Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
O mundo está sendo dominado por um punhado de negócios poderosos que controlam os recursos naturais que precisamos para viver, enquanto controla o dinheiro que precisamos para obtê-los. O resultado final será um monopólio mundial, baseado não na vida humana, mas em poder corporativo e financeiro.
Conforme a desigualdade cresce, claro, mais e mais pessoas se desesperam, então o sistema foi forçado a criar um novo modo de lidar com quem desafia este sistema. Assim nasceu o “Terrorista”.
O termo terrorista é uma descrição vazia, dada a qualquer pessoa ou grupo que escolhe desafiar o “establishment”. Isso não deve ser confundido com a fictícia Al Qaeda, que é na verdade o nome de um banco de dados criado pelo Mujahadeen com apoio americano nos anos 80.
“Na verdade, não existe nenhum exército terrorista islâmico chamado Al Qaeda e qualquer oficial da inteligência bem informado sabe disso. Mas existe uma campanha de propaganda para que o povo acredite na presença de uma entidade identificada. O país por trás dessa propaganda é os EUA”.
Em 2007, o Departamento de Defesa recebeu 161,8 bilhões de dólares para a chamada guerra global contra o terrorismo. De acordo com o Centro Nacional Antiterrorismo, em 2004 cerca de 2000 pessoas tinham sido mortas intencionalmente em razão de supostos atos terroristas. Desse número, 70 eram americanos. Usando esse número como uma média, o que já é muito generoso, é interessante notar que o dobro de pessoas morre de alergia ao amendoim por ano, comparado com o terrorismo. Ao mesmo tempo, a causa principal de mortes nos EUA são doenças coronárias que matam cerca de 450 mil por ano. Em 2007, os fundos destinados pelo governo para pesquisa nessa área foram cerca de três bilhões de dólares. Isso quer dizer que em 2007, o governo dos EUA gastou 54 vezes mais dinheiro prevenindo o terrorismo do que gastou prevenindo a doença que mata 6.600 vezes mais pessoas por ano do que o terrorismo. Ainda assim, os nomes terrorismo e Al Qaeda estão obrigatoriamente estampados em todos os jornais ligados a qualquer ato realizado contra interesses dos EUA. O mito se expande!
No meio de 2008, o Procurador Geral dos EUA chegou a propor que o congresso americano declarasse oficialmente guerra à fantasia, para não falar que até julho de 2008 existia mais de um milhão de pessoas na lista de terroristas monitorados dos EUA. Essas “Medidas Antiterrorismo”, naturalmente não tem nada a ver com proteção social e tudo a ver com preservação do sistema enquanto cresce o sentimento antiamericano dentro do país e internacionalmente, o que é legitimamente baseado na expansão gananciosa do império corporativo que está explorando o mundo.
Nesse ponto, minha racionalidade entra em certo confronto com as ideias do autor do texto, com o economista e analista político. Ele tenta mostrar o interesse deslocado para o controle dos “terroristas” enquanto casos bem mais graves, que causam bem mais mortes, não tem uma atenção equivalente. Tenho a impressão que se o governo não tomar essas providências quanto o “terrorismo”, eu me sentiria muito mais inseguro em ser vítima de algum ataque que não foi devidamente previsto. Enquanto as doenças, eu posso cuidar da prevenção ou usar medicamentos para atenuar as crises e a progressão da doença. No entanto, não posso fazer o mesmo com as pessoas que atacam de forma sorrateira o ser humano para mostrar a boa relação com suas ideologias. Jesus é o exemplo perfeito para essa situação. Jamais usou de violência para ensinar suas lições e foi assassinado pelos interesses corporativos do templo. Enfim, acredito que o investimento alto no combate ao terrorismo é necessário para dar segurança a nós, cidadãos pacatos e que vivemos desarmados, eternamente do medo de alguém armado entrar em nossas casas, ou nos ameaçar dentro do carro,, nas estradas, sem nada podermos fazer.
Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
É importante entendermos que o Banco Mundial é na verdade um banco americano, atendendo a interesses americanos, pois os EUA tem poder de veto sobre as decisões, já que é o maior fornecedor do capital. E de onde eles tiraram esse dinheiro? Acertou: ele foi criado do nada pelo sistema bancário de reservas fracionadas. Das 100 maiores economias do mundo, com base no PIB, 51 são corporações, das quais 47 ficam nos EUA. A Wal-Mart, a General Motors e a Exxon têm mais poder econômico que a Arábia Saudita, a Polônia, a Noruega, África do Sul, Finlândia, Indonésia e muitos outros. E a medida que as barreira comerciais são quebradas, moedas são unificadas e manipuladas nos mercados de especulação, as economias do governo passaram para o lado do inimigo no capitalismo global. O império se expande.
Você fica diante de sua telinha de 21 polegadas e reclama sobre os EUA e a democracia. Os EUA não existem, nem a democracia. Existem apenas a IBM, a ITT e AT&T, DuPont, Dow, Union Carbide e a Exxon. Estas são as nações do mundo de hoje.
Do que você acha que os russos falam em seus conselhos de estado, Karl Marx? Eles pegam seus gráficos de planejamento linear, teorias de decisões estatísticas, soluções mínimas e máximas, e calculam as probabilidades de custo-benefício de suas transações e investimentos, como nós. Não vivemos mais em um mundo de nações e ideologias, Sr. Biel. O mundo é um grupo de corporações, inevitavelmente determinadas pelas regras imutáveis dos negócios. O mundo é um negócio, Sr. Biel. Tomadas de modo crescente, as integrações do mundo como um todo, especialmente no quesito qualidades de capitalismo de “mercado livre”, representa um verdadeiro “império” no seu direito. Poucos têm sido capazes de controlar os “ajustes estruturais” e “condicionalidades” do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, ou as decisões da Organização Mundial de Comércio, que mesmo inadequados, ainda determinam o significado de globalização econômica. O poder da globalização é tão grande que durante nossas vidas provavelmente veremos a integração mesmo que desigual de toda economia nacional no mundo num único mercado de sistema livre global.
A tese defendida é que não existe países nem democracia. O que existe na realidade são as corporações que manipulam tanto os países quanto a democracia para atingir os seus interesses, cada vez mais eficazes em detrimento à liberdade e a saúde do ser humano. No entanto, parece que essa tese foi derrotada na última eleição para presidente do Brasil. O candidato eleito declarou que não aceitaria nenhum donativo das corporações e assim fez. O pouco que foi arrecadado ainda teve devolução. A democracia parece que foi fortalecida, pois venceu a opinião do povo, cansado de tanta corrupção, a avalanche de mentiras e falsas narrativas, atacando a honra e até a própria vida desse candidato tão diferente. Vejamos agora como se comportará esse candidato, eleito dessa forma, com democracia e sem corporações. Veremos se esses dois aspectos continuarão vigorando, pois sem a ingerência das corporações podemos ter democracia. Veremos a verdade sobrepujar a mentira e isso fará toda a diferença para mudar a nossa história e talvez contribuir para o pensamento político do planeta.
Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
Esse processo de manipulação corporativa através de dívidas, corrupção e golpes também é chamado de globalização. Assim como a RF mantem o povo americano em uma posição de servidão incondicional através de dívidas infinitas, inflação e juros, o Banco Mundial e o FMI cumprem esse papel em nível global. A farsa é simples. Coloque um país em dívida, seja por sua própria imprudência ou pela corrupção do líder desse país, e então imponha “condicionalidades” ou “políticas de ajuste estrutural” que frequentemente consistem em: 1. Desvalorização da moeda – quando o valor de uma moeda cai, o mesmo vale para tudo avaliado através dela. Isso torna os recursos nativos disponíveis para países predadores por uma parcela do seu valor real; 2. Cortes no financiamento de programas sociais, que normalmente incluem educação e saúde, comprometendo o bem-estar e a integridade da sociedade e deixando as pessoas vulneráveis à exploração; 3. Privatização de empresas públicas – isso significa que sistemas com importância social podem ser comprados e controlados por corporações estrangeiras que visam lucro. Por exemplo, em 1999 o Banco Mundial insistiu que o governo boliviano vendesse o sistema de água e esgoto da terceira maior cidade e isso aconteceu a uma subsidiária americana Bechtel. Assim que isso aconteceu, as contas de água dos moradores locais já empobrecidos, dispararam. Foi só depois de uma intensa revolta popular que o contrato com a Bechtel foi anulado. 4. Liberação do comércio ou a abertura da economia pela remoção de obstáculos para o comércio exterior. Isso dá margem de manifestações de abuso econômico, como corporações transnacionais trazerem seus produtos de fabricação em massa, prejudicando a produção nativa e arruinando economias locais. Um exemplo é a Jamaica, que depois de aceitar empréstimos e condicionalidades do Banco Mundial perdeu seus maiores mercados e safras por causa da competição com importados ocidentais. Hoje, muitos agricultores estão sem trabalho porque não podem competir com as grandes corporações. 5. Outra variação é a criação aparentemente despercebida das várias fábricas exploradoras, desumanas e não-fiscalizadas que se aproveitam das dificuldades econômicas vigentes. 6. Além disso, devido a produção descontrolada, a destruição do meio ambiente é contínua uma vez que os recursos de um país são frequentemente explorados por corporações indiferentes que também emitem enormes quantidades de poluição proposital. O maior processo em direito ambiental da história mundial está ocorrendo em favor de 30 mil pessoas do Equador e da Amazônia, contra a Texaco, agora propriedade da Chevron logo, é contra a Chevron, mas sobre atividades realizadas pela Texaco. Estima-se que a quantidade de poluição seja 18 vezes o que o Exxon Valdez despejou na costa do Alasca. No caso do Equador, não se tratou de um acidente. As petroleiras agiram de propósito, elas sabiam que estavam fazendo isso para economizar, em vez de fazer o escoamento correto. Indo além, uma rápida observação do histórico de desempenho do Banco Mundial revela que a instituição que declara publicamente ajudar países pobres e reduzir a miséria, não fez nada além de aumentar a pobreza e as diferenças sociais, enquanto os lucros corporativos só sobem. Em 1960, a desigualdade de renda entre o quinto mais rico e o mais pobre do mundo era de 30 para 1. Em 1998, era de 74 para 1. Enquanto o PIB global cresceu 40% entre 1979 e 1985, a margem de pessoas na faixa da pobreza cresceu 17%. Entre 1980 e 2000, o número de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia cresceu 18%. Mesmo a Comissão Conjunta de Economia do congresso americano admitiu que a taxa de sucesso dos projetos do Banco Mundial é de meros 40%. No fim dos anos 60, o Banco Mundial interveio no Equador, com grandes empréstimos. Nos 30 anos seguintes, a pobreza cresceu de 50 para 70%. O sub ou o desemprego foi de 15 para 70%. A dívida pública saltou de 240 milhões para 16 bilhões, enquanto a parcela de recursos destinados aos pobres caiu de 20 para 6%. Em 2000, 50% do orçamento nacional do Equador estava sendo alocado para pagamento de dívidas.
O fenômeno da globalização atende a evolução que acontece no mundo material, principalmente na área tecnológica, digital, informática, que deixa o mundo conectado dentro de segundos. No entanto, essa tendência globalizante, que não podemos evitar pois faz parte da enxurrada evolutiva, atende aos interesses egoístas de nossa natureza animal, deixando o homem mais explorado pelo próprio homem, afirmando o adágio: “o homem é o lobo do homem”.
Essa orientação comportamental dentro do processo evolutivo do homem contra o próprio homem, vamos observar que não obedece a lei de amor que está na base de tudo e que determina a evolução positiva em direção ao Criador. Assim, é necessário que surja outra orientação, de natureza positiva, que privilegie a fraternidade ao invés do egoísmo. Somente quando isso acontecer a globalização se torna positiva, partiremos para a construção de um planeta de regeneração, formação da família universal e instalação do Reino de Deus.
Feliz quem ama o Senhor, nosso Pai, e segue os caminhos que Ele coloca à nossa disposição, com Amor, Justiça e Misericórdia. Que saibamos reconhecer o monstro que habita em nossas entranhas, como criado por Deus para garantir nossa sobrevivência biológica, mas que ele não tenha força suficiente para fazer nosso espírito desviar dos caminhos que levam à intimidade com o Pai.
Viveremos do trabalho de nossas mãos, da inteligência do nosso cérebro, entendendo que tudo foram dons que Deus nos deu a cada um, sem favorecimentos, e que desenvolvemos de acordo com o nosso esforço pessoal. Jamais deveremos permitir que qualquer aspecto de superioridade que exista como uma conquista nossa, não sirva para colocar e manter nossos irmãos dentro da escravidão, usando o seu suor para garantir a nossa ociosidade ou mordomia.
Viveremos assim, felizes e satisfeitos, nossa esposa será como uma vinha fecunda, geratriz dos nossos filhos, apaziguadora dos nossos erros no interior de nossas casas, e orientadoras virtuosas em nossos caminhos das labutas externas. As tentações demoníacas não terão oportunidade de corromper nossos princípios de amor e fraternidade, justiça e paz, ensinados pelo Mestre Jesus.
Nossos filhos serão como ramos da mangueira ou cajueiro, dando seus frutos/netos, tenros e doces ao alcance de nossas mãos, de acordo com a fonte saudável e nutritiva de nossos troncos. Trazem alegria e afeto ao redor da nossa mesa, com suas histórias de lutas e aprendizados.
Assim seremos abençoados, todos nós que amamos sem negociações, sem trocas ou exigências, sem condicionamentos, a todos nossos irmãos, a toda Natureza, ao Senhor, nosso Pai.
Do nascer ao pôr, do sol e da lua, que possamos ver nossa casa feliz e harmonizada como as estrelas no céu, todos os dias da nossa vida, sabendo que a casa do irmão, por mais distante que esteja, também está dentro da mesma felicidade.
E que vejamos os filhos dos nossos filhos, os netos dos nossos netos, e onde quer que esteja uma pessoa humana que não pertença ao nosso sangue, mas que sejam considerados como um verdadeiro irmão, um pai, uma, mãe, um tio, um filho, um neto, de acordo com suas características de faixa etária, de espaço físico, de condição social.
Que a paz e o amor sejam as sombras dos nossos corpos, os perfumes dos nossos espíritos, por onde andarmos.
Série Netflix
A cena se desloca para a troca de roupas de Trótski em uma oficina, sob a supervisão de Alexander.
- A. Quanto mais perfeita a pessoa parece ser, mais demônios ela tem dentro dela. E as pessoas vendo a beleza... Espere. Elas querem ver o oculto, o maligno... É atraente. Nada mau.
- T. Podemos acabar perdendo o foco com tudo isso.
- A. Nada na política é por acaso. Tudo importa. O que diz, como diz, sua aparência. Precisa parecer um todo. Um manifesto. Se lembra da Natália?
- T. A mulher que odiou meu discurso?
- A. Não pelo seu discurso em si, mas porquê... como posso explicar? Todos os sociais-democratas são feios. Se vestem mal. Eu sei que é o interior que importa. É o que é mais valioso. Mas ética sem boa aparência só atrai marginalizados. Tenho boas notícias para você. Uma carta de uma tal Srta. Sokolovskaya. Pelo visto você é casado e tem duas filhas. Se arrependeu?
- T. Eu nunca me arrependo de nada.
Leitura da carta.
“Oi, querido Leon. Faz seis meses que estamos no exílio sem você. Fico feliz que tenha chegado à Europa. Sempre soube que conseguiria. Nossas filhas cresceram. Zinaida lembra de você, quer saber quando você volta. Nina, finalmente, está saudável. Não sei mais o que dizer. Fico lembrando do nosso último dia”.
A cena recua, Trótski está recebendo de forma clandestina seu documento trazido por uma carruagem, em 1902, em Irkutsk, exílio para prisioneiros políticos.
- T. Como a Nina está?
- S. Dormindo. Quando?
- T. Hoje. Enquanto dá para passar pela taiga. Não está lamacento ainda.
- S. Não é para sempre, é? Você está indo embora, mas... voltaremos a ficar juntos?
- T. Sim. Sim, claro!
A cena se volta para um prisioneiro que conduz um trenó, escorrega, cai e é brutalmente espancado. Volta diversas cenas de violências que habitam na mente de Trótski.
Trótski está se preparando visualmente para começar a luta dentro da realidade que ele vive, para libertar o ser humano do jugo da escravidão, quer tirar o seu irmão do sofrimento, do trabalho forçado. Considera os seres humanos como irmãos, dignos da luta para libertá-los, dentro de uma perspectiva universal, que começará pela Rússia. Para isso acontecer, sua família nuclear deve ficar para trás, ele não pode ficar junto dela e cumprir uma missão que domina sua mente e emoções. Não está arrependido de ter construído essa família nuclear, pois ela também se beneficiará das consequências libertárias de suas ações. Jesus Cristo evitou criar uma família nuclear para ele, além da que ele estava inserido desde criança, para que sua missão não ficasse comprometida com essa responsabilidade. Mas Trótski sabe que irá pagar o preço desse distanciamento da família nuclear, para colaborar na construção da família universal, mesmo que isso implique na destruição de algumas famílias nucleares que ele encontrará em oposição de sua missão.
Parece que Trótski está muito distante dos interesses das corporações, com todo o seu idealismo, mas quando ele aceitou ser produzido pelo jornalista e que irá coloca-lo dentro da mídia, com a sua mensagem mais forte em favor da revolução, ele está cedendo aos interesses corporativos, capitalistas, que naquele momento sintonizam um com o outro. A questão é saber quando os interesses de ambos não mais sintonizarem, quem irá prevalecer. E se nessa disputa não houver os princípios cristãos em evidência, certamente a balança influenciará os interesses egoístas da natureza humana.