a alma do Divino Amigo para afirmar como Ele se sente. Entretanto, alguns podem comparar a expressão de amargura de Jesus com as palavras do Espírito de Verdade no item 5 do capítulo 6 (“O Cristo Consolador”) de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” [Kardec, 1973]: “Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro.”