Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
19/08/2013 05h52
MINHA MISSÃO

Todos os seres vivos tem uma missão à cumprir de acordo com a vontade do Criador. Muitos deles a realizam de forma inconsciente e segue simplesmente a lei da natureza, a lei do Criador. Nós, homens, adquirimos um grau de consciência que pode nos dar a ciência do bem e do mal e que podemos agir de acordo com a nossa vontade, com o livre arbítrio, mesmo que não seja da vontade de Deus.

Esta é a minha característica enquanto humano, tenho uma mente poderosa comparada aos seres vivos do meu conhecimento, capaz de usar a lógica no conhecimento da verdade e elaborar um roteiro de vida mais coerente com minhas necessidades e projetos.

Assim, depois de muitas elucubrações ao longo da vida, construí um paradigma que reconheço como a vontade de Deus para a minha atual existência. Reconhecendo também a autoridade de Jesus como um divino Mestre, digno representante da vontade de Deus, procuro aprender seus ensinamentos e os aplicar com a máxima pureza possível, sem sair dos seus ditames e cumprindo com fidelidade a lei do amor, o Amor Incondicional.

Esse rigor no cumprimento da Lei do Amor levou-me ao confronto com as normas culturais que estão alicerçadas nas inspirações do amor romântico, que gera famílias nucleares, cheias de egoísmo, exclusivismo e ciúme, mas que são a base da sociedade atual.

As lições de Jesus e dos profetas que o antecederam, que ajudaram na construção desse tipo de família, teve o objetivo de retirar o homem da barbárie, da lei do mais forte, incluindo limites rígidos para o comportamento, para o respeito da mulher e dos filhos, principalmente. Mas agora, se queremos aplicar com profundidade a lei do Amor Incondicional em todos os nossos relacionamentos, a família nuclear como está construída terá que passar por sérias reformulações, e se quisermos estar coerentes com os nossos anseios, com a justiça divina e respeitar a Lei do Amor, um novo tipo de família deverá ser construída com base na inclusividade e na fraternidade para com todos, formando a base da família universal, do Reino de Deus.

É neste ponto que Deus me coloca. Ele me prepara ao longo do tempo para que eu reformule a família nuclear que cheguei a construir, que eu a amplie abrindo a possibilidade de incluir outros afetos quando assim for conveniente à Lei do Amor. Quebro assim a o exclusivismo e o ciúme característicos do amor romântico e aplico a inclusividade e a fraternidade característica do amor incondicional. Tornei-me assim o porta-voz dessa nova forma de relacionamento e com ela um paradoxo: se por um lado eu construo uma aura de amor e fraternidade que me deixa desejado, por outro lado quem mais se aproxima de mim e que desperta nessas pessoas os sentimentos do amor romântico, logo passam a mostrar o ciúme e exigir exclusividade para o relacionamento que quer consolidar comigo. Nada mais incompatível! Por mais que eu também seja sensível ao amor romântico e esteja sentindo os seus efeitos, sempre eu considerarei esses sentimentos românticos subordinados ao amor incondicional e que na essência não permite o ciúme nem a exclusividade. Portanto, eu posso amar profundamente uma pessoa com base no amor romântico, que atende aos desejos da carne, mas o preparo que adquiri com a aplicação do amor incondicional, que atende a vontade do Criador, sempre terá a prioridade nas minhas ações.

Esta é, de forma resumida, o ponto de vista da minha atual condição de vida. Procuro construir relacionamentos com base no amor incondicional, mesmo não tendo encontrado até o momento nenhuma parceira que pense integralmente dessa forma. Mesmo que achem esse paradigma de vida superior, que acreditem que seja o caminho evolutivo para a formação do Reino de Deus, não conseguem sair do padrão do amor romântico e isso gera um confronto, passamos a sofrer as consequências disso: sou expulso da convivência ou evito relacionamentos quando esse confronto passa a comprometer a harmonia da vida, que é a essência que o amor incondicional sinaliza.

Hoje eu pago o preço dessa obediência à vontade de Deus como Ele colocou em minha consciência: tenho tanto amor para dar, tenho tantas pessoas que poderiam dividir esse amor comigo, desejo tanto ter alguém ao meu lado, mas moro sozinho, pois quem de mim se aproxima não consegue tirar do coração o ciúme e o exclusivismo do amor romântico, não conseguiremos conviver harmonicamente.

Sei que apesar de todo esse esclarecimento ainda tem pessoas que sofrem devido querer estar junto de mim e não aceitarem como uma verdade divina o amor incondicional assim como Deus me faz compreender. Procuro ser o mais transparente possível nos meus pensamentos, sentimentos e pensamentos, para evitar que alguém inadvertidamente se envolva comigo e inocentemente passe por esse sofrimento. Porem, não posso negar a ninguém esse direito, de quando a Lei do Amor permitir, se envolver intimamente comigo, mesmo sabendo que irá sofrer esse tipo de padecimento. Sei que eu também sofro com tudo isso, mas eu estou amparado na consciência de que faço a vontade de Deus e que até agora nenhum argumento sólido modificou a forma do meu pensar, pelo contrário, cada vez mais ele se consolida, tanto com as leituras, filmes ou quaisquer formas de comunicações, principalmente pelas intuições.

Com tudo isso, ainda reafirmo: a minha mente continua alerta e avalia cada informação ou crítica que recebe, se há coerência com a Lei do Amor que tanto defendo, se vai de encontro a vontade Deus do ponto de vista da racionalidade. Afinal de contas, tudo isso que construí tem muito de fé, mas de uma fé racionalizada, que sabe que deve se dobrar às evidências da verdade.

Que Deus me instrua sempre dentro de Sua verdade e da Sua vontade, e quando minha mente não puder articular uma explicação mais coerente, que Ele disponha de um de Seus filhos, meu irmão, para que possa colocar os argumentos suficientes e necessários para a correção de pensamentos e ações que se façam necessários.

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em 19/08/2013 às 05h52
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18/08/2013 09h23
A INÉRCIA

            A inércia é algo perigoso, algo que nos deixa presos dentro de um hábito e que oferece resistência a sua mudança. Mesmo que tenhamos já atividades positivas, que sejamos trabalhadores, mas achamos que devemos ter ações em outro sentido, aí surge a ação da inércia, colocando dificuldades para que isso se realize.

            Tenho a plena convicção dessa força dentro de mim e que se torna aliada a preguiça que eu identifico e que muitos não percebem e nem aceitam. Tenho a sensação de que, apesar de todo o trabalho visível que eu faço, frente a Deus eu ajo com mediocridade. Eu poderia orar mais, ter mais intimidade com Deus e com os espíritos mais adiantados que eu no domínio e expressão do amor; fazer atividades de caridade com mais espontaneidade e criatividade; ser mais ousado na evangelização dos irmãos que ainda não conhecem o projeto de Deus para nossas vidas; organizar melhor o relacionamento com os meus filhos, companheiras, parentes e amigos; comer melhor qualitativa e quantitativamente; fazer mais exercícios...

            Tenho uma série de modificações prontas a serem feitas, sei que são importantes e que estão dentro do projeto que Deus tem para mim. Porém não consigo vencer a inércia de forma suficiente para deixar a minha consciência tranquila. Sou desafiado por Paulo, que bem mais maduro em sua caminhada espiritual, humildemente declarou:

 “Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta pela frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo.” (Filipenses, 3: 12-14).

Também fui conquistado por Deus e aceito a liderança de Jesus Cristo como espírito mais perfeito e mais próximo do Criador. Sei das responsabilidades que tenho pela frente e dos erros cometidos no passado. Meus erros são tão graves quanto os de Paulo, que chegou a matar os irmãos (apedrejamento) em função dos seus equívocos religiosos; também cheguei a matar meus irmãos (aborto) em função dos meus equívocos acadêmicos. Também como Paulo eu prescindo do passado e procuro focar nas ações que devo fazer no futuro. Mas não tenho a competência que Paulo tinha de vencer essa inércia, de mudar do que fazia para o que precisava fazer.

Sei que para vencer a inércia eu tenho que vencer a sua principal base que é a preguiça. Assim, volto a focar a minha grande adversária existencial. O tempo vai passando e ela sorrindo, sentindo que está vencendo a guerra. Até agora, com 60 anos de vida, ainda não consegui colocar com clareza e transparência o meu pensamento para a sociedade, mostrar qual é o meu objetivo nesta atual vivência e defender o projeto de Deus escrito na minha consciência.

Jesus aos 30 anos começou a Sua vida Pública, o dobro da idade que tenho. Ele havia trabalhado como carpinteiro junto do pai até essa idade. Sua vida pública tem início com Seu batismo no rio Jordão por João Batista. O Batista hesita, pois reconhece a superioridade espiritual de Jesus, mas Jesus insiste e recebe o batismo. Então vem sobre Jesus o Espírito Santo e a voz do céu proclama: “Este é o meu filho bem-amado.”

Jesus, dentro de Seu projeto, passa a dizer explicitamente que Ele veio para anunciar o Reino, que essa era a Sua missão. Disse ainda que a lei e os profetas duraram até João. Desde então é anunciado o Reino de Deus... (Lucas, 16: 16).

 Sinto que estou muito atrasado na realização de minha missão, mas talvez esse tenha sido mesmo o projeto de Deus. Eu deveria adquirir todos os recursos para a minha missão diretamente do mundo material, das lições acadêmicas, do confronto dos desejos com a justiça. Nada de “maravilhoso” se deu na minha educação, foi somente a lógica lidando com os diversos fragmentos da verdade que surgiam na minha consciência que formaram o paradigma que considero hoje como vontade de Deus.

Considero o início da minha vida pública no sentido espiritual, com a minha festa de aniversário dos 60 anos. Foi aí que eu disse explicitamente para uma grande plateia qual era o meu objetivo principal na vida e citei as “bem aventuranças” como um roteiro a seguir sob a liderança de Jesus. Não houve uma pomba branca sobre a minha cabeça a dizer que eu era o filho bem amado de Deus, claro que não tenho esse merecimento, mas um amigo de forma espontânea pediu a palavra e fez uma descrição de quem era eu. No canto dos parabéns foi incluída a oração de São Francisco e senti que eu estava mais no mundo espiritual que no material. Senti que a partir desse momento eu deveria vencer a inércia e mostrar o sentido da minha missão na comunidade.

Continuando no paralelo com Jesus, já que eu tive o dobro da idade dele para considerar o início da minha missão, e como Ele realizou o seu trabalho público em 3 anos, considero que eu deva ter o dobro de anos, 6 anos, para o cumprimento de minha missão. Já estou completando um ano ainda não consegui vencer a inércia! E qual a minha missão? Tenho colocado em diversas ocasiões qual é essa missão, alguns já devem saber, talvez de forma incompleta... não sei bem. Mas eu procurarei colocar aqui de forma bem explícita, pelo menos para o pequeno número de leitores desse diário o caso será bem esclarecido. Como o tempo e o espaço não comporta mais esse esclarecimento para hoje, deixarei para postar amanhã.

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em 18/08/2013 às 09h23
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17/08/2013 00h31
SAIGON, 1952

            Estava trabalhando meus textos e coloquei um filme para assistir na Netflix, “O americano tranquilo”. Logo na abertura ao descrever os créditos, falou da origem e data: Saigon, 1952. É o ano do meu nascimento. Pensei de imediato que deveria dizer alguma coisa para mim. Então me preparei, enquanto o filme carrega, coloco o que ele transmite neste texto.

            No inicio é descrito a natureza bucólica da região, a guerra, as drogas, o prazer, a mulher, um destino... Fala de um americano tranquilo que foi morto, esfaqueado... mas que era um amigo.

            A partir daí o filme entra em retrospectiva e o jornalista rememora sobre o americano tranquilo, traça considerações sobre salvar um pais ou salvar uma mulher... fala da liberdade do povo...

            Ele é médico, Pyle, dança muito mal... Ela é Phuong, que significa Fênix, dança muito bem...

            Pyle vai para a frente de guerra encontrar o repórter, para dizer que ficou apaixonado por sua garota, sua amante. Achou que devia falar isso para ele antes de falar para ela, e se ambos fossem casados ele na agiria assim, esqueceria tudo.

            O jornalista volta para Saigon e encontra a cidade tomada por um novo partido. Pyle coloca para o jornalista o dilema de Phuong, se ela ficar com ele, e como ele já é casado, ela nunca vai poder casar com um vietnamita. O jornalista acredita que ela não precisa casar, pois está com ele.

            Pyle promove uma reunião dos três e declara seu amor a Phuong de forma humilde e respeitosa sob o olhar irônico do jornalista. Os ânimos terminam exaltados e Phuong prefere ficar ao lado do jornalista. Pyle vai embora com o seu cão e o jornalista resolve pedir o divórcio à sua esposa.

            Apesar de tudo isso Pyle salva a vida do jornalista e leva um vinho para a sua recuperação, logo que chega a resposta, a esposa negando o divorcio. Mas o jornalista mente e Phuong inocentemente se joga em seus braços cheia de alegria. A mentira não dura muito, logo todos confrontam o jornalista com sua mentira e Pyle diz que isso não é amor. Ele tem razão, a sua forma de amar, de deixar o ser amado nos braços de outra pessoa se assim ela o desejar, é infinitamente maior que a forma egoísta do jornalista, que pretende manter a relação inclusive com mentira, com o engano da boa fé da pessoa amada (?).

            Mas Pyle tem uma atividade política perigosa, ele apoia uma facção militar que quer tomar o poder com ações de terror e isso o deixa fragilizado moralmente. A morte de inocentes serve de motivo para ele desestabilizar os seus adversários. Forma-se então um paradoxo, um modelo na vida individual, no amor por uma mulher, e o equivoco nas ações políticas, coletivas.

            O jornalista termina por se reerguer moralmente quando não compactua com essa situação e termina por participar indiretamente do assassinato de Pyle. Faz az pazes com Phuong e decide não mais voltar a Londres, para a sua esposa.

            Termina o filme de forma melancólica, o jornalista ao lado de Phuong, mas sentindo que tem de pedir perdão a alguém pelo que aconteceu.

            Fica a lição de que devemos primar por comportamentos éticos em todas as dimensões, individual e coletiva. Mais ainda, a dimensão coletiva ainda deve ter prioridade frente os interesses individuais, pois é nessa direção que o Divino Mestre nos ensinou, retirar o egoísmo de nossos corações e nos preparar para a Reino de Deus.

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em 17/08/2013 às 00h31
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16/08/2013 00h01
DIA DO SOLTEIRO

            Ontem, dia 15-08, foi o dia do solteiro. Interessante, ninguém me cumprimentou devido a isso, mesmo muitos sabendo que moro sozinho, que sou considerado um solteiro. Da mesma forma que me cumprimentam no meu aniversário, no dia dos pais, no dia do médico... Mas do dia do solteiro, nada! Nem uma simples palavra do amigo mais íntimo. Agora tenho que ressaltar que dos meus amigos poucos se ligam com esse aspecto de cumprimentar os outros nessas datas especiais, tem um perfil comportamental parecido com o meu. Também não estou aqui me lamentando quanto a isso. Foi mais um motivo de colocar com destaque a minha condição existencial na atual fase de minha vida. Fazer uma reflexão quanto a isso.

            Parece paradoxal, eu uma pessoa que gosto da companhia de outras pessoas, que faço o máximo para que quem esteja ao meu lado se sinta bem, ter que viver assim isolado, na solidão, não tendo com quem conversar, com quem brincar, sorrir, chorar... Tudo isso porque qualquer pessoa que se aproxima de mim, até este momento, termina por desenvolver um sentimento de posse, de querer evitar meu relacionamento com outras pessoas, e eu tenho uma forma de amar de natureza inclusiva, associada ao amor incondicional, incompatível com o exclusivismo do amor romântico.

            Tenho um colega que também é solteiro, mora sozinho num apartamento num condomínio próximo ao meu. Sinto que ele é muito fragilizado por essa situação, reclama da solidão, de não ter alguém perto dele, que procura desesperadamente por uma pessoa que fique ao seu lado. Não tenho esse nível de sofrimento. Sei que se eu abrisse mão dos meus paradigmas de vida e passasse a adotar o comportamento prevalente do exclusivismo nas relações amorosas, eu teria diversas pessoas que poderiam morar comigo até o fim da vida, incluindo as minhas duas ex-esposas.

            Mas acontece que esse paradigma de vida que construí e no qual dirijo a minha vida dentro dos seus princípios, acredito que seja uma determinação de Deus, como uma forma dEle me usar como instrumento para contribuir no aperfeiçoamento da sociedade humana. Mesmo que aparentemente seja um comportamento lesivo a instituição da família nuclear, mas é o elemento gerador da família universal, assim acredito. Dessa forma, mesmo que eu queira eu não posso mudar, pois devo fazer a vontade do Pai e não a minha.

            Por acaso não seria mais cômodo eu viver com a minha primeira família, estar no aconchego deles, todos já adultos, curtir com serenidade a chegada dos netos, manter a harmonia com minha primeira esposa como agora já recuperei essa harmonia, mesmo nós vivendo longe um do outro. Seria bem mais cômodo para o meu perfil, do que viver agora, sozinho, sem ninguém ao meu lado, sem interagir com ninguém numa convivência diária. Mas Deus me deu uma amostra grátis da beleza do que será quando seu Reino um dia se instalar na terra, com os princípios desse amor inclusivo. Deu a geração de dois filhos magníficos, cada um com suas peculiaridades, que não existiriam caso eu não acatasse a vontade de dEle e aceitasse a intimidade com novos amores; mostrou que as diversas mulheres que ele colocou na minha vida com potencial de amar em profundidade, são pérolas de Sua criação que precisam ser lapidadas da casca dura do egoísmo, pois elas serão as estrelas reluzentes do Seu Reino que se aproxima.

            Portanto, por tudo isso não reclamo da minha condição de solteiro, pois sinto que cumpro a vontade de Deus e que estou na companhia moral de grandes solteiros, como Jesus Cristo, Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Chico Xavier, Divaldo Franco...

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em 16/08/2013 às 00h01
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15/08/2013 00h58
TRANSCENDÊNCIA MATERIAL

            No meu modo de ver, uma das lições mais difíceis ensinadas pelo Bhagavad Gita, está no Cap. 14, Versos 22-25, que trata da transcendência material. Trata das respostas que o Senhor Krsna dá a Arjuna da seguinte forma:

            “...Quem se situa transcendentalmente não tem inveja e nada deseja. Quando o ser vivo permanece neste mundo material recluso no corpo material, deve-se compreender que está sob o controle de um dos três modos da natureza material. Quando está de fato fora do corpo, então está livre das garras dos modos da natureza material. Mas enquanto não sair do corpo material, ele deverá ser neutro. Ele deve ocupar-se no serviço devocional ao Senhor para que imediatamente deixe de identificar-se com o corpo material. Quando se identifica com o corpo material, ele só age em busca do prazer dos sentidos, mas quando se estabelece em consciência de Deus, o gozo dos sentidos para automaticamente. Ninguém precisa do corpo material, nem precisa aceitar os ditames do corpo material. As qualidades dos modos materiais de cada corpo agirão, mas como alma espiritual, o eu está alheio a essas atividades. Ele não deseja desfrutar o corpo, nem deseja sair dele. Situado nessa posição transcendental, o devoto automaticamente libera-se.”

            “...O materialista deixa-se afetar pela aparente honra e desonra oferecidas ao corpo, mas o transcendentalista não se deixa afetar por essa pseudo-honra e desonra. Ele executa seu dever em consciência de Deus e não se importa se alguém o respeita ou desrespeita. Aceita tudo aquilo que é favorável a seu dever em consciência de Deus, e, à exceção disso, ele não tem necessidade de nenhum objeto material, seja pedra, seja ouro. Ele considera todos como sendo seu amigo querido que o ajuda em sua execução da consciência de Deus, e não odeia seu aparente inimigo. Ele é equânime e vê tudo num nível de igualdade porque sabe perfeitamente bem que ele nada tem a ver com a existência material. Questões sociais e políticas não o afetam, porque ele conhece a situação das revoltas e distúrbios temporários. Ele não tenta obter nada para si mesmo. Ele pode tentar conseguir tudo para Deus, mas não se esforça em nada que lhe traga benefício pessoal. Com esse comportamento, ele está em verdadeira transcendência.”

            Sei que terei extrema dificuldade em aplicar essas lições, principalmente no destaque, de não precisar do corpo material nem aceitar os seus ditames. Parece até um paradoxo existencial, como querer viver se esnobamos dessa forma o corpo? Viver sem nada desejar, sem procurar o prazer dos sentidos, não desfrutar dos prazeres que o corpo pode oferecer, não ser afetado pela honra ou pela desonra, não se importar com o respeito ou desrespeito do outro para conosco, não sentir necessidade por nada que seja material, considerar a todos como amigos e não odiar os inimigos, ver tudo com a equanimidade da justiça, não ser afetado pelos movimentos políticos, não se esforçar por nada que traga benefício pessoal.

            Agora mesmo, no momento que estou escrevendo este texto, um paredão de som é ligado logo abaixo do meu apartamento e o volume de som de baixa qualidade, de letras pornofônicas, invade o meu espaço. Sinto a raiva se agigantar dentro de mim, a falta de consideração dessas pessoas com os moradores num horário de 00:30h. A primeira vontade é ligar para a polícia e pedir que eles venham coibir o abuso, com toda a carga emocional, raivosa, que criei dentro de mim. Assim, eu perdi totalmente o foco da transcendentalidade. E apesar de tudo, ainda sou considerado uma pessoa muito paciente e tolerante! Como posso cumprir todas essas lições feitas pelo Bhagavad Gita? Também não conheço ninguém do meu círculo que tenha esse perfil, nem mesmo ao redor do mundo eu tenho consciência de tal ser. Mas, considerando a história, vou encontrar há dois mil anos uma figura com alta transcendência: JESUS CRISTO! Parece até que ele foi à Índia e estudou todas as lições do Bhagavad Gita para aplicar na sua terra natal. Todos esses itens listados pelo Bhagavad Gita eu encontro nas lições que Ele deu e ficou registrado nos Evangelhos, até o ponto mais difícil, o da crucificação, onde parece que ele dava a lição mais complexa, de não considerar o corpo material durante a tortura que sofreu até o último suspiro no madeiro. Um Mestre dessa estirpe não pode passar despercebido pelo mundo, não pode deixar de fazer discípulos por onde passasse, por onde chega a Sua história.    

            Dessa forma, eu sei que o ensino é difícil, a aprendizagem e aplicação dos conhecimentos mais ainda, mas sei que o Mestre demonstrou na teoria e na prática a sua viabilidade existencial e não posso deixa de me candidatar para seguir com fidelidade todas essas lições e alcançar algum nível de transcendência com o meu esforço. Mesmo sabendo que estou ainda num nível muito materializado, onde um simples carro de som altera meu emocional e já quero partir para a agressão, perco a condição de amar ao próximo inclusive o adversário. Mas tenho boa vontade de aprender, e mesmo me arrastando eu vou tentar seguir as lições do Mestre e das inspirações do Bhagavad Gita.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/08/2013 às 00h58
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