Somos chamados a despertar para a vida que começa na intimidade do lar, a exercitar o desapego, a renúncia, e transferir o planejamento para a ação.
Devemos agir em atitudes que aparentemente são tão simples, mas que geralmente se mantem coladas ao nosso personalismo. Como exemplo, a remoção de objetos que são excessos em velhas gavetas, roupas e tecidos usados que se gastam na inutilidade.
Costumamos catalogar objetos como de estimação e ficam mortos ao nosso lado; podiam se transformar em pão de socorro para quantos sofrem ao lado da nossa indiferença. Devemos nos desapegar hoje dos haveres antes que se consumam amanhã, expressando a coerência que queremos ter com os ensinamentos do Cristo.
Podemos fazer ainda mais, levar ao outro não somente o tecido surrado e gasto, mas também o novo, para que a nossa dádiva signifique mais do que transferência daquilo que não serve. Interessante compreender que é nosso tudo que oferecemos. O que damos, paradoxalmente passamos a possuir, pois vai demorar-se indestrutivelmente dentro de nós a ação com o objeto não mais vai sofrer o efeito do tempo sobre ele.
Devemos reconhecer que somos mordomos transitórios dos bens que possuímos. Tudo muda com o impositivo do tempo e da morte. Distribuindo o que supomos possuir, iremos possuir realmente.
Estamos em condições de ampliar as campanhas comportamentais da aplicação das lições do Cristo ao nosso redor: ceder quando uma disputa negativa nos ameaçar o equilíbrio; esquecer, quando ofendido, sob vaias e ofensas; doas as difíceis moedas da gentileza.
Temos diversas batalhas ainda a vencer: contra o egoísmo que está conservado dentro do orgulho; fazer uma campanha sistemática contra a maledicência, que dissemina a morte e é guardada dentro da vaidade; e reagir ao ciúme, companheiro míope da imperfeição que se mantém disfarçada dentro de nós.
Allan Kardec advertia que, “o egoísmo, o orgulho a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que tem contraveneno: a caridade e a humildade.
Para reformar o Eu, devemos jogar fora a ira, ácido perigoso que podemos carregar no coração; investir contra a vaidade, rainha da ilusão, que carregamos jovialmente; e conceder ao próprio Espírito a luz do discernimento para favorecer a limpeza do Eu.
Egoísmo e vaidade são as principais causas de conflitos interiores. A sociedade cria os conceitos de felicidade e a humanidade termina por seguir esses paradigmas, muitas vezes sem perceber que o egoísmo e a vaidade extrema levam à ira.
O Cristo deu uma lição severa demais nesse sentido de Reforma Íntima quando foi indagado sobre o que se devia fazer para fazer a vontade do Pai: “Venda tudo e dê aos necessitados”. O jovem rico que fizera a pergunta, ficou desnorteado e foi embora para não mais voltar. Mesmo hoje, com toda a compreensão que possuímos sobre as lições do Mestre mesmo assim não poderíamos colocar em prática como Ele colocou. Somos ainda incapazes de descer dos nossos postos sociais e nos fazer simples, mais nobres e melhores.
O Mestre nos ensina que devemos ser livres e tranquilos como quem, nada possuindo, nos tornemos valiosos instrumentos nas mãos do nosso Pai celestial.
Na 35ª aula realizada na Cruzada dos Militares Espíritas, foi abordado o tema das transformações positivas ocorridas na Natureza, com o este título: Considerações.
É colocado um tipo de consciência em cada aspecto da Natureza, mesmo que seja inerte, para ilustrar o que se quer alcançar. Por exemplo, a semente enterrada no solo, pode dizer: “que será de mim esmagada neste abismo de sombra e morte”. Porém, mais adiante ela renasce como árvore frondosa, com sombras, flores e frutos. Como ela podia pensar que aquele sofrimento anterior, cheio de trevas e pressão, era necessário para esta nova condição?
A lâmina de ferro, retorcida em brasa viva entre o malho e a bigorna, pode murmurar sem oferecer resistência: “o que me acontece com essa tortura que me aniquila, desrespeitando as minhas forças?” Porém, submetida à vontade do metalúrgico, converteu-se em segurança numa ponte grandiosa. Como ela podia pensar, que sairia de uma situação de ociosidade para uma tão grande utilidade na união entre povos?
A flor, picada pela abelha diligente e operária, pode reclamar dessa forma: “Por que me roubam pólen e néctar levando-me à extinção em violenta morte prematura?” todavia, enquanto isso acontece, fecunda-se e, ao morrer na haste, revive na forma de outra planta e no mel que atende a colmeia feliz mais adiante.” Como ela podia pensar que esse sofrimento era necessário para o ressurgimento de uma nova vida (ou seria ela mesma, em outras conjugações) e nutrição para milhares de outras?
O carbono cristalizado pela passagem das eras, é retirado da confortável furna em que se enclausurava e grita sob vigorosos golpes a reclamar: “Destroem-me, levando-me a nada, eu, que venho da poeira dos milênios em transformações intermináveis.” Como ela podia pensar que essa lapidação habilidosa seria necessária para a engastar em precioso adereço, fulgente, iridescente e valorizado?
Assim somos nós que estamos submetidos à forças da Natureza, do Criador, muitas vezes sem ter a consciência do que está acontecendo, mas que tudo serve a um propósito final positivo e harmônico com a evolução que acontece ao longo de toda a eternidade.
O impositivo da disciplina é um fator primordial nessa luta continua por evolução, e, para nós, que atingimos a condição de humanos, vamos encontrar o programa de educação em família o primeiro passo. Podemos considerar que o mundo está miniaturizado no lar, a família é a sociedade em embrião, o indivíduo é o próton do átomo social: quando o lar desarmoniza, a sociedade cambaleia.
Devemos respeitar os impositivos do respeito à ordem, à valorização do caráter, da honra, pois sem isso, se tornam inúteis quaisquer arregimentações doutrinárias desta ou daquela filosofia que procura um mundo melhor ou uma sociedade mais feliz.
Lembremos do código recebido por Moisés no Sinai, os Dez Mandamentos. Não podemos duvidar, como os hebreus fizeram ao pé do monte, dentro da loucura ao redor, sem freios, levando de roldão aspirações superiores e condutas inatacáveis, justificando a criminalidade e a degenerescência por toda a parte. Essa situação parece muito próxima ao que vemos hoje em nossa sociedade, e mais do que nunca o código trazido por Moisés, com toda a sua objetividade e a rigidez do “olho por olho e dente por dente” merece ser mais uma vez aplicado.
O código trazido pelo Cristo, bem mais evoluído que o código trazido por Moisés, deve ser aplicado à pessoas também evoluídas. O cristão não se deve permitir vaidades e aspirações rocambolescas, com pitadas de hipocrisia, querendo considerar um humano que ainda vive sob as leis da selva, com aqueles que já atingiram a compreensão do Amor Incondicional, que defendem para todos o desarmamento para não matar os irmãos, mas no entanto andam de carros blindados e seguranças, com a total proteção contra os “irmãos” que eles nem suas leis dão o mesmo direito ao restante do povo.
O cristão verdadeiro se renova interiormente a cada dia para melhor, com uma mentalidade mais elevada em relação a si e aos outros. Segue a bússola ensinada pelo Cristo para não sairmos do caminho reto: “Amai ao próximo como a si mesmo”. O referencial do amor somos nós mesmos, e se alguém tenta nos destruir por motivos selvagens, como qualquer fera, nós podemos e devemos nos proteger dos seus ataques até a última legítima defesa: a destruição do agressor.
É no clamor dessa batalha do dia-a-dia que iremos evoluir em direção ao Criador, mesmo que não tenhamos a devida compreensão do que iremos encontrar no próximo passo evolutivo para o qual nos dirigimos.
Deus está constantemente ao nosso lado, mesmo que não creiamos que Ele existe. Mas, como um Pai amoroso que sabe que nem todos seus filhos desenvolveram compreensão suficiente para entende-Lo, como o Criador de tudo e de todos, Ele não despreza ninguém. A todo momento coloca ao nosso dispor caminhos importantes para o nosso crescimento, evolução espiritual e aproximação cada vez mais da Sua divindade. Resta a nós fazermos as escolhas certas no meio de tantas opções, muitas delas que nos atraem pelo prazer, facilidades, ociosidades... Os caminhos do Senhor são estreitos, exige esforço, mas nos traz ao fim alívio e vitória, pois estaremos mais perto do dEle.
Mateus registrou em seu Evangelho (7:13-14) que Jesus ensinou: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.” Isso quer dizer que o caminho do Senhor não é um caminho fácil, requer renúncia, abandono das coisas terrenas e crer nas coisas espirituais as quais olhos não podem ver, como disse Paulo em II Coríntios (4:18): “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas sim nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, enquanto as que se não veem são eternas.” Devemos deixar para trás a bagagem egoísta de nossa origem animal, que se transfigura como mentira, ódio, rancor, sensualidade, vícios, bebedeiras e demais costumes mundanos. Nosso Ego não cabe dentro de nós, ou pelo menos deve ficar harmonizado com os interesses do Espírito. Como esse caminho é estreito, sempre é mais fácil sair dele do que permanecer nele. Qualquer desvio do nosso pé seja para a direita ou esquerda pode nos proporcionar uma queda, a qual pode ser plenamente amparada pelas mãos do Senhor quando acompanhada de arrependimento. Devemos lembrar que caminhamos em meio a um mundo de trevas, por isso a Luz de Deus deve sempre brilhar em nossos corações para nos iluminar pelo caminho.
A qualquer momento, em qualquer lugar, devemos sintonizar com a essência do Pai que nunca deixa de estar ao nosso redor e mesmo dentro de nós, para que saibamos reconhecer a Sua mão nos oferecendo opções de caminhos e pessoas que Ele coloca ao nosso lado para que o nosso caminhar em Sua direção seja feito com ajuda mútua, auxiliando e sendo auxiliado nos diversos obstáculos e tentações que tentam nos desviar do caminho estreito e reto.
Dentro do atual contexto político e social no qual o Brasil está mergulhado, onde a Verdade é encoberta pela mentira e os hipócritas constroem narrativas constantes para distorcer os fatos, existem opiniões que surgem do seio da sociedade não contaminada pelos atos criminosos, mas que desenvolvem opiniões totalmente opostas, com os mais diversos motivos. É assim que irei colocar a opinião de um juiz que se posiciona sobre a condenação do ex-presidente Lula.
... “Não vi até agora uma prova da propriedade do triplex e do sítio de Atibaia. Portanto, não havendo prova de que ele recebeu isso como paga, por ato de ofício praticado por ele, não há corrupção passiva. Propriedade se prova com registro do imóvel. E como disse, a corrupção exige ato de ofício do agente em troca do favor: não há, e nem haveria como haver, porque para existir corrupção passiva é preciso que o agente seja servidor público ou esteja em exercício de função pública, e Lula não era mais presidente. Quanto a lavagem de dinheiro, se a aquisição do apartamento não foi provada, como se falar em lavagem. E mais, lavagem pressupõe ocultação de dinheiro sujo, daí o termo lavagem. Não se pode confundir o produto do crime com a lavagem em si. Se não houve ato para tornar limpo o dinheiro sujo, como pode ter havido lavagem? Por isso, esse crime em tese nem federal seria, se fosse crime.
Em suma, Lula está sendo julgado por juízo incompetente, com provas insuficientes, e por condutas atípicas. E isso que falei aqui é técnica jurídica. Não é opinião política. Fosse eu o juiz do caso, mesmo eu acreditando que ele era o destinatário do apartamento e do sítio (COMO EU ATÉ ACREDITO), eu não o condenaria em face da insuficiência de provas, aliada a atipicidade de todas as condutas a ele imputadas. Registre-se que insuficiência de provas é diferente de falta de provas, esta é a ausência total de provas, e aquela significa que as provas colhidas não são suficientes para a condenação. Já aconteceu comigo situação semelhante, eu tinha certeza da autoria do crime, mas absolvi o réu porque não havia provas em suficiência. Na dúvida, “pro reó”.
Numa democracia, Lula não pode ser condenado porque ele é o Lula. É que ninguém pode ser julgado por ser quem é. No regime de liberdades públicas, julgam-se fatos, não pessoas.
Sou professor de Penal e constitucionalista por formação, não posso ensinar aos meus alunos uma coisa e dizer outra em rede social, só para agradar a turba de leigos, com vingança nos olhos, que se comporta igual aqueles que fizeram Pilatos condenar Cristo à morte.
Aos loucos, um aviso: não comparei Lula a Cristo; comparei a histeria coletiva daqueles que pediram a condenação de Cristo, com estes, cheios de verdades irracionais, que pedem a condenação do Lula. E vieram aqui com seus achismos e sua moral muito particular, a pretexto de me dar lição de moral no meu outro post: tolos! Sou um estudioso do Direito, meu compromisso é com a ciência!”
Tem vários pontos que eu discordo da posição do douto juiz, principalmente quando ele acredita na culpa de um réu, mas sua ciência não tem como ele condenar e o deixa ir livre para cometer novos crimes.
Mas o que me chamou mais a atenção na reflexão que fiz sobre esse texto, foi que ele comparou a turba que condenou Cristo, provavelmente influenciada pelos sacerdotes que queriam esse objetivo, com a “turba” brasileira que foi às ruas pedindo que a justiça fosse feita sobre a quadrilha que assumiu o poder no Brasil e provocou tamanho caos que nas finanças e administração pública.
Podemos associar o ladrão a um homem caridoso? Parece que são polos opostos. Como é que uma pessoa que rouba o suor do trabalho de outra pessoa, pode ser uma pessoa boa, caridosa? Vejamos um exemplo.
Um homem entra em uma casa e passa a roubar tudo que vê: prataria, joias, relógio, e uma bandeja de ovos. Ao sair da casa, carregado, ver um homem faminto, pedindo esmolas. Pega a bandeja de ovos e doa, continua o seu caminho. Outra pessoa, que viu tudo, adverte ao mendigo que ele recebeu o produto de um roupo, que aquela pessoa caridosa era um ladrão, acabara de depenar uma residência. O mendigo, ainda com o gosto do ovo na boca, que come um a cada dia, não quer saber dessa história, considera aquela pessoa caridosa e faz os maiores elogios.
Mas nem todos agem assim. Uma pequena parte dos beneficiados percebem que foram agraciados com produtos de um crime e concordam que a justiça deve ser feita, que o criminoso deve pagar pelos roubos que fez.
Também tem outra parcela da população, que não mendiga pela sobrevivência, que foram beneficiadas por uma boa parcela do roubo, e as vezes até participa do saque, que defende com a máxima energia o criminoso, tenta incutir na população que vive sendo saqueada que aquela é uma pessoa honesta e bondosa. Tenta ocultar ao máximo o roubo cometido e destaca a caridade que esse criminoso fez com os mendigos.
Dessa forma podemos ver na sociedade brasileira esse jogo de incompatibilidades, de incoerências, de um tamanho ladrão ser defendido como tamanho caridoso. As falsas narrativas são construídas constantemente para mostrar que a mentira pode se sobrepor à verdade. A nação, vítima do furto sistemático do produto do seu suor, através da alta carga de impostos, quase não tem nenhuma solução, pois os candidatos que se apresentam para a gestão do país, são quase todos envolvidos na dimensão continental desse furto. Até dentro das altas cortes da justiça, são observadas atitudes claramente incoerentes com a ética e a moral.
Enquanto isso as ruas ficam tomadas por pessoas beneficiadas de forma antiética tentado causar fatos que mostrem que eles estão com a razão. Felizmente, o povo a cada dia tem os seus olhos abertos, e as falsa narrativas vão caindo no vazio ou no ridículo.