Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/07/2013 00h53
NOVÍSSIMO MUNDO

            Há 500 anos tivemos a descoberta do Novo Mundo, as Américas. Apesar de indícios anteriores de sua existência, foi a descoberta de Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral que oficializou a existência das novas pátrias.

            Talvez seja chegado o momento de oficializarmos também a existência do Novíssimo Mundo, a pátria espiritual. Apesar dos muitos indícios de sua existência, continuamos a nos comportar academicamente como se só existisse a matéria, que a nossa mente, alma, espírito, livre arbítrio fosse tudo produto dos neurônios organizados e funcionando através de neurotransmissores em nossos cérebros; que depois da falência desse órgão nada mais permanecerá da nossa existência. Infelizmente essa ainda é a posição assumida majoritariamente nos meios científicos, pelo menos na forma de expressão e de condução dos diversos argumentos que assumem o materialismo como única realidade.

Vejamos assim o posicionamento de alguns pensadores atuais que conduzem com maestria essa forma de pensamento, a crença em que toda a vida, inclusive a humana, é apenas o produto das forças cegas da natureza, que atua como um “relojoeiro cego”, segundo um deles, o zoólogo Richard Dawkins. Esse relojoeiro seria a Seleção Natural, o processo automático, cego, inconsciente, que Darwin descobriu, e que agora sabemos que é a explicação para a existência e aparentemente para toda forma de vida, não tem qualquer propósito em mente. Não tem qualquer mente ou qualquer olho da mente. Não planeja o futuro. Não tem sequer visão, previsão, vista. Pode-se dizer que desempenha a função do relojoeiro na natureza, é o relojoeiro cego (O relojoeiro cego, Cia da Letras, 2008; publicado pela primeira vez em 1986, p. 5)

O americano Daniel Dennett, filósofo da mente conhecido no mundo todo é o preferido de quem pensa que os computadores podem simular processos mentais humanos. Ele diz que Darwin fundamentou a vida com firmeza no materialismo e que nós, seres humanos, somos grandes e luxuosos robôs. Diz ainda que, se você tem o tipo certo de processo e tempo suficiente, pode criar coisas grandes e luxuosas, até coisas com mentes, a partir de processos individualmente estúpidos, impensados e simples. Simplesmente uma grande quantidade de pequenos fenômenos ocorrendo ao longo de bilhões de anos pode criar não apenas ordem, mas desígnio, e não apenas desígnio, mas mentes, olhos e cérebros (entrevista a Alan Alda em Scientific American Frontiers, transcrição online em www.bps.org/saf/1103/features/dennett.htm. Dennett insiste em que não existem alma nem espírito associados ao cérebro humano, nem qualquer elemento sobrenatural, nem vida após a morte. O foco de sua carreira foi a explicação de que “sentido, função e propósito podem passar a existir num mundo intrinsecamente sem sentido e sem função”.

            O sociobiólogo Edward O. Wilson também fala na mesma direção, que o cérebro e suas glândulas satélites já foram esquadrinhados a ponto de não restar lugar algum que possa ser racionalmente concebido como refúgio de uma mente não física.

            O cientista cognitivo Steven Pinker reforça o coro, pergunta por que as pessoas acreditam que há implicações perigosas na ideia de que a mente é um produto do cérebro, de que parte do cérebro é organizada pelo genoma, e de que o genoma foi moldado pela seleção natural?

            O crítico de cultura americana Tom Wolfe resumiu a questão num ensaio publicado em 1966: “Lamento, mas sua alma acabou de morrer”, esclarecendo a “visão neurocientífica da vida”. Ele escreveu sobre as novas técnicas de imagens que permitem aos neurocientistas ver o que ocorre no cérebro quando você tem um pensamento ou emoção. Ele diz assim: Uma vez que a consciência e o pensamento são inteiramente produtos físicos do cérebro e do sistema nervoso – e visto que o cérebro chegou totalmente impresso no nascimento -, o que o faz pensar que tem livre-arbítrio? De onde viria isso? Que “fantasma”, que “mente”, que “eu”, que “alma”, que qualquer outra coisa que não seja logo agarrada por essas desdenhosas aspas fará borbulhar o tronco encefálico para dá-lo a você? Eu soube que os neurocientistas teorizam que, de posse de computadores e sofisticação suficientes, será possível prever o curso da vida de qualquer ser humano momento a momento, incluindo o fato de que o pobre diabo estava prestes a balançar a cabeça em descrédito diante da ideia em si.

            Apesar de todas essas considerações de alto crédito acadêmico, fica uma pergunta que não quer calar: Se o materialismo é verdadeiro, por que a maioria das pessoas não acredita nele?

            Temos entre nós uma personalidade desbravadora desse novíssimo mundo, Allan Kardec. Ele entrevistou diversas inteligências da pátria espiritual, do novíssimo mundo e deixou registrado para nós antes de partir para lá, livros com a orientação filosófica, científica e religiosa, para que pudéssemos adquirir a cidadania nesse novíssimo mundo. As pesquisas foram realizadas e o mundo espiritual foi entendido como mais um aspecto da natureza, que acreditemos ou não. Nada existe de sobrenatural, apenas ignorância de quem ainda não encontrou ou não quer encontrar a forma certa de estudar a dimensão espiritual. Jamais a encontrará sob um microscópio ou no corte do bisturi. Assim como os micróbios pululam ao nosso redor sem que os nossos cinco sentidos consigam os captar, assim é o mundo espiritual que convive vibracionalmente ao nosso lado.

            Também sou um neurocientista, fiz medicina, psiquiatria e doutorado em psicofarmacologia. Mas não perco meu tempo como alguns dos meus colegas, de procurar a alma ou o espírito nos recôncavos do cérebro, na fisiologia dos neurônios ou na química dos neurotransmissores. Compreendo que tudo isso é a maquinaria biológica, submetida as leis da evolução material, lei essa que pode até levar trilhões de anos para formar um olho na tentativa e erro, mas que a essência da consciência viva não está originada aí. Deixemos o mundo material com suas formas efêmeras e vamos em direção ao mundo espiritual procurar entendê-lo com mais precisão através de inteligências como as nossas que estão por lá e que se interessam por esse intercâmbio. Assim poderemos esclarecer como é que a alma ou espírito utiliza esses recursos biológicos para se expressar no seu livre arbítrio através da mente e escapar da condição de robô

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em 20/07/2013 às 00h53
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19/07/2013 07h34
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

            Novamente, se me permitem, vejo incoerência nas palavras do rei Salomão. Ele diz o seguinte, na Bíblia, em Provérbio: “Ter dois pesos e duas medidas é objeto de abominação para o Senhor.” (20:10); e “Ter dois pesos é abominação para o Senhor; uma balança falsa não é coisa boa.” (20:23).

            Ontem mesmo ao abordar o “dom de Deus” que ele considerava quando achava uma mulher, eu já identificava esse problema, dele estar usando dois pesos e duas medidas com as suas centenas de esposas e concubinas. Hoje ele foi claro a condenar esse comportamento, certamente não tinha consciência que o fazia. Como isso pode ter acontecido?

            Salomão reinava naquela época sob a Lei de Moisés, aquela que emanava dos dez mandamentos e que orientava o “olho por olho e dente por dente”, como a essência da justiça. As relações interpessoais estavam firmemente amarradas no decálogo e nas instituições e nos compromissos assumidos dentro da coletividade, com pouca margem de variabilidade comportamental. Então, ele era o Rei, possuía a autoridade real e a instituição, o palácio, que devia preservar dentro da cultura machista da época, quando o homem era um ser superior a mulher em diversas facetas da vida, doméstica, política, religiosa. Nada mais natural do que ter as mulheres que pudesse manter, sem pedir a elas nenhuma consideração. Se estava dentro da lei de Moisés e obedecia aos padrões culturais, então não via que podia estar usando dois pesos e duas medidas, que estava usando uma balança falsa com as mulheres.

            Com a vinda de Jesus essa Lei de Moisés foi sutilmente retificada, mas com forte repercussão nos relacionamentos. Agora Jesus aconselhava o perdão e até o amor aos inimigos, e não o olho por olho e dente por dente; agora Jesus ensinava que o maior item da Lei e que resume todos os outros, é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo com a si mesmo. E o próximo pode ser uma mulher! Eu não posso querer para ela algo que eu não quero para mim. Eu só posso querer para ela aquilo que desejo para mim. Caso Salomão vivesse hoje e fosse guiado pelas instruções de Cristo, como ele já tinha a sabedoria de que não podia usar dois pesos e duas medidas, nem qualquer balança falsa, permitiria que suas centenas de mulheres tivessem os companheiros que também tivessem o dom de encontrar sob a influência de Deus, como acontecia com ele, para dividir afetos e intimidades. Dispensaria todos os eunucos e o palácio poderia ser transformado num modelo da família universal que deve ser a célula mater do Reino de Deus.

            Com a nova orientação de amar ao próximo como a si mesmo, também se abriu várias opções de condutas pessoais, já que nossos desejos são múltiplos dentro de nossa consciência. Se quisermos ajustar esses desejos à Lei de Deus, conforme Jesus orientou, devemos nos comportar sempre visando o bem estar do próximo, sem deixar que os nossos desejos o prejudique de qualquer forma que não queiramos para nós. Então, se eu desejo para mim o relacionamento com diversas mulheres, devo também considerar e permitir que essa mulher também deseje e tenha direito de ter diversos homens. Este é o ajustamento da balança que Jesus permitiu. Não podemos ser hipócritas, dizer que aceitamos a orientação de Jesus e manter relacionamentos, por exemplo, monogâmicos, onde apenas o homem tem o direito de se relacionar com outras mulheres, com toda a permissividade cultural.

            Eu, que sou cristão, que procuro seguir a lição de amar ao próximo como a mim mesmo como uma bússola na condução dos meus relacionamentos interpessoais até o limite da intimidade, tive que fazer mudanças radicais na forma de ver a vida, nos meus paradigmas mais profundos. Hoje tenho, como Salomão, o desejo de me relacionar com as várias mulheres que o Senhor permitiu o dom de perceber e amar, mas sempre procurando sentir o que faço de positivo ou de negativo, para trazer sempre o bem estar a essa pessoa, para favorecer o seu crescimento individual, os seus desejos mais íntimos, até o ponto de aceitar os relacionamentos que ela deseje praticar com outras pessoas. Mesmo que agindo assim eu saiba que me torno o patinho feio da cultura tradicional; que até mesmo as minhas companheiras tenham dificuldade de aceitar esse direito que nós temos de ficar com os companheiros que desejamos, sem críticas ou cobranças; de em consequência disso eu ter que morar sozinho e viver assim o grande paradoxo da minha vida: tanto amor ao meu redor e viver sem ninguém ao meu lado!

 

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em 19/07/2013 às 07h34
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18/07/2013 03h46
DOM RECEBIDO DO SENHOR

            Na Bíblia, onde consta as palavras de Deus segundo os líderes religiosos, encontramos em Provérbios 18:22, escrito por Salomão, o seguinte: “Aquele que acha uma mulher, acha a felicidade: é um dom recebido do Senhor.”

            É conhecido que Salomão foi um dos homens mais sábios que existiu e protegido do Senhor. Possuía centenas de mulheres, entre esposas e concubinas e que viviam em seu palácio. Ao escrever esse trecho eu acredito que ele sentia a permissão do Senhor em possuir tantas mulheres, e o Senhor não o desaprovava, pois ele permanecia sendo o homem mais sábio do seu tempo, com o beneplácito dEle.

            O que mudou de ontem para hoje? Pois Salomão também vivia sob a lei de Moisés. Foi a nova orientação que Jesus trouxe para nós? De reorientar a lei de Moisés dizendo que os artigos maiores da lei e que estavam acima de qualquer outro era “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”? Nesse ponto eu vejo que em relação ao próximo, foi que Jesus trouxe a presença da balança da justiça e advertiu para que não se usasse dois pesos ou duas medidas. Sem condenações ou preconceitos a ninguém na sua forma de se relacionar com o próximo. Eu não posso dar ao próximo o que não quero para mim. Com essa nova orientação eu posso reavaliar a conduta ética de Salomão. Se antes dentro da lei de Moisés era permitido que ele conseguisse aumentar o seu poder, felicidade e sabedoria a cada mulher que achava, como um dom recebido de Deus, mesmo que a mulher não ficasse tão satisfeita com essa condição de ser mais uma esposa entre centenas. Agora com a orientação de Jesus eu preciso saber se essa mulher está satisfeita com essa condição. Se ela aceita vir morar no palácio do Rei, com todos os benefícios que isso lhe trará, mas terá que dividir a atenção de seu marido com centenas de outras esposas, eu não vejo pecado. Ele a aceitou dentro dos seus interesses; ela o aceitou dentro dos seus interesses. Cumpriu a orientação de Jesus!

            No entanto, o grande pecado comete agora essa mulher, que sai de sua cultura monogâmica, aceita as condições poligâmicas do rei e dentro do palácio, passa a criticar a situação em que se encontra e a se maldizer dentro do seu circulo de amizades do quanto sofre em suportar a situação em que se encontra... Ora, ela não foi livre para entrar e é livre para sair? Não foi devidamente informada de toda situação para uma tomada de posição esclarecida?  Se o rei se comporta dessa forma gentil e esclarecedora, tanto cumpria a lei de Moisés ontem, como a reorientação de Jesus hoje. Vejo que a mulher que aceitasse essa condição hoje de viver ao lado de Salomão era como as jovens que aceitam a condição de entrar para um convento onde todas se tornam esposas de um único marido.

            Eu vou um pouco mais além e advogo que Salomão poderia até contribuir para a formação do Reino de Deus, se ele praticasse a fraternidade e a inclusividade de forma ampla e não em uma só direção. No sentido de que ele poderia ter centenas de mulheres, mas a mulher só poderia ter a ele. Todas eram protegidas por eunucos para que outros homens não participassem dessa rede de afetos. Caso não houvesse essa restrição e cada mulher, de acordo com suas necessidades, pudessem se relacionar afetivamente com outros homens, da mesma forma respeitosa e justa, então Salomão teria sido o primeiro homem a construir efetivamente o Reino de Deus neste mundo material. Então esse dom de Deus de achar mulheres seria muito melhor aproveitado!

  

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em 18/07/2013 às 03h46
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17/07/2013 06h44
O PECADO E A MORTE

            Toda a humanidade está sujeita a morte e os livros sagrados dizem que isso é por causa do pecado. Jesus veio até nós e com Sua sabedoria explicou que nós podemos vencer a morte. Para isso deu o exemplo, morreu e voltou a se relacionar com seus amigos, parentes e discípulos. Provou que não estava morto, provou que vencera a morte! Agora, como fazermos isso também? Ele disse que o salário do pecado era a morte. Então o segredo da morte é o pecado. Mas qual segredo é esse?

            Entendo que o pecado está associado aos valores egoístas que surgem das necessidades individualistas do nosso corpo. Os instintos fazem com que nos comportemos de forma antiética e imoral para obter aquilo que deseja a carne, para evitar a morte, para se perpetuar, no próprio corpo ou através dos filhos. E isso sempre acontecerá, o corpo tem a sua finitude e um dia irá se desintegrar no meio da natureza, como é o destino de todos os corpos materiais. Acontece que nós não somos o corpo, nós somos espíritos criados por Deus e que estamos nos corpos para aprender lições necessárias à nossa evolução no mundo espiritual. Se nós ficamos apenas preocupados com o corpo e agindo de acordo com o que ele exige, sem o devido cuidado com a ética nas relações, então estamos recebendo paulatinamente o devido salário que se concretizará com a morte.

            Nesse momento consciencial entra em cena as lições do Mestre Jesus, revelando a existência do mundo espiritual e que devemos construir aqui no mundo material uma sociedade fraterna que conduza à família universal, ao Reino de Deus, assim na terra como nos céus, a partir da mudança em nossos próprios corações. Mostra com clareza que a vida real não se processa aqui na matéria, no mundo das formas efêmeras, e sim no plano espiritual onde tudo se constrói e evoluem em direção à perfeição, nos mais diferentes níveis. O que importa não é esse corpo enorme composto por trilhões de células vivas que anseiam por permanecerem vivas; o que importa é o nosso espírito que temporariamente está usando essa organização biológica por vontade de Deus, para no uso de nossa consciência colaborar voluntariamente no seu projeto de aperfeiçoamento individual e social. Aprendemos assim que depois desse aprendizado nossa consciência (espírito) volta ao mundo real e avaliará a necessidade de voltar ou não ao mundo material tantas vezes quantas preciso for. Assim essa passagem para lá (morte) e essa volta para cá (nascimento) nada mais são do que passagens em planos da existência, necessárias à nossa evolução espiritual. Quando apreendemos esse contexto, a morte deixa de existir na sua arrogância definitiva, de que ela é quem tudo termina para sempre. Passa a ser mais uma “funcionária” da vontade de Deus. Não mais me preocuparei tanto em atender os apelos da carne, pois sei que isso pode até atrasar a minha evolução, não temerei que o corpo se desintegre, pois esse vai ser o destino dele um dia. Quando penso assim, a morte fica vencida no seu papel de arrogância final, é apenas a mensageira de Deus que diz ser hora de voltar a pátria espiritual e prestar contas das lições aprendidas no estágio material e realizadas a contento. Não vou mais trabalhar para o corpo com exclusividade ou prioridade no uso do egoísmo, não vou mais receber tanto salário do pecado, não vou mais concluir tudo isso com a morte definitiva. Agora eu sei que sou eterno e tenho uma destinação celestial.

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em 17/07/2013 às 06h44
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16/07/2013 07h56
O MODELO

            Sei que nasci ignorante das coisas materiais e que trouxe comigo as tendências apreendidas das existências transatas. Durante a minha existência tenho dever de aprender sempre, a cada momento, as coisas da matéria, as coisas do espírito. Aperfeiçoar o comportamento do meu corpo na relação com a natureza, principalmente no cuidado com meus semelhantes, e conquistar mais valores para a minha alma que evoluirá em direção às estrelas a cada conquista feita em cada existência.

            Nesse processo fundamental de aprendizado no campo material e no campo espiritual, tive a responsabilidade dos meus pais nos meus primeiros dias, meses e anos de vida. No meu caso, a minha avó desenvolveu um papel fundamental, que apesar dos seus métodos brutos de educação, agradeço em grande parte a ela a direção que tomou o meu comportamento. A medida que fui crescendo fui adquirindo, além do contexto da própria vida, diversos outros professores, alguns formais nas diversas salas de aula que frequentei, outros mais distantes, mas que de forma indireta, com dores ou com prazeres, me ensinaram tantas coisas. A coincidência é sempre a presença discreta de Deus, o maior de todos os professores, que propositalmente programa a natureza para me ensinar na hora exata, com as pessoas certas e nas circunstâncias ideais. Sei também que essa ação de aprendizado é de mão dupla, pois ao mesmo tempo em que eu aprendo também estou ensinando algo ao meu redor, até aos meus próprios professores.

            Além de todos os professores presenciais que tive ao longo da vida, quero hoje reforçar o papel de professores que nunca cheguei a ver, mas que sabendo do comportamento deles passei a usá-los como um modelo para que eu moldasse o meu comportamento. Não era necessário que todos esses modelos tivessem as características totais para o meu espelhamento. Mas quanto mais completo, maior a minha identificação!

            Assim, eu posso listar algumas personalidades que lembro neste momento, que passaram por minha consciência e que os aceitei como modelo no burilamento da minha personalidade. Rodrigo de Vivar (o El Cid, herói da Espanha), Francisco de Assis, Roberto Carlos, Paulo VI (Papa), Adolfo Bezerra de Menezes (médico e mentor espiritual), Emmanuel (mentor espiritual), Paulo (apóstolo) e o maior de todos, Jesus, o Cristo de Deus o qual me ensinou como levar avante o caminho que o Pai colocou na minha consciência de viver o Reino de Deus. É o modelo mais completo que eu possuo e no qual todos os outros modelos que citei antes e muitos que não lembrei no momento também procuram seguir.

            O modelo serve para a consciência chamar a atenção quando o que fiz não se ajusta. Tanto isso serve para criticar e corrigir o comportamento de quem está comigo, como principalmente corrigir o meu próprio comportamento. No caso do próximo essa crítica não pode vir revestida da autoridade de um julgamento, mas sim de uma admoestação fraterna da falha que o comportamento ofereceu. No meu caso sim, quando a crítica s aplica ao meu comportamento, ela deve vir na forma de julgamento para o meu caráter, da minha personalidade, dos meus valores morais, para que assim eu mude a rota de minhas ações e se for o caso, pedir desculpas e corrigir o mal que eu possa ter causado. Nesse contexto devo agir conforme Che Guevara orientou: ser firme, mas sem jamais perder a ternura. Para isso eu tenho a grande bússola comportamental que Jesus ensinou: “Não fazer ao próximo aquilo que não quero para mim.”

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em 16/07/2013 às 07h56
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