Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
09/08/2013 00h01
JEZABEL

            Novamente pressinto que Deus quer me falar algo sobre relacionamentos, mulheres, intenções e ações. Em curto espaço de tempo convergiram muitas leituras e informações sobre Jezabel (ou Jezebel). Primeiro foi um DVD que encontrei num sebo com esse título: Jezebel. Depois adquiri o livro “LUNÁTICOS POR DEUS – Lendas, Mitos e Fatos”          , de Michael Largo, e encontrei logo no começo a história de Acab e Jezabel como exemplo do primeiro casamento problemático. Em seguida, na leitura diária que faço do livro “A BÍBLIA TODA, O ANO TODO”, de John Stott, encontrei referência à igreja de Tiatira. Jesus faz caloroso elogio a essa igreja, afirmando conhecer suas obras conforme está escrito em Apocalipse 2: 18-29

            18 “Ao anjo da igreja de Tiatira, escreve: Eis o que diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chamas de fogo e os pés semelhantes ao fino bronze. 19 Conheço tuas obras, teu amor, tua fidelidade, tua generosidade, tua paciência e persistência; e as tuas obras, que excedem as primeiras. 20 Mas tenho contra ti que permites a Jezabel, mulher que se diz profetiza, seduzir meus servos e ensinar-lhes a praticar imundícies e comer carne imolada aos ídolos. 21 Eu lhe dei tempo para arrepender-se, mas não quer arrepender-se de suas imundícies. 22 Desta vez a lançarei num leito, e com ela os cúmplices de seus adultérios para aí sofrerem muito, se não se arrependerem de suas obras. 23 Farei perecer pela peste os seus filhos, e todas as igrejas hão de saber que eu sou aquele que sonda os rins e os corações, porque darei a cada um de vós segundo as suas obras. 24 A vós, porém, e aos demais de Tiatira que não seguis esta doutrina e não conheceis (como dizem) “as profundezas de Satanás”, não imporei outro fardo. 25 Mas guardai o que tendes até que eu venha. 26 Então ao vencedor, ao que praticar minhas obras até o fim, dar-lhe-ei poder sobre as nações pagãs. 27 Ele as regerá com cetro de ferro, como se quebra um vaso de argila, 28 assim como eu mesmo recebi o poder de meu Pai; e dar-lhe-ei a Estrela da manhã (Jesus Cristo). 29 Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz as igrejas.”

            John Stott esclarece que ao mesmo tempo em que a igreja de Tiatira apresenta excelentes qualidades, ela é culpada por fazer concessões morais. A igreja tolerava em seu meio uma mulher que se dizia profetiza, simbolicamente chamada de Jezabel, a rainha má de Acab. Ela estava desviando alguns membros da igreja de Tiatira, tentando convencê-los de que a liberdade cristã permitia a prática da imoralidade. Jesus chama-a ao arrependimento, mas ela não parece disposta a se arrepender. Assim o seu juízo inevitavelmente deverá cair sobre ela e também sobre seus seguidores, a menos que se arrependam de seus maus caminhos. A santidade do domínio próprio e a semelhança com Cristo são também características essenciais de uma igreja-modelo. A tolerância em relação ao mal não é uma virtude. Deus continua dizendo ao seu povo: “Sejam santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1:16; e Lv 19:2).

            Michael Largo diz que o termo Jezabel define uma mulher que controla o marido e usa o sexo como arma mais poderosa.

            No início fiquei preocupado, imaginei logo que o Senhor estaria me comparando a Jezabel devido o meu comportamento anômalo no seio da coletividade. Mas cada vez que eu lia e transcrevia para este diário, eu percebia que o meu comportamento se adequava mais aquele da igreja de Tiatira, principalmente com as obras de amor, fidelidade, generosidade, paciência e persistência. Mas existe uma Jezabel “no ar” e que o Senhor quer me ensinar.  Minha primeira tendência foi tentar identificar nas pessoas do meu relacionamento, companheiros, amigos, namoradas, parentes, colegas... Não consegui fazer a devida conexão, mesmo que eu tolere a convivência com pessoas que tem um pensamento diferente do meu no sentido de não aplicar a Lei do Amor com o rigor que ela exige, mas isso é quase a totalidade das pessoas, todas fazem concessões e praticam atos contrários a Lei do Amor, inclusive eu.

Eureca! Aqui está a chave! Não é fora de mim, nos meus relacionamentos externos que devo procurar Jezabel, e sim dentro de mim, pois como todos os outros, ainda sou falho na aplicação da Lei do Amor. Apesar da compreensão que tenho de que devo aplicar o Amor Incondicional sem qualquer barreira, existem fatores, principalmente internos, que ninguém pode observar, nem mesmo imaginar, que tem muito a ver com Jezabel.

Tenho que procurar caracterizar essa Jezabel dentro de mim. Como o tempo e o espaço agora já não são suficientes deixarei para amanhã.

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08/08/2013 00h01
ORGULHO E ARROGÂNCIA

            Michael Largo, em seu livro LUNÁTICOS POR DEUS (Lafonte, 2011) conta a história de Absalão.

            Absalão era o terceiro filho do rei Davi. Bonito como um ídolo de revista de celebridades, capaz de arrasar corações, orgulhava-se dos longos e belos cabelos e prezava a moda elegante. Cabeça quente, aspirava ser mais do um playboy bíblico. Apareceu pela primeira vez com destaque nas Escrituras ao tramar o assassinato do meio-irmão Amnon, que, segundo os boatos, fizera sexo com sua irmã mais nova, Tamar. Por dois anos Absalão escondeu o ódio pelo irmão mais velho – e herdeiro do trono de Davi -, até convencê-lo a participar de uma de suas mal afamadas festas na época da tosquia das ovelhas. Quando Amnon estava embriagado, Absalão mandou seus criados matarem-no. Quatro anos depois, quando era o próximo na linha de sucessão, ficou impaciente para tomar as rédeas do reino e organizou uma bem-sucedida revolta. No início o povo de Israel e Judá apoiou sua tomada de poder, muitos influenciados por seu carisma e promessas de bons tempos para todos. Davi viu-se forçado a fugir, atravessando o rio Jordão. Um servo da corte, ainda leal ao rei deposto, persuadiu Absalão a não perseguir o pai – o que teria sido o fim de Davi -, mas esperar para desferir o golpe final depois de reunir seu próprio, e mais poderoso, exército.

            Nos últimos anos do século XI aC, as forças de pai e filho se confrontaram na floresta de Efraim. Os longos cabelos de Absalão foram sua ruína. Ao separar-se de seus soldados e bater em retirada, a galope, acabou suspenso da sela quando seus cabelos se enroscaram na folhagem espessa de um carvalho. Davi ordenara aos homens tratar seu jovem filho gentilmente, caso o capturassem. Todavia o veterano general Joab, ao chegar ao local onde Absalão jazia suspenso pelos cabelos, cravou-lhe três lanças no coração. A despeito da traição do filho, Davi ficou desolado. Anos depois, em seu leito de morte, dirigiu suas últimas palavras àquele que logo seria rei, Salomão, instruindo-o a matar o general Joab (sobrinho de Davi) em retaliação ao assassinato de seu filho.

            A Bíblia lista sete pecados capitais e considera a soberba ou vaidade o mais maléfico, argumentando ser a causa de todos os outros. O egocentrismo conduz às transgressões da luxúria, gula, avareza, ira, preguiça e inveja. Absalão não precisava participar da batalha, todavia gostava da própria aparência quando envergava a armadura. Sabia que ao galopar sua cabeleira ao vento proporcionava um espetáculo e tanto. Ele negligenciou conselhos militares referentes a diversas questões na campanha contra o pai, e a mais séria foi sua recusa em usar um elmo ou prender os cabelos num rabo de cavalo.

            Antes da ruína vem o orgulho, e antes da queda a arrogância (Provérbios).

            O exemplo de Absalão é uma constante em nossos dias. Mesmo em pessoas que procuram uma evolução espiritual, sempre podemos observar aspectos do orgulho e arrogância. Na minha relação com o meu filho, tenho a tendência de colocar a minha autoridade de pai dentro do orgulho e arrogância e obrigar que ele faça aquilo que eu acho correto, sem entrar um pouco dentro das suas justificativas e limitações. Até mesmo no convívio diário com meus amigos e colegas, tenho a tendência de colocar os meus argumentos contaminados do orgulho e arrogância que se reflete na minha forma contundente de colocar minhas razões. Percebo que isso é uma das causa de provocar reações negativas nos outros, e mesmo eu sentindo que estou com fortes razões, termino por ficar isolado na discussão. A minha atitude orgulhosa e arrogante termina por provocar o isolamento das minhas ideias, a rejeição para serem avaliadas à luz da razão e da coerência. Tenho que combater essa tendência intrínseca, com o desenvolvimento da humildade. Tenho que colocar a minha compreensão dos fatos e da lei da vida, como se eu não tivesse tanta certeza, que eu posso estar errado nas minhas conclusões, e pedir ajuda para o esclarecimento fraterno. Absalão se orgulhava da sua bela cabeleira, do seu porte atlético e isso foi sua ruína. Eu me orgulho da minha inteligência, da capacidade de fazer conexões diversas e tirar novas conclusões, às vezes contrárias ao senso comum. Não tenho ainda a devida prudência de ser humilde quando for conveniente colocar a minha opinião. Não sei nem como fazer assim. Tenho que praticar, mesmo que seja sozinho, a forma de colocar os meus pontos de vista sem a contaminação da arrogância. O estudo da terça feira será um bom campo de prática para essa minha nova necessidade, que o comportamento de Absalão escancarou à minha consciência.    

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em 08/08/2013 às 00h01
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07/08/2013 00h01
O MODO DA IGNORÂNCIA

            Ò filho de Bharata, fique sabendo tu que no modo da escuridão, nascido da ignorância, todas as entidades vivas encarnadas ficam iludidas. Os resultados desse modo são a loucura, a indolência e o sono, que atam a alma condicionada.

            SIGNIFICADO – Neste verso, a aplicação específica da palavra tu é muito significativa. Isso quer dizer que o modo da ignorância é uma qualificação muito peculiar da alma encarnada. O modo da ignorância é exatamente o oposto do modo da bondade. No modo da bondade, pelo desenvolvimento de conhecimento, pode-se compreender o porquê das coisas, mas o modo da ignorância é exatamente o oposto. Todo aquele que está sob o encanto do modo da ignorância fica louco, e um louco não pode compreender o porquê das coisas. Ao invés de progredir, ele se degrada. A definição do modo da ignorância é expressa na literatura védica: “Sob o encanto da ignorância, não se pode compreender a verdadeira essência das coisas.” Por exemplo, qualquer um pode ver que seu avô morreu e que, portanto, também morrerá; o homem é mortal. Os filhos que ele concebe também morrerão. Logo, a morte é certa. Mesmo assim, as pessoas acumulam dinheiro de maneira desenfreada e trabalham arduamente noite e dia, sem darem a menor importância ao espírito eterno. Isto é loucura. Em sua loucura, elas relutam muito em progredir na compreensão espiritual. Tais pessoas são muito preguiçosas. Elas não se interessam muito quando são convidadas a buscar associação com quem possa lhes dar compreensão espiritual. Elas nem mesmo são ativas como o homem que está sob o controle do modo da paixão. Assim, outro sintoma de alguém soterrado no modo da ignorância é que ele dorme mais do que é necessário. Seis horas de sono são suficientes, mas um homem no modo da ignorância dorme pelo menos dez ou doze horas por dia. Um homem assim parece estar sempre abatido e é viciado em drogas e em dormir. Estes são os sintomas de uma pessoa condicionada ao modo da ignorância. (Baghavad Gita, Cap. 14, Verso 8)

            A minha razão mostra que é coerente esse ensinamento de que fomos criados e nascemos ignorantes, e que devo desenvolver ao longo da vida a busca pelo conhecimento. Uma das lições que vou adquirir na busca do conhecimento, é que a minha vida material é passageira, meu corpo tem uma finitude no tempo, mas a minha alma é imortal e sobrevive com todos os sentimentos, emoções e conhecimentos que conseguiu adquirir nas diversas experiências. Na busca do conhecimento, devo ter cuidado com uma armadilha bastante comum, uma determinada fonte de ensino se arvorar de dona de todo o conhecimento e não aceitar nenhuma outra fonte de informação quer seja religiosa, acadêmica, política, ou qualquer outra. Passo a aceitar dogmas criados por essa forma autoritária de pensamento e dessa forma a minha capacidade de aprender se torna capenga.

            Assim, para fugir do modo da ignorância pela qual fui criado, devo ir à procura de conhecimentos para atingir o nível do modo da bondade, sabendo evitar a condição do modo da paixão na sua condição de me deixar fortemente condicionado ao mundo material e aos seus prazeres. Tudo isso com o conhecimento da existência do mundo espiritual que é a nossa pátria real e definitiva, cujas leis eu tenho que observar com mais critério e prioridade do que as leis que formulamos no mundo material, cheias de vícios e arbitrariedades.

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em 07/08/2013 às 00h01
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06/08/2013 07h33
O MODO DA PAIXÃO

            O modo da paixão caracteriza-se pela atração entre homem e mulher. A mulher sente atração pelo homem, e o homem sente atração pela mulher. Isso se chama modo da paixão. E quanto maior o modo da paixão, maior o anseio pelo prazer material. Deseja-se, então, obter gozo dos sentidos. Na busca pelo prazer dos sentidos, um homem no modo da paixão deseja alguma honraria pessoal ou nacional, e quer ter uma família feliz, com belos filhos, esposa e casa. Estes são os produtos do modo da paixão. Enquanto desejarmos essas conquistas, teremos de trabalhar mui arduamente. Portanto, aqui se afirma com bastante clareza que o ser vivo se envolve com os frutos de suas atividades e assim se prende a essas atividades. A fim de agradar a sua esposa, filhos e a sociedade e para manter seu prestígio, ele tem que trabalhar. Por isso, todo o mundo material está mais ou menos no modo da paixão. O avanço da civilização moderna é medido de acordo com seu envolvimento com o modo da paixão. Outrora, tomava-se como referência o modo da bondade. Se nem mesmo aqueles que estão no modo da bondade conseguem liberar-se, que dizer daqueles que estão enredados no modo da paixão? (Baghavad Gita, cap. 14, verso 7)

            Reconheço que essa lição do Bhagavad Gita é muito aplicada à realidade. Podemos observar isso constantemente ao nosso redor. Eu mesmo posso me colocar como exemplo da aplicação do modo da paixão. Tenho facilidade de me apaixonar pelas mulheres. Mesmo depois de casar com uma e tentar viver com harmonia, justiça e fraternidade. Acontece que os meus impulsos biológicos estão sempre atuando no sentido de me envolver com outras mulheres e obter o prazer, o gozo dos sentidos. Este é o motor básico. Acontece que comigo funciona a lei do amor em prioridade e que considera amar ao próximo como a mim mesmo. Então, se desenvolvo a paixão por uma mulher em busca desse prazer individual, logo eu faço a pergunta: qual o benefício que eu levo a essa mulher agindo no modo da paixão? Eu sei que o prazer, o bem estar que eu posso sentir com essa relação, ela pode sentir da mesma forma e isso é útil para nós, desde que não existam impedimentos morais e éticos. E o único impedimento que devo respeitar é a lei do amor, que leva em consideração esses principais itens: justiça, verdade, harmonia. Eu tenho demonstrado vigor e eficiência no seguimento da lei do amor, Amor Incondicional, no confronto com o desejo da paixão, o amor romântico.

            Também quando faço a aplicação da Lei do Amor, não faço isso como se tivesse pegando uma ferramenta e a utilizando como faço com uma pá, uma caneta, etc. Sei que a Lei do Amor tem por trás uma inteligência infinita e que aplica essa lei na criação da natureza, do cosmo, do universo. Uma inteligência que posso identificar como Deus. Então, a ferramenta do amor incondicional se confunde com o próprio Deus, que permeia todo o universo, inclusive a mim mesmo e ao meu próximo, que também é a minha imagem e a semelhança do Pai, na forma de sentir e expressar esse Amor Incondicional. Isso me livra do risco da dependência sexual ou afetiva, de correr atrás dessa paixão, desse gozo de forma obsessiva, sem considerar os interesses e bem estar do outro, apenas com a viseira de que nele eu encontro o objeto do meu prazer.

            Assim, para mim, o modo da Paixão deixa de trazer os problemas que o Bhagavad Gita aponta. Pelo contrário, ele passa a ser agora mais uma ferramenta subsidiária para que eu possa ativar com mais energia o amor incondicional que permanece dentro de mim. Aproveito toda essa energia de paixão por uma mulher e a coloco como motor para funcionar com mais vigor o Amor Incondicional dentro de mim. Dessa forma, tanto a mulher que é alvo da minha paixão, como todas as outras mulheres da minha convivência, inclusive meu próximo e a própria comunidade, receberão os benefícios dessa sublimação de amor romântico, de paixão, em Amor Incondicional. Considero, portanto, que eu tenha escapado do enredamento do modo da paixão. O meu envolvimento com o trabalho material, não tem agora o sentido de justificar e manter esse modo da paixão, tem o sentido de obter a recompensa material pelo meu trabalho material, para que assim eu me torne mais competente na aplicação do Amor Incondicional ao lado dos meus irmãos que apresentam tantas carências materiais e espirituais, e assim cumpra a vontade de Deus implantada em minha consciência: PRATICAR O AMOR INCONDICIONAL!

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em 06/08/2013 às 07h33
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05/08/2013 00h01
O MODO DA BONDADE

            O Bhagavad Gita ensina que as entidades vivas condicionadas à natureza material são de várias categorias. Alguém pode ser feliz, outrem, muito ativo, mas há outro que se sente desamparado. Todos estes tipos de manifestações psicológicas são a causa da posição condicionada das entidades na natureza. Como as entidades vivas se condicionam de forma diferente? Primeiro existe o modo da bondade. Quem desenvolve esse modo acaba se tornando mais sábio do que aqueles condicionados a outras circunstâncias. Um homem no modo da bondade não é tão afetado pelas misérias materiais, e ele sente o avanço em conhecimento material. Esta sensação de felicidade deve-se à compreensão de que, no modo da bondade, a pessoa está mais ou menos livre de reações pecaminosas. Significa maior conhecimento e maior sensação de felicidade.

            O problema é que, quando se situa no modo da bondade, o ser vivo fica induzido a sentir que é avançado em conhecimento e que é melhor do que os outros. Dessa maneira, ele se condiciona. Os melhores exemplos são o cientista e o filósofo. Cada qual tem muito orgulho do seu conhecimento, e porque em geral melhoram suas condições de vida, eles sentem uma espécie de felicidade material. Na vida condicionada, esta sensação de felicidade superior deixa-os atados ao modo da bondade da natureza material. Nesse caso, eles ficam atraídos a trabalhar no modo da bondade, e, enquanto sentem atração por essa espécie de trabalho, eles devem aceitar algum dos corpos oferecidos pelos modos da natureza. Assim, não há possibilidade de liberação, ou de sua transferência para o mundo espiritual. Repetidas vezes a pessoa pode tornar-se um filósofo, um cientista, ou um poeta, e repetidas vezes envolver-se com as mesmas condições desfavoráveis apresentadas sob a forma de nascimentos e mortes. Porém, devido à ilusão que a energia material lhe impõe, o homem pensa que esta espécie de vida é agradável.

            Esta condição eu posso observar com muita frequência, principalmente no meu meio profissional, na academia, na convivência com muitos médicos, cientistas. Não vejo preocupação nenhuma na vida espiritual, na importância que deveria ser dada aos critérios evolutivos do mundo maior. Para alguns deles nem esse mundo existe, pois eles não o podem confirmar de imediato com os seus sentidos perceptivos, e a sua razão não entra na consideração do autor da criação e de onde essas energias criativas provêm. Mesmo porque é difícil, a pessoa adquire ao longo da vida uma série de conhecimentos materiais necessários a sua função de filósofo ou cientista, e de repente ser instado a considerar outra dimensão para a qual não teve preparo.  

            Mas nunca é tarde para tomar outros rumos à direção do pensamento. Mesmo que o modo da bondade nos traga uma sensação de felicidade, isso nunca é suficiente, pois não aprendemos e praticamos sobre as necessidades do mundo espiritual, e por esse motivo ficamos indo e vindo para essa escola material até que aprendamos a lição mais pertinente: o conhecimento do mundo espiritual e das suas leis as quais não posso deixar de cumprir.

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em 05/08/2013 às 00h01
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