Ao ouvir uma música de minha adolescência, invade-me a nostalgia dos primeiros amores e fiquei inspirado para fazer um conto adaptado da realidade o qual reproduzo neste espaço.
Tenho 12 anos... não sei bem o que é isso que sinto... quando olho pra ele é como um fogo que invade meu corpo e queima por dentro forçando as lágrimas saírem de par em par para tentar apagar um queimou, um incêndio. O coração acelera... a respiração fica rápida, entrecortada... meu Deus, será o amor? Mas eu sou tão pequena, sou ainda uma criança... não sei amar, não posso amar... ele é casado, sabe de tudo, eu não sei da nada! Ou melhor, sei que não posso amar...
Mas, meu Deus! Ele olha pra mim, aumenta o meu incêndio... tenho que baixar os olhos, deixar as lágrimas caírem sem ninguém perceber... olhar para distante, para o nada... meu Deus! Ele olha pra mim, percebe minhas lágrimas... e vejo, sim eu vejo... seus olhos também estão molhados!
Ele está sentado na janela do ônibus. Vai embora pra sua cidade depois de ter passado um fim de semana na casa de minha família. Está ao lado da sua esposa que o acompanhou nessa visita. Ele é casado, meu primo, e bem mais velho do que eu... Não pode ser amor! Eu sou apenas uma menina!
Mas seus olhos falam com os meus, e sim, eles dizem que me ama. Mas não pode ser, eu sou apenas uma menina, não sei amar, não tenho o direito, não tenho a idade... eu nunca amei!
Mas seus olhos pedem para eu amá-lo também, pois ele me ama. Mas não tenho idade, não tenho direito, de sair sozinha contigo, respondo da mesma forma... será que ele está entendendo o meu olhar? Ele sabe de tanta coisa mais do que eu, com certeza está entendendo tudo que meus olhos falam... Eu queria saber tudo que ele sabe, mesmo que não pudesse amá-lo, queria ele como meu mentor... que entrasse em minha mente, me ensinasse como amar.
Eu não tenho nada para você, não tenho nada para dizer-lhe, eu não sei de nada... apenas posso dizer o que sinto. Veja meu corpo pequeno, meu vestido de chita... que posso te oferecer? Meus olhos perguntam, e os fios de lágrimas engrossam ainda mais... você sabe que ainda não sou mulher, não passa de uma menina... não tem seios, não tem bunda, somente dois olhos grandes que viraram lagos...
Mas, o olhar dele grita no fundo da minha alma... “Eu te amo pelo que és e pelo que irás ser! Pela semente de mulher plantada nesse corpo de menina... Eu te amo acima das convenções sociais, das burocracias, dos dogmas ou preconceitos... Eu te amo acima da lei, acima do tempo... deixa-me ser o teu mentor, o seu amor... por onde você for me leve consigo, guardado em seu coração, pendurado em sua memória... aonde você for, eu vou... aguardarei na próxima esquina do tempo para tocar as cordas do seu novo corpo de mulher, fazer poesia com o frescor dos seus lábios, e tirar harmonias das curvas e reentrâncias da sua anatomia feminina... Te ensinarei a penetrar no meu coração enquanto eu penetro a tua essência, e na mistura de nossos fluidos a explosão dos sentidos.”
Sim, eu entendo o que você diz, meu amado, meu primeiro amor... confio na sua promessa, vou espera-lo na esquina do tempo onde você quer esperar-me. Nesse dia terás todo o meu amor pra você... você sabe muito mais coisas que eu, certamente sabe de tudo o que vai acontecer, eu quero aprender... com você... meu primeiro amor...
Obrigada, meu Deus, pelo meu primeiro amor romântico. Eu irei viver nas nuvens na espera que chegue o futuro. Eu vou encontra-lo sim, na próxima esquina do tempo... o meu primeiro amor!
Ainda fazendo comparação com Jean-Paul Sartre, entre os meus pensamentos e ações e os dele, no tipo de contrato que fizemos com nossas companheiras, mesmo correndo o risco de errar, mas raciocinando sobre o que Simone de Beauvoir escreveu sobre ele, faço a seguinte reflexão.
Sartre montou um contrato com sua companheira para poder obter da vida o máximo prazer e satisfação que sua existência pudesse lhe oferecer, sem nenhum empecilho de qualquer natureza, principalmente os de natureza exclusivista afetivo-sexual. Acredito que, sendo ele uma pessoa honesta, uma pessoa de bem, deveria respeitar apenas os limites éticos de não prejudicar ninguém que se envolvesse com ele. Olhando assim à distância, os inúmeros relacionamentos que ele teve com diversas mulheres, muitas bastante jovens, alunas dele, parece isso algo exagerado, que implicava em algum tipo de prejuízo para as mentes ainda não bem amadurecidas que ficavam ofuscadas com o brilho do seu saber. Posso estar errado e Sartre está rigorosamente dentro da ética, de não prejudicar nenhuma delas, pelo contrário, até ajudar no seu amadurecimento enquanto pessoa humana, moça/mulher cheia de hormônios e de necessidade de autoafirmação. O que posso avaliar com mais segurança é o comportamento de Simone, o prejuízo ou benefício que ela sofreu dessa relação.
Simone mergulhada em seus medos faz sempre as considerações do comportamento do companheiro, de sempre estar olhando com apetite para outras mulheres, apesar de falar pra ela que eram almas gêmeas, que ambos tinham um sinal na testa que apenas podia ver um e outro. Ela lembrava que ele prometera aliança eterna, mas veio com a história de um novo pacto: “Você e eu vamos fazer um acordo de dois anos, renovável...” Ora, se existe abertura para quebrar a aliança eterna com um acordo de dois anos, então há abertura para quebra total dessa aliança eterna. Ela temia que a sua condição de “amor necessário” enquanto as outras seriam apenas “amores contingentes” pudesse se perder frente às novas motivações surgidas com a força da paixão, como era o caso de Dolores. Ela percebia que o “amor necessário” agora era Dolores, e ela o “amor contingente”. Além de tudo ela não tinha confiança em Sartre. Imaginava que essa história de pacto fosse apenas um truque, um jogo de palavras, uma astúcia para justificar as piores traições. Lembrava que desde o começo Sartre havia mentido, tem disso a maior certeza, pelo menos ele nunca dissera tudo.
Com esse quadro formado, eu vejo a posição de Sartre totalmente diferente da minha, na filosofia e nos objetivos. Mesmo que no início da abertura do meu relacionamento eu não tivesse tanta certeza do caminho que começava a trilhar como tenho hoje, mas o cuidado ético de não prejudicar o outro fez com que eu não cometesse erros bárbaros. Hoje eu posso lembrar o passado sem grande erros, o presente como uma consequência de minhas ações e posso projetar o futuro com os mesmos paradigmas de quando eles começaram a surgir. A grande diferença hoje é que consigo colocar todos esse comportamento distribuído no tempo, dentro de uma perspectiva espiritual, de fazer a vontade de Deus, enquanto Ser Supremo, criador de tudo, e eu apenas uma minúscula partícula de Sua criação, mas disposto a servir de Seu instrumento dentro do contexto coletivo.
Por esse motivo não posso prejudicar ninguém para atender as minhas necessidades biológicas, instintivas, que represento dentro do contexto bíblico como o monstro criado por Deus para proteger a minha existência biológica, o Behemot, mas que deve ser domesticado até para servir ao próximo, na perspectiva do Amor Incondicional.
Assim, o contrato que propus às minhas companheiras foi também de manter a possibilidade para ambas as partes de inclusão de afetos ou sexo da parte de outras pessoas. A pancada no coração que Simone referiu sentir ao perceber a paixão do seu companheiro por outra pessoa, eu também estava exposto a essa mesma condição. Também eu sentia assim como Sartre, e sinto até hoje, a necessidade de ter um “amor necessário”, uma espécie de “matriz afetiva”, uma companheira que sinta-se carne da minha carne, que sinta prazer com o prazer que eu sinto por amar, me apaixonar ou transar com outra pessoa. Isso eu também não consegui, e percebo que todas minhas companheiras sentem a mesma pontada no coração sentida por Simone. A mesma reação de acusar a “outra” como uma megera, como a maldita, no dizer de Simone. Acompanhada dessa reação tão negativa sobre a “outra” ainda acontece de todos os aspectos negativos que eu ainda possuo, serem ressaltados, assim como aconteceu com Sartre.
Um aspecto que diferencia bastante o meu contrato do contrato de Sartre, é que minhas diversas relações afetivas devem sempre estar revestida de um tipo de amor mais profundo, uma maior aproximação ou sintonia afetivo/sexual, mesmo que não exista a paixão. E como o amor nunca morre, essas pessoas que um dia foram carne da minha carne nunca morrerão para mim. Por mais distante que estejam, por mais dificuldades emocionais que apresentem, eu sempre estarei com o coração aberto, sem guardar dentro dele nenhum tipo de ressentimento.
Essa compreensão que tenho justifica o Amor Incondicional ensinado por Jesus e necessário para a construção da família universal, onde a inclusão afetiva ou sexual seja permitida, desde que não se mostre incompatível com a bússola que o Mestre nos legou: “fazer ao próximo o que desejo para mim; não fazer ao próximo o que não quero para mim”.
Sei que essa comparação entre o meu contrato afetivo e o de Sartre, merece uma avaliação mais minuciosa. O que coloquei aqui foi apenas primeiras impressões, e que podem ser modificadas se uma verdade diferente e mais profundamente localizada for descoberta.
Ao ler o primeiro capítulo do livro “Beauvoir apaixonada”, escrito por Irène Frain, que faz um relato da famosa escritora/filósofa como se esta própria estivesse escrevendo em primeira pessoa, encontrei argumentos que tocam à minha consciência e princípios existenciais, para usar a mesma linha de pensamento que ela adotou do seu companheiro, Jean-Paul Sartre.
Quando conheci o pensamento desse casal de filósofos, a maneira de conduzir um relacionamento aberto à outras experiências afetivo/sexuais, senti uma forte identificação com o sistema de crença que eles desenvolveram: o existencialismo. Também as pessoas que conhecem a minha forma de pensar dentro da intimidade, também faziam sem dificuldade essa correlação. No entanto, ao estudar com mais profundidade, não a escola filosófica, mas o comportamento pessoal de ambos, principalmente o de Sartre, verifico que a forma pode ser muito parecida, mas o conteúdo é muito diferente. Por esse motivo fiquei interessado a fazer reflexões sobre o comportamento dele comparado com o meu, pois acredito que eu esteja sendo acusado dos erros éticos que ele cometeu os quais eu acredito que não se aplicam a mim.
Talvez seja difícil fazer uma avaliação do pensamento e comportamento de Sartre quando o relato é de sua companheira, Simone. Mesmo assim, aproveito o sentimento que ela expressa, através do trabalho minucioso de Irène Frain, pois, mesmo não sendo o ideal, serve como uma primeira linha de demarcação de pensamentos e ações.
Começo pelo sentimento de Simone a sofrer o comportamento de Sartre, na sua relação com as mulheres, principalmente com aquela que ele está apaixonado, Dolores, como um soco no coração: Pang!
Acredito que esse efeito que Sartre provoca em sua companheira na relação com outras mulheres eu também tenha causado, nesse ponto talvez tenhamos cometido o mesmo “erro”, causar dor na pessoa ao lado, na nossa companheira. Mas isso se deve mais a um “status quo” da natureza feminina, pois existia também com Sartre e Simone um pacto/contrato que essa possibilidade de terceiros na relação poder existir, tanto para um como para o outro, sem comprometer a convivência “ad eternum” dos dois enquanto a biologia permitisse. Esse acerto feito há dezoito anos, de Sartre a tê-la como “estrela fixa, independente do que aconteça”, era a sua boia salva-vidas durante a percepção que ela tinha da paixão do seu companheiro por outra pessoa.
Por esse motivo Simone relata a sucessão de Pangs, quando percebe que Dolores é a nova estrela na vida de Sartre. É para ela que tudo se volta, suas palavras, seus pensamentos, seus devaneios, suas dedicatórias... São essas atitudes de Sartre que geram os pensamentos de Simone e que lhe causam a saraivada de pangs.
Incomodada com essa situação, ao perceber o aspecto sombrio de Sartre e o silêncio pesado entre eles, que ela chega a fazer a indagação: “Honestamente, quem você preza mais: Dolores ou eu?” E ele responde de imediato: “Eu prezo muito Dolores, mas é com você que estou”.
Simone entendeu essa réplica como a resposta de um macho banal que quer ao mesmo tempo a esposa e a amante. Mas o que mais provocou o novo e repetido pang em seu coração, foi o tom no qual foi dito, a mesma entonação metálica que usava com suas jovens conquistas quando havia decidido delas se distanciar.
É neste ponto que faço uma reflexão mais profunda. Por acaso Simone não sabia que esse seria o comportamento de Sartre, elaborado por ele e aceito por ela? Ela não imaginava que iria sofrer esses pangs no decorrer de sua vida de relacionamento com ele? Se isso for verdade, que ela não pensava que esse sofrimento iria acontecer, então ela deve reconhecer o erro de perspectiva dela e se não quiser sofrer mais esses pangs, então reformular o contrato ou simplesmente romper. Acredito que Sartre aceitaria ambas propostas, pois o motivo seria justo, evitar tanto sofrimento numa pessoa que ele tanto preza.
Enfim, o sofrimento de Simone se mantém porque ela persiste em continuar num relacionamento que a faz sentir assim e que não tem perspectivas de melhorar na direção do que ela deseja, pelo contrário, na direção de um rompimento, que talvez provoque um pang maior... mas, somente a ela cabe essas considerações e decisões.
Hoje eu vi pela primeira vez esse livro que foi lançado em 12-10-1955, há 60 anos. A Wikipédia diz que é uma obra narrativa que integra elementos de história, ciência, filosofia e religião. Tem o objetivo de revelar a verdade integral para os seres humanos que habitam o planeta Terra, que no livro corresponde a Urântia.
A obra é composta por 197 documentos escritos originalmente em inglês e traduzidos recentemente para outros idiomas, inclusive o português. William Sadler e sua esposa Lena Sadler eram médicos em Chicago-EUA, e tratavam um vizinho que entrava em estado de inconsciência e não podia ser acordado, começando em 1911. O vizinho desacordado começou a dizer palavras que foram atribuídas a personalidades supra-humanas. A partir de 1924 uma grande quantidade de texto foi documentada pelo casal Sadler que acreditava ser um relato narrativo fidedigno da origem, história e propósito da humanidade no universo.
Muitos leitores do “Livro de Urântia” o consideram como uma fonte de conhecimento filosófico e religioso. No entanto o livro não promove a criação de uma religião institucional baseada nestes escritos. Grupos de estudos foram criados buscando divulgar e debater o conteúdo do livro.
A maior parte das afirmações de caráter científico contidas no livro, embora baseadas em conhecimentos da época, são hoje discrepantes com as modernas descobertas. Esta discrepância é explicada devido à restrições que se acredita ser impostas aos seres supra-humanos que redigiram os textos através do ser humano inconsciente, pois nenhuma informação redigida poderia apresentar conteúdo científico ainda não descoberto na Terra.
O livro possui 2097 páginas divididas em quatro partes: I) O universo central e os superuniversos; II) O universo local; III) A história de Urântia; e IV) A vida e os ensinamentos de Jesus.
Na parte I existem 31 documentos que descrevem a natureza da Deidade, a realidade do Paraíso e a organização astronômica-cosmológica e funcionamento do universos central e dos superuniversos, as personalidades do grande universo e o destino elevado dos mortais evolucionários. O Paraíso é descrito como o centro eterno do universo dos universos e a residência do Pai Universal, do Filho Eterno, do Espírito Infinito e dos seus associados e coordenados divinos. Descreve-se um universo de hierarquia organizada, e povoado por um número quase infinito de seres. O conjunto da criação é descrito como incluindo milhões de planetas, evolucionários em todas as etapas de evolução geológica, biológica, intelectual, social e espiritual, e esferas arquitetônicas – mundos feitos sob medida. Esses documentos foram promovidos, formulados e colocados em inglês por uma comissão constituída de vinte e quatro administradores de Orvônton, atuando por mandato dos Anciães dos Dias de Uversa, a capital do superuniversos de Orvônton.
A parte II tem 25 documentos autorizados, que descrevem a evolução dos universos locais e o desenvolvimento progressivo das naturezas e capacidades físicas, intelectuais e espirituais das múltiplas criaturas que habitam as variadas ordens de esferas compreendidas em um universo local. Falam da fonte da matéria e da energia, do plano divino para a criação, o desenvolvimento e o governo dos universos locais, das constelações, dos Espíritos Ministrantes dos universos locais, das Hostes Seráficas, da rebelião de Lúcifer, dos problemas da rebelião, das esferas de Luz e Vida.
Na parte III com 63 documentos, tratam da origem de Urântia, o planeta Terra, que há 1.000.000.000 de anos atingiu aproximadamente o seu tamanho atual, em um universo local chamado Nébadon. Os documentos compreendem a história do desenvolvimento geológico da Terra, do estabelecimento da vida, do surgimento do homem, das civilizações, governos e instituições, dos níveis da realidade universal, da verdadeira natureza da religião, da outorga dos Ajustadores do Pensamento. O desenvolvimento da civilização, da cultura, do governo, da religião, da família e de outras instituições sociais é descrito a partir do ponto de vista dos observadores supra-humanos. A história é contada de tal maneira que os acontecimentos relacionados com a evolução religiosa humana ganham nova vida, estabelecendo as fundações sobre as quais um maior desenvolvimento espiritual, moral e cultural pode ocorrer. Descrevem o destino do homem, os mundos que habitaremos imediatamente após a morte, ao sobreviver a alma por nossa escolha de fazer a vontade do Pai Universal.
E finalmente, a parte IV tem 77 documentos e mais de 700 páginas que ocupam um terço do livro. Foram promovidos por doze intermediários de Urântia, atuando sob a supervisão de um diretor revelador, Melquisedeque, o qual foi designado para essa tarefa por Gabriel de Sálvington. Nesses documentos, relata-se a vida de Michael de Nébadon como Jesus de Nazaré, toda a sua infância, adolescência e vida adulta. É o relato mais completo sobre Jesus até hoje escrito. Os três primeiros capítulos apresentam a preparação de Michael (Jesus) para descer a Urântia (Terra) na semelhança da carne mortal, e o clímax do Livro é atingido, nessa última parte, com preceitos da vida religiosa ideal do Mestre, que instrui e edifica todo um universo, e é a inspiração para todas as vidas em todos os mundos e para todas as gerações futuras. Esta parte do livro é vista como uma nova Revelação, uma nova face descrita de maneira tocante, de um Deus feito Homem, que em um exemplo de Amor, Fé e Serviço, sem dogmas, mostra à humanidade o caminho da evolução espiritual pessoal, o caminho do homem até Deus.
Os autores que escreveram esses documentos têm seus nomes indicados no livro, junto com seus respectivos escritos. Os seres humanos aos quais os escritos foram entregues me mãos já faleceram e o modo pelo qual os escritos foram materializados ainda não foi plenamente explicados, e dificilmente o será.
Sei que esta fonte de conhecimentos vai absorver parte do meu tempo e fazer o confronto com tudo aquilo que já adquiri e até mesmo com o caminho que estou trilhando por dever de consciência. Porém, se tudo se deve à Vontade do Pai, e é a esta que estou subordinado, não vejo porque não aprofundar nesse estudo e usar a minha coerência para ampliar o que agora está sendo oferecido.
O Dr. Ovídio Rebaudi, tradutor do livro “Vida de Jesus ditada por ele mesmo” fez algumas notas interessantes sobre um trecho do livro que achei por bem reproduzir, por sintonizar muito bem com o que penso. O trecho do livro foi:
Homens dominados pela vertigem e pela cegueira pedem a continuação das honras e riquezas de que desfrutam e o direito de cuja posse se originam faltas e delitos. Homens devorados pelas paixões brutais e egoístas afirmam que nada existe além da matéria e que as crenças religiosas não constituem mais do que aparências ou ridículas aberrações do espírito.
A respeito desse trecho que fala do materialismo, o Dr. Ribaudi fez as seguintes notas:
No Congresso Universal do Livre Pensamento afirmei que estes homens são de cérebro deficiente, pelo menos sob o ponto de vista da falta de uma consciência clara a respeito de sua personalidade e sua própria espiritualidade, comparando-os aos daltônicos, que confundem as cores, e com os que carecem de ouvido musical, que não podem portanto apreciar as associações harmônicas dos sons. Do mesmo modo estes pobres seres nada alcançam conceber fora da absurda materialidade das coisas que os rodeiam e, ainda que possam ser grandes monopolizadores de conhecimentos e até cheguem a brilhar como mestres nas ciências naturais dão provas de sua escassa evolução espiritual pelo simples fato de sua incapacidade para as grandes concepções do espírito e até para o simples conhecimento de sua própria natureza íntima. Ao afirmar isto, recordei as numerosas provas que sobre este particular venho apresentando em minhas conferências públicas na sociedade Constância e na Sociedade Científica de Estudos Psíquicos e acrescentei que o fato de que os mais notáveis “livres-pensadores materialistas” tinham morrido, abjurando suas ideias, entre os braços da igreja católica, ao passo que nem um só “livre-pensador espiritualista”, dos que se tenham dado a conhecer, haja caído em semelhante aberração do caráter, era prova da melhor consciência de que de si mesmos tinham os segundos e de sua melhor constituição cerebral, filha de sua maior evolução.
São essas considerações firmes, baseadas inclusive em observações científicas que levam a espiritualidade a um grau de aceitação popular enquanto o materialismo tende a definhar, mesmo que esteja ainda concentrada em redutos acadêmicos.
A minha participação acadêmica como coordenador do curso de Medicina, Saúde e Espiritualidade, deve também dar o seu grau de contribuição para encostar o materialismo nas “cordas”. Essa também é a expectativa que o mestre Jesus espera que nós, homens que desenvolvemos a fé racionalizada dentro de nossos relacionamentos, cumpramos na esteira da evolução de tudo que deve acontecer, não importa quanto estejam contrários.