Série Netflix, segundo episódio.
A cena se desloca para a Geórgia, 1903. Uma caravana é conduzida por soldados. Um homem está parado na estrada deserta, acende um cigarro, interrompe a passagem da carroça. Os soldados ficam intrigados. Quando um deles pega um chicote para brandir contra o intruso, um tiro vindo da floresta ao redor o abate. Assim, a maioria dos soldados que protegem a carroça são abatidos. Um deles é encontrado com um panfleto onde diz que “Trótski está certo”, trazendo uma foto mostrando Trótski numa posição de liderança em uma reunião. O assaltante que aparenta ser o líder, lê o que são as palavras do novo candidato a líder do movimento revolucionário russo: “Para todos os dragonas douradas e bigodes grisalhos, para todos os chauvinistas com nós nos ombros em corredores de ouro e mármore, para todos que reprimem o livre pensamento dos trabalhadores, nós queremos dizer isso. Vocês realmente pensam que podem dormir em paz? Não. Nós vamos chegar e chutar o traseiro de vocês. Porque somos mais fortes, mais jovens e estamos certos. E nós vamos vencer. Sou eu, Leon Trótski, quem disse isso.”
O trabalho de divulgação do pensamento de Trótski já está sendo realizado. Observamos nessas primeiras palavras algumas verdades, como “somos mais fortes”, sim, com a organização do povo para construir a revolução eles se tornam mais fortes, como aconteceu; “somos mais jovens”, correto, os jovens são mais sensíveis às mudanças, principalmente quando tem o apelo de trazer o bem para a humanidade; agora, “estamos certos”, não se mostrou correta, pois a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) não se consolidaram e o “bem maior ao povo” foi deturpado, exemplo maior é a “caçada” que é feita contra Trótski.
O líder se dirige ao soldado que estava com o panfleto e pergunta:
- L. Você é marxista?
O soldado trêmulo, com voz vacilante, diz que é simpatizante.
- L. Então por que serve a exploradores, camarada simpatizante?
- S. Preciso sustentar minha mãe e irmã. Elas só têm a mim.
O chefe do soldado, caído ao chão, vocifera: - Seu cretino! E cospe em sua direção.
- L. Mãe, irmã... família prejudica o revolucionário. Não precisamos de simpatizantes. Precisamos de irmãos de armas.
Retira o revólver do soldado e o entrega, sinalizando para ele matar o comandante, enquanto outro assaltante aponta o revólver para sua cabeça. Nessa posição forçada, o soldado trêmulo aponta o revólver para o seu comandante, tendo uma arma do assaltante dirigida para sua cabeça... fecha os olhos e mata o comandante... é o sinal para os assaltantes fuzilarem o resto dos soldados que estavam rendidos.
L. Muito bem, irmão.
O cadeado da caixa que era conduzida tão bem protegida é destruído com as armas de fogo. O líder confere os diversos pacotes de dinheiro, todos bem organizados.
Mais uma ação contraditória dos revolucionários. Praticarem assaltos para o financiamento de seus propósitos, sem nenhum tipo de compaixão para quem considera obstáculo. E todos os integrantes devem ter essa energia, de abandonarem a família e serem capazes de assassinar pessoas indefesas, inocentes, arrependidos, ou meras testemunhas. Tudo isto aconteceu no Brasil, essas ações de guerrilha com assalto a bancos, explosões de ambientes públicos, sequestro de autoridades. As narrativas desse período cobriram com um manto de romantismo os piores assassinos desses movimentos, como Che Guevara, por exemplo. Devo relatar aqui que nos meus anos de adolescente até meu curso universitário e primeiros anos de vida profissional, Che Guevara era um dos meus ídolos. Vejo agora como é destrutivo para a pessoa e para a civilidade o desconhecimento da verdade dos acontecimentos e a leitura das narrativas sem a crítica coerente.
Inicia o segundo episódio da série Netflix.
Após a tentativa de assassinato no México, Trótski sai de sua casa procurando entender o que aconteceu, quem fez tamanho tiroteio em sua direção. Sua esposa o adverte com preocupação:
- N. Leon! Aonde você vai? Você está louco? O que está fazendo? Acha que vai vencer trabalhando para eles? Que Trótski vai vencer ao sair graciosamente? Claro que não! Nem pense em desistir desse jeito. Você não vai desistir...
- T. Natália! Só vou desistir se eu teme-lo. Você não entende? Ele vencerá quando Leon Trótski tiver medo de andar quando quiser...e onde quiser.
O jornalista Jacson chega correndo.
- J. Eu ouvi tiros.
- T. Eu não estou ferido.
- J. É melhor voltar para casa.
- N. Leon, vamos para casa.
Chega um carro de polícia comandado por um oficial. – O senhor está bem?
- T. Estou. Eu sou... a vítima fracassada do ataque.
Enquanto a polícia faz o seu trabalho, tira fotografia, registra o morto, surge um comentário de Jacson: - Trótski, você sempre foi um perigo para aqueles ao seu redor.
- T. A culpa não é minha. Não fui eu que matei todos que um dia apertaram a minha mão. Não fui eu que enviei milhões de inocentes para os campos. Não sou eu que contrata assassinos pela noite.
- J. Tem certeza de que é o Stalin? Não se gabe. Ele já venceu. Por que caçaria você? Você não é ameaça.
- T. Você não vê nada, Jacson. Sempre serei uma ameaça para ele. Mesmo se me calar, se me render. Mas não vou. É um bumerangue, Jacson.
- J. O que? Um bumerangue?
- T. Eu fiz um golem (metáfora altamente mutável com simbolismo aparentemente ilimitado. Pode ser vítima ou vilão, homem ou mulher - ou às vezes ambos. Ao longo dos séculos tem sido usado para conotar a guerra, comunidade, isolamento, esperança e desespero). E ele não vai parar até destruir seu criador.
Neste diálogo Trótski apaga o conceito de genocida que é feito dele, que não é ele o autor desses crimes em tão ampla dimensão. Pode ser acusado do fuzilamento sumário de soldados frente aos seus colegas, para induzir o medo e o respeito nos que ficam, e evitar que eles fujam da luta por um objetivo maior, que é benéfico principalmente para eles mesmos, soldados simples e ignorantes. Esse golem que ele representa na Rússia e no mundo, é o principal alvo de Stalin, pois ele sabe quem é o autor, e sua liderança pelo medo. Isso implica na guerra entre os dois, com maior poder para Stalin, e maior coragem para Trótski.
Série da Netflix.
A cena volta ao México. Entrevista com o jornalista Jacson.
- T. Está tarde. Espero que tenha respondido todas suas perguntas?
- J. Obrigado.
- T. Escute, Jacson. Se decidir continuar... volte. De hoje em diante você é bem-vindo nesta casa.
O jornalista sai, o caseiro fecha o portão, Trótski vai para a cama, deita e ouve vozes do passado?... “Você está indo embora, mas... voltaremos a ficar juntos? Sim, claro”. De repente a casa é metralhada por seis homens fortemente armados... enquanto Trótski continua ouvindo as vozes, indiferente aos tiros. “Está cansado, Leon? Estou, Alexsandra, querida”. “Papai, estou aqui! Papai, não me deixe! Pai! Pai!” Alexsandra cobre o corpo do marido como se quisesse o proteger e o que de fato acontece. Ele escapa ileso do intenso tiroteio. Natália entra apavorada no quarto do marido.
- N. Leon, você está vivo?
Trótski abre os olhos e termina o primeiro episódio da série.
Esta última cena deste primeiro episódio, mostra uma retrospectiva da vida do revolucionário, um homem de princípios éticos, caráter firme, mas sem suficiente flexibilidade social. Isso o tornava intolerante com perfil agressivo. Assustava os seus colegas, apesar desse tipo de comportamento ajudar a controlar as massas pelo medo, já que elas não tinham educação e informações suficientes para tirarem suas próprias conclusões do momento político. Isso implicava em assassinar inocentes para passar a lição. Agora, exilado, vive sofrendo constante perseguição de seu ex-companheiro, Stalin, que tem uma visão diferente da sua: enquanto Trótski pode ser considerado um genocida por uma causa maior, Stalin é outro genocida por uma causa menor, mas ambos, como Trótski já avaliava, são dois monstros. O que chama atenção é que esse perfil monstruoso desses ícones da revolução socialista não surge na consciência dos povos. Mais uma vez a influencia da propaganda, construindo narrativas do interesse dos seus patrocinadores, levam à ilusão ao imaginário popular e deixa as pessoas hipnotizadas por cenas que elas não têm condições de contestar com o uso da verdade ou pelo menos da coerência. Sentimos isso aqui no Brasil, quanta energia é colocada nesses movimentos socialistas sem a preocupação dos seus participantes irem em busca da verdade do que está por trás de tudo, e que pode comprometer suas vidas e, talvez, estejam lutando por algo contrário as suas convicções mais íntimas.
Para aplicar a lei do amor, a principal ou única lei de Deus, devíamos nos desvincular de toda ação egoísta, principalmente aquelas que praticamos com os familiares. No entanto, o ser humano sofre de hipertrofia de sentimentos, mas sempre pelos familiares, esquece de cultivar a fraternidade com a família universal, exercendo a solidariedade somente com aqueles que considera seus.
Este é o tipo de pensamento que é potencializado pelas corporações, já que essas consistem em agrupamentos humanos. Por perseguirem exaustivamente os lucros, indiferente ao mal que causa ao redor, aos irmãos, deixando-os, se necessários para potencializar os seus lucros, na miséria, na indignidade de viver.
Esse é o fermento em que surgem os revolucionários, terroristas, se confrontando com o poder instituído e causando muito derramamento de sangue para modificar a situação. Porém, como esses revolucionários defendem ideologias salutares, mas possuem dentro de si os germes do egoísmo, latente e atuante, logo a situação se torna um novo inferno para os cidadãos que pensavam ter alcançado a redenção. Isso acontece frequentemente nos países de orientação socialista, onde o fruto do trabalho é distribuído desproporcionalmente causando insatisfação naqueles que trabalham e um número cada vez maior de corruptos e parasitas até a falência daquele país.
Isso aconteceu com o Brasil. A bondade desviada para grupos na intenção de manutenção do poder, causou a falência da harmonia financeira que deve existir para que os recursos arrecadados sejam suficientes para o pagamento das despesas e financiar projetos para a manutenção do crescimento.
O amor fica muito distante dessas ações que se praticam na política, com o desvio sempre constante da bondade que deveria ser aplicada considerando a família universal. O amor condicional que está associado ao egoísmo é muito diferente do amor incondicional que é associado à essência de Deus.
O comportamento majoritário da humanidade atual, de devorar com excesso os sentimentos negativos de orgulho criminoso, vaidade e egoísmo feroz em todas suas formas, leva a necessidade de vomitar esses venenos letais ao desenvolvimento do espírito. Certamente, todo pecado praticado aqui e não devidamente punido pela justiça humana, não conseguirá escapar da justiça divina, que usará o processo da reencarnação para a expiação daquilo que foi feito errado. Afinal estamos no planeta Terra, de provas e expiações, justamente o local apropriado para corrigir os nossos erros, tantas vezes quantas sejam necessárias.
Podem surgir quantas corporações, quantos revolucionários, guerras e injustiças, todo esse redemoinho de venenos e vômitos estarão sempre ao nosso redor até chegar o ponto de transformarmos a Terra em local mais aprazível ou sermos transportados para um planeta mais evoluído, de acordo com nosso merecimento.
Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
Os verdadeiros terroristas do nosso mundo não se encontram no escuro à meia-noite ou gritam “Allahu Akbar” (Alá é grande) antes de um ato violento. Os verdadeiros terroristas usam ternos de 5 mil dólares e trabalham nos mais altos cargos das finanças, do governo e das empresas.
E então, o que fazer? Como paramos um sistema de ganância e corrupção que tem tanto poder e impetuosidade? Como paramos esse comportamento grupal aberrante, que não tem compaixão por, digamos, os milhões massacrados no Iraque e no Afeganistão para que a corporatocracia controle recursos energéticos e a produção de ópio e gere lucro em Wall Street?
Antes de 1980, o Afeganistão produzia 0% do ópio mundial. Depois que o Mujahadeen ganhou a guerra com a URSS com apoio da CIA e EUA, eles passaram a produzir 40% da heroína mundial em 1986. Em 1999, eles estavam produzindo 80% do total no mercado. Mas então, algo inesperado aconteceu. Os talibãs subiram ao poder e em 2000, já haviam destruído a maioria dos campos de ópio. A produção caiu de 3 mil toneladas para apenas 185, uma redução de 94%. Em 9 de setembro de 2001, os planos de invasão do Afeganistão estavam na mesa do presidente Bush. Dois dias depois, eles tinham uma desculpa (ataque as torres gêmeas). Hoje, a produção de ópio no Afeganistão controlada pelos EUA fornece mais de 90% da heroína do mundo, quebra de recordes de produção todo ano.
Como paramos um sistema de ganância e corrupção que condena populações pobres à escravidão nas fábricas em benefício da avenida Madison? Ou que arquiteta ataques terroristas falsos com o propósito de manipular? Ou que cria “Modos Embutidos” inerentemente explorados de operação social? Ou que reduz sistematicamente as liberdades civis e viola direitos humanos para se proteger da consequência dos seus próprios atos?
Como lidamos com as inúmeras instituições encobertas, como o Conselho das Relações Internacionais, a Comissão Trilateral, o Clube de Bildenberg e outros grupos eleitos de forma não democrática, que a portas fechadas, se reúnem para controlar os elementos políticos, financeiros, sociais e ambientais de nossas vidas?
Para encontrar a resposta, primeiro devemos encontrar a causa principal, pois o fato é, que os grupos egoístas, corruptos e famintos de lucro não são a fonte do problema. Eles são sintomas
A conceituação de “terrorista” para as corporações, parece forte, mas não deixa de ser bem aplicada. O terrorista é aquele que desenvolve atos de terror, de aniquilação do próximo sem nenhuma consideração, desde que sua ação o beneficie e fortaleça seu ideal. A corporações, pelos seus modos de agir, em busca do lucro cada vez maior, a qualquer custo... e esse custo implica no sofrimento de milhares de pessoas em determinadas situações. Pode ser que a ação das corporações não causem derramamento de tanto sangue como é a ação terrorista. Mas, com certeza, abrange muito mais vítimas.